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Balé de São Paulo explora facetas da paixão

Coreografia Uneven, do espanhol Cayetano Soto. Foto:  Wellington Dantas/MBD.

Coreografia Uneven, do espanhol Cayetano Soto. Foto: Wellington Dantas/MBD.

mbd-22233Técnica, ousadia e experimentação. Assistir ao espetáculo do Balé da Cidade de São Paulo foi um exercício para os sentidos. O grupo fez duas sessões, uma no sábado e outra no domingo, no Teatro de Santa Isabel. E a participação da companhia na 12ª Mostra Brasileira de Dança se revelou como uma pequena panorâmica da companhia. As três coreografias, de três artistas estrangeiros, têm em comum a destreza e entrega dos bailarinos e um jogo narrativo ora mais transparente ora com um vocabulário mais denso da dança.

Uneven, do espanhol Cayetano Soto, lança desenhos geométricos no chão, no ar e no corpo dos bailarinos para configurar um mundo em eterno desequilíbrio. Ou a incessante busca humana por uma lógica que explique coisas incompreensíveis. Há um traçado complexo na sequência de gestos, nos movimentos minuciosos. O preto e branco do figurino expressam também essa ideia de fora do eixo defendida pelo coreógrafo.

Os oito bailarinos em cena executaram uma movimentação cerebral e a iluminação com suas sombras e brumas, que criam rotas de fuga dentro da espacialidade do palco, exercem um papel fundamental na montagem. A sonoplastia também ocupa lugar de destaque. O efeito dos bailarinos surgindo das sombras no fundo do palco é um momento de grande beleza cênica. É uma dança que expõe também o corpo treinado do elenco no balé clássico.

O jogo de atração e repulsão sentimental é explorado no quadro O Balcão de Amor

O jogo de atração e repulsão sentimental é explorado no quadro O Balcão de Amor

O Balcão de Amor, do israelense Itzik Galili, ostenta uma narrativa divertida, engraçada, bem-humorada. A sensualidade de um casal que assume o papel de caça ou caçador do jogo amoroso, invertendo as funções, é explorada de forma inteligente, sarcástica, numa brincadeira de esconde-esconde do desejo. O mambo do cantor cubano Pérez Valdez (1916-89) cria uma cumplicidade com a música sem seguir os passos catalogados dessa dança. Os dois bailarinos se atraem e se rejeitam numa oscilação ágil com ingredientes cômicos.

Cantata

Cantata, visão calorosa da paixão em coreografia do italiano Mauro Bigonzetti

Frenética e extravagante. Outra faceta do jogo de sedução é dançada em Cantata, do italiano Mauro Bigonzetti. Mas desta vez a temperatura sobe e é multiplicada por 20 bailarinos, que enchem o palco com bailados de acasalamento, de lutas, de paixões arrebatadoras. Formando grupos de vários números, mas sempre com muita vibração, eles traduzem o burburinho de uma aldeia italiana, com seus encontros e desencontros.

O sangue italiano correndo nas veias é traduzido em gestos de explosões de amor e de raiva. Os sentimentos fervem, borbulham, contagia cada um dos participantes. Vulcão pronto a entrar em erupção. Só achei que acrescentam pouco as frases dos bailarinos. Uma quebra e uma ordenação que já estão inscritas no corpo. Mas é uma dança que instiga para a vida. Repleta de emoção faz um contraponto com a primeira coreografia do espetáculo. Uma participação ovacionada na Mostra de Dança.

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Balé de São Paulo em três movimentos

Coreografia Balcão do amor. Foto: Sylvia Masini

Coreografia Balcão do amor. Foto: Sylvia Masini

mbd-22233A longevidade e o rigor técnico do elenco e da equipe artística são marcas reconhecidas do Balé da Cidade de São Paulo. Na 12ª Mostra Brasileira de Dança a companhia apresenta três coreografias: Uneven, de Cayetano Soto; O Balcão de Amor, do israelense Itzik Galili e Cantata, do italiano Mauro Bigonzetti. O programa expõe três facetas desse grupo de 47 anos de trajetória. As sessões são hoje, às 20h30 e amanhã, às 20h, no Teatro de Santa Isabel.

