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Vamos ao teatro?
Agendo-me em São Paulo

Terror e Miséria no Terceiro Milênio, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, (em cima, à esquerda) segue no Sesc Bom Retiro. Stabat Mater, da Janaina Leite (foto maior) , está no porão do CCSP. Yolanda já viu os dois espetáculos e ficou bem empolgada com as provocações. Oroboro, do Grupo XPTO (foto de objetos animados) em cartaz com entrada gratuita, no Sesc Interlagos, está na lista de desejos. Fotos: Divulgação

As temporadas teatrais em São Paulo estão cada vez mais aceleradas; então, a pessoa (né, Silvia Sabadell?) tem que correr. Ofertas à mancheia (como registrou Castro Alves!), para tudo que é estilo. Bem, tenho minhas prioridades e preferências. Os mais experimentais, os posicionados politicamente pela liberdade e pela luta contra a barbárie desses tempos bicudos (posso dizer isso, que tem outras camadas), os que valorizam o humor e a ironia, que move toda a estrutura da sociedade (salve, salve Angela Davis).

Então correndo para ver essa cena ofertada com tanta garra. E.L.A, da cearense Jéssica Teixeira, no Sesc Pompéia; As Mil e Uma Noites da Cia carioca Teatro Voador Não Identificado; Buraquinhos ou o Vento É Inimigo do Picumã, com direção da Naruna Costa, no Itaú Cultural (consegui!!); As Comadres, com supervisão artística de Ariane Mnouchkine, Théâtre du Soleil; O Caso Severina, com a Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes no Espaço do Folias; Espaço Arcabouço, espetáculo de circo de Porto Alegre, no Centro Cultural Tendal da Lapa. E Oroboro, do Grupo XPTO, uma encenação sem palavras para seguir viagem na contundência das imagens. 

Das peças já assistidas, recomendo-me seis: Stabat Mater, da Janaína Leite, com participação da sua mãe, no porão do Centro Cultural São Paulo; Terror e Miséria no Terceiro Milênio do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, no Sesc Bom Retiro; a temporada popular do musical Elza, no Teatro Sérgio Cardoso; Mãe Coragem, com Bete Coelho no papel título e direção de Daniela Thomas, no Sesc Pompeia; Terrenal, no Teatro Raul Cortez. E As Cangaceiras, Guerreiras do Sertão, com texto do Newton Moreno e um elenco de atrizes arretadas. Temporadas curtas. E potentes. E todas as montagens falam de hoje, de nossas desditas. Pode pegar numa quina aquela dor do que ainda resta de humano em nós.

Do espetáculo Stabat Mater, só sei que ninguém vai sair imune. É o espetáculo mais pedreira desta temporada paulista que eu assisti e ainda está em cartaz. Quer dizer outros foram, outros virão (espero), mas neste julho friorento de São Paulo, a cena mais soco na moleira e na alma do diacho é a da Janaina Leite. É bom avisar que é preciso ânimo para encarar uma atriz repleta de coragem que questiona as próprias certezas. É dança sensual pole dance de cérebros grávidos diante da aridez do real expandido. Um exercício potente sobre traumas e ainda no século 21 tabus sobre o feminino. A peça abriu a edição de número 5 da Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do Centro Cultural São Paulo e viva.

Olha lá o que pretendo ver

Com o espetáculo E.L.A, a atriz cearense Jéssica Teixeira instiga a aceitação das diferenças, busca driblar os clichês e padrões de beleza impostos pela mídia e encoraja um olhar mais sensível para a diversidade na construção do ser político contemporâneo. Foto: Carol Veras / Divulgação

E.L.A

A cearense Jéssica Teixeira é portadora de uma síndrome que encurtou seu tronco. O primeiro solo da atriz apresenta uma investigação cênica do seu corpo inquieto, estranho e disforme, numa tentativa de desestabilizar e potencializar outros corpos e olhares. A artista traça um histórico das representações do corpo, composição química e das noções de beleza. O espetáculo perpassa por ramos de saúde, política, feminilidade, acessibilidade e estética. Dirigida por Diego Landim, E.L.A envolve colagens e textos autobiográficos de Jéssica. A montagem de Fortaleza (Ceará) mescla dramaturgia, artes plásticas e vídeo.éssica Teixeira também investiu na leitura do livro “O Corpo Impossível”, de Eliane Robert Moraes, como disparador de dispositivos dramatúrgicos para a expansão da cena.
Ficha Técnica
Direção: Diego Landin.
Elenco: Jéssica Teixeira.
Serviço
Quando: Quinta a sábado, 21h30; domingo às 18h30. Até 14/07
Onde: Sesc Pompeia – espaço cênico
Quanto: R$ 6 até R$ 20
Classificação etária: 14 anos
Telefone: 3871-7700

Cena de As Mil e Uma Noites, adaptação do clássico da literatura encenada pelos cariocas da Cia Teatro Voador Não Identificado. Com três horas de duração, a montagem tem cinco atrizes como Sherazade: Adassa Martins, Clarisse Zarvos, Elsa Romero, Julia Bernat e Larissa Siqueira. Foto:  Renato Mangolin / Divulgação

As Mil e Uma Noites

Foi como ser fabulante que a princesa Sherazade escapou da morte. A cada noite, uma história, que deixava o rei encantado e curioso e adiava o final trágico da mocinha. O clássico da literatura As Mil e Uma Noites tem encenação carioca da Cia Teatro Voador Não Identificado, que mistura episódios inspirados nos contos de Sherazade com relatos reais de refugiados árabes colhidos em entrevistas e interpretados pelos atores. Nas narrativas há referências à Primavera Árabe, onda de manifestações ocorridas no Oriente Médio a partir do começo desta década e que levou, entre outras coisas, à queda do ditador Hosni Mubarak no Egito. E lógico que a política brasileira é lembrada.Uma especificidade da peça é que cada apresentação é única, nenhuma delas é repetida nas encenações seguintes, com exceção do prólogo. 
Ficha Técnica
Concepção e Direção: Leandro Romano
Dramaturgia: Gabriela Giffoni e Luiz Antonio Ribeiro
Elenco: Adassa Martins, Bernardo Marinho, Clarisse Zarvos, Elsa Romero, Gabriel Vaz, João Rodrigo Ostrower, Julia Bernat, Larissa Siqueira, Pedro Henrique Müller e Romulo Galvão
Duração aproximada: 180 minutos
Serviço
Quando: Quinta a sábado, 20h; domingo às 17h. Até 14/07
Onde: Sesc Avenida Paulista; Arte II (13º andar)
Quanto: R$ 6 até R$ 20
Classificação etária: 14 anos
Telefone: 3871-7700

Um jovem negro de 12 anos da periferia de São Paulo sai de casa para comprar pão. Encarado como suspeito, ele corre o mundo para não ser baleado pela polícia. Foto: Alexandra Nohvais / Divulgação. Com direção de Naruna Costa e Ailton Barros, Clayton Nascimento e Jhonny Salaberg, no elenco

Buraquinhos ou o Vento É Inimigo do Picumã

A peça ostenta com uma poética trilhada em cima do genocídio e etnocentrismo da população negra. Foi contemplada com prêmio de montagem na Mostra CCSP de Pequenos Formatos Cênicos do ano passado. Com uma narrativa em primeira pessoa, abraçado ao universo do realismo fantástico, o espetáculo apresenta um garoto negro de periferia – personagem nascido e criado em Guaianases, zona leste de São Paulo – que, no primeiro dia do ano, recebe um bascolejo de um policial quando chega à padaria. Ciente do que acontece com gente preta e pobre diante dessas autoridades, o miúdo começa a correr e sai numa viagem sem rumo certo, passando por países da América Latina e da África, buscando sempre dispositivos de sobrevivência para continuar existindo.
Ficha Técnica
Idealização, coordenação e dramaturgia: Jhonny Salaberg
Direção: Naruna Costa
Elenco: Ailton Barros, Clayton Nascimento e Jhonny Salaberg
Serviço
Quando: Quinta e sexta, 19h. Até 12/07
Onde: Itaú Cultural – sala multiuso (Avenida Paulista, 149 – Bela Vista – São Paulo)
Quanto: Grátis
Classificação etária: 14 anos
Telefone: 2168-1777

20 atrizes brasileiras revezando-se em 15 papéis — o espetáculo é uma adaptação musical de René Richard Cyr de uma peça canadense.

