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Celebrando Hilda Hilst

O caderno rosa de Lory Lamby, leitura com Silvia Gos. Foto: Divulgação

O caderno rosa de Lori Lamby, leitura com Silvia Góes. Foto: Divulgação

A escritora Hilda Hilst, que morreu em 2004 aos 74 anos, sempre falava da necessidade da poesia em tempos de brutalidade. A barbárie se faz disfarçada sob uma capa da legalidade interpretada ao bel prazer da plutocracia no Brasil. E a poesia expandida é urgente e arma de algumas pessoas. Entre elas, as atrizes Fabiana Pirro, Nínive Caldas, Silvinha Góes e o ator Cláudio Ferrário que juntos fazem uma leitura dramatizada da Trilogia Obscena, no Coletivo S6xto Andar (sexto andar do Edifício Pernambuco, na Avenida Dantas Barreto).

O programa faz parte do projeto Ocupação Casa do Sol: um encontro com Hilda Hilst, realizado pela Corujas, com algumas ações. Nesta sexta-feira, às 20h, os intérpretes vão dramatizar os personagens dos livros O caderno rosa de Lori Lamby, Contos D’escárnios, Cartas de um sedutor, Textos grotescos e Bufólicas.

O Caderno Rosa de Lori Lamby, por exemplo, flagra uma menina de oito anos que comercializa seu corpo estimulada por seus pais proxenetas.

O nome do projeto remete para a Casa do Sol, no interior de São Paulo, onde Hilda viveu dos 35 anos até a morte, atualmente sede do Instituto Hilda Hilst. A ação inclui outras atividades.

No sábado (07/05), a partir das 16h, o Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (Mamam) abriga atrações de ‪‎Música‬ + Poesia + Pole Arte com Ana Carolina Mac Dowell; Audição da Rádio HH – 911 MHZ, com Poema aos Homens do Nosso Tempo, do artista Paulo Meira; Exposição da artista Ceci Silva inspirada na obra Contos de Escárnio/Textos Grotescos; Vídeoarte de Mariana de Matos estudo sobre a obra Do Desejo. E encerra com uma conversa aberta entre a artista plástica Olga Bilenky, do Instituto Hilda Hilst, o artista plástico Paulo Meira, a produtora Bruna Leite e o público.

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Três dicas de teatro no Recife

e Cláudio Lira em A Rã. Ffoto: Ralph Fernandes.

Diego Lucena e Cláudio Lira na peça A Rã. Foto: Ralph Fernandes.

O medo esteriliza os abraços já avisou Carlos Drummond de Andrade. No espetáculo A Rã, o medo gera o terror, o descompasso com a realidade e trava a ação. A Companhia Animatus Invictus prossegue com a montagem inspirada no conto homônimo de Hermilo Borba Filho, até domingo, às 20h, no Teatro que leva o nome do teatrólogo pernambucano. A experiência paralisante é vivenciada por uma mulher, que vê o objeto que lhe causa pavor crescer de tamanho até enredá-la por inteiro. A encenação marca a estreia de Luiz Manuel na direção e conta no elenco com Diego Lucena e Cláudio Lira.

O diretor utiliza várias técnicas para projetar fobias, dores, sofrimento e ansiedade. O realismo fantástico operado por HBF no texto é explorado na encenação, que leva para a cena aspectos sombrios e de terror para projetar labirintos. A dramaturgia é uma combinação do conto A Rã, na íntegra, com textos de Shakespeare, Lorca, Osman Lins, Poe, e outros de Hermilo.

A Animatus Invictus eliminou a separação palco e plateia, na perspectiva de envolver os espectadores. Ainda participam da montagem Charles de Lima, como diretor de arte e cenotécnico; Alexandre Henrique, na sonoplastia; Evandro Mesquita, na contrarregragem e Natalie Revorêdo, na iluminação.

SERVIÇO
A Rã, espetáculo teatral inspirado na obra de Hermilo Borba Filho.
Direção: Luiz Manuel
Atuação: Claudio Lira e Diego Lucena
Lotação do espetáculo: 30 pessoas
Duração: 1h
Classificação: 16 anos
Quando: 3, 4, 5, 6 e 10, 11, 12 e 13 de março, às 20h
Ingressos: R$ 20 (inteira) R$ 10 (meia)

 Micheli Arantes, Natali Assunção e Marcos Medeiros dividem a cena em Amar é crime. Geraldo Monteiro (Divulgação).

