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Corpo e poesia: Magiluth e Miró no teatro

Miró: Estudo Nº2 estreia em curta temporada no Itaú Cultural. Foto: Ashlley Melo

“A minha poesia, ela não é só a minha poesia, ela é o meu corpo.”
Miró da Muribeca em entrevista para a Trip TV

Giordano Castro, ator e dramaturgo do grupo Magiluth, do Recife, disse que já viu acontecer: “As pessoas pegarem o livro e alguém dizer, ah, mas tu tem que ver, bota o vídeo dele na internet. Caralho! Não, porra. Lê, caceta. Ele é foda e tal, mas a gente é finito. Ele morreu, a gente vai morrer, todo mundo vai. E o que vai ficar é o que o cara produziu. E obviamente era incrível ver a performance dele, mas isso era ele. E o que cabe ao Magiluth? O que vai caber a outra pessoa fazer?”, questiona.

Nesta quinta-feira, 20 de abril, o encontro entre o grupo de teatro pernambucano e Miró da Muribeca, poeta que andava pelas ruas do Recife vendendo os próprios livros e fazendo poesia do que via, vai estrear no Itaú Cultural. Miró: Estudo nº2 segue a trilha aberta por Estudo nº1: Morte e Vida, inspirada em Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, que também estreou em São Paulo, em janeiro de 2022, no Sesc Ipiranga.

Mas, antes desses dois, tiveram também os trabalhos da sobrevivência, quando só dava para criar de dentro de casa e o corpo era materializado na imaginação de quem ouvia a voz dos atores em Tudo que coube numa VHS, Todas as histórias possíveis e Virá. E, se a gente puxar, o novelo vai longe, porque as coisas estão entrelaçadas e vão se desdobrando na trajetória de um grupo que permanece junto desde os tempos dos corredores do Centro de Arte e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco, em 2004, quando o grupo foi formado.

Se a principal pergunta de Estudo nº1 é “como montar uma peça de teatro?”, a pergunta evocada em Estudo nº2 é “como fazer um personagem?”, a partir da obra e da figura de Miró, que morreu em julho de 2022, aos 61 anos. “A gente tem uma perspectiva muito particular sobre personagem, sobre se colocar em cena. Não há uma investigação muito stanislavskiana ou aprofundada mesmo. É algo muito mais perto do jogo, do estado de presença, do que da ideia da própria figura”, conta Castro.

Miró escrevia poesia sobre a cidade, o amor, a violência e tudo que via. Foto: Ashlley Melo

O grupo pensou em montar uma peça a partir da obra de Miró em 2015, quando ocupava uma sala no Edifício Texas, no bairro da Boa Vista, região central do Recife, e passou a encontrar e conviver com Miró mais de perto. Em parceria com o diretor Pedro Escobar, chegaram a gravar alguns vídeos com poesias e mostraram ao cronista lírico do cotidiano, como se definia João Flávio Cordeiro da Silva, nome de registro de Miró.

O poeta, que sim, performava suas poesias de maneira única, disse algo que marcou os atores. “Nossa, eu gosto muito de ver os vídeos de vocês porque eu vejo a minha poesia e isso é muito forte. Sempre quando me dizem poeta, dizem que minha poesia é minha performance, como se uma coisa estivesse sempre ligada a outra e quando eu vejo vocês fazendo, eu não vejo a minha performance, eu vejo o meu texto, a minha poesia”, relembra Giordano Castro.

E ainda que palavra seja corpo, principalmente depois da morte de Miró, vincular sua poesia à sua performance não seria matar ou deixar morrer também a poesia? E o quanto a pecha de performático, que nesse caso carrega muitos julgamentos, como àqueles relacionados ao consumo de álcool, uma questão com a qual Miró teve que lidar principalmente depois da morte da mãe, pode reduzir ou restringir a obra em tantos âmbitos?

Se as coisas não mudaram (já que essa conversa com Giordano Castro foi no fim de março), você, espectador, pode esperar uma cena de 20 minutos, só com textos de Miró. “E vai ser uma cena de teatro”, avisa. “E a gente diz, velho, vê como é possível a poesia desse cara se transformar e ir para lugares além dele! Não, nós não vamos reduzir a poesia de Miró a ele mesmo”.

