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Femininos encerram Dança de agosto no Itaú

Antílope, de Flávia Pinheiro; Eu, Elas de Juliana Moraes e Entrelinhas de Jaqueline Elesbão

O tom político e as questões femininas marcam as produções do Dança no Itaú que ocorre no fim de semana – de 30 de agosto a 1º de setembro, encerrando a programação de agosto. A artista pernambucana Flavia Pinheiro vem com sua investigação do corpo em Antílope; a paulista Juliana Moraes questiona os comportamentos aceitos socialmente como femininos em Eu, Elas; e a baiana Jaqueline Elesbão investe em esquadrinhar a violência de gênero e raça em Entrelinhas.

O circuito começou em 15 de agosto, e abriu espaço para coreografias nascidas a partir de movimentos políticos, estéticos e poéticos que fogem do convencional – a exemplo da dança de rua, funk, popular e de origem africana. Ao todo somam-se 10 montagens com artistas vindos de diferentes influências e lugares do país: de São Paulo, Juliana Moraes e o Grupo Fragmento Urbano; da Bahia, Kety Kim Farafina e Jaqueline Elesbão; do Rio Grande do Norte, Alexandre Américo e a companhia Gira Dança; de Pernambuco, Angelo Madureira, Flávia Pinheiro e Pedro Lacerda e, do Ceará, Katiana Pena e Wellington Gadelha.

Flavia Pinheiro em Antílope. Foto: Amanda Pietra

Antílope é a designação vasta para o mamífero bovídeo, e que engloba subfamílias, que guarda parentesco com vacas ou cabras. É o nome do espetáculo que Flavia Pinheiro leva ao palco às 21h desta sexta-feira. O animal tem musculatura poderosa nos quartos traseiros, o que dá agilidade para fugir dos predadores e correr até 100 km/h.  Alguns ostentam cornos ocos.

Flavia Pinheiro desenvolve trabalhos numa conjunção de arte, ciência e tecnologia e utiliza sensores biométricos e ópticos para transformar seus movimentos em ruídos. Em Antílope, performer traça um paralelo da desventura humana, que foge para poder sobreviver. Mas o antílope é considerado um animal com grande capacidade de superar episódios traumáticos e sair de um estado de inconsciência caso sobreviva à caçada.

Às 19h30, na área externa do Itaú Cultural, a companhia Fragmento Urbano expõe a intervenção Breaking de Repente. Explora com sua dança de rua vários aspectos do cotidiano de grandes centros urbanos. Nesta performance, a companhia, criada em 2009, reproduz gestos e familiaridades da rotina social nos grandes centros – como caminhar, procurar objetos e pegar ônibus –, por meio de danças urbanas como popping e locking. 

30/08/2019 SEXTA-FEIRA – 21h às 21h35
Antílope
Flavia Pinheiro(PE)
[duração aproximada: 35 minutos]
Sala Multiuso (piso 2) – 70 lugares
[livre para todos os públicos]

Eu, elas, solo de Juliana Moraes. foto: Cris Lyra /divulgação

O que é um comportamento feminino? A bailarina e coreógrafa paulista Juliana Moraes problematiza a pergunta na apresenta desse sábado, 21h, Eu, Elas. Nesse solo contemporâneo, Juliana usa gestos e posturas socialmente aceitos como femininos no ocidente – especialmente a partir dos anos 1950 – para desconstruir e questionar essas atitudes aprendidos.

Sentada durante 30 minutos, mas movimentando-se freneticamente, a artista elabora uma coreografia fincada na acumulação de gestos em diferentes partes do corpo, criando apuradas combinações. Focada na identidade de gênero, a peça descortina complexos processos de submissão e resistência, numa alternância entre imposições sociais e descobertas libertadoras.

31/08/2019 SÁBADO – 21h às 21h30
Eu, Elas
Juliana Moraes (SP)
[duração aproximada: 30 minutos]
Sala Multiuso (piso 2) – 70 lugares
[classificação indicativa: 12 anos]

Entrelinha, mergulha nas feridas e cicatrizes desse sistema opressor, que mutila milhões de mulheres 

A baiana Jaqueline Elesbão apresenta Entrelinhas no domingo, às 20h, fechando a série de dança no Itaú Cultural em agosto. Diretora, coreógrafa, intérprete e ativista de questões femininas, étnicas e causas LGBT, ela aborda a temática da violência psicológica, emocional e sexual contra a mulher, articulando um diálogo entre o passado e o presente. Entrelinhas vasculha a mentalidade escravocrata e o comportamento machista dominador, que silencia a voz feminina com força física ou metafisica.

