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Cartas do livro “Querido Lula”
apostam que o futuro é agora

Zelia Ducan cantou os versos “O sol há de brilhar mais uma vez / A luz há de chegar aos corações / O mal será queimada a semente / O amor será eterno novamente)”. Fotos Ivana Moura

Zélia Ducan lendo uma das mensagens do livro Querido Lula: cartas a um presidente na prisão,

À certa altura da noite ontem, 31 de maio de 2022, no palco do Tuca (Teatro da Universidade Católica de São Paulo), em Perdizes, São Paulo, Zélia Duncan confirmou: “vamos falar só de amor hoje”. Era a resposta a um “eu te amo” de alguém da plateia, que estava lotada para acompanhar o lançamento do livro Querido Lula: cartas a um presidente na prisão, da editora Boitempo.

O evento contou com a leitura de algumas das cartas remetidas ao presidente Lula no período em que esteve preso em Curitiba, espetáculo que foi chamado de Querido Lula: cartas do povo brasileiro. Zélia Duncan leu a mensagem da professora de língua portuguesa, Ana Beatriz Arena, do Rio de Janeiro, que começava com “Querido presidente (nada de ex !) Lula”, ressaltando que os programas dos dois governos lulistas mantidos pela presidenta Dilma, “devolveram (ou desenvolveram) aos ‘meus meninos’ da periferia a vontade de estudar e se tornar ‘doutor'”.

Sabemos que o que pulsa e impulsiona o humano começa pelo desejo – essa motivação de ir além – que quando encontra oportunidades pode fazer a revolução ou alguma insurreição.

Depois de interpretar a canção Juízo Final, de Nelson Cavaquinho (O sol há de brilhar mais uma vez / A luz há de chegar aos corações / O mal será queimada a semente / O amor será eterno novamente), Ducan passou o bastão para outro convidado. Querido Lula: cartas do povo brasileiro estava carregado desse teor:  muitos elos para formar uma grande corrente que se expande para além do palco do Tuca.

A apresentação, dirigida pelo brasileiro Márcio Abreu e pelo francês Thomas Quillardet, teve participação de artistas da música e do teatro, como Ducan, Denise Fraga, Camila Pitanga, Cleo, Celso Fratesch, Grace Passô, Debora Duboc, Leandro Santos, Cida Moreira, Tulipa Ruiz, Cássia Damasceno, a ativista Preta Ferreira, a vereadora Erica Hilton e alguns autores das correspondências na presença do destinatário.

Ivana Jinkings, da editora Boitempo

Historiadora francesa Maud Chirio, organizadora do livro 

A editora-chefe da Boitempo, Ivana Jinkings, abriu os trabalhos lembrando que sua firma lançou em 2018 A verdade vencerá: O povo sabe por que me condenam, obra que ela chamou de premonitória. A publicação traz uma longa entrevista de Luiz Inácio Lula da Silva concedida aos jornalistas Juca Kfouri e Maria Inês Nassif, ao professor de relações internacionais Gilberto Maringoni e à própria Jinkings.

Querido Lula: cartas a um presidente na prisão traz uma seleção de 46 das 25 mil cartas recebidas pelo Instituto Lula ao longo dos 580 dias da prisão de Luiz Inácio Lula da Silva na sede da Polícia Federal, em Curitiba.

A pesquisadora francesa Maud Chirio, – professora na Universidade Gustave Eiffel, França, onde Querido Lula foi publicado este ano -, organizadora do livro no Brasil ressaltou o feito como uma história extraordinária. Chirio avaliou que não existe  nenhum movimento equivalente na história, ao menos na mesma escala. O movimento de correspondência e o volume de mensagens enviadas ao politico impressionaram a historiadora, que trabalhou com uma equipe para catalogar e digitalizar o material, para garantir sua preservação.

Denise Fraga 

Coube a Denise Fraga fazer as honras de mestra de cerimônia e chamar os convidados mais ilustres ao palco, já ocupado por artistas e missivistas: convocou Fernando e Ana Haddad, Dilma Rousseff, Lula e Janja. O clima era de emoção e, em muitos momentos, cada um de nós lacrimejou.

Fraga apresentou a primeira carta, do pedreiro Francisco Aparecido Malheiros, “que trabalha os dias que tem serviço”, mas mesmo com pouco gostaria de contribuir para contratar mais advogados para defender Lula, pois escreve, “queremos nosso artilheiro em campo”.

Douglas leu sua própria carta endereçada ao presidente

Depois, Douglas William Dias leu a própria carta, em que conta como foram determinantes as ações dos governos petistas para ele cursar pós-graduação em Saúde da Família. Mais adiante, Fatima Lima, de Natal (RN), lembrou na sua escrita que a dor de Lula preso doía em nós. “E uma dor diferente por que não é uma dor pessoal só. E uma dor coletiva por uma ferida coletiva”.

