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Agenda 3ª semana de DEZEMBRO

O ECO DO SILÊNCIO E CONVERSA COM EUGENIO BARBA

Eugenio Barba e Julia Foto:

Eugenio Barba e Julia Varley, do Odin Teatret. Foto: Marcelo Dischinger / Divulgação

Com Júlia Varley, do Odin Teatret, O eco do silêncio é uma demonstração de trabalho que descreve as vicissitudes da voz de uma atriz e os estratagemas que ela cria para ‘interpretar’ um texto.
A voz da atriz e o texto apresentado aos espectadores compõem a música de um espetáculo. No teatro, que aparentemente é livre dos códigos que conhecemos na música, a atriz precisa criar um labirinto de regras, referências e resistências para seguir ou não, de modo a atingir uma expressão pessoal e reconhecer sua própria voz.
O eco do silêncio toca em alguns momentos desse processo permitindo à percepção do espectador deslizar através da disciplina técnica revelando a pessoa por traz do ator e o silêncio por traz da voz. Trabalho integra programação do grupo pernambucano O Poste junto ao Odin Teatret  da Dinamarca. 
SERVIÇO
Quando: Dia 13 de dezembro de 2016 (terça-feira), às 16h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho.
Quanto:R$ 30,00 (inteira) R$ 15,00 (meia)
Conversa com Eugenio Barba sobre o tema Antropologia Teatral, o que é?
Quando: Dia 13 de dezembro de 2016 (terça-feira), às 17h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho.

 A RECEITA 

Naná Sodré em A Receita. Foto: Thais Lima /Divulgação

Naná Sodré em A Receita. Foto: Thais Lima /Divulgação

A receita foi gestada na VI Masters-in-Residence com Eugenio Barba e Julia Varley -Edição Comemorativa – O Diálogo das Técnicas 2013, em Brasília. A atriz pernambucana Naná Sodré exibiu o embrião do espetáculo numa cena de cinco minutos. Nessa apresentação a interprete terá na plateia os mentores do Teatro Antropológico – Barba e Julia.
Na peça, Naná compõe uma mulher comum transforma em alimentos suas ilusões. Entre rezas, e cânticos tempera os alimentos com sal, alho, coentro e cebolinha enquanto prepara sua libertação. A dramaturgia e direção são de Samuel Santos. Espetáculo integra programação do grupo pernambucano O Poste junto ao Odin Teatret  da Dinamarca. 
SERVIÇO
Quando: Dia 12 de dezembro de 2016 (segunda-feira), às 20h
Onde: Espaço O Poste Soluções Luminosas
Quanto: R$ 30,00 (inteira) R$ 15,00 (meia);
Ficha técnica
Direção, autoria, adereços, sonoplastia e iluminação: Samuel Santos
Atuação, figurino e maquiagem:
Naná Sodré
Técnica em rolamento:
Mestre Sifu Manoel

OMBELA

Naná Sodré e Agrinês Melo. Foto: Lucas Emanuel/Divulgação

Naná Sodré e Agrinês Melo. Foto: Lucas Emanuel/Divulgação

Inspirada no poema épico Ombela (chuva em português), do escritor africano Manuel Rui, a peça transforma as atrizes Agrinez Melo e Naná Sodré em duas gotas de chuva que se transformam em entidades. A direção é de Samuel Santos e realização do grupo O Poste Soluções Luminosas. Espetáculo integra programação do grupo pernambucano O Poste junto ao Odin Teatret  da Dinamarca. 
Quando: Dia 13 e dezembro, terça-feira, às 20h.
Onde: Espaço O Poste (Rua da Aurora, 529, Boa Vista).
Quanto: R$ 30 e R$ 15 (meia).
Informações: 99594-0626.