As Comadres
Com supervisão artística de Ariane Mnouchkine, Théâtre du Soleil, companhia francesa fundada em 1964, o musical As Comadres é uma versão Versão de uma comédia que chocou o Québec nos anos 1960. A protagonista Germana Louzan é uma dona de casa suburbana. Ao ganhar um milhão de selos promocionais, trocáveis por uma variedade de produtos, ela decide chamar 14 “comadres” para ajudá-la a colar os adesivos para mobiliar sua casa. Linda, Mariângela, Branca, Romilda, Lisa, Rosa, Ivete, Lisete, Angelina, Teresa, Pietra, Gabriela, Olivina e Ginete são as amigas, mulheres trabalhadoras, eu cuidam de maridos e filhos, e eu juntas colando selos vão desfiando um rosário de desejos, anseios, frustrações, medos, inveja. O encontro vira um angu e as mulheres passam a cobiçar a sorte da protagonista.
Ficha Técnica
Supervisão artística: Ariane Mnouchkine.
Texto original: Michel Tremblay.
Versão musical original: René Richard Cyr.
Músicas originais: Daniel Bélanger.
Direção musical: Wladimir Pinheiro.
Serviço
Quando: Quinta a sábado, 21h. Domingo: 18h. Até 28/7
Onde: Sesc Consolação – R. Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque
Quanto: R$ 12 a R$ 40.
Telefone: 3234-3000

Inspirada em faros reais, ocorridos no Agreste pernambucano, em 2005, a peça O Caso Severina narra a incrível história de uma agricultora, de 44 anos, que mandou matar o próprio pai. Foto: 

O caso Severina

Uma mulher, de 44 anos manda matar o próprio pai. “Por que uma agricultora, mãe de cinco filhos, contrata dois matadores de aluguel para matar o genitor, com seu próprio facão?” Essa é a pergunta que a Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes se fez ao iniciar o processo de construção da peça O Caso Severina. Inspirada em história real, ocorrida na Região do Agreste de Pernambuco, em 2005, a Fraternal realizou um extenso trabalho de pesquisa, que durou oito meses e utilizou tanto o material publicado pela mídia quanto os autos do processo, dentro de um projeto da Companhia intitulado Do Fato ao Ato. A direção é assinada por Ednaldo Freire e texto de Alex Moletta, e no elenco estão Mirtes Nogueira, Aiman Hammoud, Maria Siqueira, Giovana Arruda, Carlos Mira.
FICHA TÉCNICA
O Caso Severina

Concepção, Criação e Produção: Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes
Apoio: Prêmio Cleyde Yáconisda Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo
Direção: Ednaldo Freire
Dramaturgia: Alex Moletta
Elenco: Mirtes Nogueira, Aiman Hammoud , Maria Siqueira, Giovana Arruda, Carlos Mira.
Cenografia, figurinos e Adereços: Luiz Augusto dos Santos
Música: Luiz Carlos Bahia
Trilha e Direção Musical: Luiã Borges e Luiz Carlos Bahia
Iluminação e Operação de Luz: Marco Vasconcellos
Operação de Som: Ian Noppeney
Cenotécnico: Edson Freire
Design Gráfico e Audiovisual: Alex Moletta
Costureira: Célia Márcia Makarovsky
Duração:70 minutos
Recomendação etária:16 anos

Serviço
Temporada:05/07/2019 a 18/08/2019, de sexta a domingo
Horário:Sextas e sábados, 21h; domingos, 19h
Espaço do Folias: Rua Ana Cintra, 213, Santa Cecília,
telefone: (11) 3361-2223.
Capacidade:99 lugares
Ingressos:R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00
Ingressos antecipados:http://galpaodofolias.eventbrite.com
Estacionamento conveniado
Wi-Fi Público
Acesso para pessoas com mobilidade reduzida
Aceita cartões de débito e crédito
Café do Folias
, no piso superior

Gabriel Martins propõe um diálogo entre o malabarismo, a dança e a performance, buscando instaurar um espaço no qual corpos e objetos se relacionam. O espetáculo trabalha com o conceito de Corpo Desvelado, no qual se coloca em vulnerabilidade e com toda a exposição dos procedimentos em cena. Foto: Rafael da Silva / Divulgação

ESPAÇO ARCABOUÇO (Circo adulto)

Espaço Arcabouço é um espetáculo de circo contemporâneo fincado principalmente no malabarismo. O trabalho é construído em diálogo com a dança e a performance, buscando instaurar, assim, um “espaço” no qual as relações entre corpo(s) e objeto(s) são mais que possibilidades. O público, disposto ao redor da cena, em arena, compartilha de perto a exposição deste “arcabouço”: o corpo exposto em estado de vulnerabilidade. A proposta é se entregar ao risco e as oposições presentes no malabarismo, oscilando entre a virtuose do malabarismo tradicional, até a mais simples tarefa de manipulação. As luzes, o som, a estrutura de malabarismo de rebote, os objetos cênicos e todas as necessidades que surgem ao longo do espetáculo, são manipulados e resolvidos pelo artista de maneira desvelada, tornando o espectador testemunha dos acontecimentos. Espaço Arcabouço foi contemplado com prêmio Açorianos de Dança de Porto Alegre – 2015 – na categoria de melhor iluminação. O projeto também foi vencedor em 2014 do Prêmio Caixa Carequinha de Estímulo ao Circo da Funarte. O espetáculo foi contemplado com o Prêmio FUNARTE para circulação de espetáculos circenses (2018).
FICHA TÉCNICA
Concepção, direção e atuação: Gabriel Martins
Orientação cênica: Paola Vasconcelos
Iluminação: Mirco Zanini
Cenário: Luís Cocolichio
Figurino: Ana Carolina Klacewicz e Thayse Martns
Produção: Consoante Cultural
Distribuição: Michele Rolim
Classificação: LIVRE

Serviço
Quando: Sexta e sábado, 20h. Até 12 e 13/7 Após a sessão de sábado haverá bate papo com o artista.
Onde: Centro Cultural Tendal da Lapa (R. Constança, 72 – Lapa, São Paulo).
Quanto: R$ 20/ R$ 10 .
Telefone: 3862-1837 / (51) 98145-8419
Duração: 50 minutos

a atriz trans cubana Phedra D. Córdoba (1938-2016), que viveu no Brasil por mais de 40 anos. Márcia Dailyn é a protagonista, que faz confissões e relembra sua trajetória pessoal e profissional para o repórter, representado por Raphael Garcia. Foto: Aannelize Tozetto/ Divulgação

Entrevista com Phedra

O escritor João Silvério Trevisan definiu a atriz trans cubana Phedra D. Córdoba (1938-2016), como “uma muralha de resistência ao preconceito”. A diva da praça Roosevelt, de sotaque carregado e artista multifacetada viveu no Brasil por mais de 40 anos. Atuou na companhia de teatro Os Satyros, em muitas criações do diretor Rodolfo García Vázquez. Integrou o elenco de peças como  A Filosofia na Alcova, A Vida na Praça Roosevelt, Transex, Divinas Palavras, Liz, Hipóteses para o Amor e a Verdade e Cabaret Stravaganza. Foi personagem do documentário Cuba Libre”, primeira produção cinematográfica da companhia Os Satyros. A atriz Márcia Dailyn, primeira bailarina trans do Theatro Municipal de São Paulo, interpreta Phedra, na peça que o jornalista Miguel Arcanjo escreveu. Entrevista com Phedra é a primeira incursão de Arcanjo na dramaturgia. Na peça a atriz relembra seu percurso pelos palcos do teatro de revista da América Latina. O cenário que reproduz a sala de seu apartamento na praça Roosevelt, em que é entrevistada por Raphael Garcia, que faz o papel do jornalista.

