Arquivo da tag: Cia. Meias Palavras

Mané Gostoso e Seu Rei chegam a São Paulo

Espetáculo é inspirado na literatura de cordel e no teatro de mamulengo. Foto: Rogério Alves - Sobrado423

Espetáculo é inspirado na literatura de cordel e no teatro de mamulengo. Foto: Rogério Alves – Sobrado423

A Cia Meias Palavras, companhia pernambucana que trabalha a partir do encontro entre teatro, literatura e oralidade, faz uma curta temporada em São Paulo com os dois espetáculos do seu repertório: As travessuras de Mané Gostoso e Seu Rei Mandou.

As travessuras de Mané Gostoso é cheio de referências à cultura popular, dialogando com a literatura de cordel e o teatro de mamulengos. Segundo o historiador, antropólogo, advogado e jornalista Câmara Cascudo, Mané Gostoso é um dos personagens do cavalo-marinho. Virou também brinquedo popular nos interiores pelo país afora. O texto de autoria de Luciano Pontes, que também está no elenco ao lado de Arilson Lopes e de Samuel Lira (responsável ainda pela trilha sonora ao vivo), traz figuras de histórias populares, como a mocinha Anarina, o forasteiro e vilão Bibiu, a fofoqueira Comadre Zuzinha e o cabo Zé Firmino. A história vai se desenrolando, ou enrolando cada vez mais, sempre a partir de uma disputa. Mané Gostoso e Bibiu duelam pelo amor de Anarina, por exemplo; e a alma de Mané Gostoso se torna alvo da peleja entre o anjo e o diabo. É um espetáculo divertido, potente, uma dramaturgia que não menospreza o público infantil e cativa também os adultos. Mas, sobretudo, é uma montagem potencializada pelo trabalho e talento dos atores, que contaram na direção com Fernando Escrich.

Seu Rei Mandou é um trabalho de ator Luciano Pontes, que assina ainda texto, direção e figurinos. No palco, ele conta com a participação do músico Gustavo Vilar. A peça é reflexo de uma ampla pesquisa sobre tradição oral, narração e contação. Com histórias que tratam do universo fabuloso dos reis, através de releituras cômicas e poéticas, ora críticas, mas sempre lúdicas, Seu Rei Mandou recupera o prazer em ouvir histórias e devolve ao público o rico imaginário dos contos populares. O espetáculo promove um diálogo entre a contação de histórias, a música e o teatro de formas animadas, para falar da trajetória de tirania, bravura, esperteza e bonanças de três reis. Três contos são levados ao palco: A Lavadeira Real, O Rato que roeu a Roupa do Rei de Roma e O Rei chinês Reinaldo Reis.

Ficha Técnica: As Travessuras de Mané Gostoso

Texto: Luciano Pontes
Direção: Fernando Escrich
Trilha original composta: Fernando Escrich
Letras: Fernando Escrich e Luciano Pontes
Cenário e Bonecos: Rai Bento
Figurinos: Joana Gatis
Assistente de Figurino: Gabriela Miranda
Iluminação: Luciana Raposo
Preparação Vocal e Musical: Carlos Ferreira
Preparação Corporal: Maria Acselrad
Elenco: Arilson Lopes, Samuel Lira e Luciano Pontes
Participação voz Acalanto de Anarina: Isadora Melo
Confecção dos Bonecos: Tonho de Pombos, Bila, Genilda Felix e Rai Bento
Adereços: Álcio Lins, Fábio Caio, Rai Bento, Gabriela Miranda e Joana Gatis
Design Gráfico: Hana Luzia
Ilustração: Luciano Pontes
Idealização e Realização: Cia Meias Palavras

Seu Rei Mandou traz histórias de realeza. Foto: Sheila Oliveira

Seu Rei Mandou traz histórias de realeza. Foto: Sheila Oliveira

Ficha técnica: Seu Rei Mandou

Criação, adaptação e concepção: Luciano Pontes
Intérprete: Luciano Pontes
Músico: Gustavo Vilar
Pesquisa musical, composição e arranjos: Gustavo Vilar e Luciano Pontes
Figurinos: Luciano Pontes
Iluminação: Luciana Raposo
Idealização e Realização: Cia Meias Palavras