AVE MARIA

avemaria

A atriz Julia Varley. Foto: /Rina Skeel / Divulgação

A atriz inglesa Julia Varley, mulher do diretor teatral Eugenio Barba, do grupo de teatro Odin Teatret da Dinamarca, evoca o encontro e a amizade com a atriz chilena María Cánepa no espetáculo Ave Maria. Na peça é a Morte que celebra a fantasia criativa e a devoção de María, que soube deixar um rastro após sua partida. A morte aparece como um personagem que narra a vida e suas transformações. Espetáculo integra programação do grupo pernambucano O Poste junto ao Odin Teatret  da Dinamarca. 
SERVIÇO 
Quando: Dia 14 de dezembro de 2016 (quarta-feira), às 20h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho.
Ficha técnica
Atriz: Julia Varley
Direção: Eugenio Barba
Assistente de Direção: Pierangelo Pompa
Texto: Improvisações e citações de Gonzalo Rojas e Pablo Neruda

RETOMADA

Grupo Totem em Retomada. Foto Fernando Figueredo

Grupo Totem em Retomada. Foto Fernando Figuerôa

A performance Retomada leva para a cena as vozes que ecoam sobre a terra arrasada. Da persistência dessas vozes, o Grupo Totem corporifica a sacralidade das terras indígenas. O espaço sagrado pelo qual esses povos lutam é a inspiração desse trabalho, uma ode à mãe geradora e mantenedora de tudo. O Totem manifesta sua identificação com o sentimento de resistência dos povos primordiais. Para erguer o espetáculo, a trupe realizou pesquisa em aldeias localizadas em Pernambuco entre as etnias Xucuru, Pankararu e Kapinawá, dentro do projeto Rito Ancestral, Corpo Contemporâneo.
SERVIÇO
Retomada, com o Grupo Totem
Quando: 12 de dezembro de 2016, segunda-feira, 20h
Onde: Escola Municipal de Arte João Pernambuco/PCR (Av. Barão de Muribeca, 216 – Várzea – Recife – fone: 3355-4092 / 93 / 94)
Quanto: Grátis.
FICHA TÉCNICA
Encenação: Fred Nascimento
Atrizes-performers: Gabi Cabral, Gabriela Holanda, Inaê Veríssimo, Juliana Nardin, Lau Veríssimo e Taína Veríssimo
Música original: Cauê Nascimento, Fred Nascimento e Gustavo Vilar
Direção de palco: Tatiana Pedrosa
Cenografia: grupo Totem
Figurino: grupo Totem
Maquiagem: grupo Totem
Designer de luz:Natalie Revorêdo
Vj: bio Quirino
Pintura corporal: Airton Cardin
Assistente técnico: Ronaldo Pereira
Fotografia: Fernando Figueirôa
Designer gráfico: Iara Sales
Preparador vocal: Conrado Falbo

KATASTROPHÈ

DIG se apresenta no projeto Dança de Algibeira. Foto: Aline Rodrigues / Divulgação

DIG se apresenta no projeto Dança de Algibeira. Foto: Aline Rodrigues / Divulgação

Katastrophè, com a Companhia de Teatro e Dança Pós-Contemporânea d’Improvizzo Gang, conhecida por DIG, dentro do projeto Dança de Algibeira da Compassos Cia de Dança. Baseado livremente no texto de Samuel Beckett, o espetáculo fala sobre a relação de poder, preconceito e intolerância, e aproveita na dramaturgia das experiências dos integrantes do grupo em situações de opressões – como oprimidos ou opressores. Pollyana Monteiro assina a coreografia e direção geral. Nos dias 12 e 13 de dezembro, às 19h. No 13 de dezembro é oferecido Chá com arte e conversa, com o grupo DIG, às 20h
A entrada é gratuita.
Serviço
Katastrophè, com a Companhia de Teatro e Dança Pós-Contemporânea d’Improvizzo Gang, dentro do projeto Dança de Algibeira
Onde: Espaço Compassos (Rua da Moeda, 93, Bairro do Recife)
Quando: Segunda (12/12) e terça (13/12) às 19h
Gratuito
Ficha técnica
Espetáculo Katastrophè
Texto: Samuel Beckett
Tradução: Paulo Michelotto
Dançarinos- intérpretes- criadores: Bob Silveira, Edcarlos Rodrigues, Gardênia Coleto, Higor Tenório, Lili Guedes, Paulo Michelotto, Pollyanna Monteiro e Will Siquenas.
Iluminação: Cleison Ramos
Figurino e trilha musical: Pollyanna Monteiro
Sonoplastia: Cynthya Dias
Cenário, pesquisa e direção: Paulo Michelotto
Adaptação, coreografia e direção geral: Pollyanna Monteiro
Créditos de fotografias: Toni Rodrigues
Classificação: 16 anos
Duração: 40′
Realização: Cia. De Teatro e Dança Pós- Contemporânea d’Improvizzo Gang