Miró: Estudo N°2, do Grupo Magiluth

Quando: de 20 a 30 de abril, de quinta-feira a domingo
Horário: Quinta-feira a sábado, às 20h; domingos e feriados às 19h
Quanto: Gratuito.
Ingressos: Para retirar ingressos com antecedência, é preciso acessar o site do Itaú Cultural. Os ingressos reservados valem até 10 minutos antes do início da sessão. Após esse horário, os ingressos que não tiverem o check-in feito na entrada do auditório, perdem a validade e serão disponibilizados para a fila de espera organizada presencialmente. A bilheteria presencial abre uma hora antes do evento começar para retirada de uma senha, que posteriormente pode ser trocada pelos ingressos de pessoas que não compareceram.
Duração: 90 minutos

Ficha Técnica:
Direção: Grupo Magiluth
Dramaturgia: Grupo Magiluth
Atores: Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira e Giordano Castro
Stand in: Mário Sergio Cabral e Lucas Torres
Fotografia: Ashlley Melo
Design gráfico: Bruno Parmera
Colaboração: Grace Passô, Kenia Dias, Anna Carolina Nogueira e Luiz Fernando Marques
Realização: Grupo Magiluth

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As mais belas, e instigantes, críticas teatrais
Livro “Na Plateia”, de
Mariangela Alves de Lima

A crítica teatral Mariangela Alves de Lima lança livro em São Paulo. Foto: Gabriela Biló / Divulgação

Na década de 1990, com internet limitada, e nem pensar nas redes sociais como existem hoje, euzinha, lá no Recife ansiava pelos dias em que eram publicadas as críticas de Mariangela Alves de Lima, no jornal O Estado de São Paulo. Seguia o ritual de ir à banca de revistas e lambuzar os dedos com aquela tinta típica. Ficava menos interessada com as outras sessões. Uma ou outra coisa chamava minha atenção dentro daquela estrutura de pensamento conservador. 

Os textos da crítica, ensaísta e pesquisadora eram lareira que, para mim, se tornavam maiores que o próprio jornal. Eu que já trabalhava no Diario de Pernambuco, um centenário pernambucano, e além de reportagens, ensaiava minhas própria críticas. 

Os artigos de Alves de Lima, na maioria sobre espetáculos de São Paulo, se alumiavam das páginas do matutino paulistano e alimentavam a minha imaginação, o amor pelo teatro, a vontade de aprender a ponto de ficar repleta de pulsações que gerassem análises seguindo o fluxo de reflexão e emoção plenas do meu próprio corpo. Meu desejo era, quem sabe um dia, escrever tão bem quanto ela, de um jeito transparente, com um diálogo acolhedor, sem lacração, traçando pontes. Desejos são desejos. E foram. O texto da Mariângela é único e inigualável.

Quando Mariângela foi demitida do Estadão, depois de 40 anos de ofício, ocorreram protestos – inclusive abaixo-assinado – por parte da classe artística, coisa incomum na prática da crítica teatral brasileira. Foi um choque a decisão administrativa do jornal, como registra o jornalista Valmir Santos, na reportagem a demissão de Mariangela Alves de Lima – 40 anos de critica no TeatroJornal. Esse movimento de defesa da crítica reafirmou o papel singular exercido por ela, como também os laços de afetos construídos com os artistas da cena e o público ao longo de sua trajetória.

Isso faz parte da história.

Mariangela Alves de Lima nasceu em 1947, em São Paulo. É da primeira turma da Escola de Comunicações e Artes da USP, onde estudou Artes Cênicas, especializando-se em Crítica Teatral.
Dentre seus mestres formadores destacam-se Sábato Magaldi, Jacó Guinsburg e Décio de Almeida Prado.
No jornal O Estado de S. Paulo se estabeleceu como uma das maiores críticas de teatro do Brasil.
Atuou no Estadão durante quarenta anos, de 1972 a 2011. Escreveu e publicou incontáveis textos, críticas e ensaios, com destaque para o livro que organizou com Jacó Guinsburg e João Roberto Faria: Dicionário do teatro brasileiro.

O livro Mariangela Alves de Lima: Na Plateia (Edições Sesc São Paulo) reúne 290 textos de sua autoria, escritos entre 1972 e 2011 e publicados no Estadão.

O lançamento oficial ocorre neste 17 de novembro, quinta-feira, às 19h, no Sesc Consolação. Está agendada uma conversa entre a  autora da obra, o dramaturgo José Eduardo Vendramini, o ator e diretor teatral Alexandre Mate e o jornalista e crítico Valmir Santos.

Com as expressões artísticas em constante procura por sensações e elementos novos, o certo é que a crítica continua tendo relevância para a evolução dos movimentos que surgem a todo o instante”. 
Danilo Santos de Miranda

Os escritos traçam um panorama abrangente da produção de Mariangela e conta com organização de Marta Raquel Colabone, historiadora, psicanalista e gerente de Estudos e Desenvolvimento do Sesc SP, com colaboração de José Eduardo Vendramini, dramaturgo e professor emérito do Departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes da USP. A Coleção Sesc de Críticas já lançou coletâneas de Sábato Magaldi, Macksen Luiz e Jefferson Del Rios.