Texto: Miguel Arcanjo Prado.
Direção: Juan Manuel Tellategui e Robson Catalunha.
Elenco: Márcia Dailyn e Raphael Garcia.
Direção de produção: Gustavo Ferreira.
Realização: Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez – Os Satyros.
Figurino e visagismo: Walério Araújo.
Cenografia: Robson Catalunha.
Iluminação: Diego Ribeiro e Rodolfo García Vázquez.
Sonoplastia: Juan Manuel Tellategui.
Arte visual: Henrique Mello.
Cenotécnico: Carlos Orelha.
Acessórios: Lavish by Tricia Milaneze.
Perucas: Divina Núbia.
Castanholas: Sissy Girl e Bene Reis.
Palco dos Bonecos: Luís Maurício.
Fotografia: Annelize Tozetto, Bob Sousa, Bruno Poletti, Edson Lopes Jr. e Felipe Margarido.
Vídeo: Laysa Alencar.
Operadores: Dennys Leite e Laysa Alencar.
Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes.
Apoio: A Casa do Porco, Bar da Dona Onça e Hot Pork – Janaina Rueda e Jeerson Rueda; Frango com Tudo – Rede Biroska – Lilian Gonçalves, Consulado General de Cuba em São Paulo e Consulado General de Argentina em São Paulo e Translúdica.
Agradecimentos: Livia La Gatto, Ferdinando Martins, Guttervil Guttervil, Lauanda Varone, Neiva Varone e Irlane Galvão.

Serviço
Onde: Espaço dos Satyros I Praça Franklin Roosevelt, 214 – Consolação – São Paulo
Quanto: R$ 40 (meiaentrada, R$ 20).
Quando: Segunda – 21h. Até 02/09
Telefone: 3255-0994
Capacidade: 50 assentos
Duração: 50 minutos.
Classificação: 14 anos.

Grupo XPTO em ação. Oroboro, uma alegoria sobre o caráter cíclico da existência. Foto: Divulgação

Oroboro

Personagens do mundo real estão sujeitos à ação de entidades mitológicas em Oroboro. um náufrago à deriva que, na iminência de sua morte, se vê diante do dilema de se deixar devorar por urubus ou atirar-se ao mar. Ele prefere arriscar a sorte no caminho do desconhecido e mergulha nas águas profundas do oceano. Numa ilha próxima, uma enorme serpente deixa um estranho ovo que provoca a curiosidade e a ambição dos habitantes do lugar. Humor, mistério, trapaças, lutas pelo poder, revolta, aniquilação são alguns dos temas abordados de forma simbólica em Oroboro, uma alegoria sobre o caráter cíclico da existência. A montagem emprega a linguagem de teatro de bonecos e formas animadas. A narrativa é desenvolvida sem a utilização da palavra, sendo conduzida tanto pela música executada ao vivo, como pela ação dos atores que manipulam os bonecos e objetos, emitindo ruídos guturais que funcionam como vozes dos personagens. Recentemente o grupo de teatro XPTO participou do festival The Ishara Puppet Theatre Trust, na Índia, sendo o único representante latino-americano no programa.
Ficha Técnica
Direção, cenografia, bonecos e iluminação: Osvaldo Gabrieli
Direção musical e músico: Beto Firmino
Elenco: Bruno Caetano, João Bernardes, Ozamir Araújo e Tay Lopes
Serviço
Quando: Domingo, 15h. Até 28/07
Onde: SESC Interlagos (Avenida Manuel Alves Soares, 1100 – Parque Colonial – São Paulo)
Quanto: Grátis. Distribuição gratuita 1 hora antes do início da sessão.
Classificação indicativa: 8 anos
Capacidade 362 assentos
Telefone: 5662-9500

Eu já vi… Se eu fosse você… também iria assistir

Musical expõe os altos e baixos da trajetória de cantora Elza Soares. Aos 12 anos, casou-se praticamente obrigada pelo pai. Aos 13 teve o primeiro filho. Aos 21 anos, já com cinco rebentos, ficou viúva. Consagrou-se como cantora. Com o jogador Mané Garrincha (1933-1983) conheceu uma vida de amor e sofrimento. Hoje ela é referência absoluta de determinação, talento, perseverança, luta. Foto: Divulgação

Elza

Elza Soares foi ficando cada vez mais múltipla com o passar do tempo. Para dar conta desse mosaico de força, o musical  Elza explora os principais episódios da vida da artista, que como poucos soube levantar a cabeça e dar a volta por cima nos momentos difíceis. Com texto de Vinícius Calderoni e direção de Duda Maia, conta como elenco formado por Larissa Luz, Janamô, Júlia Tizumba, Késia Estácio, Khrystal, Laís Lacorte e Verônica Bonm. Todas fazem o papel da cantora na peça. As atrizes também incorporam / narram / comentam os homens importantes da trajetória de Elza, como o compositor e apresentador Ary Barroso (1903-1964), e o jogador de futebol Mané Garrincha (1933-1983), com quem ela foi casada. É uma história densa, mas carrega o DNA da guerreira.

Serviço
Quando: Quinta a sábado, 21h. Domingo: 18h. Até 28/7
Onde: Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista – São Paulo
Quanto: R$ 30 até R$ 150.
Telefone: 3288-0136 Capacidade 835 assentos

Bete Coelho em cena de Mãe Coragem, adaptação de Brecht, dirigida por Daniela Thomas – Jennifer Glass/Divulgação

Mãe Coragem

A comerciante Anna Fierling vende mercadorias aos soldados da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Portanto, ela também lucra com os sofrimentos, as mortes, a barbárie. Traduzido diretamente do alemão, a adaptação de Daniela Thomas para Mãe Coragem e Seus Filhos, o texto de Bertolt Brecht propõe uma reflexão pungente sobre o lugar da moral em tempos de guerras do guerras do passado e de outras guerras do presente.  A Mãe Coragem do título chega à conclusão que não é ela quem lucra com a guerra quando perde os três filhos, Eilif, Queijinho e Kattrin, em batalhas como as mães dos jovens negros ue tem seus filhos subtraídos em A tragédia se desenrola no ginásio e o público assiste das arquibancadas o elenco charfurdar na lama que traça ligações com Mariana e Brumadinho.