01/09/2019 DOMINGO – 20h às 20h35
Entrelinhas
Jaque Elesbão (BA)
[duração aproximada: 35 minutos]
Sala Multiuso (piso 2) – 40 lugares
[classificação indicativa: 18 anos]
[com interpretação em Libras]

SERVIÇO

Dança em agosto no Itaú Cultural
Itaú Cultural
Av. Paulista, 149 – Estação Brigadeiro do Metrô
Tel.: 2168-1776/1777
Entrada gratuita
Distribuição de ingressos:
Público preferencial: 1 hora antes do espetáculo (com direito a um acompanhante)
Público não preferencial: 1 hora antes do espetáculo (um ingresso por pessoa)

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Como manter-se vivo, em São Paulo

Flávia Pinheiro em Como Manter-se Vivo. Foto: Danilo Galvão / Divulgação PMPA

Flávia Pinheiro desafia os limites do corpo em Como Manter-se Vivo. Foto: Danilo Galvão / Divulgação PMPA

O capitalismo tenta transformar tudo em mercadoria. As pessoas, seus sentimentos, suas relações. É uma luta medonha investir contra esse gigante que procura transtornar em matéria gasosa os afetos, ideologias, mentalidades. Seus agentes manipulam tudo para normatizar essas ações. Flávia Pinheiro usa sua arte como arma de guerra para assinalar as pulsões de vida e combater a inércia diante das tecnologias no espetáculo Como Manter-se Vivo?

O trabalho circula com o programa Palco Giratório, do Sesc, e nesta quinta-feira, às 21h faz a segunda apresentação no Sesc Belenzinho (São Paulo), seguido do Pensamente Giratório, uma roda de conversa sobre a relação do corpo em movimento com a Arte e Tecnologia.

Coreógrafa, dançarina e professora, Flavia Pinheiro é uma criadora de muita força física e ousadia intelectual. Ela se arrisca e expõe seu corpo ao limite do esgotamento, do colapso. Suas pesquisas e experimentos envolvem Arte e Tecnologia e investigam em várias plataformas maneiras de hackear o corpo; explora as gambiarras e práticas distópicas de sobrevivência na vida e na prática artística. Como também perscruta a resistência como um dos mecanismos de aprendizagem, que desafia a vertigem e a queda. Seu último trabalho Utopyas to everyday life, junto com a artista Carolina Bianchi (SP), vai ao limite da capacidade física humana, beirando o colapso em horas e horas de movimentos ininterruptos.

Como manter-se vivo aponta que prosseguir em movimento é um processo urgente de sobrevivência. Há alguns anos, Flávia esquadrinha a urgência de seguir em ação como ato de sobrevivência. Questiona como nos pautamos diante da imaterialidade da proposta pela interface dos dispositivos e a certeza da nossa impermanência. Como continuar em movimento? Como resistir ao desequilíbrio e à instabilidade da existência? Como persistir no tempo? Uma prática circular calcada na insistência e na certeza do limite da matéria.

Dança/Performance Como manter-se vivo
Classificação: livre
50 minutos
Quando: 9 de agosto, às 21h
Onde:Sala de Espetáculos II, Sesc Belenzinho

Ficha técnica:
Criação e Performance: Flavia Pinheiro 
Direção de arte: Flavia Pinheiro 
Coaching: Peter Michael Dietz 
Desenho sonoro: Leandro Olivan 
Desenho de luz: Natalie Revoredo 
Designer gráfico: Guilherme Luigi 
Produção: Flavia Pinheiro e Maria Santana 

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Agenda de Dezembro no Recife

ESPECIAL

AVE MARIA

avemaria

A atriz Julia Varley. Foto: /Rina Skeel / Divulgação

A atriz inglesa Julia Varley, que se juntou ao grupo de teatro Odin Teatret em 1976, na Dinamarca, evoca o encontro e a amizade com a atriz chilena María Cánepa no espetáculo Ave Maria. Na peça é a Morte que celebra a fantasia criativa e a devoção de María, que soube deixar um rastro após sua partida. A morte aparece como um personagem que narra a vida e suas transformações.
SERVIÇO
Quando: Dia 14 de dezembro de 2016 (quarta-feira), às 20h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho.
Ficha técnica
Atriz: Julia Varley
Direção: Eugenio Barba
Assistente de Direção: Pierangelo Pompa
Texto: Improvisações e citações de Gonzalo Rojas e Pablo Neruda

Eugenio Barba e Julia Varley. Foto: Marcelo Dischinger.

Eugenio Barba e Julia Varley. Foto: Marcelo Dischinger.

O diretor teatral Eugenio Barba e a atriz Julia Varley, do grupo dinamarquês ODIN TEATRET RECIFE realizam no Recife um workshop de voz inédito intitulado O Eco do Silêncio, uma demonstração de trabalho da atriz Julia Varley, uma conversa com o diretor Eugenio Barba sobre o tema Antropologia Teatral e a apresentação do espetáculo Ave Maria, dirigido por Eugenio e interpretado por Julia. A vinda do Odin está diretamente ligada ao trabalho continuado do grupo pernambucano “O Poste Soluções Luminosas. Mais informações: oposte.oposte@gmail.com
PROGRAMAÇÃO
Dia 12 de dezembro de 2016 (segunda) – credenciamento de participantes e abertura do ODIN TEATRET RECIFE. Apresentação do espetáculo “A RECEITA” do grupo O Poste Soluções Luminosas, 20h. Local: Espaço O Poste Soluções Luminosas.
Dia 13 de dezembro de 2016 (terça) – Primeiro dia da oficina “O Eco do Silêncio” ministrada por Julia Varley (9h as 12h). Local: Teatro Hermilo Borba Filho;
– Demonstração de trabalho “O Eco do Silêncio” de Julia Varley (16h). Local: Teatro Hermilo Borba Filho.
– Conversa com Eugenio Barba sobre o tema “Antropologia Teatral, o que é?” (17). Local Teatro Hermilo Borba Filho;
– Apresentação do espetáculo Ombela do grupo O Poste Soluções Luminosas (20h). Local Espaço O Poste Soluções Luminosas;
Dia 14 de dezembro de 2016 (quarta) – Segundo e último dia da oficina “ O Eco do Silêncio” ministrada por Julia Varley (9h as 12h). Local: Teatro Hermilo Borba Filho;
– Apresentação do espetáculo Ave Maria do grupo Odin Teatret (Monólogo de Julia Varley com direção de Eugenio Barba (20h). Local: Teatro Hermilo Borba Filho.
Quando:
* Espetáculo A Receita R$ 30,00 (inteira) R$ 15,00 (meia);
* Demonstração de trabalho O Eco do Silêncio R$30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia);
* Espetáculo  Ave Maria R$ 30,00(inteira) e R$ 15,00 (meia);
* Espetáculo Ombela R$30,00 (inteira) e R$15,00(meia).