O livro se ocupa da análise de uma parte importante da história do teatro brasileiro. Como Mariangela esteve na plateia das principais montagens teatrais – da década de 1970, no auge da ditadura militar, até o período de redemocratização e o novo século – a coletânea inclui críticas de vários períodos e criadores. Entre eles, espetáculos dirigidos por Eduardo Tolentino de Araújo, José Celso Martinez Corrêa, Antunes Filho, Fauzi Arap e Gerald Thomas, e escritos por Nelson Rodrigues, Oduvaldo Vianna Filho, Plínio Marcos e Luís Alberto de Abreu; com atuações de Cleyde Yáconis, Fernanda Montenegro, Marília Pêra e Marilena Ansaldi; além de espetáculos dos grupos Asdrúbal Trouxe o Trombone, Tapa, Galpão, Armazém Companhia de Teatro, Cia. dos Atores e Teatro de Vertigem; entre muitos outros importantes encenadores, atores e grupos.

Exigente, generosa, questionadora, suas críticas revelam as contradições da produção teatral, o papel político que a profissão engendra. Criativa, por vezes atrevida, é uma espécie de repórter elucidativa das mudanças ocorridas no teatro nacional junto a mergulhos profundos no caráter específico de cada espetáculo”. 
Marta Raquel Colabone
e José Eduardo Vendramini

Valmir Santos, jornalista e crítico que assina a orelha do livro, lembra que Mariangela é a primeira mulher a figurar na Coleção Críticas das Edições Sesc SP, e que a perspectiva feminista é outra janela recorrente nos escrutínios da autora, “permeados ainda de humor, elogio ao potencial do silêncio em cena, sedução pela inteligência e convicção de que, no palco, como na poesia, o pouco vale muito”.

O professor-pesquisador da pós-graduação no Instituto de Artes da Unesp Alexandre Mate considera o trabalho de Mariangela “monumental”, nos sentidos quantitativo e, sobretudo, qualitativo. No seu prefácio, ele destaca que além de se deparar com “censuras e cerceamentos de toda ordem e monta”, Mariangela acompanhou “total mudança de consignas na produção teatral paulista, no âmbito das relações de produção, das temáticas das obras, dos paradigmas estéticos”.

Num artigo para a revista Camarim, de 2005, Alves de Lima ponderava que “são menos aguerridos os críticos de hoje, tratam mais da ressonância das obras do que de parâmetros judicativos. São talvez menos generosos porque declinaram da responsabilidade do devir do teatro. No entanto quando alguns deles, ainda invocando as tábuas da lei, separam as boas das más ovelhas, aquela parte da nossa subjetividade onde reside a história faz coro a uma personagem de Brecht: “a verdade é filha do tempo, e não da autoridade”.

Vamos ao bate-papo. Sempre temos algo aprender com a discreta Mariangela Alves de Lima, que alimenta a humidade das grades figuras humanas.  

 

Serviço
Lançamento
livro Na Plateia, bate papo com Mariangela Alves de Lima,  José Eduardo Vendramini, Alexandre Mate e Valmir Santos e sessão de autógrafos

Quando: Dia 17 de novembro, quinta-feira, a partir das 19h
Entrada gratuita
Sesc Consolação: Dr. Vila Nova, 245 – Vila Buarque (https://www.sescsp.org.br/unidades/consolacao/)

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Projeto arquipélago

 

Iniciativa de crítica teatral. A identidade visual do projeto é assinada pela designer Fernanda Ficher.

Crítica teatral é um trabalho intelectual, emotivo, físico, metafísico, artístico, um projeto de vida. Pensamos que sim e apostamos nesse exercício de pensamento que tem como desafio se reinventar o tempo todo.

E temos uma boa nova. O Satisfeita, Yolanda? – ao lado do Guia Off, Farofa Crítica, ruína acesa, e Tudo, Menos Uma Crítica – participa do nascedouro do projeto arquipélago de fomento à crítica apoiado pela Corpo Rastreado. É um apoio financeiro mensal para a manutenção e a remuneração de um trabalho muitas vezes feito na “raça”.

O projeto está lançado. Sinais de novos tempos. E como já dizia Glauber Rocha, toda arte tem que ter ambição. E desejamos que em 2023, o arquipélago seja ampliado por outras ilhas, que cheguem outros subsídios para movimentar mais a crítica teatral no Brasil.

Nos últimos anos, observamos a diminuição de espaços e o consequente esvaziamento da crítica teatral em grandes veículos de imprensa. Ao mesmo tempo, há a emergência de plataformas online, desde sites e blogs até perfis em redes sociais, produzindo valorosas reflexões críticas em torno da produção teatral no país. A internet possibilitou a multiplicação de vozes, construindo passo a passo um panorama mais diverso em torno da fruição, registro e análise da cena contemporânea.

Quase a totalidade de tais veículos, porém, trabalham de forma independente e muitas pessoas se colocam como voluntárias no exercício da escrita crítica; algumas fazem desta seara seu campo principal de atuação, enquanto outras seguem desenvolvendo trabalhos em paralelo. A ausência de remuneração traz riscos para a continuidade da prática da crítica teatral a nível profissional, e a (pretensa) horizontalidade das redes também traz consigo desafios em torno da autoridade e da legitimidade da pessoa crítica.