TIJOLOS DE ESQUECIMENTO

Acupe Grupo de Dança. Foto: Rogerio Alves / Sobrado 423

Acupe Grupo de Dança. Foto: Rogerio Alves / Sobrado 423

Espetáculo faz uma imersão no imaginário urbano, a partir da obra do escritor italiano Ítalo Calvino, onde a cidade deixa de ser um conceito geográfico para se tornar o símbolo complexo e inesgotável da existência humana. Tijolos de Esquecimento busca mostrar os diversos focos da cidade: da que sufoca, a que dá liberdade, a da memória, a do afeto e do abandono, da transgressão e das contradições, das disputas. Reinventada pelo olhar do humor e do amor de quem lhe dá forma.
Quando: 2 a 17 de dezembro. Sextas e sábados, às 20h.
Onde: Teatro Arraial Ariano Suassuna (Rua da Aurora, 457, Boa Vista).
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Informações: 3184-3057.
Classificação: 16 anos.
FICHA TÉCNICA
Direção: Paulo Henrique Ferreira
Coreografias: O grupo em processo colaborativo
Direção de Arte: Marcondes Lima
Dramaturgia e texto: Flávia Gomes
Intérpretes criadores: Anne Costa, Henrique Braz, Jadson Mendes, Silas Samarky e Valeria Barros.
VJ e criação de vídeos: Alberto Saulo
Sonoplastia: Rodrigo Porto Cavalcanti
Iluminação: Luciana Raposo

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Vingança temperada na cozinha

 

Espetáculo A Receita, com Naná Sodré. Foto: Thais Lima

Espetáculo A Receita, com Naná Sodré. Foto: Thais Lima

A Receita, produção de O Poste Soluçōes Luminosas, com a atriz Naná Sodré, projeta a vingança de uma mulher comum, que ano após ano sofre com a violência, o descaso, o desamor e a intolerância masculina dentro da própria casa. A peça, que leva a assinatura de Samuel Santos na direção, dramaturgia, encenação e figurino, faz uma apresentação nesta terça-feira no Sesc de Casa Amarela, dentro da 9ª Mostra Capiba de Teatro.

Na chave do tragicômico, Naná Sodré expõe os desatinos dessa anônima de meia-idade como reação à brutalidade e ao abandono do marido e dos filhos.  Ela passa a maior parte do tempo na cozinha tentando temperar suas ilusões com sal, alho e coentro com cebolinha. Sua narrativa projeta as naturezas do seu ser no processo de intolerância, loucura e morte.

A plateia é cúmplice desse desabafo, em que palavras faladas disputam com os gestos em excesso.

A montagem A receita foi erguida a partir do embrião de cinco minutos, um experimento dirigido por Eugenio Barba e Julia Varley, no VI Masters-in-Residence, ocorrido em Brasília em 2013. Ao voltar ao Recife, Naná e o diretor Samuel Santos prosseguiram com a pesquisa, com o apoio do edital de ocupação do Teatro Joaquim Cardozo/UFPE, no período de maio a julho de 2014.

Com foco no teatro físico, Samuel Santos leva para cena teorias e técnicas de Michael Chekhov, Vsevolod Meyerhold e Eugenio Barba. A dramaturgia atorial[1] da peça, tenta dar conta dessa persona: mulher, negra, casada e mãe, que passa a maior parte de seu tempo na cozinha, sublimando, com a arte culinária, sua condição de oprimida.