EM CARTAZ

COMO MANTER-SE VIVO?

Flávia Pinheiro. foto: Danilo Galvao

Flávia Pinheiro. Foto: Danilo Galvao

Como manter-se vivo? É a terceira parte da pesquisa Diafragma, desenvolvida por Flávia Pinheiro. O primeiro, Diafragma: versão beta, centrou-se nos dispositivos analógicos. No segundo, Ensaio sobre a impermanência, a artista usava um sensor para captar o movimento em tempo real e que produzia uma série de visualizações gráficas. Como manter-se vivo? trata da existência em tempos de crise em todos os campos. Seja macro, da política global e conflitos brasileiros. Ou das micro estratégias de poder nos relacionamentos humanos. Como resistir ao desequilíbrio e a instabilidade da existência? Como persistir no tempo? O trabalho investiga a relação do corpo com a tecnologia e a urgência de permanecer em movimento como um procedimento de sobrevivência.
SERVIÇO
Quando: 9, 10 e 11 de dezembro; sextas, sábados e domingos, às 19h.
Onde: Tulasi Mercado Orgânico (Rua das Graças, 178, Graças).
Quanto: R$ 10 e R$ 5 (meia).
Mais informações: fpinheiro86@gmail.com.
FICHA TÉCNICA
Criação e Performance: Flavia Pinheiro
Direção de Arte: Flavia Pinheiro
Coaching: Peter Michael Dietz
Desenho sonoro: Leandro Oliván
Desenho de luz: Pedro Vilela
Designer gráfico: Guilherme Luigi
Produção: Flavia Pinheiro, Pedro Vilela e Mariana Holanda

DOMITILA

soprano-carioca-neti-szpilmann

Soprano carioca Neti Szpilmann se reveza com a pernambucana Tarcyla Perboire no pepel da Marquesa de Santos

Personagem fascinante que desperta desde o Império comentários críticas e admiração. Domitila de Castro Canto e Melo, conhecida como a Marquesa de Santos canta suas próprias memórias. Composta pelo músico carioca João Guilherme Ripper, a peça mostra os momentos em que a marquesa passou ao lado do primeiro imperador do Brasil, Dom Pedro I, de quem foi amante durante sete anos. A ópera de câmara para soprano, piano, violoncelo e clarinete conta o último dia da Marquesa de Santos na corte – o dia em que ela escreve sua última carta a Pedro I, pois as regras da Casa dos Bragança impuseram ao jovem imperador e viúvo uma nova esposa, não a que ele desejava e sim outra escolhida, D. Amélia, de estirpe real. A direção cênica e idealização são de Luiz Kleber Queiroz e a direção musical de Antônio Nigro. A soprano carioca Neti Szpilmann se reveza com a pernambucana Tarcyla Perboire nas récitas. O escritor Paulo Rezzutti, autor de “Domitila: a verdadeira história da Marquesa de Santos”, percebe a marquesa foi um exemplo de mulher emancipada, que rompeu com a moralidade corrupta de uma época de falsos pudores para viver a vida conforme ditava sua consciência.
Elenco / músicos
Neti Szpilmann – Domitila, a marquesa de Santos (dias 09 / 11)
Tarcyla Perboire – Domitila, a marquesa de Santos (dias 08 / 10)
Antônio Nigro – piano
Gueber Santos – Clarinete
PedroHuff – Violoncelo
*A cantora Neti Szpilmann foi gentilmente cedida pela Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Ficha Técnica
Idealização: Luiz Kleber Queiroz
Elaboração do Projeto e Coordenação Geral: Maria Aída Barroso
Direção Musical: Antonio Nigro
Direção Cênica: Luiz Kleber Queiroz
Direção de Movimento: Marisa Avellar
Cenário: Thiago Luna
Figurino: Marcondes Lima
Direção de Arte: Marcondes Lima
Iluminação: João Guilherme de Paula
Maquiagem: Geraílton Sales
Audiodescrição: Acessibilidade Comunicacional – Liliana Tavares
Assessoria de Imprensa: Mila Portela/VERBO Assessoria
Designer Gráfico: Letícia Matos / Azul Pavão
Produção: Aymara Almeida e Alice Alves
SERVIÇO
Ópera Domitila, de Guilherme Ripper
Quando: Dias 8, 9, 10 e 11 de dezembro
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho (R. do Apolo, 121 – Recife)
Informações: 3355-3220.
Quanto: Entrada franca