Acreditamos que a crítica teatral é antes de tudo parceira da criação artística, sendo uma aliada no campo de disputa do simbólico e de produção de imaginários, especialmente em tempos de crise como os que vivemos. Desse modo, confiamos e apostamos na possibilidade de parcerias com artistas, grupos, produtoras e todas as partes envolvidas na complexa cadeia produtiva da cultura.

Na ânsia de seguir construindo juntes, insistimos por sermos apaixonades pelo teatro. Pela reflexão, pelas reverberações, pela escrita em suas variadas formas. Insistimos em estar lado a lado com artistas, grupos e produtoras independentes, na batalha diária que é viver nesse país trabalhando com arte e cultura. Insistimos e desejamos estar perto; insistir juntes.

Assim, coletivamente lançamos o projeto arquipélago. Com o apoio da produtora Corpo Rastreado, cinco veículos receberão um aporte mensal para a publicação de duas críticas teatrais no escopo do projeto. Somos, neste primeiro momento, Guia OffFarofa Crítica, ruína acesaSatisfeita, Yolanda? e Tudo, Menos Uma Crítica

Ambicionamos que, em 2023, o arquipélago ganhe novas ilhas; maiores dimensões possíveis para o subsídio e a consequente oxigenação da crítica teatral no Brasil. Neste sentido, estamos abertes para novas parcerias a fim de amplificar os investimentos e, assim, mais casas críticas possam ser também contempladas. Um apoio financeiro mensal para a manutenção e a remuneração de um trabalho muitas vezes feito apenas movido por desejo e insistência.

Acreditamos que haverá aderência de outros agentes, no sentido tanto de legitimar a produção crítica teatral independente quanto de captação de verbas para a ampliação do projeto – queremos este arquipélago espalhado pelo Brasil!

Neste momento de nascimento, da emergência destas ilhas em rede, pensamos ser fundamental sermos também transparentes: ainda que a verba para a viabilização do projeto venha da Corpo Rastreado, não se trata de uma filiação dos veículos à produtora, de modo que todas as pessoas participantes seguirão seus próprios critérios e desejos na escolha das obras que terão críticas publicadas dentro do projeto arquipélago.

A identidade visual do projeto foi feito pela designer Fernanda Ficher.

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Ilha do Massangano, um reduto de encanto
Dossiê Aldeia do Velho Chico
#10

Artistas e público na Ilha do Massangano. Foto Fernando Pereira / Divulgação

 

Pankararus Foto André Amorim / Divulgação

“Alguém me avisou para pisar nesse chão devagarinho”, indica a canção. Para pisar em território sagrado é preciso pedir Agô, me disseram. Agô significa uma solicitação de licença em Yorubá. Assim se deve fazer para facilitar a chegada, harmonizar.

Não sei se qualquer um esqueceu de pleitear passagem no translado de barco entre Petrolina e a Ilha de Massangano, mas no trajeto a Barca Nilo Brasileiro deu um susto nos passageiros ao esbarrar nas grandes pedras imersas no Rio São Francisco. Ou foi uma brincadeira de algum encantado. Bem, um pouco de emoção não faz mal a ninguém.

E seguimos naquele domingo de agosto para saborear um dia bem especial. É a festa da Aldeia do Velho Chico na Ilha do Massangano, com direito à sensação de suspensão de tempo (desacelera coração para curtir as coisas simples, as mais ricas do mundo, que o dinheiro não pode comprar).

Trilhas Ancestrais, com Camila Yasmine, de Petrolina e Gean Ramos, de Jatobá. Foto Andre Amorim

Nessa travessia, além de apreciar a Mostra Flutuante de Artes Visuais – Rio a Dentro: Confluências do imaginário Ribeirinho com peças de artesãos do Vale do São Francisco, também assistimos à apresentação musical Trilhas Ancestrais, com Camila Yasmine, de Petrolina e Gean Ramos, de Jatobá, com seus lindos cantos de protesto.   

Yasmine investe nos encantos do Rio São Francisco e do Samba de Véio nas suas músicas. E trabalha com as musicalidades e interpretações da identidade cultural do povo negro no resgate da ancestralidade, com ginga e alegria.

Punâ Pankararu, nome indígena do músico e produtor cultural Gean Ramos, aprendeu a gostar de música com os pais Seu Eronildes e Dona Tida e cresceu ouvindo sonoridades dos animais da aldeia, das manifestações da natureza e as expressões de festa nas celebrações do seu povo. Sua música tem um pouco disso tudo com o posicionamento político de quem reivindica os direitos dos povos originários em versos, rima e som.  

Apresentação dos Pankararus na Ilha do Massangano. Foto André Amorim / Divulgação

A Ilha do Massangano é uma porção de terra de cerca de cinco quilômetros quadrados cravado no meio do Rio São Francisco. Pense nas ilhas que você imaginou na infância, ou leu em livros, ou viu em filmes. O que posso dizer é que é uma experiência inigualável.