Serviço:
As Travessuras de Mané Gostoso
Quando: Sábados, às 11h, de 5 a 26 de agosto
Onde: Teatro Anchieta (Sesc Consolação)
Quanto: R$ 17 e R$ 8,50 (meia-entrada). Crianças até 12 anos não pagam

Seu Rei Mandou
Quando: Domingos, às 15h e às 17h, de 13 a 27 de agosto
Onde: Sesc Pinheiros – Auditório, 3º andar
Quanto: R$ 17 e R$ 8,50 (meia-entrada). Crianças até 12 anos não pagam

Postado com as tags: , , , , , , , , , ,

Seu Rei mandou ferver a imaginação

Luciano Pontes e Gustavo Villar. Foto: Sheila Oliveira

Luciano Pontes e Gustavo Villar. Foto: Sheila Oliveira

O dom de fabular é uma das características do humano. Uns tem mais jeito (ou mais treino) do que outros. É um deleite conferir narrativas da tradição oral. O trabalho do ator, diretor e escritor Luciano Pontes é um habilidoso incentivo à imaginação da criançada e à ampliação do repertório cultural do público mirim. Com o espetáculo Seu Rei Mandou, a Cia Meias Palavras joga as sementes para ajudar no desenvolvimento cognitivo. O mote vem do universo fabuloso dos reis, a partir de releituras cômicas e poéticas e sempre lúdicas,

Seu Rei Mandou inicia nova temporada neste sábado (16) até o dia 28 de maio, no Teatro Marco Camarotti, no Sesc Santo Amaro. As sessões são aos sábados e domingos, sempre às 16h e os ingressos custam R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).

A montagem investe no diálogo entre a narrativa, a música e o teatro de formas animadas, para descortinar um mundo imenso de conflitos, impasses e saídas. Os contos encenados exploram trajetória de tirania, coragem, astúcia e bonanças de três reis: A Lavadeira RealO Rato que roeu a Roupa do Rei de Roma e O Rei chinês Reinaldo Reis.

Seu Rei Mandou reconquista o prazer em ouvir histórias populares e através das vivências dos personagens é possível vivenciar emoções e estimular o potencial crítico da criança.  A peça é resultado da ampla pesquisa que Luciano Pontes desenvolve há anos sobre tradição oral, narração e contação histórias e está há quatro ano no repertório da companhia. A montagem tem texto, direção, figurinos e atuação de Luciano Pontes, acompanhado no palco pelo músico Gustavo Vilar.

Nessa temporada, que tem o incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), o texto da peça está disponível para a venda, por R$ 20. Lançado em outubro do ano passado, livro Seu Rei Mandou marca a estreia do selo editorial Edições Meias Palavras, com texto e ilustrações de Luciano Pontes e projeto gráfico da designer Hana Luzia.

O livro da peça está à venda no teatro. Foto Lana Pinho

O livro da peça está à venda no teatro. Foto Lana Pinho

Antes de cada sessão, a Cia Meias Palavras instala um espaço para leitura partilhada de livros que serviram de inspiração dos espetáculos no foyer do teatro. São 27 títulos sobre histórias de reis, pesquisadas para Seu Rei Mandou.  E mais de 30 sobre oralidade, causos, cordéis e contos populares, que serviram de base para outra montagem do grupo, a peça As Travessuras de Mané Gostoso.

Confira também a crítica de Ivana Moura sobre o espetáculo.

Ficha técnica Seu Rei Mandou:
 Criação, adaptação e concepção: Luciano Pontes
Intérprete: Luciano Pontes
Músico: Gustavo Vilar
Pesquisa musical, composição e arranjos: Gustavo Vilar e Luciano Pontes
Figurinos: Luciano Pontes
Iluminação: Luciana Raposo
Produção: Cia Meias Palavras

Serviço:
 Seu Rei Mandou
Quando:De 16 de abril a 28 de maio, aos sábados e domingos, às 16h
Onde: Teatro Marco Camarotti – SESC Santo Amaro (Rua Treze de Maio, 455,Santo Amaro)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)
Informações: (81) 3216-1728

Postado com as tags: , , , ,

Lugar de criança é no teatro!