ANDARTE ANDARILHO

Márcio Fecher. foto-caio-tiburtino

Márcio Fecher. Foto-Caio Tiburtino

O autor abandona a personagem no início de sua criação. Surpreendido com a atitude do criador e sem saber o que fazer, o personagem resolver tomar as rédeas de sua própria história, ser senhor do seu destino e decidir os caminhos a tomar. Com isso, o personagem atravessa várias situações, inventa um passado para si mesmo, cria um futuro, e através da imaginação e da criatividade edifica sua personalidade. Há anos o ator Márcio Fecher articula esse espetáculo, que traduz um pouco de sua labuta cênica.
Ficha técnica
Criação Cênica, Atuação – Márcio Fecher
Cenários, Figurino e Adereços – Rebeka Barros e Danilo Mota
Plano De Luz, Operador De Luz E Sonoplastia – Felipe Silva
Preparação Corporal – Alan Jones – Professor Pezão e Dalvan Ferreira
Pesquisa Sonora – Felipe Silva e Márcio Fecher
Identidade Visual – Danilo Mota e Márcio Fecher
Assesoria De Comunicação – ABBC por Fernando Fagundes
Apoios/Parcerias – ABBC COmunicação, FUAH ATELIÊ, ART HUNTER, GRUPO CAPOEIRA POSITIVA
Colaboradores – Junior Sampaio, Otiba e Júnior Aguiar
Realização – GOTA SERENA PRODUÇÕES

SERVIÇO
Quando: 10 e 11 de dezembro; sábados, às 20h e domingos, às 19h.
Onde: Teatro Apolo (Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife).
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Informações: 3355-3320.

KATASTROPHÈ

DIG se apresenta no projeto Dança de Algibeira. Foto: Aline Rodrigues / Divulgação

DIG se apresenta no projeto Dança de Algibeira. Foto: Aline Rodrigues / Divulgação

Katastrophè, com a Companhia de Teatro e Dança Pós-Contemporânea d’Improvizzo Gang, conhecida por DIG, dentro do projeto Dança de Algibeira da Compassos Cia de Dança. Baseado livremente no texto de Samuel Beckett, o espetáculo fala sobre a relação de poder, preconceito e intolerância, e aproveita na dramaturgia das experiências dos integrantes do grupo em situações de opressões – como oprimidos ou opressores. Pollyana Monteiro assina a coreografia e direção geral. Nos dias 12 e 13 de dezembro, às 19h. No 13 de dezembro é oferecido Chá com arte e conversa, com o grupo DIG, às 20h
A entrada é gratuita.
Serviço
Katastrophè, com a Companhia de Teatro e Dança Pós-Contemporânea d’Improvizzo Gang, dentro do projeto Dança de Algibeira
Onde: Espaço Compassos (Rua da Moeda, 93, Bairro do Recife)
Quando: Segunda (05/12) e terça (06/12) às 19h
Gratuito
Ficha técnica
Espetáculo Katastrophè
Texto: Samuel Beckett
Tradução: Paulo Michelotto
Dançarinos- intérpretes- criadores: Bob Silveira, Edcarlos Rodrigues, Gardênia Coleto, Higor Tenório, Lili Guedes, Paulo Michelotto, Pollyanna Monteiro e Will Siquenas.
Iluminação: Cleison Ramos
Figurino e trilha musical: Pollyanna Monteiro
Sonoplastia: Cynthya Dias
Cenário, pesquisa e direção: Paulo Michelotto
Adaptação, coreografia e direção geral: Pollyanna Monteiro
Créditos de fotografias: Toni Rodrigues
Classificação: 16 anos
Duração: 40′
Realização: Cia. De Teatro e Dança Pós- Contemporânea d’Improvizzo Gang

TIJOLOS DE ESQUECIMENTO

Acupe Grupo de Dança. Foto: Rogerio Alves / Sobrado 423

Acupe Grupo de Dança. Foto: Rogerio Alves / Sobrado 423

Espetáculo faz uma imersão no imaginário urbano, a partir da obra do escritor italiano Ítalo Calvino, onde a cidade deixa de ser um conceito geográfico para se tornar o símbolo complexo e inesgotável da existência humana. Tijolos de Esquecimento busca mostrar os diversos focos da cidade: da que sufoca, a que dá liberdade, a da memória, a do afeto e do abandono, da transgressão e das contradições, das disputas. Reinventada pelo olhar do humor e do amor de quem lhe dá forma.
Quando: 2 a 17 de dezembro. Sextas e sábados, às 20h.
Onde: Teatro Arraial Ariano Suassuna (Rua da Aurora, 457, Boa Vista).
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Informações: 3184-3057.
Classificação: 16 anos.
FICHA TÉCNICA
Direção: Paulo Henrique Ferreira
Coreografias: O grupo em processo colaborativo
Direção de Arte: Marcondes Lima
Dramaturgia e texto: Flávia Gomes
Intérpretes criadores: Anne Costa, Henrique Braz, Jadson Mendes, Silas Samarky e Valeria Barros.
VJ e criação de vídeos: Alberto Saulo
Sonoplastia: Rodrigo Porto Cavalcanti
Iluminação: Luciana Raposo

