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Renato Borghi exibe Fim de Jogo no Palco Virtual e outras novidades no site do Itaú Cultural

Fim de Jogo, peça de Samuel Beckett. é apresentada em cinco episódios por Élcio Nogueira Seixas e Renato Borghi (foto) com direção de Isabel Teixeira. Foto: Roberto Setton / Divulgação

O mundo virtual anda tão pleno de ofertas – algumas incríveis – que ficamos perdidos, maravilhados ou até sufocados. Mas algumas experiências são incontornáveis, seja qual for o resultado que provoquem. Um dos artistas que buscamos acompanhar os passos é o ator Renato Borghi, um furacão criativo do teatro brasileiro. Ele é a figura central de duas atrações online promovidas pelo Itaú Cultural em seu site (www.itaucultural.org.br).

De 3 a 7 de julho (sexta-feira a terça-feira), reestreia o espetáculo Fim de Jogo, peça de Samuel Beckett sobre uma situação de isolamento, especialmente gravado em vídeo e dividido em cinco episódios, nas sessões noturnas do Palco Virtual. Já no dia 4 (sábado), Borghi é a personalidade entrevistada no primeiro episódio da terceira temporada do programa semanal Camarim em Cena.

Na peça original do dramaturgo irlandês, Hamm, Clov, Nagg e Nell formam o quarteto imerso nas profundezas de suas consciências. Eles estão isolados em um abrigo e Hamm e Clov compõem diálogos herméticos sobre a condição humana. Artista fracassado, Hamm está cego e paralítico. Clov é seu “empregado” e sofre de uma doença que o impede de sentar-se. Nagg e Nell também têm os corpos deteriorados. Atingidos pelo apocalipse emocional, esses personagens espreitam o mundo pela luneta de Clov.

O texto de Samuel Beckett (1906-1989) foi reformulado para o período atual, em que vivemos isolados por causa da pandemia da Covid-19. Com Borghi e Elcio Nogueira Seixas, o espetáculo foi registrado em vídeo para ser exibido sequencialmente em cinco episódios. Sob direção de Isabel Teixeira, Borghi interpreta o cego e paralítico Hamm e Seixas, Clov. Eles dividem o espaço com os mutilados Nagg e Nell, pais de Hamm e simbolicamente representados por fotografias de Adriano e Maria de Castro Borghi, pai e mãe de Renato.

Nessa terra devastada, eles refletem sobre a causa da situação em que se encontram, se seria um vírus, aberrações sociais, a queimada de florestas ou a automação do emprego, entre outras teorias.

Chapeuzinho Vermelho para crianças e adultos. Foto Adriana Marchiori

Édipo Rei representado pelo toy de Simba, personagem do filme Rei Leão. Foto Walmick Campos

Outras novidades –  Mais dois episódios para a série de curtas-metragens do Quarentena Filmes são disponibilizados com os toymovies criados pelo ator Walmick de Holanda a partir de clássicos do teatro – usando bonecos e outros objetos inanimados. Uma adaptação bem-humorada da tragédia Édipo Rei, de Sófocles leva o personagem-título a ser representado pelo toy de Simba, personagem do filme Rei Leão, que contracena com bonecos dos Ursinhos Carinhosos e Power Ranges, entre outros, em busca por respostas sobre sua origem.

A adaptação de Casa de Bonecas, do texto de Henrik Ibsen, encerra a série e utiliza um tabuleiro de jogo como cenário, para expor os conflitos de uma dona de casa presa ao conservadorismo social e à hipocrisia no final do século XIX.

A peça Chapeuzinho Vermelho, do Projeto GOMPA, do Rio Grande do Sul, entra no ar no sábado, às 11h, numa versão contemporânea feita pelo autor francês Joël Pommerat. A história é narrada em paralelo à produção de imagens e sonoridades diante do espectador, focando no fascínio da transição do mundo infantil ao adulto.

Após a data inicial de apresentação, toda a programação do Palco Virtual fica disponível no site do Itaú Cultural até 10 de julho, com exceção da peça Fim de Jogo, que pode ser assistida até o dia 3 de agosto.

