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Um bufão grotesco no poder
Crítica do espetáculo Ubu, O Rei do Gado

Versão da texto do dramaturgo Alfred Jarry ganha contornos da realidade nacional. Foto: Shann / Divulgação

Peça é inspirada no bufão e no grotesco e o expressionismo nos elementos visuais. Foto: Luan Amim / Divulgação

Pai Ubu não é exatamente um humano, mas uma figura monstruosa. Com essa personagem estúpida, cruel e burlesca, o dramaturgo Alfred Jarry anunciou na vanguarda o Teatro do Absurdo, em dezembro de 1896, com a estreia de Ubu Rei, no Teatro de l’Oeuvre, em Paris. O espetáculo atiçou a ira dos burgueses e conservadores e foi cancelado logo após a segunda apresentação. Mas a influência dessa peça de Jarry, instaurando um novo jeito de fazer teatro, renova-se nos palcos, na filosofia, na política, nos desenhos animados.

A contemporaneidade da dramaturgia é estarrecedora ao retratar aquele tirano bufão, que se aparenta de personas bem vivas. Oficial de confiança do Rei Venceslau, Pai Ubu é instigado por  Mãe Ubu, a assassinar o rei da Polônia e tomar o poder. Faz promessas ao povo, que não cumpre, e liquida a oposição.

Fred Nascimento, diretor do Laboratório de Aprofundamento cênico – LAC, da Escola Municipal de Arte João Pernambuco (EMAJPE) quis falar desses “tempos de gado”. Os atores trabalharam junto com o encenador uma livre adaptação da peça de Alfred Jarry, que chegou a Ubu, O Rei do Gado.

Personagem foge da Europa e pretende fundar um império em Pernambuco. Foto: Luan Amim / Divulgação

Único liceu público de artes do Norte e Nordeste, a Escola Municipal de Arte João Pernambuco (EMAJPE) movimenta o bairro da Várzea, Zona Oeste da capital pernambucana, e oferece por semestre cerca de 1.100 vagas gratuitas em Artes Visuais, Canto Coral, Dança Brasileira, Dança Contemporânea, Música e Teatro para crianças (na modalidade iniciação às artes), jovens e adultos.

Mas de forma recorrente, alunos, funcionários, professores e pais dos estudantes reclamam da manutenção na estrutura do prédio, reivindicam concurso para novos docentes, aquisição de materiais e instrumentos musicais. A João Pernambuco é forjada na luta.

Se as condições do prédio estão sempre precisando de um reparo, o empenho, a dedicação e a qualidade técnica dos professores são apontados pelos aprendizes como o diferencial dessa usina formativa, que já realizou mais de 20 versões da Mostra de Artes Cênicas A Porta Aberta, composta pela produção dos alunos da instituição e companhias convidadas.

Durante uma live do Palavração sobre Experiências de Ensino de Teatro na Escola (evento da programação do JGE), a direção do João Pernambuco anotou nos comentários que 30 professores estavam em processo de contratação para este ano. Que assim seja!

A gravação foi realizada no palco da EMAJPE, entre o Natal e o Ano Novo. Foto: Luan Amim/ Divulgação

Nos letreiros da gravação da peça produzida para participar do Janeiro de Grandes Espetáculos, (feita entre o Natal e o Ano Novo, no palco da EMAJPE), podemos ler que Pai Ubu e Mãe Ubu são nobres do baixo clero da Polônia. Ele, um ex-militar e político de quinta categoria, tosco e covarde. Ela uma megera infiel. 

A peça original tem cinco atos e diversos personagens. Ubu, O Rei do Gado investe nas narrativas individuais de Mãe Ubu e do Pai Ubu, que contam os preparativos do golpe, a tomada do poder, as reformas implantadas, a insurreição, a fuga pela Europa e a chegada ao Brasil, onde pretendem dominar com a ajudar do “seu” gado.