Para aquelas pessoas que escreveram cartas, Lula é um estadista, no mais alto grau do termo, mas também uma pessoa muito próxima, quase da família. Suas mensagens expõem desejos de que ele, Lula, se mantenha firme, pois é um dos nossos. Passa por aí um tratamento carinhoso, quase íntimo, de uma mãe que incentiva, mas pode dar bronca no filho; do irmão que se orgulha do mais velho, de algum parente ou amigo que tem certeza que Lula é o cara.

E são expostas as confidências de mudanças de vida proporcionadas, motivadas por políticas públicas dos governos petistas, dos espaços conquistados contra a discriminação de quem é negro ou mulher, com vontade de que acabe esse inferno que se tornou o Brasil nos últimos anos do atual governo, com desemprego, perdas de direitos trabalhistas, perseguição à arte e a cultura.

Na carta lida por Grace Passô e Debora Duboc há mais um dado interessante que demonstra uma lucidez, uma sabedoria em avaliar a situação que vai além de um apoio idólatra (como apontam alguns) ao melhor presidente que esse país já teve. Na mensagem de Jorge Luiz Zaluski, ele relembra das políticas públicas que criaram oportunidades de superação da pobreza. Historiador e sociólogo atualmente com doutorado, ele traça paralelos entre seu percurso familiar e trajetória de Lula. Mas adverte “Nossos tempos sombrios não garantem nada, principalmente quando a democracia está em jogo”.

São muitos exercícios de esperançar. De apostar e trabalhar para que a vida seja diferente da que vivemos hoje, porque já provamos e isso é possível.

Leandro Santos, Grace Passô, Camila Pitanga, Cássia Damasceno e a vereadora Erica Hilton

Fernando Haddad

emoção de lula

A emoção de Lula

Dilma lendo uma carta

Fernando Haddad leu a carta de Jean Willys, ex-deputado que precisou deixar o Brasil para garantir sua própria vida, que estava sob ameaça, depois que esse grupo político que governa ascendeu ao poder. A presidenta Dilma leu o depoimento da garota Juliana Freitas, que disse que virou petista aos 12 anos, em 1989 ao ver – por indicação do pai – a propaganda eleitoral pela televisão e ficou hipnotizada com as falas de Lula. Janja leu duas cartas que ela mesma escreveu ainda no começo do namoro.

Ficou por último a fala do presidente que salientou que vive o melhor momento de sua vida, apaixonado e casado com a socióloga Janja, renovado e agradecido por todo apoio que recebeu durante os 580 dias que passou injustamente preso na carceragem da Polícia Federal de Curitiba.

Seu discurso foi contundente para falar da atual situação do Brasil, que voltou a níveis de pobreza extrema. A inflação que esmaga o salário e a postura fascista do Bozo também pontos do seu discurso. Lula estava no seu campo e se deu ao direito de fazer embaixadinha, dar chapéu, fazer gol de bicicleta. Com sua habilidade de oratória, eletrizou e emocionou a plateia ao falar das mortes, desde as que foram ocasionadas pela pandemia, passando pelas tragédias em decorrência da intervenção irresponsável do ser humano na natureza até as que são ocasionadas pelo braço do Estado. Lula ressaltou a educação como caminho para tirar o Brasil da situação em que se encontra e afirmou que a “ignorância gera Bolsonaro”.

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Lula vai ao teatro

Artistas intepretram as cartas escritas ao ex-presidente quando ele estava preso em Curitiba. Capa do livro da Boitempo

Zélia Duncan, Denise Fraga, Camila Pitanga, Preta Ferreira, Cleo Pires, Maria Ribeiro, Monica Iozzi, Celso Frateschi, Grace Passô, Erika Hilton, Deborah Duboc, Leandro Santos, Cida Moreira, Tulipa Ruiz e Cassia Damasceno são alguns artistas que dão voz às correspondências enviadas ao ex-presidente no ano e meio em que esteve detido. O espetáculo Querido Lula: cartas do povo brasileiro marca o lançamento do livro Querido Lula: cartas a um presidente na prisão (Boitempo), que também vai contar com a participação de missivistas vindos de todo o país para ler suas próprias cartas. O livro é uma seleção de 46 das mais de 25 mil cartas que foram mandadas ao político no período de sua detenção em Curitiba.

A peça é apresenta no dia do lançamento do livro, no palco do Tuca, em São Paulo, nesta terça-feira, 31/05. O trabalho cênico é dirigido pelo brasileiro Márcio Abreu e pelo francês Thomas Quillardet, realizado pela Boitempo em parceria com a PUC-SP e com apoio da Universidade Gustave Eiffel, Fundação Friedrich Ebert e Instituto Lula.