Essa ilha tem dona. Ou donas / donos. Encantados e encarnados. Todos têm os seus caprichos. Portanto, cuidado e respeito. “Terra alheia, pisa no chão devagar”, diz o canto. Pedi licença, como já disse, aos ancestrais que atravessaram essa história.

O Rio manda no pedaço. No modo de ser, de andar, de pensar. 

O gestual de quem trabalha na monocultura da cana-de-açúcar é forjado também na lida. Observem os passos e os jogos de corpo do maracatu. Quem é do mar tem outra regência. Os ventos, a terra, as águas, o Sol, o sal, a Lua influenciam no jeito de ser das gentes e seus territórios.

Não seria diferente com as pessoas, com os artistas da região do Vale do São Francisco, em sua prosódia, jeito de andar e de dançar. O Rio é o vetor de um modo de ser, viver e se relacionar com o mundo. Talvez mais doce, como suas águas, quem sabe algo menos reto e mais ondulado se instala no corpo.

“A ilha do Massangano é o local dos antepassados, do trabalho, dos festejos, da sociabilidade, da família, da própria identidade… o sentimento de pertencimento à ilha. Essa identidade está muito ligada aos seus cultos (religiosidade), à forma como se relacionam entre si, à estrutura familiar e ao samba de véio”, escreve a professora Antonise Coelho de Aquino na sua dissertação de mestrado Ilha do Massangano : dimensões do modo de vida de um povo; a (re) construção do modo de vida e as representações sociais da Ilha do Massangano no Vale do São Francisco, transformada no livro Ilha do Massangano: uma terceira margem no Velho Chico.

Samba da Beira. Foto Tássio Tavares / Divulgação

“Puxar um samba, que tal? Para espantar o tempo feio?”, propõe Chico Buarque e o Samba da Beira, grupo musical de Petrolina já faz isso há cinco anos. Propôs um trago na Ilha do Massangano.

O Samba da Beira animou o povo com músicas maneiras e/ou bem dançantes, celebrou a vida, o Rio e todas as conexões incríveis de um dia de festa. Com alegria vislumbrou um novo tempo, que está chegando com muito trabalho para uma vida não fascista. sem medo de ser feliz! Brindes.

Palestra sobre Economia Criativa e a Transformação dos Territórios. Na foto Rita Marize, Josiana Ferreira, Galiana Brasil e Oswaldo Ramos. Foto: André Amorim / Divulgação

Uma pausa para trocar uma ideia foi a proposta da Palestra sobre Economia Criativa e a Transformação dos Territórios, com Galiana Brasil (Itaú Cultural), Oswaldo Ramos (Sesc Pernambuco), Josiana Ferreira (SEBRAE – Petrolina/PE) e Mediação de Rita Marize (Sesc Pernambuco). 

Cada qual falou de suas práticas e propostas para o território de Petrolina. Mas muitas vezes as entidades chegam com um discurso que parecem ensinamentos mais que diálogos, nossa herança colonial. Numa das falas, Ramos deixou a entender que estaria inaugurando algo naquele pedaço.

Uma empreendedora, empresária da cidade, ou melhor uma guerreira ancestral pediu a palavra para fazer um posicionamento das lutas travadas de dentro do capitalismo e contra os abusos do sistema para realizar coisas muito bonitas naquele território. Uma fala firme, direta, comungada com o chão. Sol, apaixonante.

O tom inauguratório foi baixado e a conversa seguiu com as propostas e ações que serão tocadas pelo HUB Criativo, que esperamos que na próxima edição da Aldeia do Velho Chico tenha muitas realizações para apresentar.

Pankararus. Foto André Amorim / Divulgação

O Samba da Peba Véia , com Mel Nogueira- Foto Tássio Tavares /Divulgação

Luanda Ruanda – Foto André Amorim_24

O Encontro dos povos originários com Pankararus, de Jatobá e Tuxás de Inajá foi marcado pelo sentimento de luta e resistência. Teve discursos para expor o descaso e mesmo perseguição aos indígenas por parte desse desgoverno federal. E celebração da luta, com suas danças e cantos de guerra, louvor e festa.

Mel Nogueira fez suas homenagens à ancestralidade com a performance O Samba a Peba Véia. Um vestido é materialização de uma saudade, de uma vida que se agita noutro corpo, na dança e no aprendizado de outra arte. É emoção para a artista que continua na brincadeira. 

O mundo foi reinventado / redescoberto pelo prisma da cultura africana no espetáculo Luanda Ruanda – Histórias Africanas, do Coletivo Tear, de Garanhuns. Com trilha original executada pelos músicos garanhuenses Alexandre Revoredo e Nino Alves.

A peça funcionou como mais um bálsamo na ilha, quando as narrativas orais de raízes africanas e afro-brasileira, os elementos cênicos e as paisagens sonoras da peça se misturam com o ambiente deslumbrando do Massangano, remetendo para outros tempos e outros territórios, valorizando a identidade negra. Um embalo cênico em estado de levitação. 