Babau abre a Mostra Marco Camarotti de Teatro para a Infância e Juventude. Foto: Pollyanna Diniz

Babau abre a Mostra Marco Camarotti de Teatro para a Infância e Juventude. Foto: Pollyanna Diniz

No fim de 2009, o Sesc inaugurava o Teatro Marco Camarotti, uma homenagem ao professor, diretor, ator, encenador, escritor e arte-educador falecido em 2004. Desde então já havia um foco para o espaço: abrigar e tentar difundir a produção para a infância e juventude. Uma das ações nesse sentido é a Mostra Marco Camarotti de Teatro para a Infância e Juventude que está em sua 3ª edição e começa neste domingo (3).

A escolha dos espetáculos não é tarefa fácil – e não é só pela curadoria em si, pelas escolhas estéticas ou afins. Mas por conta da produção pouco numerosa mesmo. Problema enfrentado, aliás, pelo Janeiro de Grandes Espetáculos este ano. “Acho que ano passado tivemos uma produção forte no teatro adulto, mas sentimentos falta de mais espetáculos infantis”, explica Rodrigo Cunha, coordenador pedagógico do curso de interpretação para teatro do Sesc Santo Amaro.

“São muitos fatores. Mas uma das coisas que percebemos é que a produção está muito amarrada ao Funcultura (Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura). Os projetos só são realizados quando aprovados. Mas existem sim vários grupos interessados no teatro para a infância”, complementa Ailma Andrade, supervisora de Cultura do Sesc Santo Amaro. “Não seria possível, por exemplo, fazer uma mostra seguindo alguma temática, por exemplo. Mas geralmente são grupos com um trabalho continuado neste segmento”, finaliza Ailma.

Olhando a programação, o que disse a supervisora de Cultura do Sesc se confirma. Este ano, a mostra presta homenagem, por exemplo, ao grupo Mão Molenga Teatro de Bonecos, que tem 27 anos de trajetória. Será uma ótima oportunidade para rever ou conhecer de forma mais ampla o grupo – só do repertório do Mão Molenga serão cinco montagens: Babau ou a vida desembestada do homem que tentou engabelar a morte (3), Fio mágico (10), Era uma vez (12), A cartola encantada (19) e Algodão doce (17 e 24).

E a mostra tem ainda Seu rei mandou… (7), da Cia Meias Palavras (leia aqui as críticas ao espetáculo); Pindorama, caravela e malungo (9), do Quadro de Cena; Baú encantado: Conta daí que eu conto de cá (14), com Adriano Cabral e Hilda Torres; As Levianinhas em pocket show para crianças (16), da Cia Animé (também já escrevemos sobre o espetáculo); Passaredo (21), do grupo Proscênio; e a estreia Le Petit Grandezas do Ser (23), da Companhia Circo Godot de Teatro.

Seu Rei Mandou..., espetáculo da Cia Meias Palavras

Seu Rei Mandou…, espetáculo da Cia Meias Palavras

Os ingressos para os espetáculos da mostra custam R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada), mas escolas públicas com prévio agendamento não pagam. O agendamento pode ser feito através do telefone (81) 3216-1728.

Confira a programação:

03/3, às 16h
Babau ou a vida desembestada do homem que tentou engabelar a morte, do Mão Molenga Teatro de Bonecos
Sinopse: Babau é um espetáculo que ilustra o processo de criação dos mamulengueiros de Pernambuco. Mostra como esses artistas desenvolvem suas práticas e técnicas, a importância e a graça da arte do mamulengo e a difícil realidade na qual os mestres populares estão inseridos. O universo do espetáculo é baseado na vida e obra de bonequeiros reconhecidamente virtuosos, misturando informações obtidas em conversas com mestres Zé Lopes e Zé Divina. O elo entre vários mamulengueiros é Babau, um boneco que passa de geração em geração pelas mãos dos mestres. Ele é o personagem que sempre consegue enganar a morte, numa situação inversa a de seus manipuladores e criadores, muitos dos quais morrem esquecidos e miseráveis.
*O ESPETÁCULO CONTARÁ COM OS RECURSOS DE ÁUDIODESCRIÇÃO E TRADUÇÃO EM LIBRAS.
Faixa etária indicativa: 8 anos

07/3, às 10h
Seu Rei Mandou…, da Cia Meias Palavras
Sinopse:Inspirado pela tradição oral, o espetáculo narra, com música ao vivo, humor e poesia, a trajetória de tirania, bravura, esperteza e bonanças de três reis através das histórias: A Lavadeira Real, O Rato que roeu a Roupa do Rei de Roma e O Rei chinês Reinaldo Reis. Todas recontadas e criadas pelo escritor, ator, palhaço, bonequeiro e contador de histórias Luciano Pontes, pesquisador desse ofício desde 2005, acompanhado pela flauta e tambor do músico Gustavo Vilar.
Faixa etária indicativa: 06 anos