Espetáculo nasceu de aula com Eugenio Barba

Espetáculo nasceu de aula com Eugenio Barba

Vestida de avental, a personagem transborda em metáforas e gestos situações do seu cotidiano infeliz. Samuel Santos quer traduzir nessa figura todas as mulheres que sofrem com maus-tratos em qualquer lugar do mundo. Ela sublinha, reforça situações, num ritual que se repete. Sua fala carrega a musicalidade de uma ladainha.

Como parte da investigação dos processos culturais de raízes africanas, também são incluídos cantos e orações de matizes africanas. Que se embaralham na composição de uma partitura sonora, que cruza as orações da cultura cristã.

A atriz investe nos seus recursos psicofísicos, para construir essa dramaturgia atorial  e despertar o interesse do espectador na vida dessas mulheres violentadas física e psicologicamente. A peça tem duração de 50 minutos.

[1] Composição atorial, intérprete-criador e dramaturgia corporal são algumas expressões que tentam dar conta do descentramento do discurso textual/verbal para processos de enunciação que emergem das interações complexas do corpo do ator – através de suas ações, gestos, estados, construções – com os demais elementos constitutivos da cena. Tais terminologias refletem também um processo de maturação criativa e propositiva por parte dos atuantes. CURI (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – BRASÍLIA/DF, BRASIL), Alice Stefânia. Dramaturgias de Ator: puxando fios de uma trama espessa. Revista Brasileira de Estudos da Presença, [S.l.], v. 3, n. 3, p. 907-919, set. 2013. ISSN 2237-2660. Disponível em: <http://www.seer.ufrgs.br/index.php/presenca/article/view/38126/27110>. Acesso em: 18 out. 2016.
A direção é de Samuel Santos

A direção é de Samuel Santos

Ficha Técnica
Direção, autoria, adereços, sonoplastia e iluminação:
Samuel Santos
Atuação, figurino e maquiagem:
Naná Sodré
Técnica em rolamento:
Mestre Sifu Manoel

SERVIÇO

A Receita, com Naná Sodré  (O Poste Soluções Luminosas) – Recife – PE
Quando: Nesta Terça, às 20h
Onde: Teatro Capiba. SESC Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1190. Bairro: Mangabeira)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
teatrocapiba@gmail.com
81 – 3267-4410
Duração: 50’
Classificação etária: 16 anos

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O açougueiro, com Alexandre Guimarães, aborda temas do preconceito social e seus danos

O açougueiro, com Alexandre Guimarães, aborda temas como o preconceito social e seus danos

Para compor seus personagens do espetáculo O açougueiro, o ator Alexandre Guimarães fez pesquisas para se apropriar dos procedimentos em matadouros público e informal. Isso incluía a postura do homem que abate o boi, as reações do animal durante o processo, os cheiros e os sons. O solo dirigido por Samuel Santos, do grupo O Poste Soluções Luminosas, utiliza as técnicas do teatro físico e antropológico para compor a cena. Alexandre foi busca na Zona Rural de Pernambuco a inspiração para esse corpo extra cotidiano e para romper com os automatismos da rotina urbana.

Sua investigação leva para o palco algumas manifestações culturais de Pernambuco como o aboio, a toada, o reisado, a velação do corpo antes dos enterros. A peça também é costurada por cânticos.

O Açougueiro participa da 9ª Mostra Capiba de Teatro, do Sesc Casa Amarela, que reúne nove montagens em torno da ideia de território do ator solidário e da vastidão proporcionada pelo palco. A programação traz nove espetáculos de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Sergipe, até o dia 22.

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Guimarães se reveza em sete personagens, sendo o principal o sertanejo Antônio. A protagonista luta pelos sonhos de ser dono de um açougue e se casar com Nicinha. Mas a sociedade do entorno do casal exerce o poder de coerção e atua com preconceito para acabar com o relacionamento. E Antônio é abandonado por todos na cidade, menos pelo boi.