O espanhol Soto é conhecido por suas coreografias complexas e imprevisíveis. Em Unevem os bailarinos executam movimentos minuciosos para projetar a sensação de estar fora do eixo, ressaltando no desenho de palco o sentido do desequilíbrio. A música de David Lang é tocada pelo violoncelista Raïf Dantas.

A música O Balcão de Amor, do cantor cubano Pérez Valdez (1916-89) é a inspiração direta da coreografia O Balcão do Amor, de Itzik Galili. O mambo impulsiona essa peça sexy, repleta de energia, alegre, ágil e com toques de humor. O espetáculo ausculta o sentimento do título que move o ser humano.

Pense numa paixão explosiva! Cantata cria em gestos e movimentos a atração física e os atritos de uma relação caliente no Mediterrâneo. Com as cores vibrantes do sul da Itália.

SERVIÇO
Uneven, do espanhol Cayetano Soto; O Balcão de Amor, do israelense Itzik Galili e Cantata, do italiano Mauro Bigonzetti
Grupo: Balé da Cidade de São Paulo – BCSP (São Paulo/SP) dirigido por Iracity Cardoso
Quando: Hoje, 20h30 e amanhã, às 20h
Onde: Teatro de Santa Isabel
Quanto: R$ 20 e R$ 10

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Theatro Municipal de São Paulo é reaberto

Theatro Municipal de São Paulo será reaberto nesta sexta. Fotos: Prefeitura de SP

Três anos de reformas e restaurações chegaram ao fim. O Theatro Municipal de São Paulo será reaberto neste fim de semana com concerto da Orquestra Sinfônica Municipal, do Coral Lírico, e do Quarteto de Cordas, além da participação de solistas. A regência será de Abel Rocha. Hoje e amanhã, as apresentações são fechadas para convidados, mas no domingo, dia 12, três meses antes de completar 100 anos, o público em geral voltará à casa.

O investimento na reforma do Municipal ficou em torno de R$ 28 milhões, mas o processo não ocorreu sem atropelos. As obras começaram em 2008, o teatro fechou mesmo no mês de Dezembro de 2009 e a expectativa era de que fosse reaberto em Agosto do ano passado, mas problemas com o processo de licitação impediram que o prazo fosse cumprido.

Uma matéria do Estadão sobre a reabertura da casa cita, inclusive, um pernambucano. João Ventura da Silva, 58 anos, é funcionário da Telem, empresa especializada em iluminação e cenotecnia responsável pela renovação do palco, que entrou no projeto de reforma há dez meses. Além de João, mais de 100 operários estão envolvidos na reforma.

Foram instalados equipamentos de áudio e vídeo, 70 varas do cenário, motorizadas e mecânicas (antes cada vara não suportava mais do que 150 quilos; hoje, são 900), 600 refletores. De acordo com o site da prefeitura de São Paulo, “as obras foram divididas em três fases e tiveram 85% de cada uma delas, custeadas com recursos do BID, e os 15% restantes pagos pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura.

A primeira, no valor de R$ 7,2 milhões, conferiu a reforma do salão nobre (piso e vitrais), da fachada, além do restauro do restaurante. A segunda, no valor de R$ 19 milhões, contemplou a reforma das poltronas e atualização tecnológica do palco. A terceira e última, no valor de R$ 1,5 milhão, se refere à pintura e restauração interna do prédio”.

Programação – Se o mês de junho será dedicado à música, em julho, o palco do Municipal será da dança. Estão previstas apresentações de companhias como o Ballet Stagium, o Balé da Cidade de São Paulo (com suas duas novas coreografias) e a São Paulo Companhia de Dança. A comemoração do centenário, em setembro, será com a ópera Rigoletto, de Verdi, que terá direção cênica de Felipe Hirsch e cenografia de Daniela Thomas. (Confira aqui a programação do Theatro Municipal)

O corpo artístico do Theatro Municipal de São Paulo é composto pela Orquestra Sinfônica Municipal, Orquestra Experimental de Repertório, Balé da Cidade de São Paulo, Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo, Coral Lírico, Coral Paulistano e as Escolas de Dança e de Música de São Paulo.

Na comemoração do centenário, ópera de Verdi terá direção cênica de Felipe Hirsch

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