09/3, às 16h
Pindorama, caravela e malungo, do Grupo Quadro de Cena
Sinopse: Pindorama, caravela e malungo é uma história sobre uma expedição às águas profundas da formação do povo brasileiro. História cheia de bichos, de coisas de mar, de índio, de negro e de branco, de heróis, de bonecos, de verdade verdadeira e de mentira que virou verdade, que se aninham ao universo infanto-juvenil para lembrar da poesia da origem do Brasil.
*O ESPETÁCULO CONTARÁ COM OS RECURSOS DE ÁUDIODESCRIÇÃO E TRADUÇÃO EM LIBRAS.
Faixa etária indicativa: Livre

Fio mágico conta a história de um garoto que descobre que pode adiantar o tempo. Foto: Mão Molenga

Fio mágico conta a história de um garoto que descobre que pode adiantar o tempo. Foto: Mão Molenga

10/3, às 16h
Fio mágico, do Mão Molenga Teatro de Bonecos
Sinopse: A peça é uma parábola sobre o tempo e a importância de se viver e aprender com cada experiência vivida. Conta a história de um menino impaciente, que recebe o dom de adiantar o tempo manipulando o fio de sua própria vida. Esta montagem foi contemplada com o Prêmio Funarte Myriam Muniz 2007.
Faixa etária indicativa: 6 anos

12/3, às 15h
Era uma vez, do Mão Molenga Teatro de Bonecos
Sinopse: Um grupo de bonecos resolve encenar uma adaptação do tradicional conto de fadas Rapunzel. Acontece que a bruxa, orgulhosa da sua beleza, decide inverter os papeis. Tenta de todas as formas ser a princesa da história e provoca um rebuliço geral na Companhia de Bonecos. A verdadeira princesa, indignada, decide defender seu posto. Trava-se uma disputa bem humorada pelo papel de princesa. Entre mágicas, números musicais, aparições fantasmagóricas e brincadeiras a história toma rumos inesperados.
Público alvo – Crianças a partir dos quatro anos de idade.
Faixa etária indicativa: Livre

14/3, às 10h
Baú Encantado: conta daí que eu conto de cá, com Adriano Cabral e Hilda Torres
Sinopse: Traz a história de dois idosos que nunca largaram o “faz de conta” e para tanto quando se encontram transformam-se em duas crianças: Aninho e Didinha (processo que resgata a infância dos próprios atores). Toda história será contada com muita ludicidade: o texto das Sete Saias da Lua será norteador; em paralelo serão contadas histórias de autores pernambucanos e a última intervenção será das crianças que também contarão estórias.
Faixa etária indicativa: Livre

Palhaças-cantoras-divertidíssimas! As Levianinhas em pocket show para crianças. Foto: Pollyanna Diniz

Palhaças-cantoras-divertidíssimas! As Levianinhas em pocket show para crianças. Foto: Pollyanna Diniz

16/3, às 16h
As Levianinhas em pocket show para crianças, da Cia Animé
Sinopse: Além do repertório infantil, a banda de palhaças apresenta algumas canções que agradam a todas as idades, a exemplo de Biquíni de bolinhas amarelinho. Com histórico de sucesso com seu pocket show para adultos, agora a Companhia apresenta a versão para crianças do espetáculo.
*O ESPETÁCULO CONTARÁ COM TRADUÇÃO EM LIBRAS.
Faixa etária indicativa: Livre

19/3, às 16h
A Cartola Encantada, do Mão Molenga Teatro de Bonecos
Sinopse: A peça começa com o Sapinho que decide realizar um show de mágicas com sua cartola encantada. Apesar de todos os seus esforços, algo sai errado e ao invés de coelhos, o que sai da cartola é um rato vilão que vem sabotar o show. Personagens como a macaca Heleninha, flores, abelhas e uma cobra dançarina conduzem a história.
Faixa etária – Crianças a partir dos quatro anos de idade.