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Feteag com peças gratuitas no Recife e Caruaru

A merda foto Gal Oppido

A Merda (La Merda), com Christiane Tricerri. Foto: Gal Oppido

Aquela que é considerada “feia” por um certo padrão vigente expõe sua revolta em forma de confidência pública no espetáculo A Merda (La Merda), com Christiane Tricerri, que dirigiu e protagoniza o solo. A peça é apresentada no dia 6 de outubro no Teatro de Santa Isabel, na abertura do braço recifense da programação da 26ª edição do Festival de Teatro do Agreste – FETEAG 2016. Essa fêmea do monólogo, escrito pelo italiano Cristian Ceresoli, busca um lugar no mundo machista em que vivemos. Como uma musicista, a intérprete toca uma nota poética, para falar desse nosso tempo com seus horrores e misérias.

As ações artísticas do Feteag  começam nesta sexta-feira (30 de setembro). Em Caruaru, a performer Flávia Pinheiro, do argentino Colectivo Mazdita, apresenta o trabalho  Contato Sonoro. Nele, a artista experimenta a produção de ruído em qualquer superfície e explora o corpo humano como circuito de som.

Land foto Divulgação

Land um ensaio poético sobre o tecido da cidade. Foto Divulgação

No Recife, o ator, performer e músico português Bruno Humberto expõe LAND – Instalação Coreográfica no tecido urbano da cidade, para uma audiência em movimento, no Pátio de São Pedro, às 16h. A apresentação é resultado da oficina Land, desenvolvida durante esta semana no Teatro Hermilo Borba Filho. São coreografias efêmeras e instalação criadas num diálogo entre indivíduos e a paisagem urbana, arquitetônica e cultural da cidade. Serão mostradas micronarrativas criadas a partir da oficina.

Land é um projeto já passou por Gateshead-Newcastle (Inglaterra), San Jose (Costa Rica) e Porto (Portugal) e que fez brotar poéticas diferentes em cada centro urbano. A oficina também será ministrada de 3 a 7 de outubro, em Caruaru.

O programa comemora 35 anos de existência e resistência e tem toda sua programação gratuita. São 12 espetáculos profissionais, quatro peças estudantis e uma roda de diálogo dos alunos com especialistas. Ao todo somam 21 sessões em Caruaru e mais quatro no Recife. Essa temporada festeja os 54 anos de fundação do TEA (Teatro Experimental de Arte), coordenado por Argemiro Pascoal (falecido) e Arary Marrocos, pais de Fábio Pascoal, diretor do Feteag. Este ano, o Feteag conta com incentivo do Fundo de Incentivo à Cultura – Funcultura.

Com o tema Corpos Fluidos – Liminaridade entre Teatro, Dança e Performance, o festival procura aprofundar o olhar e proporcionar espaços de discussão sobre os limites, muitas vezes tênues, na nossa contemporaneidade.  Há algo desse mote que reverbera nos espetáculos do festival.

Espetáulo O filho, do Tetro da Vertigem, tem oito sessões em Caruaru. Foto: Flavio Morbach Portella

Espetáulo O filho, do Teatro da Vertigem, tem oito sessões em Caruaru. Foto: Flavio Morbach Portella

A principal atração deste ano é o Teatro da Vertigem, que chega a Caruaru com Kafka na Estrada – um projeto de viagem, que inclui oito sessões da peça O Filho, mostra de filmes, roda de conversa com os diretores da companhia e Laboratório Cênico com a diretora Lili Monteiro, que vai escolher cinco pessoas para participarem do coro da peça.  A fragilidade das relações familiares na contemporaneidade é explorada na montagem dirigida por Eliana Monteiro e inspirada em Carta ao Pai, de Franz Kafka (1883-1924), escrita em 1919, destinada a seu pai e nunca enviada.

No fundo e na superfície, a peça investiga o que é ser um homem nos dias que correm, a partir dos embates apresentados, o corrosivo acúmulo de raiva e frustração, e do revezamento no papel de pai.

A utilização de locações inusitadas, como presídios, igrejas, hospitais, rios ou andaimes é um das marcas do Teatro da Vertigem, que desta vez transforma o Espaço Cultural Tancredo Neves em um brechó de móveis usados. O cenário de Marisa Bentivegna arma um clima sombrio, com dezenas de objetos domésticos empilhados caoticamente. O texto é de Alexandre Del Farra, com dramaturgia de Antônio Duran. No elenco estão  Edison Simão, Mawusi Tulani, Paula Klein, Rafael de Bona e Sergio Pardal.

Além de A Merda (La Merda), o roteiro do festival no Recife inclui  Pupik: Fuga em 2, do Lume Teatro e Karavan Ensemble no dia 7; Conversas Com Meu Pai, com Janaina Leite, no dia 8 e A Morte da Audiência (A Morte do Público), no dia 9. Essas três últimas com apresentações no Teatro Hermilo Borba Filho.