Crítico teatral Valmir Santos entrevista Renato Borghi para o programa Camarim Em Cena. Foto Agência Ophélia

Renato Borghi é protagonista do primeiro episódio da terceira temporada da série Camarim em Cena, que entra no ar no site do Itaú Cultural, a partir das 14h do sábado, 4. O ator de 83 anos conta ao crítico teatral Valmir Santos episódios marcantes de sua vida e carreira, desde o final da década de 1950, quando fundou, ao lado de José Celso Martinez Corrêa, o Teatro Oficina. No Teatro Oficina protagonizou o Rei da Vela (1967). Nos anos de 1970, fundou o Teatro Vivo com Esther Góes, e juntos produziram vários espetáculos entre eles O que Mantém um Homem Vivo, de Bertold Brecht. Na década de 1980 se consolidou também como dramaturgo e escreveu sucessos como Lobo de Ray Ban. Em 1993 fundou o Teatro Promíscuo, com o ator Élcio Nogueira Seixas.

Durante o mês de julho prossegue a terceira temporada do Camarim em Cena, iniciada em maio. Ao todo são 16 entrevistas gravadas, entre 2016 e 2019, com personalidades do teatro, da dança, do circo e da música sobre o ofício e suas particularidades.

No dia 11 é a vez da exibição da conversa é entre o bailarino japonês Tadashi Endo, um dos principais nomes do Butoh no mundo, e a jornalista Marcia Abbos. No episódio que entra o ar dia 18, a crítica Beth Néspoli bate um papo com o diretor, professor e ator Antonio Januzelli, Janô, uma das referências da formação teatral em São Paulo.

A entrevista do jornalista Jotabê Medeiros com a cantora Angela RoRo – única convidada do universo da música no programa – encerra essa terceira temporada no dia 25. .

A última temporada online do Camarim em Cena poderá ser vista em agosto. Os convidados são a atriz Laura Cardoso, o ator Fernando Sampaio, da Cia LaMínima de Circo e Teatro, a atriz, diretora e dramaturga Grace Passô. A série fecha com uma edição especial com José Celso Martinez Corrêa, gravada na sede do Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, em São Paulo.

PROGRAMAÇÃO PALCO VIRTUAL

3 de julho (sexta-feira), às 21h
Abertura: Édipo Rei
Quarentena Filmes/ Walmick de Holanda
Duração: 5 minutos
Classificação indicativa: 10 anos

Espetáculo: Fim de Jogo (episódio 1)
Com Renato Borghi e Elcio Nogueira Seixas
Duração: 23’17’’
Classificação indicativa: 12 anos

4 de julho (sábado)
Às 11h, espetáculo infantil: Chapeuzinho Vermelho
Com Projeto GOMPA
Duração: 48 minutos
Classificação Indicativa: 10 anos
https://www.itaucultural.org.br/presskit/mostra-rumos-2017-2018/images/resized_libras.jpg?crc=3894348923

Às 21h, abertura: Casa de Bonecas
Quarentena Filmes/ Walmick de Holanda
Duração: 7 minutos
Classificação indicativa: 10 anos

Espetáculo: Fim de Jogo (episódio 2)
Com Renato Borghi e Elcio Nogueira Seixas
Duração: 29’32’’
Classificação indicativa: 12 anos

5 de julho (domingo), às 21h
Espetáculo: Fim de Jogo (episódio 3)
Com Renato Borghi e Elcio Nogueira Seixas
Duração: 20’02’’
Classificação indicativa: 12 anos

6 de julho (segunda-feira), às 21h
Espetáculo: Fim de Jogo (episódio 4)
Com Renato Borghi e Elcio Nogueira Seixas
Duração: 21’43’’
Classificação indicativa: 12 anos

7 de julho (terça-feira), às 21h
Espetáculo: Fim de Jogo (episódio 5)
Com Renato Borghi e Elcio Nogueira Seixas
Duração: 31’10’’
Classificação indicativa: 12 anos

SERVIÇO:
Palco Virtual
De 3 a 7 de julho (sexta-feira a terça-feira)
No site do Itaú Cultural: www.itaucultural.org.br

Camarim em Cena com Renato Borghi
Mediação: Valmir Santos
Dia 4 de julho (sábado), a partir das 14h
No site www.itaucultural.org.br

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Borghi encara clima pós-apocalíptico de Beckett

Foto: Patricia Cividanes

Elcio Nogueira Seixas e Renato Borghi em Fim de Jogo, peça de Samuel Beckett. Foto: Patricia Cividanes /Divulgação