Micheli Arante, Natali Assunção e Marcos Medeiros dividem a cena em Amar é crime. Foto: Geraldo Monteiro.

A peça Amar é crime, inspirada no livro homônimo de Marcelino Freire, prossegue em temporada no Espaço O Poste. A montagem marca a estreia de Isabelle Barros na direção e coletivo AMARÉ Grupo de Teatro, formado em 2014 por ex-alunos do curso de interpretação para teatro do Sesc Santo Amaro. Nos quatro contos que compõe a peça – Acompanhante, Crime, Mariângela e Vestido longo – o amor aparece de mãos dadas com a violência.

As facetas distorcidas desse sentimento apontam para uma cuidadora de idosos que enfrenta uma situação constrangedora, em Acompanhante; ou da menina que sofre humilhações da própria mãe pelo fato de ser obesa, em Mariângela. A encenação investe no despojamento da cena e no trabalho do ator.

SERVIÇO
AMAR É CRIME
Onde:: Espaço O Poste (Rua da Aurora, 529, Boa Vista).
Quando: de 20 de fevereiro a 20 de março. Sábados e domingos, às 20h.
Ingresso: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Informações: 97914-4306.

 Cláudio Ferrário Olga Ferrário em A invenção da palavra. Foto: Divulgação

Olga Ferrário e Cláudio Ferrário em A invenção da palavra. Foto: Divulgação

No princípio era o Verbo; está nas escrituras bíblicas. No espetáculo A Invenção da palavra a disputa fica em torno de quem é o autor dessa façanha, Deus ou o Capeta? Com a montagem, o ator pernambucano Cláudio Ferrário comemora 40 anos de carreira e divide a cena com sua filha, Olga Ferrário.

Fruto de um intercâmbio artístico com o diretor espanhol Moncho Rodriguez, o trabalho faz uma viagem pela história da humanidade e a necessidade de criar histórias.

SERVIÇO
INVENÇÃO DA PALAVRA
Onde:: Caixa Cultural (Av. Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife)
Quando: 3, 4, 5, 10, 11, 12, 17, 18, 19 de março.  20h.
Ingresso: R$ 10 e R$ 5 (meia)
Informações: 3425-1915.

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Protagonismo da palavra

Filha, Olga Ferrario e pai, Cláudio Ferrario, atuam juntos em espetáculo. Foto: Divulgação

Filha, Olga Ferrario e pai, Cláudio Ferrario, atuam juntos em espetáculo. Foto: Divulgação

Quem inventou a palavra: Deus ou Capeta? Eis é a peleja de dois velhos brincantes, que podem ser encarados como loucos, mendigos, palhaços, ou qualquer outra coisa que o espectador pensar. Esse é o miolo do espetáculo A Invenção da Palavra com o ator Cláudio Ferrario e sua filha, a atriz Olga Ferrario. A montagem é resultado de um de um intercâmbio artístico com o diretor espanhol Moncho Rodriguez. A montagem estreia hoje no Teatro Capiba (Sesc de Casa Amarela), às 20h, onde fica em cartaz até o fim do mês, as sextas e sábados.

A peça vai na contramão da espetacularização da vida, de todas as ações da contemporaneidade e aposta na arte do ator, na força do gesto e na repercussão da palavra. Enfim, um espetáculo minimalista.

A encenação foi gestada na cidade de Fafe, no Norte de Portugal, onde funciona o projeto Fafe Cidade das Artes, coordenado por Moncho. A cena A Invenção da Palavra nasceu dessa imersão. Além da atuação, da direção, a música – criada por Rafael Agra, de São Paulo, e Narciso Fernandes, de Portugal – é outro elemento forte da dramaturgia.