21/3, às 10h
Passaredo, do Grupo Proscênio (Sesc Surubim)
Sinopse: Utilizando o universo do diálogo entre o humano e aves, Passaredo conta de forma lúdica uma ‘história de gente e pássaro’ – as mais lindas (ou não) relações que estabelecemos com a natureza. Além da poesia e vida de Luiz Gonzaga, o espetáculo se apropria de elementos trágicos para contar a saga fictícia de um pequeno “herói”, que por causa da sua amada, aventura-se no sertão em busca do seu amor.
Faixa etária indicativa: 10 anos

23/3, às 16h
Le Petit – Grandezas do Ser, da Cia Circo Godot de Teatro
Sinopse: Livremente inspirado na mais famosa personagem de Antoine de Saint-Exupéry, Le Petit Grandezas do Ser apresenta um universo fabular em que a corrida contra o relógio, a fidelidade a um amigo doente e o medo da solidão são os princípios dramatúrgicos para ações que fundam uma narrativa lúdica e poética, a qual, abolindo por completo o uso da palavra, como um filme mudo, propõe uma diversidade de imagens, sonoridades e situações.
Faixa etária indicativa: 8 anos

17/3 e 24/3, às 16h
Algodão Doce, do Mão Molenga Teatro de Bonecos
Sinopse: A peça marca os 25 anos de trabalho da companhia pernambucana Mão Molenga Teatro de Bonecos. É um espetáculo infanto-juvenil de teatro-dança e de formas animadas, onde atores-manipuladores, bailarinos, bonecos e objetos ilustram o processo de construção da chamada Civilização de Açúcar. As situações dramáticas e as criações coreográficas baseiam-se nesse rico imaginário. Sua concepção foi criada a partir de dados históricos, das narrativas populares e de elementos presentes em manifestações espetaculares genuinamente nordestinas como o Mamulengo e o Cavalo-Marinho.
*O ESPETÁCULO CONTARÁ COM TRADUÇÃO EM LIBRAS.
Faixa etária indicativa: 8 anos

Algodão doce tem bonecos com textura de algodão doce e ainda bonecos maiores do que os manipuladores. Foto: Ivana Moura

Algodão doce tem bonecos com textura de algodão doce e ainda bonecos maiores do que os manipuladores. Foto: Ivana Moura

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,

Seu rei mandou ir ao teatro!

Seu Rei Mandou...faz única sessão no Marco Camarotti dia 7

Seu Rei Mandou…faz única sessão no Marco Camarotti dia

Seu rei mandou agradecer a Luciano Pontes e Cia Meias Palavras. Pela criação, adaptação, concepção, figurinos, produção executiva, atuação, diversão, jeito de mandão e delícia de humor na montagem Seu Rei Mandou…. Neste caso, a realeza – as crianças – são críticas mais competentes e eficientes do que qualquer um de nós cheios de quiprocós ou teorias tentando problematizar o simples. E elas se divertem, participam, riem, se deixam levar pelas histórias de um mundo mágico. São coautoras efetivas na construção desse espetáculo. O que dizer do garoto que paticipou da sessão que vi no Janeiro de Grandes Espetáculos, no Teatro Marco Camarotti?

Luciano Pontes conta três histórias – A lavadeira real, O rato que roeu a roupa do rei, e O rei chinês Reinaldo Reis. É um trabalho baseado na pesquisa do ator na contação de histórias e traz a carga da sua experiência como palhaço nos Doutores da Alegria.

Às vezes a gente esquece (vivo dizendo isso por aqui!) – vamos mesmo ao teatro para ouvir uma história. E isso para quem se dedica a escrever, para o ator, para o diretor, não é uma tarefa nada fácil. Mas quando essa história é bem contada, quando há uma organicidade, uma energia, uma vitalidade. Ah…é mágico. Um prazer para quem tem a oportunidade de estar do outro lado.

Em Seu Rei Mandou… os artifícios são todos bastante simples. O ator-narrador usa pequenos tapetes, uns leques. Como alguém que viveu muito em meio aos tecidos, graças a mãe, como ele mesmo gosta de dizer, Luciano idealizou e, mais ainda, conseguiu executar lindos figurinos. É alguém que se preocupa com o detalhe e isso mostra a compreensão e a responsabilidade que esse ator sabe ter ao subir ao palco.

A música agrega imensamente ao trabalho – fato que Luciano não é um cantor; mas aqui não há problemas nisso. O parceiro de cena e flauta é Gustavo Vilar. É tudo muito bem costurado, poético, leve, sedutor no ótimo sentido da palavra.