A montagem com os atores do LAC-EMAJPE foi erguida durante a pandemia do Coronavírus, com trabalhos remotos, de leituras, estudos, discussões e a adaptação do texto coletivamente. Essa versão aplica força na utilização de frases e palavras de efeitos proferidas pelo senhorzinho Jair Messias.

“Ai, que papelão Pai Ubu”, instiga Mãe Ubu para que o marido não se contente com o papel de chefe de milícias de Rio das Pedras. O discurso de um e de outro já foram motivos de raiva e de riso quando articulado pelo mandatário do Brasil. “Bando de doutrinados e nós somos filhos de Deus” diz ela. “Grandes esquemas, porque rachadinha não é coisa de rainha”. Ou quando ele fala da simples gripezinha, Amazonas, Pantanal pegando fogo. “Se eu fosse rei cortaria a cabeça de todos que defendem o que eu não defendo”.

Essas histórias ocorrem em Lugar Nenhum. O protagonista, como já foi dito, é um ser ignóbil. Por isso mesmo é arquétipo dos ditadores cruéis e covardes espalhados pelo mundo. Com grandes ou pequenos poderes. Personificação do bizarro, esse cômico truculento propicia o riso decorrente do ridículo da situação.

A interpretação está calcada no bufão, com marcas do grotesco, do exagero e do deboche. São três Pais Ubu: Luan Amin, Leonardo Marinho e Franklin Menezes. E três Mães Ubu: El Maria, Simone Santos e Nicole Lima. Cada ator trabalha um pequeno episódio da trajetória dos protagonistas. A caricatura se repete em ações e risos de desprezo, sem grandes alterações ou movimentações. 

Possivelmente, a gravação não traduz a riqueza do processo de construção do espetáculo. A filmagem é precária e se soma a uma escolha pela pobreza da cena.  Faltam camadas. Até porque a exploração da vilania do comandante ganha todos os dias memes, quadros em programas, protestos. Outras propriedades são necessárias. Mesmo sendo a palavra no espetáculo mais afiada que o gesto.

A professora Tatiana Pedrosa levou o expressionismo para os elementos visuais da montagem – maquiagem exagerada, peruca para Mãe Ubu, malha para todos. Mas o efeito não é pescado na gravação. A iluminação promove um efeito claustrofóbico e projeta sombras nas paredes. Mas também é muito difícil captar na filmagem o impacto dessa iluminação feita para o teatro. 

Pai Ubu, a personificação do grotesco. Foto: Luan Amim / Divulgação

Poder ubuesco foi um conceito forjado por Michel Foucault nas primeiras aulas do livro Os Anormais (Curso no Collège de France 1974-1975), ao analisar os dossiês dos peritos psiquiátricos com especialidade penal.

O termo “ubuesco” remete ao caráter que junta deformação jocosa, cinismo, caricatura, brutalismo, absurdo. A Presidência da República do TáOK? é ocupada por uma personagem assim.

Entre a perversão e o perigo, o discurso ubuesco é utilizado como mecanismo de controle, mesmo que esse poder utilize a desqualificação do próprio discurso para dominar, como salientou Foucault. “Parece-me que é uma das engrenagens que são parte inerente dos mecanismos de poder”. Nós, brasileiros, infelizmente, vivemos isso.

Ubu, O Rei do Gado expõe insultos em tom de deboche tanto da Mãe Ubu, quanto do Pai Ubu. A canalhice expressa em cena amplifica as imbecilidades do real, que podem até causar o riso da audiência. As estratégias de jogar decisões importantes como chistes ao vento servem de cortina de fumaça para esconder pontos importantes.

Com uma fala muito colada aos desmandos da vida brasileira, com elementos de cena propositalmente toscos (chão de plástico, uma mesa com tecido vermelho), interpretações bem exacerbadas do cinismo do comandante, a ridicularização dessa cena medonha que não conseguimos nos livrar, provoca um sentimento de impotência. Da bestialidade sem limites que assusta o país. Pois o pior de tudo é que essa figura de carne e osso detém o poder de vida e de morte. Merdre!.