Pupik – Fuga em 2 cavouca os sentidos da condição de estrangeira nesse dueto cênico de Naomi Silman, do Lume Teatro, e da israelense Yael Karavan.  Em hebraico, Pupik significa umbigo. Naomi nasceu na Inglaterra, morou em Israel e França e agora vive no Brasil. Yael nasceu em Israel, cresceu na França e Itália e hoje está radicada na Inglaterra. Usando a bagagem de mais de 20 anos de pesquisas em teatro físico e visual, dança e palhaço, as atrizes se espraiam nas múltiplas linguagens e deslizam por cenas cômicas, poéticas, de movimentos abstratos e imagens, improvisos e depoimentos.

Desdobramento da pesquisa sobre teatro documentário, que a atriz Janaina Leite (do paulista grupo XIX de Teatro) desenvolve desde 2008, Conversas Com Meu Pai passa pelos nervos, ossos e emoções da intérprete. Os bilhetes escritos por seu pai Alair, que sofreu uma traqueostomia, foram a base da dramaturgia de Janaina em parceria com o dramaturgo Alexandre Dal Farra.

O público não vai ficar indiferente ao espetáculo A Morte da Audiência, do português Bruno Humberto. O artista  provoca a plateia a participar da ação, com orientações e detonadores de situações.

Alexandre Guimaraes em O acougueiro. Foto: B. Emanuel

Alexandre Guimaraes em O açougueiro. Foto: B. Emanuel

Com boa receptividade na circulação que vem realizando pelos festivais no Brasil, o pernambucano Alexandre Guimarães apresenta O Açougueiro. Na peça o ator se multiplica em sete personagens para narrar, entre aboios e toadas de vaqueiros, uma história de paixão e intolerância.

O caruaruense Severino Florêncio leva seu personagem Antônio a resgatar parte de sua infância para tentar encher de vida o seu coração no espetáculo A visita, que tem texto de Moncho Rodiguez.

O valor da amizade e as aventuras que ficam impregnadas na alma com a alegria desse encontro estão na essência do espetáculo infantil Vento forte para Água e Sabão, da companhia Fiandeiros, que faz sessão em Caruaru. A partir das aventuras entre uma Rajada de Vento e uma Bolha de Sabão, o público é convidado a pensar sobre o vasto território dos afetos.

O Grupo Magiluth apresenta sua oitava montagem, O Ano em que Sonhamos Perigosamente, baseada no livro homônimo, do esloveno Slavoj Zizek e inquietações filosóficas do cotidiano.

Quatro espetáculos compõem a Mostra Estudantil, em Caruaru: Quem Roubou o Branco do Mundo?, do Grupo de Teatro Exato – Exato Colégio e Curso; Era Uma Vez no Fundo do Mar…, da Garagem Cia de teatro – Espaço Criança Esperança de Jaboatão; Zapt e Zupt – Traques e Truques Para Manter O Verde Vivo, do- Grupo Jesuína de Teatro – Escola Jesuína Pereira Rego e É Verdade, É Mentira, do Cacos Grupos de Teatro. E, no dia 15 de outubro, o dramaturgo e diretor  Luiz Felipe Botelho e o gestor Jorge Clésio traçam os Diálogos Sobre A Produção Estudantil , das 9 às 12h,  com participantes da Mostra Estudantil.

O 26º FETEAG homenageia Zácaras Garcia e Edson Tavares. Zácaras foi presidente da FETEAPE – Federação de Teatro de Pernambuco de 1998 a janeiro de 2003, diretor teatral e atuou como assistente de produção durante quinze edições do FETEAG. E Edson, professor de Literatura da Universidade Estadual da Paraíba, em Campina Grande, foi coordenador do festival durante 10 anos.

PROGRAMAÇÃO

ESPETÁCULOS – MOSTRA PROFISSIONAL
DIA: 30 DE SETEMBRO
CONTATO SONORO – Colectivo Mazdita/ARG
15h
Local: Marco Zero/Praça da Conceição – CARUARU

DIA: 1º DE OUTUBRO
CONTATO SONORO – Colectivo Mazdita/ARG
às 7h
Local: Portal da Feira – CARUARU
CONTATO SONORO – Colectivo Mazdita/ARG
às 10 horas
Local: Feira de Artesanato CARUARU

DIA: 6 DE OUTUBRO
A MERDA (La Merda) – Christiane Tricerri/SP
20h
Local: Teatro de Santa Isabel – RECIFE

DIA: 7 DE OUTUBRO
LAND – Instalação Coreográfica no tecido urbano da cidade, para uma audiência em movimento – Bruno Humberto/PORTUGAL
Local: Marco Zero/Praça da Conceição CARUARU
16h

A MERDA (La Merda) – Christiane Tricerri/SP
20h
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU

PUPIK: FUGA EM 2 – Lume Teatro/SP e Karavan Ensemble/ING
20H
Local: Teatro Hermilo Borba Filho RECIFE
Classificação etária: 16 anos

DIA: 8 DE OUTUBRO
CONVERSAS COM MEU PAI – Janaina Leite/SP
20H
Local: Teatro Hermilo Borba Filho – RECIFE
Classificação etária: 16 anos

A MORTE DA AUDIÊNCIA (A MORTE DO PÚBLICO) – Bruno Humberto/POR
20H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: 16 anos

DIA: 9 DE OUTUBRO
A MORTE DA AUDIÊNCIA (A MORTE DO PÚBLICO) – Bruno Humberto/POR
20H
Local: Teatro Hermilo Borba Filho – RECIFE
Classificação etária: 16 anos

