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Teatro nos quatro cantos do país

Na última semana estive em Florianópolis, Santa Catarina, para o lançamento nacional do Palco Giratório. É o maior circuito de artes cênicas do país. Não duvide do adjetivo. Aqui, o ´maior` tem razão de ser. Ou você já teve notícias de algum festival que percorra todos os estados brasileiros, incluindo o Distrito Federal, passando por 114 cidades, com 728 apresentações no total? Pois é. Esse é o Palco Giratório, promovido pelo Sesc, neste ano na 14ª edição.

Em Pernambuco, as apresentações começam no mês de abril. O espetáculo catarinense do grupo Persona cia. de Teatro & Teatro em Trâmite, chamado A galinha degolada, vai circular por cinco cidades do interior: Garanhuns, Caruaru, Arcoverde, Triunfo e Petrolina. No mês seguinte, é a vez do Festival Palco Giratório tomar conta da capital pernambucana, com espetáculos que compõem a grade nacional de circulação, outros grupos convidados e ainda companhias locais. Outras quatro cidades ainda vão receber encenações do projeto ao longo do ano.

Galinha Degolada, da Persona cia. de Teatro & Teatro em Trâmite (SC)

Escolher os 16 grupos que vão se apresentar por todo o país, com 37 espetáculos, e montar a logística do circuito são os principais desafios. Cerca de 80 montagens disputaram a seleção este ano. “As coordenações regionais, que participam da escolha, têm autonomia para fazer sugestões de espetáculos, que são copiados em DVDs para todos os participantes. Quem é do estado do grupo e está fazendo a indicação tem que ter visto o espetáculo ao vivo. Depois, durante dez dias, temos um encontro para discutir quais serão os grupos”, explicou Raphael Vianna, técnico de teatro que faz parte da coordenação nacional do projeto.

Galiana Brasil, representante pernambucana no grupo de curadores, diz que existe uma verdadeira ´defesa` dos espetáculos. “O curador tem que conhecer a cena do seu estado porque a escolha é feita através de indicações. Não há, por exemplo, um edital, com requisitos a serem cumpridos”.

O fato é que a seleção possibilita um amplo panorama do que está sendo produzido em artes cênicas em todas as regiões do país. Este ano, algumas particularidades ou, quem sabe, tendências, puderam ser elencadas. “Percebemos, por exemplo, o fim da era dos monólogos e o teatro de grupo aparecendo com muita força”, explica Galiana. Além disso, cada vez mais espetáculos de dança participam da seleção (o pernambucano Leve, do coletivo Lugar Comum, foi um dos contemplados pelo projeto e há ainda espetáculos de dança do Ceará e de Manaus) e houve dificuldade para selecionar espetáculos de teatro de rua.

O mundo tá virado, do Imbuaça (SE)

Um dos escolhidos nesta área foi o grupo Imbuaça, de Sergipe, que não vai ao Recife há cerca de dez anos. “Nós devemos circular por 15 estados e fazer 70 apresentações. Que outro projeto nos permite isso? Uma programação anual de espetáculos?”, questionou Lindolfo Amaral, do Imbuaça. O grupo, aliás, esteve na 1ª edição do Palco Giratório, em 1998, com o espetáculo A barca do inferno, sob direção de João Marcelino. À época, fizeram apresentações somente em Pernambuco. Neste ano, o grupo completa 34 de carreira.

“É mais que um prêmio. É a oportunidade de ficar um ano inteiro apresentando um espetáculo, o que normalmente é muito difícil conseguir”, explicou a atriz Pagu Leal, do grupo curitibano Delírio, que no Recife deve apresentar o espetáculo Evangelho segundo São Mateus, a história de um filho e seu retorno hipotético à casa dos pais.

Evangelho segundo São Mateus, do grupo Delírio (PR)

“É um processo de troca rico para o próprio trabalho, porque você tem que repensar a obra por conta do olhar das outras pessoas, das dúvidas e questões que vão surgindo”, explicou Vinícius Arneiro, diretor do espetáculo Rebú, do grupo Teatro Independente, do Rio, que abriu a programação de itinerância em Florianópolis. Em São Miguel do Oeste, o espetáculo apresentado foi Frankenstein, da Cia. Polichinelo, de São Paulo.

Frankenstein, da Cia. Polichinelo (SP)

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O palco está em Florianópolis

Depois de uma tarde inteirinha entre aeroporto, voo, amendoim da Gol, correria para pegar a conexão, mais voo, chegamos em Florianópolis. Viemos acompanhar o lançamento nacional do 14º Palco Giratório, promovido pelo Sesc, que será nesta quarta-feira. A coletiva de imprensa será às 15h30, aqui mesmo no Sesc Cacupé, onde estou hospedada (parece ser bem lindo, mas à noite, num deu pra ver nada!); e depois tem a apresentação da peça Rebu, do Rio, que tem texto de Jô Bilac e esteve no Recife no último Festival Recife do Teatro Nacional.