Ficha Técnica:

Ubu, O Rei do Gado
Baseado na obra de Alfred Jarry, com dramaturgia coletiva de livre licença poética.
Direção e coordenação: Fred Nascimento
Elenco: El Maria, Luan Amim, Simone Santos, Leonardo Marinho, Nicoli Lima, Franklin Menezes
Design de maquiagem e figurino: Tatiana Pedrosa Leal
Gravação e edição: Luan Amim
Agradecimentos: Bel Corina, Eli Yon, Ronaldo Pereira, Shann

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Retomada, do Totem, para quem tem fome de justiça

Totem ergue um dos mais belos poemas cênicos de resistência, de demonstração de bravura inspirado nos povos primordiais. Foto: Divulgação

Totem ergue um dos mais belos poemas cênicos de resistência inspirado nos povos primordiais. Foto: Divulgação

Dignidade, honra,  coragem urgem voltar à prática cotidiana. Em tempos de golpes baixos é imprescindível estar atento e forte, insiste o espetáculo Retomada,que eclode em movimentos de resistência, de combate em defesa dos povos indígenas e de toda gente esmagada historicamente. A montagem faz única apresentação nesta sexta-feira (12/01) no Teatro Hermilo Borba Filho, dentro da programação do 24º Janeiro de Grandes Espetáculos – Festival Internacional de Artes Cênicas e Música de Pernambuco.

Esse trabalho do Grupo Totem, que inicia as celebrações dos 30 anos de existência da trupe, é uma experiência de luta que se manifesta no corpo, nos gestos, na sonoridade, na potência de se insurgir contra as injustiças. Encenação para quem tem fome de justiça, “Retomada se solidariza a todos os que sofreram e ainda sofrem com a invasão de seus territórios e o assassinato de seus líderes”, enfatiza o diretor, Fred Nascimento.

Retomada combina dança, teatro, performance e ritual, que permite uma experiência estética poderosa. “A energia da atmosfera sagrada se faz presente, formando um corpo expandido entre o físico, o sonoro, o espaço circundante e a metafísica, uma obra cosmológica, trazida à cena contemporânea através do contato com forças ancestrais”, confirma Fred.

oto Olga Wanderley

Foto: Olga Wanderley / Divulgação

As terras indígenas formam um espaço sagrado exaltado nesse poema cênico. É fruto da pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo, residência artística desenvolvida junto aos povos Kapinawá, Xukuru e Pankararu.

Nesse belo, poderoso e mágico espetáculo, as artistas projetam seus corpos no universo. Com os pés batendo no chão, as mulheres guerreiras – Gabi Cabral, El Maria, Inaê Veríssimo, Juliana Nardin, Lau Veríssimo e Taína Veríssimo – convocam outros que vieram antes de nós.

A encenação ganha nuances, texturas, efeito com a trilha sonora original executada por Fred Nascimento na percussão, Cauê Nascimento na guitarra e Gustavo Vilar no pífano e nos maracás. É uma sonoridade carregada de elementos da cultura indígena que aciona as memórias em diálogo com a musicalidade contemporânea.

O desenho de luz de Natalie Revorêdo e a projeção do VJ Bio Quirino atuam como personagens a dialogar com as atrizes, amplificando a exuberância do trabalho.

O espetáculo Retomada estreou em maio de 2016, no Trema! Festival de Teatro. E a beleza se faz na cena, nos corpos expandidos. Enquanto houver injustiça, vai ter luta anunciam na pele, no gesto, no olhar, na energia feminina as atrizes-performers. Uma injeção de ânimo nesses tempos de apatia, que merece correr os palcos do Brasil e do mundo.