FICHA TÉCNICA
Texto – Bertolt Brecht
Música original – Paul Dessau
Tradução – Marcos Renaux
Direção – Daniela Thomas
Assistência de direção – Gabriel Fernandes
Direção musical e arranjos – Felipe Antunes
Cenário – Daniela Thomas e Felipe Tassara
Figurino – Cassio Brasil
Iluminador – Beto Bruel
Desenho de som – Gustavo Breier
Elenco: Bete Coelho, Luiza Curvo, Amanda Lyra, Carlota Joaquina, Luisa Renaux, Ricardo Bittencourt,
Murilo Grossi, Roberto Audio, Rodrigo Penna, Wilson Feitosa, Cacá Toledo, Murillo Carraro
Músicos: Juliana Perdigão/ Gui Augusto , Felipe Antunes, Allan Abbadia/Ednaldo Santos, Wilson Feitosa
Murilo Grossi, Cacá Toledo
Produtora de figurino – Patricia Sayuri Sato
Assistentes cenografia – Iara Ito e Tania Menecucci
Assistente figurino – Daniela Tocci
Assistente e operadora de luz – Sarah Salgado
Engenheiro de Som, Gravações e Mixagem – Gustavo Breier
Direção de palco – Murillo Carraro
Contrarregras – Theo Moraes e Davi Puga
Camareira – Lili Santa Rosa
Aderecistas – Jesus (Walkir Pedroso) e Bosco Bedeschi
Costureiras – Yrondi Moço Rillo, Salete Paiva e Lili Santa Rosa
Harmonização das partituras originais – Kezo Nogueira e Felipe Antunes
Estagiários – Alice Tassara, Annick Matalon, Maria Pini Piva e Thomas Carvalho
Diretor técnico – Nietzsche
Arquitetura – Alvaro Razuk
Equipe de Arquitetura – Daniel Winnik, Ligia Zilbersztejn, Tabata Sung e Anselmo Turazzi
Assessoria Jurídica: Olivieri Advogados (pro bono) / NBPF Advogados
Assessoria de imprensa – Pombo Correio
Arte gráfica – Celso Longo e Daniel Trench
Fotógrafa – Jennifer Glass
Assistentes de produção – Diogo Pasquim, Theo Moraes e Davi Puga
Produtor executivo – Arlindo Hartz
Direção de produção – Luís Henrique Luque Daltrozo
SERVIÇO
Serviço
Quando: Terça a sábado, 20h30. Domingo: 18h30. Até 21/7
Onde: Sesc Pompeia – ginásio primavera Rua Clélia, 93 – Água Branca – São Paulo
Quanto: R$ 12 até R$ 40.
Telefone: 3871-7700
Classificação: 12 anos
Duração: 150 minutos

AS cangaceiras

As Cangaceiras,Guerreiras do Sertão

Newton Moreno conta que um grupo de mulheres se rebelam contra mecanismos de opressão que encontravam dentro do próprio Cangaço. As Cangaceiras, Guerreiras do Sertão é uma fábula inspirada nas mulheres que seguiam os bandos nordestinos. O musical busca refletir sobre as forças do feminino nesse espaço de libertação e sobre a ideia de cidadania e heroísmo.
Ficha técnica
Elenco: Amanda Acosta, Marco França, Vera Zimmermann, Carol Badra, Luciana Lyra, Rebeca Jamir, Jessé Scarpellini, Marcelo Boffat, Milton Filho, Pedro Arrais, Carol Costa, Badu Morais, Eduardo Leão e mais 5 músicos
Dramaturgia: Newton Moreno
Direção: Sergio Módena
Produção: Rodrigo Velloni
Direção Musical: Fernanda Maia
Canções Originais de Fernanda Maia e Newton Moreno
Coreografia: Erica Rodrigues
Figurino: Fabio Namatame
Cenário: Marcio Medina
Iluminação: Domingos Quintiliano
Assistente de Dramaturgia: Almir Martines
Diretora Assistente: Lorena Morais
Designer Gráfico: Ricardo Cammarota
Fotografia: Priscila Prade
Produção Executiva: Swan Prado e Luana Fioli
Assistente de Produção: Adriana Souza e Bruno Gonçalves
Administração Financeira: Vanessa Velloni
Realização: Velloni
Produções Artísticas e Sesi-SP.

Serviço
Quando: Quinta a sábado, 20h. Domingo: 19h. Até 04/8
Onde: Centro Cultural Fiesp – teatro Sesi São Paulo (Avenida Paulista, 1313 – Bela Vista – São Paulo
Quanto: Grátis.
Telefone: 3322-0050
Capacidade 456

terrenal leekyung kim

Terrenal

Uma das histórias mais famosas de todos os tempos: o conflito bíblico entre os irmãos Caim e Abel. Esse mito é vertido para um paraíso às avessas. Em um loteamento, Caim (Dagoberto Feliz) produz pimentões e vive apegado à terra e ao acúmulo de bens, enquanto Abel (Sergio Siviero) trabalha apenas aos domingos, o “dia santo”, vendendo iscas aos pescadores da região. Sem se entenderem, os irmãos não conseguem decidir sobre o que fazer com o terreno, até que Tata (Celso Frateschi), o pai que os abandonou ainda crianças, reaparece justamente na data que marca 20 anos de seu desaparecimento. A montagem levanta questões contemporâneas sobre justiça, divisão de riquezas e aceitação de visões de mundo distintas. Com recursos circenses e trilha sonora ao vivo, executada por Demian Pinto, o episódio do livro do Gênesis narra o fratricídio considerado o primeiro assassinato do mundo.

Texto: Mauricio Kartun
Direção de Marco Antonio Rodrigues
Duração 90 minutos.
Classificação é 16 anos.
Serviço
Quando: Quinta 21h. Até Até 25/07

Onde: Teatro Raul Cortez (Rua Doutor Plínio Barreto, 285 – Bela Vista – São Paulo)
Quanto: R$ 50 e R$ 25.
Telefone: 3254-1631
Capacidade :513 assentos

Janaína Leite e Amália Fontes Leite

Stabat Mater

A maternidade e a imagens construídas da Virgem Maria são um pretexto para um mergulho profundo, desafiador, inquietante e original da artista Janaina Leite. Na companhia da sua mãe em cena, Janaina verticaliza sua investigação sobre o real no teatro, investe na categoria do obsceno e explode pornografia… Com um pedido de desculpas do apagamento da mãe no solo anterior, Conversas Com Meu Pai, Stabat Mater é daqueles raros espetáculos em criatividade, rigor de pesquisa, ousadia, coragem, autoria, comungam na mesma cena para dizer porque o teatro é uma arte tão potente. Mas tudo o que se disser sobre essa encenação será pouco. Aviso aos puritanos: a peça contém cenas de nudez e sexo.
Ficha técnica
Concepção, direção, dramaturgia: Janaina Leite
Performance: Janaina Leite, Amália Fontes Leite e Priapo
Dramaturgismo e assistência de direção: Lara Duarte e Ramilla Souza
Direção de arte, cenário e figurino: Melina Schleder.
SERVIÇO
Quando: Sexta e sábado 21h domingo 20h. Sessão extra: quinta-feira 18/07. Até Até 21/07
Onde: CCSP – espaço cênico Ademar Guerra (Rua Vergueiro, 1000 – Liberdade – São Paulo)
Quanto: R$ 20 e R$ 10.
Telefone: 3397-4002
Capacidade 100 assentos
Indicação: 18 anos

