Geração Y

Magiluthianos. Foto: Mariana Rusu

O Magiluth é geração Y. Querem viver tudo, intensamente, rápido. Não esperam acontecer. Vão lá e fazem.
São articulados, constróem redes, se jogam. Agora, eles concretizaram mais um projeto: o Trema! Festival de Teatro de Grupo do Recife, que começou na última segunda e segue até o dia 14 na capital pernambucana. O Trema! é fruto das andanças do grupo pelo país, do convívio com outros coletivos, da vontade de sair da mesmice. O Satisfeita, Yolanda? adorou a ideia e virou parceiro do festival. Vamos tentar aqui estabelecer um diálogo sobre as montagens e sobre o que é fazer teatro para esta geração. Começamos com uma entrevista com Pedro Vilela, ator e diretor do Magiluth.

ENTREVISTA // PEDRO VILELA – ATOR E DIRETOR DO GRUPO MAGILUTH

Recife já tem muitos festivais! Porque fazer mais um?
O Trema! é pensando não para ser mais um evento que agrega produções distintas na cidade. Ele é pensado com um recorte de pensamento e com uma linha de atuação bastante específica. Antes de ser um evento, é a possibilidade de congregarmos pesquisas e pensamento perante o teatro de grupo. Cada vez mais, os grupos teatrais no país vêm buscando a criação de redes internas de circulação e compartilhamento e não possuímos em nossa cidade nada parecido.

Qual foi o critério que vocês usaram para escolher as montagens?
Esta primeira edição do Trema! esta muito pautada no desejo do encontro. Como unir numa cidade como Recife, sem nenhum edital aprovado, todos estes coletivos? Ativamos uma rede de encontros que só foi possível porque encontramos parceiros desejosos. São grupos que encontramos em nossas circulações e que por afinidades estéticas e de modo de produção resolvemos unir para compreendermos melhor e aprofundarmos estas relações. Também está pautada na possibilidade de oferecer ao público do estado trabalhos que não se encontram nas grandes rotas do teatro. Esteticamente dialogam muito por abordarem questões que passam pela política e pelo existencial. Assim como no Aquilo (nosso espetáculo escolhido), os espetáculos também lidam com questionamentos sobre os limites entre realidade e ficção; sobre a relação entre memória e história; e sobre os conflitos entre o universo particular e o coletivo.

Quando a gente pensa em festival, lembra logo de grana; com que grana vocês vão fazer o festival?
Nosso festival não possui incentivo financeiro de nenhum órgão federal, municipal ou estadual. As parcerias criadas são com instituições e empresas privadas. Recebemos o apoio fundamental de duas instituições: o SESC, que possibilitou a hospedagem para todos os coletivos; e o Programa Rumos Itaú, que nos ofereceu oficinas e o documentário. Os grupo que estão aportando no Recife possuem projetos de circulação aprovados e solicitaram aos órgãos responsáveis para mudarem a rota e virem a Recife. Ou seja, não estamos visando lucros. Estamos todos trabalhando, sem recursos, inclusive colocando dinheiro do Magiluth na produção para ativarmos esta rede de encontro e compartilhamento.

Aquilo que meu olhar guardou para você, na temporada do Teatro Joaquim Cardozo. Foto: Ivana Moura

Pensando que as relações são tão líquidas, como adoramos lembrar no teatro, porque você acha que o teatro de grupo ainda sobrevive?
Simplesmente porque é nele que reside nossa base de subsistência. Estar em Teatro de Grupo é acima de qualquer coisa um posicionamento político, e hoje cada vez mais temos medo de nos posicionarmos. Preferimos a liberdade de estar aqui hoje e amanhã em outro lugar. Tomamos esta decisão há oito anos: a de estarmos juntos em todos os lugares, lutando juntos. Este é o modo de produção que acreditamos e que a história nos mostra todo dia. Se olharmos para a história de nossa arte, tudo que aconteceu de interessante veio de grupos. Até mesmos os grandes encenadores e teóricos precisaram de grupos para colocar em prática seus pensamentos.

Qual o tipo de teatro que o Magiluth quer fazer hoje?
Temos a preocupação de realizar obras que dialoguem com nosso tempo, sem pudores ou limites de abordagens. Desejamos comunicar, sermos ouvidos, dialogar. Compreender também para onde nossa arte aponta e nosso estar no mundo enquanto artistas.

Sei que vocês estão maturando a ideia de ter uma sede que possa abrigar espetáculos; isso já está acontecendo com alguns grupos da cidade. Como está esse projeto?
Estamos em estudos para darmos este próximo passo. Todas as nossas ações, por estarmos em grupo, são pautadas a longo prazo. Não podemos dar passos maiores do que as pernas, pois hoje contamos com uma estrutura física-financeira grande que temos que dar conta. Trabalhamos com um núcleo de cinco atores com salários em dia, plano de saúde, sede alugada, 05 espetáculos em repertório, 05 profissionais colaboradores e atualmente obrigados a nos ausentar muito de nossa cidade. Mas a ideia é sim termos um espaço que abrigue nosso repertório e que principalmente abrigue novas produções da cidade. Queremos muito contactar os novos grupos, aqueles que passam hoje pelo que passamos no início. Mas o projeto da sede esta próxima. Assim desejamos. Quem sabe em 2013?

PROGRAMAÇÃO TREMA!

QUARTA-FEIRA / 10.out

14h às 17h
Oficina Meus delírios, meus delitos
Teatro Kunyn (SP)
Local: Espaço Magiluth – Recife Antigo

Proibido retornar. Foto: Juliana Palhares

19h
Proibido Retornar
Grupo Teatro Invertido (MG)
Local: Teatro Camarotti – Sesc Santo Amaro

20h
Lançamento do livro Cenas Invertidas – Dramaturgias em Processo
Grupo Teatro Invertido (MG)
Local: Teatro Camarotti – Sesc Santo Amaro

QUINTA-FEIRA / 11.out

19h
Proibido Retornar
Grupo Teatro Invertido (MG)
Local: Teatro Camarotti – Sesc Santo Amaro

21h
Aquilo que meu olhar guardou para você
Grupo Magiluth (PE)
Local: Teatro Apolo – Recife Antigo

SEXTA-FEIRA / 12.out

9h30 às 12h30 e das 14h às 17h
Oficina Rumos Teatro
Narrativas urbanas na terra sem lei
Núcleo Argonautas (SP) e Cia Senhas (PR)
Local: Espaço Magiluth – Recife Antigo

Dizer e não pedir segredo. Foto: Adalberto Lima

19h
Dizer e não pedir segredo
Teatro Kunyn (SP)
Local: Espaço Cênicas – Recife Antigo

SÁBADO / 13.out

9h30 às 12h30 e das 14h às 17h
Oficina Rumos Teatro
Narrativas urbanas na terra sem lei
Núcleo Argonautas (SP) e Cia Senhas (PR)
Local: Espaço Magiluth – Recife Antigo

19h
Dizer e não pedir segredo
Teatro Kunyn (SP)
Local: Espaço Cênicas – Recife Antigo

a partir das 22h
Festa de Encerramento do TREMA!
Restaurante Sétima Arte
Local: Rua Capitão Lima, 195, Santo Amaro

DOMINGO / 14.out

15h
Documentário Evoé! Retrato de um Antropofágico
Direção: Tadeu Jungle e Elaine Cesar
110 min/ Classificação: 16 anos
Local: Centro Cultural Correios – Recife Antigo

19h
Dizer e não pedir segredo
Teatro Kunyn (SP)
Local: Espaço Cênicas – Recife Antigo

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