Ficha Técnica
Encenação: Fred Nascimento
Coreografias coletivas do grupo Totem
Preparação corporal: Totem
Performers: Gabi Cabral, El Maria, Inaê Veríssimo, Juliana Nardin, Lau Veríssimo e Taína Veríssimo.
Música original: Cauê Nascimento, Fred Nascimento e Gustavo Vilar
Cenografia: Totem
Figurino: Gabriela Holanda
Maquiagem: Totem
Designer de luz: Natalie Revorêdo
Vj: Bio Quirino
Pintura corporal: Airton Cardim
Assistente técnico: Ronaldo Pereira
Fotografia: Fernando Figueiroa
Designer gráfico: Uirá Veríssimo
Preparação vocal: Conrado Falbo e Thiago Neves

SERVIÇO
RETOMADA – performance do grupo Totem
Quando: Nesta sexta-feira (12/01),às 20h30,
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho
Quanto:;R$30 e R$ 15 (meia).

ATRAÇÕES DESTA SEXTA-FEIRA NO JGE (com informações da assessoria de imprensa)

Ator, diretor e dramaturgo . Ícaro - foto : Fernanda Chemale

Ator, diretor e dramaturgo Luciano Mallmann em Ícaro. Foto: Fernanda Chemale

19h, Teatro Arraial Ariano Suassuna – Ícaro –+ segunda sessão dia 13, às 18h
LM Produções (Porto Alegre/RS).

Em sua estreia como dramaturgo, o ator e bailarino Luciano Mallmann reflete sobre a fragilidade do homem a partir de seis histórias fictícias de cadeirantes. Inspirado em suas próprias experiências e nas de pessoas que conheceu ao sofrer uma lesão medular, em 2004, o monólogo mistura realidade e ficção num mosaico sobre a diversidade humana, partindo de temas universais, como relacionamentos interpessoais, abandono, maternidade e preconceito. R$ 20.

Dialogus

Dialogus Ibéricos

19h, Teatro Apolo – Dialogus Ibéricos
Favelacult Gestión Cultural (Portugal e Espanha).

O projeto une música, dança, canto e teatro numa viagem contemporânea às raízes populares portuguesas e suas influências na Espanha e no Brasil. Erudito e contemporâneo, tradicional e experimental. Resultante do encontro entre um músico espanhol, uma bailarina portuguesa e uma cantora espanhola, tendo como ponto de partida o cancioneiro popular ibérico, mostra o ciclo da vida das gentes. Verdadeiros laços de identidade que nos ligam mais do que separam. Com Carlos Blanco (músico), Vanessa Muela (cantora e percussionista), Alexandra Fonseca (bailarina). Dramaturgia e encenação: Moncho Rodriguez. Poemas: Ronaldo Correia de Brito. R$ 30 e R$ 15 (meia).

 

Espelunca, da Sede das Cias. Foto: Thiago Cristaldi Carlan / Divulgação

Espelunca, da Sede das Cias. Foto: Thiago Cristaldi Carlan / Divulgação

20h30, Teatro Barreto Júnior – Espelunca – + segunda sessão dia 13, às 20h
Cia Teatral Milongas e Pagu Produções Culturais (Rio de Janeiro/RJ).

Espetáculo baseado na relação das figuras do palhaço Branco (manipulador) com o palhaço Augusto (manipulado). A peça tem como cenário um antigo restaurante, visivelmente decadente. Um único homem espera ansioso por clientes que nunca chegam, até que uma figura estranha entra e começa o quiproquó. Toda a encenação é conduzida sem uso da palavra. R$ 30 e R$ 15 (meia).

Ayrton_Claudette_Credito_Igor_Montarroyos

Claudette e Ayrton. Foto: Igor_Montarroyos / Divulgação

21h, Teatro de Santa Isabel |- Ayrton Montarroyos e Claudette Soares
Recife/PE.