Nilcéia Vicente, Roberta Estrela D’Alva. Foto: Sérgio Silva

Terror e Miséria no Terceiro Milênio

Nove atores e dois DJs ensaiam. Sentados em dois bancos, refletem e criam. O disparador é o texto Terror e Miséria no Terceiro Reich, de Bertolt Brecht; e a matéria bruta, a realidade brasileira. Desses dois tempos de barbárie – ascensão do fascismo no mundo, os artistas improvisam recortes e samples com os embates de visões de mundo. Para erguer a peça Terror e Miséria no Terceiro Milênio – Improvisando Utopias foi realizado o encontro entre integrante do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e artistas parceiros. A diretora Claudia Schapira diz que a os choques desses tempos e o conflito da diversidade foram levados para dentro da cena. E aí o grupo evidencia que essas segregações também são construções perversas do capitalismo e seus mecanismos de privilégios. A montagem acompanha a estrutura episódica do texto original e arquitetada uma dramaturgia fragmentada, entremeada de comentários, em que os atores constroem e desconstroem imagens e narrativas, que se desmantelam diariamente. Mas lançam utopias para o futuro.
Ficha técnica
Direção: Claudia Schapira
Atores mcs: Fernanda D’Umbra, Georgette Fadel, Jairo Pereira, Luaa Gabanini, Lucienne Guedes, Nilcéia Vicente, Roberta Estrela D’Alva, Sérgio Siviero e Vinícius Meloni.
Atores DJs: Dani Nega e Eugênio Lima
Inserções de poemas: Jairo pereira e Roberta Estrela D’Alva
Direção Musical: Eugênio Lima, Roberta Estrela D’Alva e Dani Nega
Direção de Movimento e Coreografias: Luaa Gabanini
Assistência de Direção: Maria Eugenia Portolano
Vídeo-intervenção: Bianca Turner
Cenário: Bianca Turner e Claudia Schapira
Figurino: Claudia Schapira
Figurinista assistente: Isabela Lourenço
Kempô e Treinamento de Luta: Ciro Godói
Danças Urbanas: Flip Couto
Preparação Vocal: Andrea Drigo
Técnicas de spoken word: Roberta Estrela D’Alva
Iluminação: Carol Autran
Engenharia de Som: Eugênio Lima e Viviane Barbosa
Costureira: Cleusa Amaro da Silva Barbosa
Cenotécnico: Wanderley Wagner da Silva
Design gráfico: Murilo Thaveira
Estagiárias: Isa Coser, Junaída Mendes, Maitê Arouca
Direção de Produção: Mariza Dantas
Produção Executiva: Victória Martinez, Jessica Rodrigues
e Núcleo Bartolomeu de Depoimentos
Serviço
Quando: Sexta e sábado 21h, domingo 18h. Até Até 28/07
Onde: Sesc Bom Retiro Alameda Nothmann, 185 – Campos Elíseos – São Paulo
Quanto: R$ 6 a R$ 20.
Telefone: 3332-3600
Capacidade 250 assentos
Capacidade: 250 lugares.
Duração: 90 minutos.
Recomendação: 14 anos

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Núcleo Bartolomeu desafia o fascismo

Espetáculo Terror e Miséria no Terceiro Milênio – Improvisando Utopias, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, está em cartaz no Sesc Bom Retiro, em São Paulo, até 28 de julho. Foto: Sérgio Silva / Divulgação

O Núcleo Bartolomeu de Depoimentos é um grupo teatral que articula o teatro épico com o hip-hop na pesquisa de linguagem. É um coletivo militante da autorrepresentação como discurso artístico, que vibra com questões contemporâneas. Isso pode parecer óbvio, mas como “não sei com quem estou falando” nesses tempos de cinismo exacerbado e chamamentos conservadores no teatro… Voilà, talvez apareça alguém fora da bolha (da minha pobre bolha) interessado nessas artes cênicas. Pois bem, o espetáculo Terror e Miséria no Terceiro Milênio – Improvisando Utopias, do Bartolomeu, estreou nesta sexta-feira (28 de junho), às 21h, no Teatro do Sesc Bom Retiro e segue até 28 de julho.

Um dos impulsos da montagem do Núcleo é o texto Terror e Miséria no Terceiro Reich, do dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht (1898-1956), composto entre 1935 e 1938. A produção também valeu-se das ideias de escritores e ativistas como Angela Davis, Grada Kilomba, Frantz Fanon, Achille Mbembe, Walter Benjamin, e outras, e outros, e outrxs para erguer a encenação.

Terror e Miséria no Terceiro Milênio – Improvisando Utopias traça um paralelo entre a barbárie espalhada no nosso cotidiano com aqueles anos que precederam a Segunda Guerra Mundial e a ascensão do fascismo e do nazismo. A diretora Claudia Schapira sugou da realidade do presente muitos fluxos de uma arena de contradições, com vistas ao futuro.

 

Luaa Gabanini em Terror e Miséria no Terceiro Milênio – Improvisando Utopias. Foto: Sérgio Silva 

Brecht traçou um panorama da decadência da sociedade alemã, sufocada pelo pavor, nas 24 cenas curtas da peça, que expõe a repercussão do regime de Hitler no cotidiano de gente comum. O ditador emporcalhou até a dinâmica familiar, como expõe uma das cenas de Terror e Miséria no Terceiro Reich, em que um professor de História sente o peso do nazismo tanto no trabalhou quanto na sua vida privada em casa.

Quando chegou ao poder na Alemanha, lá nos idos de 1933, Bozonazi (eita, ato falho!!!) Adolf Hitler surrupiou liberdades e desmantelou instituições democráticas. Fincou na História uma violenta ditadura. Deixou “tudo dominado”: economia, educação, artes, meios de comunicação etc.

Mas até corporificar o poder, o cabra não era grande coisa. Poucos levavam a sério aquele ex-militar bizarro de baixo escalão, “famoso” pelas falas contra gays, mulheres, feministas, políticos de esquerda, elites progressistas, minorias, imigrantes, mídia, judeus. Numa rápida pesquisa sobre a subida desse sujeito me deparo com a pergunta “Por que tantos alemães instruídos votaram em um patético bufão que levou o país ao abismo?”.

Mas estamos falando de quem mesmo???

Um anti-político que conseguia usar a mídia da época para seus propósitos, difundindo fake news. Um elemento que insuflou a agressividade de seus apoiadores – da afronta verbal à violência física. Um charlatão oportunista.

 

Nilcéia Vicente e Vinícius Meloni. Foto: Sérgio Silva 

Terror e Miséria no Terceiro Milênio – Improvisando Utopias, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, com direção de Claudia Schapira chega para problematizar criticamente esses dias vivenciados com crueza em todos os recantos da vida social. Essa crise de civilização, com efeitos devastadores, é esquadrinhada na montagem pelos 11 atores MC’s : Fernanda D’Umbra, Georgette Fadel, Jairo Pereira, Luaa Gabanini, Lucienne Guedes, Nilcéia Vicente, Roberta Estrela D’Alva, Sérgio Siviero e Vinícius Meloni, Dani Nega e Eugênio Lima.

A diretora se vale do procedimento de uma peça dentro da peça numa escolha metalinguística que espelha tempos – passados e presentes. O elenco ensaia algumas cenas do Terror e Miséria no Terceiro Reich, de Brecht. A partir desse disparador é estabelecido um jogo entre atores e personagens.

Composta por 8 cenas e respectivos comentários, além do prólogo e epílogo, os artistas discutem temas contemporâneos que giram em torno da fome e da pobreza,  da flexibilização do porte de armas, da destruição do meio ambiente; da retirada de direitos conquistados na luta de classes; do genocídio negro, da LGBTfobia, do machismo e outras violências cotidianas da concentração de renda, do desemprego estrutural; o desmonte dos bens e serviços públicos; da instabilidade, da precarização, da “obsolescência planejada” em textos falados e cantados. 