Dançando aos Pés do Baobá. Foto Tássio Tavares / Divulgação

Cartas ao Vento com Déa Trancoso. Foto Tássio Tavares / Divulgação

O Baobá é uma árvore símbolo da resistência na cultura africana. Muitas lendas e mitos existem sobre o baobá. Uma delas é que os africanos foram obrigados a deixarem suas memórias em volta do baobá na época da diáspora africana. Dançando aos Pés do Baobá – Na Fresca do Baobá se constitui numa louvação dos artistas  Daniela Amoroso, Denilson das Neves e Larissa Zani, de Salvador, na Bahia, a tudo o que o baobá significa de força e fertilidade.

Ao entardecer, à beira do São Francisco, a cantora, compositora e pesquisadora Déa Trancoso deu o seu recado no show Cartas ao vento. No concerto solo, tocou cuatro venezuelano (instrumento da família do violão), que ela ganhou da chilena Tita Parra. Sua proposta é ambiciosa de criar e compartilhar canções que atuem entre mundos existentes. Déa navega pela arte promovendo a fruição e a cura, a experiência suprema do corpo a partir da música.

Grupo Africania mostrou seu som a partir do disco O Curador do Museu do Imaginário. Foto: Divulgação

O grupo Africania levou o som do seu álbum O Curador do Museu do Imaginário para ilha no final da festa. É mais que samba de batuque do Sertão da Bahia; cabe uma mistura com samba chula e toada em diálogo antropofágico com as influências da música mundial do jazz, rock e música psicodélica. É uma musicalidade contagiante repleta de axé e ancestralidade, amor e futuro,  talento e transpiração.  

Foi intenso. Como não poderia faltar, teve Samba de Véio, símbolo da ilha do Massangano. “Existem hipóteses entre os moradores mais antigos de que o samba nasceu com os negros escravos refugiados nos quilombos …  ou com os índios cariris que habitavam o alto sertão pernambucano, muito antes dos portugueses que aqui”, está anotado na dissertação de Antonise Coelho de Aquino.

Dançar essa dança é um ato político. E não vá pensando que é fácil, né não. Tem toda uma técnica, que está atravessada por experiências singulares de festejos e performances da oralidade. Além dos exercícios convivência, da comunhão, das trocas comunitárias. Uma poética derramada em paisagens, sonoridades, jeito de corpo, festas e danças comandadas pelas praticas populares da ilha.

Meu olhar de estrangeira. Cúmplice e crítico. Que não sabe das idiossincrasias locais, dos seus afetos monumentais, mas consegue perceber o movimento dos barcos e das pessoas saiu repleto de atravessamentos. O acolhimento, os seguidores, os resistentes. Essa experiência ficará para sempre guardado num lugar da memória. Suas imensas riquezas e suas ínfimas falhas.

Samba de Veio da Ilha do Massangano. Foto Fernando Pereira / Divulgação

Uma festa na Ilha do Massangano com o Samba de Veio. Foto Fernando Pereira / Divulgação

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Música, audiovisual e ideias
Dossiê Aldeia do Velho Chico
#9

Gabi da Pele Preta e Alexandre Revoredo em show no Teatro Dona Amélia. Foto Fernando Pereira / Divulgação

Efraim Rocha (contrabaixo), Betinho Lima (bateria),  Jose Carlos Pereira (piano, sanfona), Gabi da Pele Preta e Aexandre Revoredo. Foto Fernando Pereira / Divulgação

José Carlos Pereira, o Zezinho da sanfona. Foto Fernando Pereira / Divulgação

Conheci a Aldeia do Velho Chico e a cidade de Petrolina, no Sertão de Pernambuco neste ano. E me surpreendo rindo sozinha quando faço uma associação da programação com os versos da música de Caetano Veloso: “Eu sempre quis muito / Mesmo que parecesse ser modesto”. Uiii. A programação é larga e profunda e logicamente que é permitido se perder nos seus labirintos.
Então, vou lembrar um pouquinho do que mirei, senti, vivenciei, soube. Isso, logicamente, com toda argamassa da minha subjetividade.

Gabriella Freitas, ou melhor Gabi da Pele Preta, mulher agrestina de Caruaru, desperta a festa no corpo com as músicas que canta. O show dela com o músico garanhuense Alexandre Revoredo (que mostrou canções de Revoredo, disco lançado em 2020), chegou repleto de poesia e transita pela trajetória e repertórios dos dois artistas, banhados de afetos. O canto militante de Gabi é lugar de reflexão e confronto.

Vestida de vermelho carmim, ela defendeu no seu canto-dança o que ostenta na sua vida. A cantora engaja arte e manifesto das pautas de gênero, classe e raça em canções femininas e feministas. Gabi faz seus próprios levantes como mulher.