A presença de Lula está confirmada e isso faz subir a temperatura do evento. São esperados alguns políticos ligados a Lula, como o pré-candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad. Os ingressos para o espetáculo estão esgotados.

Durante os 580 dias que ficou preso arbitrariamente na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PF) – de 7 de abril de 2018 a 8 de novembro de 2019, o ex-presidente Lula recebeu muitas manifestações de apoio, de carinho e solidariedade.

A vigília Lula Livre – um acampamento em frente à prisão – deu uma sustentação psicológica. As cartas enviadas do Brasil e exterior – na maioria por gente pobre agradecida por todas as mudanças que os governo petistas proporcionaram – renovaram de esperança o espírito do presidente.

 O material publicado foi selecionado pela historiadora Maud Chirio e procura representar a diversidade contida nas cartas, contemplando autores de diferentes origens sociais e regiões do país, em suas histórias de vida, tons e abordagens. A edição tem prefácio do rapper Emicida e orelha da escritora Conceição Evaristo. A obra também apresenta um caderno de imagens com fotos de diferentes objetos enviados ao ex-presidente.

“A partir de 2003, comecei a ver seu poder de transformação. Paulatinamente, vi a miséria no meu Estado regredir, vi diminuir o número de pedintes nas ruas, vi o pobre ter acesso a curso superior, vi gente comemorando a chegada de energia elétrica em sua casa, vi o pobre descortinar seus horizontes, pegando um avião e descobrindo que o mundo a ele também pertencia. Vi direitos assegurados a nossas domésticas, que de nossas casas tiveram a feliz oportunidade de sair com seus diplomas em mãos. E vi que pra isso tudo, minha vida não tinha piorado. Pelo contrário, só melhorou. Daí que ainda não consigo compreender a raiva que a maioria das pessoas pertencentes a minha classe sente por conta de tais conquistas”. 
– Ana Carolina, Teresina, 13 de abril de 2018.

“Não há, até onde sabemos, nenhum movimento equivalente na história, ao menos na mesma escala”, avalia a organizadora do livro Querido Lula: cartas a um presidente na prisão, a historiadora e brasilianista francesa Maud Chirio, que é professora e pesquisadora na Universidade Gustave Eiffel, França, onde Querido Lula foi publicado este ano.

Para a pesquisadora, as cartas têm valor histórico “excepcional” por expressarem vozes que não costumam ser ouvidas. Por isso, em 2018, da França, Maud Chirio voluntariou-se para ajudar a catalogar e digitalizar as cartas. Montou uma equipe de sete profissionais, seis deles historiadores e historiadoras.

O livro é o quarto projeto liderado por Maud para fazer ecoar essas vozes. A professora e a equipe organizaram uma exposição virtual multilíngue, disponível em www.linhasdeluta.org. Em 2019, promoveram uma apresentação teatral, Abril / Abril, dirigida por Thomas Quillardet, que reuniu mais de 500 pessoas em um teatro de Paris, com presenças de artistas como Chico Buarque e a atriz portuguesa Maria de Medeiros. E criaram uma série de podcasts veiculada pela emissora de rádio Universidade Nacional General Sarmiento (Argentina).

Serviço
Lançamento-espetáculo

Espetáculo Querido Lula: cartas do povo brasileiro
Livro Querido Lula: cartas a um presidente na prisão
Dia 31 de maio, das 19h às 21h
Teatro Tuca (Rua Monte Alegre, 1024, São Paulo SP)
Os ingressos estão esgotados

Apoiam este evento:
Universidade Gustave Eiffel
PUC-SP
Fundação Friedrich Ebert
Instituto Lula

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Teatro para os ouvidos e outros sentidos
Crítica da peça sonora “Maré”

A atriz Cássia Damasceno, da companhia brasileira de teatro.

A companhia brasileira de teatro propõe um encontro diferente. Em vez de reforçar o apelo feito à exaustão para os olhos, o grupo privilegia outro sentido: a audição. É a partir do ato de ouvir – se quiser, de olhos fechados, e imaginar e compor e criar as paisagens sussurradas nessas Escutas Coletivas – que se instala o ato teatral

A primeira edição apresenta a peça sonora Maré, com dramaturgia e direção de Marcio Abreu; desenho sonoro do músico e compositor Felipe Storino; e conduzido pelas vozes de Cássia Damasceno, Fabio Osório Monteiro, Felipe Storino, Giovana Soar, Grace Passô, Key Sawao e Nadja Naira.

É uma criação cênica fincada na dimensão sonora. As falas, nas quatro perspectivas do acontecimento, foram gravadas pelos atores individualmente, com seus celulares e enviadas a Abreu e Storino.

Com os espectadores, cada qual no seu canto, com seus fones de ouvidos ou caixas de sons de olhos fechados, ou abertos (naveguei melhor com os olhos cerrados), acomodados em sofás, camas, chão ou onde preferisse, sentados, de pé, deitados, de lado, do jeito que quisesse, durante 40 minutos, ouvimos uma história.