Nascido no ano 2000, o o Núcleo Bartolomeu de Depoimento atua com contundência nas suas montagens. Utiliza os recursos do teatro épico e da cultura hip-hop para discutir o “ser” em processo. Na mão desses artistas o teatro é uma ótima arma.  

SERVIÇO
Terror e Miséria no Terceiro Milênio – Improvisando Utopias
Quando: De 28 de junho até 28 de julho. Sextas e sábados, às 21h e domingos, às 18h
DIA 12/07 Não haverá espetáculo
Onde: Sesc Bom Retiro (Rua Alameda Nothmann, nº 185).
Ingressos: R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia) e R$ 6 (credencial plena).
Capacidade: 250 lugares.
Duração: 120 minutos.
Classificação: 14 anos.

 

Elenco do espetáculo Terror e Miséria no Terceiro Milênio – Improvisando Utopias. Foto: Sérgio Silva 

FICHA TÉCNICA
Direção: Claudia Schapira
Dramaturgia: Claudia Schapira em colaboração com Lucienne Guedes e elenco – livremente inspirado em “Terror e Miséria no Terceiro Reich” de Bertolt Brecht.
Inserções de poemas: Jairo Pereira e Roberta Estrela D’Alva
Giovane Baffô e Paulo Faria
Tradução auxiliar: Camilo Shaden
Direção Musical: Dani Nega, Eugênio Lima e Roberta Estrela D’Alva
Direção de Movimento e Coreografias: Luaa Gabanini
Assistência de Direção: Maria Eugenia Portolano
Atores-MCs: Fernanda D’Umbra, Georgette Fadel, Jairo Pereira, Luaa Gabanini, Lucienne Guedes, Nilcéia Vicente, Roberta Estrela D’Alva, Sérgio Siviero e Vinícius Meloni.
Atores-MCse DJs: Dani Nega e Eugênio Lima
Direção de arte: Bianca Turner e Claudia Schapira
Vídeo e cenário: Bianca Turner
O vídeo Contém samples dos documentários “SLAM: Voz de Levante” de Roberta Estrela D’Alva e Tatiana Lohmann (poeta Kika Sena) e “Mães de Maio – um grito por justiça” de Daniela Santana )
Figurino: Claudia Schapira
Figurinista assistente: Isabela Lourenço
Técnica de spoken word e métricas: Roberta Estrela D’Alva
Kempô e Treinamento de Luta: Ciro Godói
Danças Urbanas: Flip Couto
Preparação Vocal: Andrea Drigo
Iluminação: Carol Autran
Engenharia de Som: Eugênio Lima e Viviane Barbosa
Costureira: Cleusa Amaro da Silva Barbosa
Cenotécnico: Wanderley Wagner da Silva
Design gráfico: Murilo Thaveira
Estagiárias: Isa Coser, Junaída Mendes, Maitê Arouca
Direção de Produção: Mariza Dantas
Produção Executiva: Jessica Rodrigues e Victória Martínez (Contorno Produções) e Núcleo Bartolomeu de Depoimentos- Teatro Hip-Hop
Assistente de Produção: Leticia Gonzalez (Contorno Produções)

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Somos todos Galileus

Um espetáculo altamente brechitiano com elenco liderado por Denise Fraga. Foto: Joao_Caldas

Um espetáculo altamente brechtiano com elenco liderado por Denise Fraga. Foto: João Caldas

Denise Fraga e o elenco de Galileu Galilei recebem o público na entrada do Teatro de Santa Isabel. É o início de um ritual que vai durar duas horas e meia sem intervalo. Com esse gesto a trupe, sob direção de Cibele Forjaz, ressalta o caráter da presença ao vivo dessa arte e as opções brechtianas da encenação: de ser e se mostrar teatro (em que os atores entram e saem dos personagens), de ser político, de costurar reflexões na carnadura da encenação, de tomar partido. Tudo isso vai sendo aprofundado ao longo da encenação.

Galileu Galilei é a segunda montagem de Denise Fraga de uma peça do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956). A outra foi A alma boa de Setsuan, que também esteve no Recife.

Esse derradeiro texto de Brecht A Vida de Galileu, rebatizado aqui como Galileu Galilei, pode chegar a quatro horas de duração. A encenação de duas horas e 20 para ser mais exata é puxada. Mas os atores são tão bons, o jogo é tão interessante, as músicas animam, as conexões com a realidade brasileira incendeiam os pensamentos, as reflexões sobre verdade, simulacro, manipulação, coragem e covardia fervilham na nossa cabeça.

Brecht criou três versões da biografia do cientista que confirmou  que a Terra orbita em torno do Sol. Dirigia a quarta com o  Berliner Ensemble, mas morreu em agosto de 1956, antes da estreia em Berlim.

Montagem traça conexões com a realidade brasileira. Foto: João Caldas

Montagem traça conexões com a realidade brasileira. Foto: João Caldas

Na Itália do século 17, Galileu (1564-1642) prova por A + B a doutrina de Copérnico – o Sol como centro do Universo . A Igreja não aceitou essa constatação de Galileu, que foi perseguido pela Inquisição e obrigado a negar publicamente seus estudos.

Por defender a infinitude do Universo, o frade dominicano, filósofo e teólogo italiano Giordano Bruno (1548-1600) foi acusado de prática de heresia e queimado na fogueira pela Inquisição, na cidade de Roma (Itália) em 17 de fevereiro de 1600. Galileu não quis seguir esses passos.

Atuação de Denise Fraga é exuberante e conta com ótimo elenco

Atuação de Denise Fraga é exuberante e conta com ótimo elenco

O que é a verdade? Questiona o espetáculo do começo ao fim. No palco eles falam sobre a Terra que orbitava em redor do Sol e se bulia ao redor do próprio eixo; da Lua, que se mexia em torno da Terra e de que esses movimentos ocorriam em outros planetas. A peça de Brecht também fala sobre verdades, manipulações.

Galileu esbarrou na interpretação da Bíblia. Hoje a intolerância religiosa pelo mundo afora produz atentados com vítimas. E levando a questão para o campo mais cotidiano calamos, nos abraçamos com meias-verdades para sobreviver, fazemos concessões, estamos atolados em contradições, evitamos o conflito para não perder o emprego, a amizade, o poder, a aventura amorosa.  Para pular as fogueiras diárias. Ou mesmo ao assumir as posturas de que eu não tenho nada a ver com isso.

O elenco brada todas as imperfeições desse Homem, que teima em ser o centro do universo, com todas as alegorias que a encenação utiliza.

A peça cutuca o retrocesso político do Brasil. Projeta a realidade do desmonte, da manipulação midiática, da defesa de teses insustentáveis mas insistidas à exaustão de propaganda. Expõe interpretações equivocadas e ridículas do comportamento dos políticos e da covardia de quem não aceita o embate da discussão de ideias.

A aviltante votação da abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff na Câmara Federal (em 17/04) ganha cena na peça.  O trecho evidencia o absurdo da situação e o vexame que os deputados impuseram aos brasileiros frente ao mundo, com suas “argumentações” pífias, sórdidas, desprezíveis. A diretora Cibele Forjaz também inseriu um flash com os “coxinhas batedores de panela” na encenação.

utilização de jornais remete para a montagem de Macunaima de Antunes Filho

Utilização de jornais nos figurinos remete para a montagem de Macunaima, de Antunes Filho

Em  1968, no dia 13 de dezembro, dia da promulgação do Ato Institucional número 5 – o AI-5 (que deu início ao recrudescimento da ditadura militar no país) José Celso Martinez Corrêa e seu Teatro Oficina estrearam a peça São Paulo. Nessa montagem emblemática de Galileu Galilei, a cena do Carnaval era a crítica do grupo a quem apoiava o novo governo. Cibele Forjaz  faz referência a essa ação na sua montagem.