Foto: Val Lima/Divulgação

O Palco Giratório vai percorrer 114 cidades com 37 espetáculos, encenados por 16 grupos de teatro. Dois desses espetáculos são pernambucanos: O fio mágico, do Mão Molenga, e Leve, das bailarinas Maria Agrelli e Renata Muniz. Vou postar uma matéria que saiu no Diario na última sexta, da querida Tatiana Meira. Adoramos as colaborações baianísticas dela por aqui! 😉

Espetáculos vão girar pelo país

Apenas dois grupos pernambucanos foram selecionados, em 2011, para o Palco Giratório, projeto do Sesc nacional. O Mão Molenga Teatro de Bonecos, que completou 25 anos de atividades neste começo do ano, com O fio mágico, e o Coletivo Lugar Comum, com o espetáculo de dança contemporânea Leve. O elenco, formado pelas bailarinas Maria Agrelli e Renata Muniz, percorrerá 33 cidades em 15 estados brasileiros, entre os meses de abril e novembro.

“É um super reconhecimento do nosso trabalho, pois quem participa do Palco Giratório são grupos consagrados, com carreira bem estruturada. Nos dá a sensação de termos pulado várias etapas”, compara Renata Muniz, lembrando que este é o primeiro trabalho da dupla depois de deixar o Grupo Experimental de Dança, do qual fizeram parte por vários anos.

A turnê de Leve no Palco Giratório começa no dia 17 de abril, em Fortaleza, no Ceará. Além das apresentações do espetáculo, a itinerância inclui a participação em mesas-redondas do Pensamento Giratório, vivências com grupos das cidades visitadas, no Trocando em Miúdos, e oficinas de dança, onde detalharão o processo criativo da montagem.

Foto: Breno César/Divulgação

Com sua temporada de estreia em junho de 2009, no Teatro Hermilo Borba Filho, no Bairro do Recife, Leve também ficou em cartaz durante o mês de março de 2010, no Centro Cultural Correios. Também foi apresentado no festival Aldeia do Velho Chico, em Petrolina; no Festival de Inverno de Garanhuns; no encontro de coletivos Conexões Criativas e no Na Onda da Dança, do Sesc Piedade.

Resultado de um processo de criação onde toda a equipe técnica também colabrou, Leve tinha como proposta inicial dançar os sentimentos relacionados com a morte. “Trabalhamos com metáforas corporais e, a princípio, estávamos num caminho mais teórico, mas depois percebemos que queríamos falar das perdas e dos sentimentos que as envolviam”, explica Renata Muniz.

Com trilha sonora original de Isaar, que chegou a lançar um CD com as músicas, ao final de cada sessão do espetáculo serão promovidos debates com o público. A montagem teve oito indicações para prêmios no Janeiro de Grandes Espetáculos de 2010 e arrebatou a premiação em seis categorias (entre elas, melhor espetáculo e bailarina, para Maria Agrelli).

Mão molenga já é veterano No ano em que completa 25 anos de existência, o Mão Molenga Teatro de Bonecos cai na estrada. Pela segunda vez em sua trajetória, participa do Palco Giratório nacional, começando em Fortaleza, no dia 6, com o espetáculo O fio mágico. Até dezembro, o Mão Molenga terá visitado mais de 20 cidades, incluindo algumas em que não teve a oportunidade de estar com Babau, a montagem com a qual circulou o Brasil a convite do Sesc em 2006. “Vamos a cidades no interior de Santa Catarina, da Bahia e do Piauí que ainda não conhecemos. É impressionante como há uma comunicação muito direta, completa com a plateia”, aponta Marcondes Lima, diretor e um dos fundadores do grupo.

O fio mágico conta a história de Gerárd

Baseado num conto tradicional francês, O fio mágico é uma parábola sobre o tempo e como aproveitar cada experiência vivida. O espetáculo recebeu o Prêmio Myriam Muniz, da Funarte, em 2008, fazendo sua estreia passeando pelas Regiões Político- Administrativas (RPA’s) do Recife. Somente em 2010 fez temporada em espaços como o Teatro Joaquim Cardozo e se apresentou em festivais, como o Janeiro de Grandes Espetáculos, em 2011.

Na trama da peça, um menino impaciente chamado Gerárd (homenagem ao pai de Carla Denise, autora do texto) recebe uma bola mágica de presente de uma velha senhora. O artefato permite adiantar o tempo. Diante dos percalços e dificuldades da vida, o garoto acaba puxando o fio da bola e acelera os acontecimentos. Três atores-manipuladores participam da encenação: Marcondes Lima, Fábio Caio e Fátima Caio. Eles contam a história através de cerca de 25 bonecos, já que alguns mudam características físicas com a passagem do tempo, vivenciando momentos importantes da história mundial, como as grandes guerras na Europa.

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