PUPIK: FUGA EM 2 – Lume Teatro/SP e Karavan Ensemble/ING
20H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: 16 anos

DIA: 10 DE OUTUBRO
CONVERSAS COM MEU PAI – Janaina Leite/SP
20H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: 16 anos

DIA: 11 DE OUTUBRO
A VISITA – Grupo Arte em Cena/PE
20H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: 16 anos

O FILHO – TEATRO DA VERTIGEM
20h
Local: Espaço Cultural Tancredo Neves. CARUARU

DIA: 12 DE OUTUBRO
VENTO FORTE PARA ÁGUA E SABÃO – Grupo de Teatro Fiandeiros
16h
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: Livre

DIAFRAGMA: Ensaio sobre a impermanência – Colectivo Mazdita/ARG
ÀS 20H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC Caruaru
Classificação etária: Livre

O FILHO – TEATRO DA VERTIGEM
20h
Local: Espaço Cultural Tancredo Neves. CARUARU

DIA: 13 DE OUTUBRO
O ANO EM QUE SONHAMOS PERIGOSAMENTE – Grupo Magiluth/PE
ÀS 20H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: 18 anos

O FILHO – TEATRO DA VERTIGEM
20h
Local: Espaço Cultural Tancredo Neves. CARUARU CARUARU

DIA: 14 DE OUTUBRO
O AÇOUGUEIRO – Alexandre Guimarães/PE
ÀS 20H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: 18 anos

O FILHO – TEATRO DA VERTIGEM
20h
Local: Espaço Cultural Tancredo Neves. CARUARU

DIA: 15 DE OUTUBRO
O FILHO – TEATRO DA VERTIGEM
17h30 e 20h30
Local: Espaço Cultural Tancredo Neves. CARUARU

DIA: 16 DE OUTUBRO
O FILHO – TEATRO DA VERTIGEM
17h30 e 20h30
Local: Espaço Cultural Tancredo Neves. CARUARU

ESPETÁCULOS – MOSTRA ESTUDANTIL – CARUARU
DIA: 10 DE OUTUBRO
QUEM ROUBOU O BRANCO DO MUNDO? – Grupo de Teatro Exato – Exato Colégio e Curso – Caruaru/PE
10H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: Livre

DIA: 11 DE OUTUBRO
ERA UMA VEZ NO FUNDO DO MAR… – Garagem Cia de teatro – Espaço Criança Esperança de Jaboatão/PE
10H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC Caruaru
Classificação etária: Livre

DIA: 13 DE OUTUBRO
ZAPT E ZUPT – TRAQUES E TRUQUES PARA MANTER O VERDE VIVO – Grupo Jesuína de Teatro – Escola Jesuína Pereira Rego – Caruaru/PE
ÀS 10H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: Livre

DIA: 14 DE OUTUBRO
É VERDADE, É MENTIRA – Cacos Grupos de Teatro
ÀS 10H
Local: Teatro Rui Limeira Rosal – SESC CARUARU
Classificação etária: Livre

DIA: 15 DE OUTUBRO

DIÁLOGOS SOBRE A PRODUÇÃO ESTUDANTIL – Luiz Felipe Botelho/Jorge Clésio
DAS 9 às 12h
Local: Teatro Lício Neves/Caruaru
Público Alvo: Participantes da Mostra Estudantil e interessados em geral

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Flávia Pinheiro baila com a filosofia

58 Indícios sobre o corpo é inspirado no pensamento do filósofo francês Jean Luc Nancy. Foto: Leandro Olivan

58 Indícios sobre o corpo é inspirado no pensamento do filósofo francês Jean Luc Nancy. Foto: Leandro Oliván

Uma quase amiga comentou que a artista Flávia Pinheiro é “cabeçuda”.

Não, ela não estava dizendo que a atriz/bailarina se parece com as tanajuras, aqueles “frutos” que caem do céu em determinada época do ano, que deliciavam os indígenas na época da colonização portuguesa e prosseguem valorizados até hoje em algumas regiões. Dizem que o gosto lembra o do camarão e tem alto valor proteico.

Mas a expressão não se refere à fina iguaria da culinária cabocla.

Ser “cabeçuda” é um elogio, mesmo que o termo seja um pouco antiquado.

58 Indícios sobre o corpo Foto: Leandro Olivan

Imagem e filosofia estão na base da performance. Foto: Leandro Oliván

Os trabalhos de Flávia forçam à expansão de pensamentos e de reflexões sobre corpo, movimento, presenças, ausências e um punhado de coisas que dizem respeito ao existir contemporâneo.

Nas pegadas de Giles Deleuze, suas obras testam a deformação do chichê e buscam truncar o “conjunto visual provável” para fazer emergir a imagem, contaminada de sensações de diferentes níveis. “Só transformando o clichê, ou, como dizia Lawrence, maltratando a imagem, isso poderia ocorrer, como nas imagens-cinema de Eisenstein, ou nas imagens-foto de Muybridge,” provoca Deleuze em Francis Bacon: Lógica da Sensação.

Imagem e a filosofia estão na base da criação 58 indices sur le corps, performance inspirada no texto do filósofo francês Jean-Luc Nancy, professor emérito da Universidade Marc Bloch, de Estrasburgo. Ele é autor de livros sobre muitos pensadores, entre eles Hegel, Kant, Descartes e Heidegger. Entre as principais influências de Nancy estão Derrida, Bataille, Blanchot e Nietzsche.