Duas grandes vozes de diferentes gerações se juntam num show que passeia por vários tempos da música popular brasileira. Claudette Soares, 60 anos de carreira, grande cantora e diva da bossa nova, apresenta os clássicos dos anos 1950, 60 e 70, dos repertórios de Vinicius de Moraes, Johnny Alf, Roberto e Erasmo, Chico Buarque. Ayrton Montarroyos, 22 anos, finalista do The Voice, da TV Globo, leva ao palco as canções que o consagraram no programa e os novos compositores que estão no álbum de estreia, que leva seu nome, lançado em 2017. R$ 40 e R$ 20 (meia).

 

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Retomada, nosso grito urgente e imprescindível!

Penúltimo fim de semana da temporada do Totem no Teatro Arraial Ariano Suassuna. Foto Fernando Figueirôa

Penúltimo fim de semana da temporada do Totem no Teatro Arraial Ariano Suassuna. Foto Fernando Figueirôa

Retomada, do grupo Totem, é um espetáculo de resistência, de combate pela honra dos povos indígenas e outros silenciados historicamente. É uma experiência de luta que se manifesta no corpo, nos gestos, na sonoridade, na potência de se insurgir contra as injustiças. É um canto de guerra pelos direitos dos povos indígenas, A encenação engrossa o coro de vozes dos seres originários do país, reforça a sabedoria ancestral, robustece a batalha pela demarcação de suas terras. Retomada está em cartaz no Teatro Arraial, às sextas e sábados, às 20h, até 27 de maio.

Montagem para quem tem fome de justiça, “Retomada se solidariza a todos os que sofreram e ainda sofrem com a invasão de seus territórios e o assassinato de seus líderes”, enfatiza o diretor da performance, Fred Nascimento.

As terras indígenas formam um espaço sagrado exaltado na encenação. E o Totem corporifica a sacralidade e sentimento de resistência desses povos e produz esse poema cênico para celebrar a terra.

Resultado da Pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo, o trabalho de residência artística foi desenvolvido junto aos povos Kapinawá, Xukuru e Pankararu. Com a investigação, o Totem se jogou nos rituais, aprofundando saberes e possibilidades de criação artística.

Um canto de resistência pelos direitos dos povos indígenas

Um canto de resistência pelos direitos dos povos indígenas

A linguagem de Retomada combina dança, teatro, performance e ritual, e possibilita uma experiência estética poderosa. “A energia da atmosfera sagrada se faz presente, formando um corpo expandido entre o físico, o sonoro, o espaço circundante e a metafísica, uma obra cosmológica, trazida à cena contemporânea através do contato com forças ancestrais”, considera Fred Nascimento.

Parece mágico. Mas aqueles pés batendo no chão convocam outros que vieram antes de nós. Aquelas mulheres guerreiras nos contagiam com suas sabedorias impregnadas no corpo, nas marcas deixadas pelo tempo, na alegria das conquistas, na tenacidade de prosseguir na vida, lutando por respeito, por dignidade, sem esmorecer nem baixar a cabeça.

É uma experiência de estar vivo, envolvido energeticamente por aquelas artistas da cena – Lau Veríssimo, Gabriela Holanda, Inaê Veríssimo, Gabi Cabral, Juliana Nardin, Taína Veríssimo e El Maria (performer convidada) – com seus corpos projetados no universo.

Além delas, a encenação ganha nuances, texturas, impacto com a trilha sonora original executada por Fred Nascimento na percussão, Cauê Nascimento na guitarra e Gustavo Vilar no pífano e nos maracás. É uma sonoridade carregada de elementos da cultura indígena que aciona as memórias mais ancestrais em diálogo com a musicalidade contemporânea, que traduz a sensibilidade deste nosso tempo.

Foi um trabalho árduo de pesquisa, que durou mais de um ano e contou com orientações importantes, como a preparação da voz e corpo monitorada pelo dançarino/performer e músico Conrado Falbo, seguida pela preparação vocal de Thiago Neves. A pintura corporal, na criação e execução, foi direcionada pelo artista plástico Airton Cardin.

força do coletivo. Foto: Fernando Figueirôa

Força do coletivo. Foto: Fernando Figueirôa

O desenho de luz de Natalie Revorêdo e a projeção do VJ Bio Quirino atuam como corpos a falar com as atrizes, estabelecendo uma atmosfera ritual do espetáculo e reforçando vigor e exuberância do coletivo. Tudo isso sob a batuta do incansável Fred Nascimento, que assina a encenação/direção geral do espetáculo.