Serviço:
Peça A Invenção da Palavra
Onde: Teatro Capiba – Sesc Casa Amarela
Quando: Sextas e Sábados, às 20h.
Ingressos: R$ 20, R$ 10 (meia entrada)

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Noites traiçoeiras, o curta-metragem – segunda versão

Suzana Costa  protagoniza primeiro curta de João Lucas Melo Medeiros

Suzana Costa protagoniza primeiro curta de João Lucas Melo Medeiros

Conheço o trabalho de Suzana Costa desde a época de Muito pelo contrário (quando ganhou o importante prêmio Samuel Campelo) e O pequenino grão de areia, primeiros textos de João Falcão, respectivamente para os públicos adulto e infantil. Aquela trupe talentosa me inspirava para a vida. Eram espetáculos divertidos, poéticos, cheios de energia juvenil. Suzana especialmente me encantava pela força de sua atuação e pela dignidade de sua postura. Minha timidez nunca permitiu que chegasse perto dessa turma.

Do grupo de Teatro Vivencial, eu não assisti a nenhum espetáculo e o que sei foi adquirido através de depoimentos, fotos, vídeos, enfim, da memória alheia. Sei que a montagem de Sobrados e Mocambos, de Hermilo Borba Filho, foi um marco e todos os outros deixaram sua marca de irreverência, deboche e liberdade, nos tempo da ditadura, como Vivencial II, Genesíaco e Repúblicas Independentes, Darling!, de vários autores, sob a batuta do super Guilherme Coelho.

O currículo da moça é recheado e sua atuação a alça a um lugar de destaque no teatro pernambucano. Cordélia Brasil (de Antonio Bivar, com direção de José Francisco Filho), Toda Nudez será Castigada (de Nelson Rodrigues, encenada por Antonio Cadengue), No Natal a gente vem te buscar (texto de Naum Alves de Souza, por João Falcão), Sonho de uma noite de verão, (de Willian Shakespeare, de novo Cadengue).
Também esteve no elenco de As três Farsas do Giramundo( textos de Ionesco, Jean Tardieu e Woody Allen, com direção de Antonio Cadengue, Carlos Bartlomeu e Paulo Falcão). Investiu na dramaturgia com Super Léo, o menor, dirigido por Paulo Falcão.

Sua última personagem no teatro foi Blanche DuBois, de Um Bonde Chamado Desejo, do dramaturgo norte-americano Tennessee Williams, com direção de Milton Baccarelli. A montagem foi alvo de uma provinciana polêmica, sua Blanche não recebeu a bondade nem de estranhos, nem de conhecidos. E Suzana saiu de cena.

Nos últimos anos fez pequenas participações em produções cinematográficas. Aparece numa pontinha no filme Lula, o filho do Brasil, de Bruno Barreto, e está no elenco no Todas as cores da noite, de Pedro Severian.

Filmagens no Alto da Quintadinha

Filmagens no Alto da Quintadinha

Agora ela é a protagonista do curta de estreia de João Lucas Melo Medeiros, Noites traiçoeiras, uma história singela, tocante, de uma vida que está bulindo. Ele assina a direção, o roteiro e a montagem. Conheço João Lucas desde garoto, filho de Gracinha Melo (uma amiga muito querida). Ele é uma figura com um senso de justiça como poucas e de uma doçura desde pequeninho.

Seu primeiro filme de ficção é inspirado em Fátima, (que cuidou dele, da mãe dele e de muita gente e até de mim, em alguns momentos). Fátima é uma criatura desconcertante como seu humor certeiro. Ela é conhecida por titia. O curta faz uma homenagem a essa persona de sabedoria popular.

Locações no centro do Recife

Locações no centro do Recife

Suzana Costa é a alma do filme e sua atuação faz a diferença. Presente em todas as cenas, a atriz brilha no papel da cozinheira suburbana que insiste em crer na vida. Uma mulher brasileira, que quer ser feliz.

Noites traiçoeiras estreou no VII Janela internacional de Cinema, na competição de curtas. Foi o terceiro exibido no começo da noite, no cinema São Luiz, que fica às margens do Rio Capibaribe.

Essa sessão ganhou um significado especial. Domingo, 26 de outubro. Durante a exibição do filme anterior alguém grita. “Dilma está reeleita”. Um frenesi de alegria se fez em corrente dentro do cinema, com comemoração já se formando no lado de fora da sala, em direção ao Marco Zero.