Nesta sexta (27/05) e sábado (28/05) Flávia Pinheiro apresenta 58 Indícios sobre o corpo, na Aliança Francesa Derby, com entrada gratuita.

O ensaio de Nancy sobre o corpo, um escrito anti-cartesiano em forma e conteúdo publicado em 2006, medita sobre os problemas do mundo. E é partir dele que a atriz/bailarina traça uma cartografia sobre a corporeidade.

O corpo de J-L.Nancy é o corpo que transborda. No fragmento 52, ele diz: “O corpo funciona por espasmos, contrações e distensões, dobras, desdobramentos, nós e desenlaces, torções, sobressaltos, soluços, descargas elétricas, distensões, contrações, estremecimentos, sacolejos, tremores, horripilações, ereções, arquejos, arroubos”.

Na performance de Flávia Pinheiro a dança é praticada como uma arte de todos e de qualquer pessoa, mas que desobstrui o gesto e movimento de marcas narrativas. Esse corpo que “grita”, até exceder o limite do próprio corpo, está tomado por intensidades.

Alguns fragmentos de Nancy impregnados no corpo vivo e desejante de Flávia Pinheiro.

1.  O corpo é
material. É denso.
Impenetrável. Se
o penetram, fica
desarticulado,
furado, rasgado.

3.  Um corpo não
é vazio. Está cheio
de outros corpos,
pedaços, órgãos,
peças, tecidos,
rótulas, anéis,
tubos, alavancas
e foles. Também
está cheio de si
mesmo: é tudo o
que é.

5.  Um corpo é
imaterial. É um
desenho, um con-
torno, uma ideia.

9.  O corpo é visível, a alma, não. Vemos que um paralítico não pode mexer sua perna direito. Não vemos que um homem mau não pode mexer sua alma direito: mas devemos pensar que isto é o efeito de uma paralisia da alma. E que é preciso lutar contra ela e obrigá-la a obedecer. Eis aí o fundamento da ética, meu caro Nicômaco.

43.  Por que indícios em vez de
caracteres, signos, marcas distintivas?
Porque o corpo escapa, nunca está
bem seguro, deixa-se suspeitar, mas
não identificar. Poderia sempre ser
não mais que uma parte de um corpo
maior, que supomos ser sua casa, seu
carro ou seu cavalo, seu burro, seu
colchão. Poderia não ser mais que um
duplo desse outro corpo tão pequeno e
vaporoso que chamamos de sua alma e
que sai de sua boca quando ele morre.
Só dispomos de indicações, traços,
pegadas, vestígios

58.  Por que 58 indícios? Porque 5 + 8
= os membros do corpo, braços, pernas e
cabeça, e as 8 regiões do corpo: as costas,
o ventre, o crânio, o rosto, as nádegas,
o sexo, o ânus, a garganta. Ou, senão,
porque 5 + 8 = 13 e 13 = 1 & 3, 1 valendo
pela unidade (um corpo) e 3 valendo
pela incessante agitação e transformação
que circula, se divide e se excita entre a
matéria do corpo, sua alma e seu espíri-
to… Ou, senão, ainda: o arcano XIII do
tarô designa a morte e a morte incorpora
o corpo no inconsumível corpo univer-
sal dos lodos e dos ciclos químicos, dos
calores e dos brilhos estelares.

59.  Surge, por conseguinte, o quinquagésimo-nono indício, o
supranumerário, o excedente, o sexual: os corpos são sexuados.
Não existe corpo unissex como hoje se diz de certas peças de
roupa. Ao contrário, um corpo é por toda parte também um sexo:
assim os seios, um membro, uma vulva, os testículos, os ovários,
as características ósseas, morfológicas, fisiológicas, um tipo de
cromossoma. O corpo é sexuado em essência. Esta essência é de-
terminada como a essência de uma relação com a outra essência.
O corpo é assim determinado como essencialmente relação, ou em
relação. O corpo é relacionado com o corpo do outro sexo. Nessa
relação, trata-se da sua corporeidade à medida que ela toca pelo
sexo em seu limite: ela goza, quer dizer, o corpo é sacudido fora
de si mesmo. Cada uma de suas zonas, gozando por si mesma,
emite no fim o mesmo clarão. Isto se chama uma alma. Porém,
mais frequentemente, isto permanece apreendido pelo espasmo,
no soluço ou no suspiro. O finito e o infinito se cruzaram, inter-
cambiaram-se por um instante. Cada um dos sexos pode ocupar a
posição do finito ou do infinito

Sessões gratuitas na Aliança Francesa do Derby, Foto: Leandro

Sessões gratuitas sexta (27) e sábado (28), na Aliança Francesa do Derby, Foto: Leandro Oliván

Ficha Técnica:
Performer: Flavia Pinheiro
Imagens : Leandro Olivan
Produção : Coletivo Mazdita
Apoio: Aliança Francesa

SERVIÇO
58 Indícios sobre o corpo
Onde: Aliança Francesa Derby (Rua Amaro Bezerra 466)
Quando: Sexta-feira 27 às 17h; Sábado 28, às 19h
Quanto: Grátis

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