Entre as peças interpretadas incluem Revolução, uma composição de Juliano Holanda, carregada de uma musicalidade rebelde contra os padrões caretas e patriarcais. Ela enche seu repertório de luta, com músicas que pregam por uma vida transformadora.

Com a dançante Gente, com letra de Uma Luiza Pessoa, artista trans de São Paulo, Gabi avisa que é preciso cuidado com o que se fala, se posiciona contra normatividade e salienta que “nós não somos iguais”; lembrando que o que existe em comum é que “somos todos mortais”.

Uma artista destemida que reivindica um amanhã mais justo e brada música para curar o ódio, o medo, todos os maus-tratos. 

Documentário Baque Opará na Mostra de Curtas. Foto Sandriele Gomes / Divulgação

Filme Medida Provisória foi exibido na programação seguido de debate. Foto André Amorim / Divulgação

A Mostra de Curtas Regionais com a exibição de produções audiovisuais de Petrolina é um dos orgulhos recentes da cidade, instigada pela pesquisa e realização no Vale do São Francisco. Entre as exibições estavam A Menina da Ilha, que foca nas belezas do Rio São Francisco, fazendo cruzamentos com a lenda da Mãe d’água e os desejos de uma garota que almeja ser cantora.

Já o documentário A Nossa Ancestralidade Pulsa, Produz Alegria, Resiste: Baque Opará, com direção de Chico Egídio, faz um passeio poético pelo percurso do grupo percussivo Baque Opará, que se nutre na produção coletiva e dos batuques de saberes de ancestrais.

O filme Medida Provisória, longa de estreia de Lázaro Ramos na direção foi exibido na Aldeia, seguido de debate. A obra sofreu ataques conservadores e preconceituosos de toda ordem quando do seu lançamento. A peça cinematográfica suscita controvérsia inclusive entre os povos pretos e a militância. A conversa foi acalorada.

Baseado na peça Namíbia, não! (2011), de Aldri Anunciação, também dirigida por Lázaro, o filme expõe um Brasil distópico, cujo governo não especificado determina o “retorno” dos cidadãos negros de melanina acentuada à África como forma de reparação, vejam a lógica, dos danos provocados pela escravatura.

André Vitor Brandão (de costas), Tiago Ferraz, Raphael Vianna, Galiana Brasil e Luiz Antônio Sena Jr. Foto Tássio Tavares / Divulgação

Flávia Santos, Raphael Vianna, Liana Gesteira e Júlia Vasconcelos no Tecendo Ideias. Foto André Amorim

Entre a programação de reflexão e formação, o projeto Tecendo Ideias busca provocar, instigar um diálogo, um debata sobre temas relacionados à programação. Com duração de cerca 45 minutos, essas reuniões abriram espaços para falas institucionais, iniciativas críticas e aula de empreendorismo.

A conversa Encontros no pós-mundo: Retomadas e Deslocamentos nas Artes Cênicas reuniu os gestores Raphael Vianna, da direção nacional do Sesc; Luiz Antônio Sena Jr, do FIAC/BA; Tiago Ferraz, do Itaú Cultural e mediação de Galiana Brasil, também do Itaú Cultural. Discorreram sobre providências, iniciativas tomadas durante a época mais dura da pandeia e as perspectivas de sobrevivências culturais para os próximos tempos.

O Coletivo 4 Parede, do Recife e o Podcast Deixe de Pantim, de Petrolina, sob mediação de Raphael Vianna, do Rio de Janeiro, versaram sobre as Possibilidades de produção crítica em Artes da Cena no jornalismo cultural por meio das tecnologias digitais. Esse bate-papo foi parte do Pensamento Giratório. A atriz, jornalista e pesquisadora Liana Gesteira falou das atividades desenvolvidas pelo 4Parede, as oficinas técnicas que vem desenvolvendo junto a vários festivais, a ampliação do lugar do podcast na vida dos brasileiros e como eles executam a critica dentro de suas plataformas. O 4 parede realizou na programação da Aldeia a Oficina: Possibilidades de produção crítica em Artes da Cena no jornalismo cultural por meio das tecnologias digitais.

O coletivo Deixe de Pantim, que tem esse nome ótimo, por sinal, é tocado por quatro jovens comunicadoras: Victória Resende, Júlia Vasconcelos, Flávia Santos e Maiara Borges. Flávia e Júlia participaram da conversa. O projeto delas não foca somente na crítica das artes da cena, mas trabalha com análises de assuntos cotidianos, dos mais graves aos pontos de humor, numa linguagem coloquial. Então o foco dos podcasts do Deixe de Pantim são as questões sociais, sob a mirada feminina, jovem, de quem mora no Serão de Pernambuco e que olha para as questões de gênero, raça, território e cultura pop desse lugar.