Esta semana, no 16º Festcine – Festival de Curtas de Pernambuco, o público do Cinema São Luiz estava mais focado na exibição dos filmes. A empatia com o curta foi grande e plateia riu mais, entrou nas nuances da personagem ou no jogo da história na fraquezas do homens e torceu para um final feliz para a protagonista.

Vamos ao filme Noites traiçoeiras.

Protagonista busca um amor verdadeiro

Protagonista busca um amor verdadeiro. Na foto, Jomeri Pontes e Suzana

A protagonista não é jovem nem é velha. Tem vitalidade, brilho nos olhos. É meio rabugenta. Mora num morro longe do Recife – no Alto da Quitandinha, em Jaboatão dos Guararapes –, trabalha nas imediações do Mercado São José. E sonha com um grande amor. Noites traiçoeirasJoão Lucas, durante as filmagens João Lucas, durante as filmagens[/caption]

É interessante o olhar do diretor, que valoriza a mulher e nas suas escolhas transforma o machismo dos personagens em algo grotesco, risível. É como se ele colocasse um grande espelho distorcido e aqueles defeitos ganhassem uma proporção crítica.

E é nesse diapasão que são construídas as figuras masculinas que dialogam com a protagonista. Jomeri Pontes faz o “pretendente” cafajeste, grotesco e hilário. É uma composição que ressalta os aspectos cômicos do conquistador barato.

Cláudio Ferrário também vai na linha do caricato, um Zé Mané babão engraçado. O dono do bar decadente, que flerta com Dôri, mas ela já sabe que este não tem futuro. Os outros homens que cruzam o caminho da protagonista são seres fracos, em que as fissuras de suas personalidades ganham contornos de humor. Até a mudança de rota, que marca a esperança com a aparição do romântico bonitão no final do filme.

Marina Duarte interpreta a colega de Dôri, mais jovem que se diverte no mundo. É uma boa atuação de uma garota liberada e de bem com a vida. Luciana Canti defende o papel da cobradora de ônibus alegre e sempre disposta. É uma história contada sem grandes firulas com muita humanidade, respeito e emoção.

Primeira exibição do filme foi no dia do segundo turno das eleições. Esta semana foi projetado no FestCine

Primeira exibição do filme foi no dia do segundo turno das eleições. Esta semana foi projetado no FestCine

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Duas vezes leitura

Lívia Falcão e Fabiana Pirro realizam hoje e amanhã, no Centro Cultural Correios, no Bairro do Recife, mais uma edição do programa de leituras Que Comédia!. O projeto está promovendo leituras dramáticas de textos que marcaram a Commedia Dell´Arte.

Nesta edição, o texto escolhido foi O marido, do italiano Flamínio Scala. A peça é um canovaccio – “um tipo de roteiro sobre o qual se desenvolvia um espetáculo cômico” -, explicam as atrizes. A direção da leitura é do ator e produtor Ésio Magalhães, um dos fundadores do Barracão Teatro, de Campinas. A adaptação do texto é de Tiche Vianna, com quem Ésio fundou sua companhia.

No elenco, além de Lívia e Fabiana, Anderson Machado, Cláudio Ferrario, Eduardo Rios, Luíza Fontes, Márcio Carneiro, Marina Duarte, Odília Nunes e Olga Ferrario. A entrada é gratuita, mas limitada à lotação do auditório. As duas sessões serão realizadas às 20h.

Odília Nunes, Lívia Falcão e Fabiana Pirro estão no elenco da leitura nos Correios. Foto: Ivana Moura

Mais leitura – Nesta terça, também vai acontecer mais uma edição do Leia-se: terça!, no Espaço Muda, em Santo Amaro. O texto será Fando & Lis, de Fernando Arrabal. Na história, Fando empurra a cadeira de rodas de Lis, mas oscila entre acessos de violência e amor. Eles dois encontram três personagens: Mitaro, Namur e Toso. A leitura do texto de Arrabal será feita em parceria pelo grupo Anjos de Teatro e Cia de Teatro Enlassos. A direção é de Jorge Féo e o elenco será formado por Mayara Millane, Elilson Duarte, Márcio Fecher, Charles Pierre e Marcela Mariz. O Leia-se: Terça! será às 20h e não é cobrado ingresso, só uma contribuição espontânea.

Texto de Fernando Arrabal será lido no Muda. Foto: Nilton Leal

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