Os figurinos feitos com jornais para a histórica montagem de Macunaíma (1978) , de Antunes Filho (adaptada do livro de Mário de Andrade) também entra no espetáculo numa passagem breve como celebração ao potente teatro contemporâneo brasileiro.

A trilha sonora de Lincoln Antônio e Théo Werneck reelabora músicas originais de Hanns Eisler para a obra original de Brecht e inclui sons inéditos, com direito a marchinha cuja letra é distribuída para que a plateia cante junto. Um clima de festa.

O espaço cênico lembra um picadeiro. O cenário, assinado por Márcio Medina, sustenta uma área circular dianteira, que deixa o palco mais próximo da plateia. Os atores também percorrem corredores. Na cena, um volumoso retângulo de madeira reporta a uma gigantesca escrivaninha: as gavetas, quando puxadas, transformam-se em escadaria. Os figurinos e adereços de Marina Reis trabalham com o conceito de montagem e desmontagem. A luz de Wagner Antônio segue em harmonia com esses movimentos.

Clima festivo e carnavalesco em algumas cenas. Foto: João Caldas / Divulgação

Clima festivo e carnavalesco em algumas cenas. Foto: João Caldas / Divulgação

Denise Fraga tem um talento cômico, que é bem conhecido da televisão. No teatro ela brinca com as sutilizas de Brecht entre o popular e o engraçado. Ao longo da peça, a atriz retira a peruca e mostra os enchimentos na barriga, narrando e comentando o personagem. Seu Galileu é humano, obsessivo, que se debate entre questões éticas, mas não é um herói impecável, e sim um cientista que sabia do valor da sua própria vida para o avanço da ciência. Um composição que merece aplausos.

O elenco afiado e dentro do espírito brechtiano – Lúcia Romano (a filha de Galileu), Théo Werneck, Maristel Chelala, Vanderlei Bernardino, Jackie Obrigon, Luís Mármora, Silvio Restiffe e Daniel WarrenJackie Obrigon, Ary França (inspirado no papel de um cão ou como o cardeal inquisidor) – defende com distinção e elegância seus personagens .

É louvável o modo articulado da encenação para falar de temas como astronomia, física, matemática, teologia de forma fluida e com linguajar compreensível. Tem vitalidade, crítica humor, ironia, uma narrativa de um personagem histórico, efeitos de estranhamento, como o uso de cartazes que anunciam o título e os acontecimentos de cada cena, e as songs, executadas com música ao vivo pelo elenco.

Com muito humor e ironia fica o recado do cientista: “Desgraçada é a terra que precisa de heróis”. Galileu é  um espetáculo festivo. Intensamente brechtiano, surpreendente, de comunicação expressiva com a plateia numa encenação potente e rica em detalhes de Cibele Forjaz.

Ficha técnica
Texto: Bertolt Brecht
Elenco: Denise Fraga, Ary França, Lúcia Romano, Théo Werneck, Maristel Chelala, Vanderlei Bernardino, Jackie Obrigon, Luís Mármora, Silvio Restiffe e Daniel Warren
Direção: Cibele Forjaz
Trilha Sonora: Lincoln Antônio e Théo Werneck
Cenografia: Márcio Medina
Figurinista: Marina Reis
Iluminação: Wagner Antônio
Produção Executiva: Lili Almeida
Direção de Produção: José Maria
Assessoria de Imprensa: Barata Comunicação
Transportadora Oficial: AVIANCA | Patrocínio Exclusivo: BRADESCO
Realização: NIA Teatro, Ministério da Cultura e Governo Federal

Serviço
GALILEU GALILEI
QUANDO: de 18 a 21 de Agosto; Quinta, Sexta e Sábado às 20h; Domingo às 19h
ONDE: Teatro de Santa Isabel – Praça da República, s/n
Quanto: R$70 (inteira) | R$35 (meia-entrada) *** R$52,50 (clientes Bradesco para compra de até 02 ingressos para o titular do Cartão Bradesco, AMEX. Desconto válido para compras na bilheteria, não acumulativo com outros descontos). *** R$ 35,00 (Para clientes e funcionários Avianca na compra de até́ 2 ingressos, mediante apresentação do bilhete aéreo ou do crachá Avianca e documento de identificação. Desconto válido para compras na bilheteria, não acumulativo com outros descontos).
Duração: 130 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Informações: (81) 3355-3322

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O homem que negou sua verdade

Denise Fraga protagoniza espetáculo Galileu Galilei. Fotos: João Caldas/ Divulgação

A Terra não é o centro do Universo, proclamou Galileu Galilei (1564-1642). Por isso quase foi queimado na fogueira pela Inquisição. Para sobreviver, abjurou. Em A Vida de Galileu, Bertolt Brecht (1898-1956) conta as façanhas desse cientista italiano. Ao negar seus próprios estudos, o físico decepcionou seus discípulos. Um deles reclama que uma terra sem heróis é desgraçada. Galileu responde: “Não. Desgraçada é a terra que precisa de heróis”.

Com Denise Fraga no papel central da encenação assinada por Cibele Forjaz, Galileu Galilei dispara metáforas sobre a realidade brasileira, parecendo encomendada para 2016. A montagem bem-humorada, posicionada politicamente, debochada e crítica abre espaço para a aparição dos “coxinhas batedores de panela”, de cabeleiras louras e pela execução do hino da Internacional Comunista. A trilha, assinada por Théo Werneck e Lincoln Antônio, aguça o espírito carnavalesco da encenação.

A montagem produzida por José Maria traz no elenco Ary França, Lúcia Romano, Théo Werneck, Maristela Chelala, Vanderlei Bernardino, Jackie Obrigon, Luís Mármora, Silvio Restiffe e Daniel Warren. A peça chega ao Recife para um curta temporada no Teatro de Santa Isabel, de 18 a 21 de agosto, quinta, sexta e sábado às 20h; e domingo, às 19h.

Brecht põe em xeque a figura do herói e a sociedade que embaraça a liberdade com seus estranhos jogos de poder

Bertolt Brecht levou mais de uma década para compor o texto dramático Vida de Galileu (Das Leben des Galilei), de 1933, lançado em plena Alemanha nazista, e reelaborado depois. Exilado, o dramaturgo assinou um segundo tratamento, em 1938, na Dinamarca. E conferiu a estreia da a peça em 1943, na Suíça. Ele concebeu uma nova encenação nos Estados Unidos, onde morava, depois do fim da Segunda Guerra e ainda sob o efeito das bombas atômicas de Hiroshima e de Nagasaki. Nas versões apresentadas Galileu ganha as marcas do herói, vítima da Inquisição, mas que continuou a desenvolver suas teorias às escondidas. Ou o protagonista aparece como um homem comum, coberto pela ambição e afetado pelos próprios vícios.

Em 1956, já de volta à Alemanha, Brecht ensejava uma nova montagem para a quarta versão do texto, que seria encenado em seu próprio teatro, o Berliner Ensemble, mas morreu antes da  estreia.