ENTREVISTA // ALEXANDRE GUIMARÃES

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Ator investiu suas economias no espetáculo, que não conta com patrocínios. Foto: Reprodução do Facebook

Primeiro gostaria de saber sobre a estética e a ética de O Açougueiro.
O Açougueiro é um ponto de virada. No final de 2014, eu vivia um daqueles momentos em que nos sentimos em dúvida sobre várias coisas. Tinha voltado de uma passagem pelo Sudeste onde fui aprofundar os estudos em audiovisual e tinha acabado de sair do grupo Cênicas, do qual participei por cinco anos. Sentia um vácuo… Mas desses questionamentos surgiu uma certeza que era o fazer teatral.
A estética do espetáculo é o jogo. Eu e Samuel Santos decidimos que esse trabalho era assumidamente um espaço para o intérprete. Buscamos trazer a simplicidade de elementos e cenário para que o público focasse nas nuances do intérprete em cada momento desse transformar. A peça acontece no Sertão, mas não queríamos trazer o óbvio, tipo carcaças de boi, mandacarus… A ideia é provocar a criação das imagens por parte do espectador.
Quanto à ética, sou ator, mas nesse momento da criação do projeto, quando percebi eu já estava produtor. E uma das decisões enquanto produtor foi aceitar que não posso abraçar tudo em um espetáculo. É preciso compartilhar funções… E tão importantemente quanto isso é saber que todos precisam ser pagos nessas funções. Isso cria e fortifica laços em um projeto. Convidei pessoas que de alguma forma tem ligação com minha história e que se identificaram com essa missão. Parece algo complexo mas é bem mais simples na prática. A chave é decidir fazer…

O que O Açougueiro trouxe para sua carreira?
Uma vez ouvi um amigo que disse que grandes ideias todos podem ter, mas a mágica está no concretizar.
Nesses 15 meses de vida do espetáculo já participei de festivais em Pernambuco, Paraná, Santa Catarina, Paraíba e agora estou em temporada até dezembro no Rio de Janeiro. Recebi alguns prêmios como o de melhor ator no Janeiro de Grandes Espetáculos JGE deste ano, o que pessoalmente é uma satisfação enorme. Mas isso também serve para alavancar ainda mais o espetáculo, para projetar ainda mais objetivos.
É um espetáculo quase camaleônico, se adapta às condições. Já fiz em grandes teatros tradicionais, espaços alternativos e até em praça pública no Interior de Pernambuco. Sinto um desejo quase que vital de levar meu ofício aos lugares onde não há acesso a esse teatro dentro da caixa cênica padrão. A peça fala de preconceito, intolerância, violência contra a mulher… Enfim, é preciso parar e falar desses temas com muita seriedade. O teatro tem essa característica de aguçar nossa reflexão através da arte. Mas depois de ir para tantos rincões eu também quis saber qual seria a resposta ao trabalho nos ditos grandes eixos da produção teatral (Rio-SP). E o Rio chegou antes… Foi bem difícil entrar nesse outro mercado…

A montagem é uma produção independente. Valeu investir praticamente todos os seus recursos no espetáculo?
Desde a montagem de O Açougueiro planejei um cronograma de ações que abarcasse 24 meses. E felizmente estou conseguindo cumprir as metas e o projeto segue vivo mesmo sem contar com leis de incentivo ou patrocínio. Adoraria tê-los, mas não tive sequer tempo de elaborar projetos de captação e decidi fazer com o investimento pessoal mesmo. Não era muito, na verdade era quase simbólico, mas o planejamento responsável fez toda a diferença. Como todo investimento, esse também envolve riscos, mas tenho conseguido seguir adiante financeiramente de maneira superpositiva e no lado do reconhecimento profissional tenho tido conquistas incríveis.

E então, o futuro.
O futuro é seguir focando nessa temporada no Teatro Poeira no Rio.
O Açougueiro tem a missão de propagar teatro…
Não sou um grupo ou coletivo. Sou um artista independente que buscava se colocar em um lugar onde a procura por pautas é gigante. Mas outra vez a característica de encontrar parceiros fez toda a diferença e graças ao ator e amigo Marcio Fecher, conheci um produtor no Rio que se encantou pelo projeto e entrou comigo nessa jornada em terras cariocas. Tudo isso gira muito, mas sempre volto ao pensamento original que me tocou há um ano: é preciso fazer. Ser ator é se colocar em sacrifício, e ser ator-empreendedor não foge a essa regra.