A performance Retomada estreou em maio passado, no Trema! Festival de Teatro, passando depois pelo Cirkula/IRB, pela Mostra Outubro ou Nada de Teatro Alternativo, pela Mostra A Porta Aberta e recentemente pela Mostra de Teatro e Circo do SESC Santo Amaro. O espetáculo tem muito que circular por festivais, escolas, terreiros, palcos, rua. Vida longa e próspera à Retomada.

Ficha Técnica
Encenação: Fred Nascimento
Coreografias coletivas do grupo Totem
Preparação corporal: Totem
Performers: Gabi Cabral, Gabriela Holanda, Inaê Veríssimo, Juliana Nardin, Lau Veríssimo, Taína Veríssimo e El Maria (performer convidada)
Música original: Cauê Nascimento, Fred Nascimento e Gustavo Vilar
Cenografia: Totem
Figurino: Gabriela Holanda
Maquiagem: Totem
Designer de luz: Natalie Revorêdo
Vj: Bio Quirino
Pintura corporal: Airton Cardim
Assistente técnico: Ronaldo Pereira
Fotografia: Fernando Figueiroa
Designer gráfico: Uirá Veríssimo
Preparação vocal: Conrado Falbo e Thiago Neves

SERVIÇO
RETOMADA – performance do grupo Totem
Temporada Até 27 de maio – sextas e sábados, às 20h
Quanto: R$ 20 e 10 (meia)
Onde: Teatro Arraial (Rua da Aurora, 457 – Boa Vista – Recife)
Fone: (81) 3184-3057

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Retomada, nosso grito de guerra!

Foto Claudia Rangel

Um canto de resistência pelos direitos dos povos indígenas. Foto Claudia Rangel / Divulgação

Retomada, do grupo Totem, é um espetáculo de luta que se manifesta no corpo, nos gestos, na sonoridade, na potência de se insurgir contra as injustiças. É um canto de guerra pelos direitos dos povos indígenas e das falas silenciadas da história. A montagem engrossa o coro de vozes dos seres originários do país, reforça a sabedoria ancestral, robustece a batalha pela demarcação de suas terras. “Retomada se solidariza a todos os que sofreram e ainda sofrem com a invasão de seus territórios e o assassinato de seus líderes”, enfatiza o diretor da performance, Fred Nascimento. Neste 28 de abril, dia de manifestação nacional contra o confisco dos direitos dos trabalhadores, dos direitos dos cidadãos, essa tropa artística inicia a temporada de Retomada no Teatro Arraial, que segue até 27 de maio, às sextas e sábados, às 20h.

Nesta sexta-feira (28), o espetáculo é de portas abertas. É a contribuição ao ato que a turma aposta ser um caminho de mudança. “É nossa forma de somar forças. Nossa arma é nossa arte. Nosso espetáculo é nossa maneira de lutarmos por um país onde caibam todos”.

As terras indígenas formam um espaço sagrado exaltado na encenação. E o Totem corporifica a sacralidade e sentimento de resistência desses povos e produz esse poema cênico para celebrar a terra.

Resultado da Pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo, o trabalho de residência artística foi desenvolvido junto aos povos Kapinawá, Xukuru e Pankararu. Com a investigação, o Totem se jogou nos rituais, aprofundando saberes e possibilidades de criação artística.

Foto: Fernando Figueirôa

A energia vem do coletivo. Foto: Fernando Figueirôa

A linguagem de Retomada combina dança, teatro, performance e ritual, e possibilita uma experiência estética poderosa. “A energia da atmosfera sagrada se faz presente, formando um corpo expandido entre o físico, o sonoro, o espaço circundante e a metafísica, uma obra cosmológica, trazida à cena contemporânea através do contato com forças ancestrais”, considera Fred Nascimento.