Uma questão que acho que Luciano Pontes ainda vai trabalhar muito é a dramaturgia. Porque, claro, teatro é processo. Sei que não é necessário compreender tudo; mas às vezes, em alguns momentos do texto, como no último quadro, acho que essa comunicação poderia ser facilitada; talvez com algumas pequenas alterações na linguagem mesmo.

Impossível não se divertir com as sacadas nas respostas rápidas com as crianças, ao ver o ator chamando a mãe que realmente estava na plateia, o domínio de cena no jogo com o espectador, com a criança. Ao final da montagem, até o mais carrancudo dos seres, terá um sorriso de canto a canto da boca. A professora sentada no chão comenta – “incrível, né? Ah, se os professores soubessem contar histórias assim e se tivessem esse domínio todo com as crianças.”

No Janeiro de Grandes Espetáculos a montagem ganhou o Prêmio Apacepe de melhor diretor, figurino e iluminação. A próxima oportunidade de ver a peça por aqui é na Mostra Marco Camarotti de Teatro para a Infância e Juventude, no dia 7 de março, às 10h. O Teatro Marco Camarotti fica no Sesc Santo Amaro.

Este ano, a mostra dá destaque ao Mão Molenga, com quatro espetáculos do grupo. Em breve, a programação completa aqui no Yolanda!

— Nós já tínhamos falado sobre Seu Rei…aqui no Yolanda.
Confira a crítica de Ivana Moura sobre o espetáculo.

Postado com as tags: , , , , , , , ,

Histórias bem contadas da realeza

Cena do espetáculo Seu Rei Mandou…, da Cia. Meias Palavras. Foto: Ivana Moura

O menino coisa linda gosta de teatro, mas naquele domingo estava abusado. Mesmo com tantas crianças sentadas no chão ele preferiu o colo da avó, que tem uma paciência de Jó e um amor infindo. Fez seu showzinho particular ao derrubar os meus óculos e insistiu em voltar para casa. Mas o encanto estava tão perto de começar que a avó aguentou a rara chatice daquele pequeno, que vai completar três anos mês que vem, e apresentava sinais de sono.

Entra em cena o ator, palhaço, bonequeiro e contador de histórias Luciano Pontes para narrar a trajetória de três reis. Ele é acompanhado pela flauta e tambor do músico Gustavo Vilar no espetáculo Seu Rei Mandou…, da Cia. Meias Palavras. E o domador de ferinhas hipnotiza a plateia do Teatro Marco Camarotti, no Sesc de Santo Amaro.

Luciano Pontes interage com o público

Tudo é muito simples na encenação. Palco limpo, com poucos objetos de cena, como uns paninhos que servem de tapetes e outras coisinhas, leques e umas pernas de bailarina. Mas repleto de poesia e humor. As três histórias vêm da tradição oral: A lavadeira real, O rato que roeu a roupa do rei e O rei chinês Reinaldo Reis. E são recontadas de forma deliciosa e magnética. A habilidade de Luciano em lidar com crianças é admirável.

Equaliza fluxos, destaca palavras, tira proveito de repetições de falas e movimentos e passeia com propriedade por vários personagens. Ainda sabe dar bronca em criança com tanta delicadeza que parece brincadeira.

Graça e leveza em montagem para encantar crianças e adultos

E esse ator com graça de palhaço conduz com sua voz e manobras do corpo e das mãos os miúdos e grandinhos por terras encantadas. É possível se compadecer da solidão do monarca sem herdeiros, com o destino trágico da princesa ou a felicidade óbvia que as pessoas só reconhecem depois de muitas reviravoltas.

Há punhados de inveja e tirania, bravura e bondade, astúcia e final feliz. É um exercício maravilhoso de ator, que faz rir e pensar e embala nosso coração nas cores de um mundo mais definido. É uma montagem leve e fácil de levar para qualquer lugar. Para alegrar adultos e crianças.

Durante a apresentação, o lindo de viver Rocco Wicks deixou a choradeira de lado. O sono deu lugar ao interesse. Do interesse ao envolvimento no espetáculo foi um pulo. Riu de gargalhar, repetiu palavras, interagiu e no final aplaudiu com entusiasmo. Conclusão: o bom teatro faz bem para o humor e afasta o pantim dos meninos. Recomendo sem moderação.

Postado com as tags: , , , , , , , , ,