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O cientista vira uma ameaça e cai nas garras da Santa Inquisição

Há muitas camadas de interesses nesse mapa geopolítico habitado por Galileu. No século 17, em plena Contrarreforma, a contenda pela hegemonia política e econômica do mundo movia os reinos conhecidos hoje como Espanha, Inglaterra, França, Alemanha e Holanda (entre outros). O alvo era posse de colônias na América, África e na Ásia. A Europa estava dividida entre União Evangélica de um lado e Liga Católica do outro. Lutero (Alemanha), Calvino (França) e Henrique VIII (Inglaterra) já haviam desafiado a força do Vaticano. A Inquisição precisava mostrar sua força.

Galileu construiu um telescópio com o qual conseguiu comprovar a teoria heliocêntrica do polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), que sustentava que a Terra gravitava em torno do Sol, e não o oposto, como se aceitava desde o modelo geocêntrico de Ptolomeu, do século II. Mas sob a perspectiva da Igreja era inadmissível que Deus não tivesse colocado o homem no centro do universo.

Amigo do Papa Urbano VIII, apreciador de pequenos luxos e dos prazeres mundanos, o astrônomo, físico e matemático italiano tentava harmonizar suas pesquisas e as benesses do poder. Um controverso e rico personagem. Que desperta conflitos éticos. Herói e anti-herói.

A atuação de Denise Fraga no papel do cientista reforça o caráter brechitano da montagem. Alguns procedimentos evidenciam essa quebra da ilusão teatral, como a colocação e retirada da peruca e a exibição da barriga pela atriz, ao assumir as funções de narradora e comentarista.

Galileu, Galilei

Elenco é formado por 10 atores, sob direção de Cibele Forjaz

José Celso Martinez Corrêa dirigiu para o Teatro Oficina uma montagem histórica de Galileu Galilei, que estreou em São Paulo no dia 13 de dezembro de 1968, dia da promulgação do Ato Institucional número 5 – AI5. No elenco estavam os atores Cláudio Corrêa e Castro, Ítala Nandi, Esther Góes, Fernando Peixoto, Renato Borghi, Raul Cortez, Othon Bastos, Otávio Augusto, Pedro Paulo Rangel e muitos outros atores. O espetáculo, de quase 2h30 sem intervalo, estreou em maio de 2015, em São Paulo e ficou nove meses em cartaz.

5 DIII

Montagem traça paralelo com a realidade brasileira

Ficha técnica
Texto: Bertolt Brecht
Elenco: Denise Fraga, Ary França, Lúcia Romano, Théo Werneck, Maristel Chelala, Vanderlei Bernardino, Jackie Obrigon, Luís Mármora, Silvio Restiffe e Daniel Warren
Direção: Cibele Forjaz
Trilha Sonora: Lincoln Antônio e Théo Werneck
Cenografia: Márcio Medina
Figurinista: Marina Reis
Iluminação: Wagner Antônio
Produção Executiva: Lili Almeida
Direção de Produção: José Maria
Assessoria de Imprensa: Barata Comunicação
Transportadora Oficial: AVIANCA | Patrocínio Exclusivo: BRADESCO
Realização: NIA Teatro, Ministério da Cultura e Governo Federal

Serviço
GALILEU GALILEI
QUANDO: de 18 a 21 de Agosto; Quinta, Sexta e Sábado às 20h; Domingo às 19h
ONDE: Teatro de Santa Isabel – Praça da República, s/n
Quanto: R$70 (inteira) | R$35 (meia-entrada) *** R$52,50 (clientes Bradesco para compra de até 02 ingressos para o titular do Cartão Bradesco, AMEX. Desconto válido para compras na bilheteria, não acumulativo com outros descontos). *** R$ 35,00 (Para clientes e funcionários Avianca na compra de até́ 2 ingressos, mediante apresentação do bilhete aéreo ou do crachá Avianca e documento de identificação. Desconto válido para compras na bilheteria, não acumulativo com outros descontos).
Duração: 130 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Informações: (81) 3355-3322

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Berliner Ensemble no Porto Alegre em Cena

“Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento.
Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem.”

Bertolt Brecht (1898-1956)

Mãe Coragem e seus Filhos é destaque no POA em cena. Foto: Berliner Ensemble/Divulgação

Desumanização em tempos de guerra. O dramaturgo, encenador e teórico Bertolt Brecht tratou disso com maestria na obra-prima Mãe Coragem e Seus Filhos, escrita em 1939. Durante três noites, a mitológica companhia Berliner Ensemble (fundada em 1949 por Brecht), apresenta a peça no Theatro São Pedro (de quinta a sábado), dentro do Porto Alegre Em Cena. A encenação é de Claus Peymann, diretor artístico do grupo com ambiente musical de Paul Dessau. A montagem tem três horas de duração.

A peça acompanha a determinada Anna Fierling – interpretada pela atriz Carmen-Maja Antoni, que carrega nos ombros um mundo feroz.

Essa mascate segue o exército sueco puxando uma carroça (morada familiar e comércio ambulante) com os filhos e recolhendo os despojos do campo de batalha. entre a penúria e as atrocidades de um tempo sem paz, ela tenta salvar seus filhos.

Atriz Carmen-Maja Antoni no papel de Anna Fierlingn

A matriarca vê sua prole tombar violentamente, um a um. Mas não desiste de uma lógica cruel de que na guerra é preciso faturar algo sem se convencer sobre a irracionalidade dos dois lados do front. A guerra é a grande vilã do texto brechtniano. A protagonista segue sozinha, entre escombros e ruínas.

Mãe Coragem e Seus Filhos pode ser ambientada em qualquer tempo. Mas o subtítulo original, Crônica da Guerra dos Trinta Anos, aponta para o século 17, época de conflitos religiosos e de reinados. A peça também ilumina as desrazões do mundo mercantilizado do século 21 e da desnatureza das relações sociais, da indústria bélica e até do massacre sofrido pelo indivíduo em suas lutas cotidianas.

A guerra é a grande vilã do texto brechtniano

O escritor e professor gaúcho Luiz Paulo Vasconcellos (um dos homenageados do festival) é enfático ao dizer que Brecht representa a maior revolução do teatro do século 20. “Brecht foi revolucionário porque levou atores e público a pensar. A pensar sobre política. A pensar sobre a condição e o valor do poder numa sociedade injusta e preconceituosa. A pensar sobre a legitimidade do poder. Antes dele, que eu me lembre, só Shakespeare havia explorado o tema com profundidade. No século 20, só Brecht”, pontua.

O Porto Alegre em Cena, mais uma vez, cuida de atualizar as plateias brasileiras da cena internacional. De uma cena fundamental.

Ficha técnica

Direção: Claus Peymann
Texto: Bertolt Brecht
Dramaturgia: Jutta Ferbers
Música: Paul Dessau
Maestro: Rainer Böhm
Elenco: Carmen-Maja Antoni, Winfried Goos, Gudrun Ritter, Roman Kanonik, Christina Drechsler, Martin Seifert, Veit Schubert, Michael Rothmann, Axel Werner, Detlef Lutz, Michael Kinkel, Manfred Karge, Roman Kaminski, Ursula Höpfner-Tabori, Anke Engelsmann e Anna Graenzer
Músicos: Matthias Erbe e Michael Yokas (Violino), Cathrin Pfeifer (Acordeon), Silke Eberhard (Saxofone Alto, Clarinete, Clarinete baixo) e Katharina Thomas (Teclado e Voz) / Palco: Frank Hänig
Figurino: Maria-Elena Amos
Duração: 180min (com intervalo)
Recomendação Etária: 14 anos

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