Parece mágico. Mas aqueles pés batendo no chão convocam outros que vieram antes de nós. Aquelas mulheres guerreiras nos contagiam com suas sabedorias impregnadas no corpo, nas marcas deixadas pelo tempo, na alegria das conquistas, na tenacidade de prosseguir na vida, lutando por respeito, por dignidade, sem esmorecer nem baixar a cabeça.

É uma experiência de estar vivo, envolvido energeticamente por aquelas artistas da cena – Lau Veríssimo, Gabriela Holanda, Inaê Veríssimo, Gabi Cabral, Juliana Nardin, Taína Veríssimo e El Maria (performer convidada) – com seus corpos projetados no universo.

Além delas, a encenação ganha nuances, texturas, impacto com a trilha sonora original executada por Fred Nascimento na percussão, Cauê Nascimento na guitarra e Gustavo Vilar no pífano e nos maracás. É uma sonoridade carregada de elementos da cultura indígena que aciona as memórias mais ancestrais em diálogo com a musicalidade contemporânea, que traduz a sensibilidade deste nosso tempo.

Foi um trabalho árduo de pesquisa, que durou mais de um ano e contou com orientações importantes, como a preparação da voz e corpo monitorada pelo dançarino/performer e músico Conrado Falbo, seguida pela preparação vocal de Thiago Neves. A pintura corporal, na criação e execução, foi direcionada pelo artista plástico Airton Cardin.

Iuminação de , Lau Veríssimo em performance Foto de Fernando Figueirôa

Iuminação de Natalie Revorêdo dialoga com as atrizes. Foto de Fernando Figueirôa

O desenho de luz de Natalie Revorêdo e a projeção do VJ Bio Quirino atuam como corpos a falar com as atrizes, estabelecendo uma atmosfera ritual do espetáculo e reforçando vigor e exuberância do coletivo. Tudo isso sob a batuta do incansável Fred Nascimento, que assina a encenação/direção geral do espetáculo.

A performance Retomada estreou em maio passado, no Trema! Festival de Teatro, passando depois pelo Cirkula/IRB, pela Mostra Outubro ou Nada de Teatro Alternativo, pela Mostra A Porta Aberta e recentemente pela Mostra de Teatro e Circo do SESC Santo Amaro. O espetáculo tem muito que circular por festivais, escolas, terreiros, palcos, rua. Vida longa e próspera à Retomada.

Lau Veríssimo, símbolo de força e amorosidade. Foto de Fernando Figueirôa

Lau Veríssimo, símbolo de força e amorosidade. Foto de Fernando Figueirôa

Ficha Técnica
Encenação: Fred Nascimento
Coreografias coletivas do grupo Totem
Preparação corporal: Totem
Performers: Gabi Cabral, Gabriela Holanda, Inaê Veríssimo, Juliana Nardin, Lau Veríssimo, Taína Veríssimo e El Maria (performer convidada)
Música original: Cauê Nascimento, Fred Nascimento e Gustavo Vilar
Cenografia: Totem
Figurino: Gabriela Holanda
Maquiagem: Totem
Designer de luz: Natalie Revorêdo
Vj: Bio Quirino
Pintura corporal: Airton Cardim
Assistente técnico: Ronaldo Pereira
Fotografia: Fernando Figueiroa
Designer gráfico: Uirá Veríssimo
Preparação vocal: Conrado Falbo e Thiago Neves

SERVIÇO
RETOMADA – performance do grupo Totem
Temporada 28 de abril a 27 de maio – sextas e sábados,às 20h
Quanto: R$ 20 e 10 (meia)
Onde: Teatro Arraial (Rua da Aurora, 457 – Boa Vista – Recife)
Fone: (81) 3184-3057

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