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Um elogio à gambiarra e à precariedade

Performance de Flavia Pinheiro convoca objetos obsoletos para fazer um paralelo entre  corpo e tecnologia

Performance de Flavia Pinheiro convoca objetos obsoletos para traçar paralelo entre corpo e tecnologia

A vida corre alucinante. A tecnologia joga no mercado milhares de objetos, em substituição a outros. Invenção, alimentação, subversão. A hiperatividade estético-midiática é um desafio para a arte contemporânea. A artista Flavia Pinheiro opera na contramão dessa velocidade na performance Diafragma: dispositivo versão beta e enaltece os dispositivos low tech e as tecnologias obsoletas.

Criado pela atriz, bailarina e performer Flavia Pinheiro em parceria com o músico argentino Leandro Oliván, Diafragma: dispositivo versão beta integra o projeto de ocupação da Galeria Capibaribe chamado O Solo no CAC. As apresentações começaram ontem e seguem até sexta-feira, sempre às 18h. A curadoria do programa é de Francini Barros, Bruno Siqueira e Luís Reis.

Diafragma, essa performance-manifesto, pensa o papel das tecnologias na vida cotidiana. E reflete sobre a urgência de substituição de objetos na lógica do capitalismo, que produz e joga no mercado bens altamente perecíveis. Para serem substituídos, trocados. Expõe formas de automatização como parte de um dispositivo motor. A partir de uma série de exercícios constrói a experiência do corpo-metáfora dessa reinvenção de objetos em desuso.

A atriz interopera com diferentes peças criadas e reutilizadas por Leandro Oliván. Amplifica o estado obsoleto desses artefatos.

Seu corpo atua no tempo de forma nômade na busca de (des)territorialização

Diafragma atua no tempo de forma nômade na busca de (des)territorialização

Flavia realiza um trabalho sofisticado, fruto de um treinamento duro para produzir significados do seu corpo-máquina. Incorpora as provocações teóricas de filósofos como Gilles Deleuze e Flusser, Gerald Raunig e Michael de Certeau.

Sobre dispositivos deleuzeanos e suas linhas de força heterogêneas que se interconectam em processos dinâmicos e fluidos que desembocam no desequilíbrio, a artista explode em sentidos de uma poética de constatação/contestação de crítica social e política.

De Vilém Flusser ela carrega para a cena os vetores estéticos de fabricação de sentidos produzidos no interior desses aparelhos.

Sobem e descem escalas em hibridação não cronológicas. Os procedimentos de Diafragma exigem do corpo da artista posicionamento e movimentação de grande esforço dos músculos e moléculas, na primeira parte; e alta inventividade em toda a composição que envolve as tecnologias de produção de ruídos, imagens, sensações e narrativas.

Diafragma:dispositivo versão Beta
Quando: 16,17 18 e 19 de junho, às 18h
Onde: Galeria Capibaribe (CAC- Centro de Artes e Comunicação -UFPE)
Quando: A entrada gratuita .
Duração: 42 minutos

Ficha técnica
Criação e Performance: Flávia Pinheiro
Objetos e Ruídos: Leandro Oliván
Fotografia: Pri Camara
Produção: Coletivo Mazdita

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