 O ator Renato Borghi, 80 anos, merece ser reverenciado, paparicado, celebrado, acarinhado por tudo que ele já fez. Seis décadas de teatro não é para qualquer um, não. Só para os fortes. Um dos fundadores do Teatro Oficina, Borghi estreou profissionalmente em 1958, com o espetáculo Chá e Simpatia, com direção de Sérgio Cardoso, no Rio de Janeiro. O intérprete do dissoluto Abelardo I em O Rei da Vela, montagem emblemática do Teatro Oficina, em 1967, mergulhou em grandes personagens. Contracenou com Etty Fraser em A Incubadeira, fez Galileu e Na Selva das Cidades, do alemão Bertolt Brecht (1898-1956) e As Três Irmãs, de Anton Tchekhov (1889-1860), pelo Teatro Oficina. No ano passado transformou a sala de visitas de seu apartamento, em São Paulo, em um teatro de bolso para as apresentações da peça Fim de Jogo. A ideia de fazer a peça ocorreu quando Renato Borghi se recuperava de duas cirurgias na coluna e utilizava cadeira de rodas devido a limitações motoras.

Essa versão da tragicomédia do dramaturgo irlandês Samuel Beckett (1906-1989), chega ao Recife para seis apresentações, de hoje a sábado e nos dias 11, 12 e 13, na Caixa Cultural. A encenação é do Teatro Promíscuo, companhia criada há 25 anos por Borghi e Elcio Nogueira Seixas, seu parceiro de cena. Ontem foi apresentada a palestra ilustrada Borghi em Revista, quando o artista passeou pela história do Teatro Brasileiro. No dia 10, quarta-feira, a palestra gratuita será reapresentada na Sala Multimídia da Caixa Cultural, às 19h, com o conteúdo que vai das revistas dos anos 1930 até os movimentos da cena contemporânea no Brasil. E na próxima quinta-feira, dia 11, os atores vão conversar com o público após a apresentação da peça.

Os retratos dos pais de Borghi, , representam os personagens

Os retratos dos pais de Borghi representam os personagens Nell e Nagg

O veterano ator já assistiu muitas montagens de Fim de Jogo mas sempre lhe intrigava o modo semelhante na interpretação, que ele pensava que abriam um abismo entre o texto e o público. Sua encenação traz uma pegada mais intimista. Criada na sala de seu apartamento, a sua encenação traz essa atmosfera, de um contato mais próximo.

Os personagens beckettianos povoam um mundo pós-colapso, devastado e sem perspectiva de futuro. Escrita em 1957, Fim de jogo expõe o convívio de quatro figuras, sobreviventes, que dividem um exíguo abrigo. Borghi considera que a peça pode se conectar a um tempo pós-atômico como aos dias de hoje.

Borghi faz o velho Hamm, cego e paralítico, que vive na dependência de Clov (Elcio Nogueira Seixas), que sofre de uma enfermidade que o impede de sentar. Então Clov narra a Hamm o que enxerga da terra devastada.

A direção é assinada por Isabel Teixeira que optou por utilizar fotografia dos pais de Renato, Maria de Castro e Adriano Borghi, como os outros dois personagens do texto de Beckett, Nell e Nagg.

FICHA TÉCNICA

Autor: Samuel Beckett
Tradução: Fábio Rigatto de Souza Andrade
Elenco:
Renato Borghi (Hamm)
Elcio Nogueira Seixas (Clov)
Maria de Castro Borghi (Nell)
Adriano Borghi (Nagg)
Direção: Isabel Teixeira
Direção de Arte: Karlla Girotto
Iluminação: Alessandra Domingues
Trilha Sonora: Aline Meyer
Diretor Assistente e “O Ponto”: Lucas Brandão
Assistência de Direção de Arte: Gabriela Cherubini
Assistência de Iluminação: Laiza Menegassi
Adaptação de iluminação para Recife: Roberto Setton
Direção de palco: Tiago Moro
Filmagem e Edição: Eliana César e Lucas Brandão
Fotos: Roberto Setton e Patrícia Cividanes
Programação gráfica: Patrícia Cividanes
Direção de Produção: Anayan Moretto
Produção executiva: Rick Nagash
Produção Recife: Tadeu Gondim
Realização: Teatro Promíscuo

Serviço

Fim de Jogo
Quando: De 4 a 6/05 e de 11 a 13/05/2017 (Bate-papo com os atores no dia 11/05, após a peça) às 20h
Onde: Caixa Cultural Recife (Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife)
Quanto: R$ 10,00 (inteira) | R$ 5,00 (meia-entrada)
Venda de ingressos: a partir do dia 03/05 (para as apresentações de 04 a 06/05) e do dia 10/05 (para as apresentações de 11 a 13/05/2017), das 10h às 20h, na bilheteria da CAIXA Cultural Recife.
Fone: (81) 3425-1915

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