O episódio está dividido em três movimentos. Um prólogo em que o diretor expõe e contextualiza a ação, a escuta sonora compartilhada ao mesmo tempo pelas pessoas presentes na sala virtual e a conversa entre a equipe artística e o público.

Maré foi escrita em 2015 por Marcio Abreu a pedido do mineiro Grupo Espanca. É situada como uma reação artística ao real: uma chacina ocorrida na Maré em 2013. O Complexo da Maré é um dos maiores conglomerados de favelas do Rio de Janeiro, na zona norte da cidade. Naquele ano, o Brasil foi sacudido por uma série de protestos e manifestações de reivindicações várias, que ficaram conhecidas como Jornadas de Junho.

Infelizmente esse não é um caso isolado. Extermínios e carnificinas são comuns nas áreas mais periféricas e empobrecidas, não só do Rio de Janeiro, como nas diversas cidades do país. São crimes cometidos normalmente pela polícia ou pela milícia. Atrocidades frequentemente acobertadas ou não combatidas com eficácia pelo Estado.

As figuras desta peça sonora moram num espaço exíguo – “uma lata de sardinha”, o que não facilita a intimidade do casal: “Esse homem é gostoso me pega quietinho” – expõe a alta voltagem de amorosidade dos seus integrantes. Os adultos trabalham longe de casa e perdem muito tempo no trajeto. A avó assume a ancestralidade, a viga mestra; as crianças, os tesouros; a mãe e o pai.

Cada um desses quatro focos narra, do seu ângulo, a violência policial em um dia de brincadeiras, televisão apaziguadora, “o melhor feijão do mundo”, o chamego no canto.

O fenômeno teatral se confere pela escuta. A dimensão acústica se faz corpo, que quase podemos tocar. Os materiais sonoros sobrepondo em camadas sucessivas, entrecruzadas pela entendimento individualizado num presente compartilhado. Imersos nessas sonâncias, cargas mnésicas pessoais, imaginação, marcas na carne, pele e osso se cruzam para cortar resquícios de indiferença. É pela escuta que poderemos transformar o espaço público.

A Avó, de Grace Passô, traça uma musicalidade tão própria, tão acolhedora, quase uma cantilena que brinca com fluxos vocais de espacialidade, temperatura, texturas. Todas as quatro perspectivas de Maré incitam a raras percepções e sensações de pertencimento a uma presença coletiva costurada pelo tempo de comunhão pelas vozes, pelo som.

As escolhas sonoras do músico Felipe Storino para materializar a chegada da polícia, levam a lugares mais poéticos, menos óbvios do que uma representação hiperrealista que inunda os noticiários, das imagens sonoras exatas. É uma fábula contada com paleta de tons acústicos mais sutis.

Maré nos chega como insights performativos de uma experiência relacional. De um tempo que ativa o entrecruzamento de universos individuais sensíveis, compartilhados um pouco na conversa depois da audição. No primeiro dia, uma das participantes levantou uma questão interessante dessa partilha do sensível carregada por memórias ditas ou silenciadas, que permitem a criação de sentidos tão particulares, íntimos até. No segundo dia, um homem cego comentou como foi afetado pela obra. Sua fala destaca o quanto precisamos ampliar nossa percepção do mundo, para além de nós mesmos.

Ouvir como exercício revolucionário, que tanto precisamos, nesses tempos de lacração. Possibilidade de expandir o fio do diálogo humano. Na oitiva grupal a arte assume papel político, convocando para o presente essa necessidade de sentir o outro. Ou tentar, ao menos.

A dramaturgia textual do Marcio Abreu, sem pontuação intermediando as intenções, faz jorrar sentidos diversos. A primeira edição da série Escutas Coletivas enfrenta o paradigma da supremacia do olhar, desde sua etimologia de ser o teatro o lugar onde (e de onde) se vê, para deslocar a possibilidade de “ver” com os ouvidos, sentir com o som, ser tocado pelo invisível, ser afetado pelo audição, por uma dramaturgia sensorial.

Mergulhar nessa Maré com seus timbres e texturas, ritmos sonoros, camadas, dinâmicas e insubordinações do encontro e do toque energético, tensiona a linguagem por ser ainda e mais música e poesia.  

Escutas Coletivas
peça sonora MARÉ
Quando: dias 29, 30 e 31 de agosto, às 20h30
Contribuição: R$ 25, à venda no Sympla

Ficha técnica:

Dramaturgia e direção: Marcio Abreu
Desenho sonoro:  Felipe Storino
Vozes: Cássia Damasceno, Fabio Osório Monteiro, Felipe Storino, Giovana Soar, Grace Passô, Key Sawao, Nadja Naira.

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