SERVIÇO
O Açougueiro – com Alexandre Guimarães – Recife – PE
Quando: Sábado, 15/10, às 20h
Onde: Teatro Capiba. SESC Casa Amarela (Av. Professor José dos Anjos, 1190. Bairro: Mangabeira) ​
Ingressos: R$ 20 e R$ 10
teatrocapiba@gmail.com
81 – 3267-4410
Duração: 45’
Classificação etária: 16 anos

O ATOR – Alexandre Guimarães é formado pela Escola Sesc de Teatro. Fez parte do grupo recifense Cênicas Cia de Repertório durante cinco anos. Em 2015, lançou sua primeira produção: O Açougueiro. Entre as montagens que participou estão Diabólica, com direção de  Antônio Rodrigues (2014); Auto do Salão do Automóvel, direção de Kleber Lourenço (2012); Senhora dos Afogados, direção de Érico José (2010/11); Pinóquio e Suas Desventuras, da Cênicas Cia de Repertório (2009); De Uma Noite de Festa, da Escola Sesc de Teatro (2009); Escola de Meninas, do Berlinda Tribo de Atuadores (2008).

Ficha Técnica
Intérprete: Alexandre Guimarães
Texto, encenação e plano Luz: Samuel Santos
Preparação vocal: Nazaré Sodré
Preparação corporal e figurino: Agrinez Melo
Maquiagem: Vinicius Vieira
Fotos/Ilustração: Lucas Emanuel

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Cordel do amor sem fim no aconchego de sua sede

Naná Sodré em Cordel do amor sem fim. Foto: Paulo Cruz

Naná Sodré em Cordel do amor sem fim. Foto: Paulo Cruz

A peça Cordel do amor sem fim, do grupo O Poste Soluções Luminosas, inicia hoje uma nova temporada, desta vez na sede do grupo, na Rua da Aurora. O espetáculo, um dos sucessos da trupe, já circulou pelo Brasil a levar essa história de desencontros amorosos. Três irmãs moram em Carinhanha, nas margens do Rio São Francisco: a misteriosa Madalena, a dissimulada Carminha e a jovem sonhadora Teresa, por quem José é apaixonado. Mas aparece um forasteiro, Antônio, que desvia a rota do desejo de Teresa.

A encenação do diretor Samuel Santos rejeita o naturalismo e explora outras teatralidades. Na composição da cena, os passos e gestuais do coco e cavalo-marinho se fundem com Tai Chi Chuan, candomblé, capoeira, nuances do Expressionismo, da arte oriental do Butoh no corpo e nas máscaras faciais, com influência também do mamulengo.

Agrinez Melo interpreta uma das irmãs, Carminha. Foto: Aryella Lira

Agrinez Melo interpreta uma das irmãs, Carminha. Foto: Aryella Lira

O elenco é composto pelos atores, Suelayne Sue (Tereza), Naná Sodré (Madalena ), Agrinez Melo (Carminha) e Madson De Paula, (José ), além do músico Diogo Lopes.

A montagem está carregada da sensualidade manifesta no corpo de Teresa, que arde por um sujeito estrangeiro, que não virá. Esse corpo se modifica com a ausência. Endurece. Teresa talvez fosse a redenção de suas irmãs. Madalena que se fechou em luto. E Carminha que sofre com o segredo de amar o homem prometido a Teresa, José. O amor desmedido de Teresa desafia o amor desmedido de José.

O Nordeste se apresenta no texto da escritora baiana Cláudia Barral, nas cores fortes, nos sons e texturas dessa montagem.

Entre batuques, marcações sincopadas de tamancos, sonoplastia ao vivo, os corpos “extracotidianos” dos intérpretes, Cordel do amor sem fim conclama a ancestralidade, tão cara na pesquisa do grupo.

SERVIÇO
Cordel do amor sem fim
Quando: De 11 de julho a 27 de setembro; sábados, às 20h e domingos, às 19h.
Onde: Espaço O Poste (Rua da Aurora, 529, loja 1, Boa Vista)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Informações: 98484-8421.

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