Willian Fernando Soares, Rodrigo Frazzão, Antonise Coelho, Ariane Samila Rosa, Socorro Lacerda e Victor Flores no Tecendo Ideias de Literatura. Foto: André Amorim / Divulgação

Antonise Coelho de Aquino e Socorro Lacerda. Foto André Amorim / Divulgação

A conversa sobre literatura reuniu as escritoras e os escritores Socorro Lacerda, Antonise Coelho, Rodrigo Frazzão, Victor Flores, Willian Fernando Soares. Trocas de ideias  sobre letras, livros, criação são sempre prazerosas e instigantes.

Escritora, professora e militante feminista de Petrolina, Socorro Lacerda se posiciona questionando o patriarcado na ficção e na vida, na defesa da cultura e das mulheres.  Autora dos livros O mistério do sumiço do velho Chico, em que faz um percurso fluvial pelas riquezas do rio São Francisco e Vira-vira, Violeta, infanto-juvenil que discute sobre as representações de gênero, a partir da protagonização da luta das mulheres, entre outros.

Antonise Coelho de Aquino é professora de Língua Portuguesa, revisora literária e acadêmica, e consultora em Literaturas Infanto-juvenis. É autora do livro Ilha do Massangano: uma terceira margem no Velho Chico, uma pesquisa documental e a investigativa acerca da vida da população do Massangano e sua cultura. Publicado em 2021, o livro é oriundo de sua tese de mestrado em Sociologia, defendida em 2004.

O Jovem escritor Rodrigo Frazzão contou sua história de superação para se tornar artista. Ele começou a ensaiar rimas ainda menino, no rastro de sua paixão por vaquejada e aboios. Como morava na zona rural de Petrolina e precisou trabalhar na roça desde cedo, ele andava vários quilômetros para ir a escola. Seguiu insistindo nos estudos. Em 2020,no auge da pandemia, Frazzão postou um vídeo para mostrar seu talento no cordel. Depois com uma vaquinha virtual publicou seu livro O Poeta e o Isolamento.

Victor Flores considera a educação ambiental um dos grandes desafios desses tempos. Seu trabalho foca no respeito à natureza e no desenvolvimento sustentável. O ambientalista é autor de Tita e o Mistério do Velho Chico, um livro infanto-juvenil que busca acender nesse público o desejo pela defesa do Planeta. 

Educador e contador de histórias, Willian Fernando Soares, recebeu em setembro o  troféu Baobá, considerado o “Oscar” dos Contadores de Histórias. Ele é entusiasta dessa arte narrativa, que valoriza a tradição oral. Tanto é assim que escreveu o livro A turma do contador de histórias e a passagem do Juazeiro, em formato gibi em quadrinhos.

Essas histórias de vida e informações profissionais confirmam a riqueza da da produção literária do Vale do São Francisco. A mediação foi tocada pela professora do Sesc Petrolina  Ariane Samila Rosa

Paulo de Melo, Cleilson Queiroz e Antonio Veronaldo conversam sobre produção das artes cênicas no interior. Foto Tassio Tavares / Divulgação

Antonio Veronaldo, da Cia Biruta de Petrolina no Tecendo Ideias. Foto Tassio Tavares / Divulgação

A Produção em Artes Cênicas no Interior do Estado e a Descentralização da Cadeia Produtiva da Cultura foi o Tecendo Ideias mais acalorado desta edição da Aldeia. O tempo ficou curto para tantas constatações, reivindicações, desejos de valorização da cena que é feita longe da capital. Antonio Veronaldo, da Cia Biruta de Petrolina, é um combativo companheiro que atua como diretor, dramaturgo, produtor e militante cultural no Vale do São Francisco. Ele falou sobre o trabalho desenvolvido, não devidamente valorizado, dos estereótipos sofridos pelos grupos do interior, o desigual investimento (quando há) das políticas públicas. Com um trabalho de forte cunho político, ele reivindica a descentralização dos recursos e do pensamento. Também destacou o crescimento na produção cênica em Petrolina e região.

Cleilson Queiroz é um artista pesquisador da Cia Ortaet, de Iguatu, no Ceará. Ele trilha os caminhos acadêmicos e artísticos. Cleilson pesquisa autobiografia, teatro documentário e questões de gênero e atualmente cursa doutorado na UDESC – Universidade do Estado de Santa Catarina e é ator da peça Chorume, apresentada na Aldeia. Os problemas, as demandas para as artes na cidade Iguatu são idênticas aos de Petrolina.

A mediação dessa conversa foi feita pelo ator, professor e diretor Paulo de Melo, do Núcleo de Teatro do Sesc de Petrolina. Ele cresceu e se tornou artista em Petrolina. Com uma experiência de estudos e atuação cênica no Rio de Janeiro – Paulo participou de espetáculos como Gonzagão, a Lenda e Chacrinha o musical – que permite que tenha  visão de vários pontos geográficos da situação das artes cênicas no país. O que ficou dessa discussão é que há necessidade, espaço e interesse de grupos, artistas e público para um seminário específico sobre a produção cênica no interior. São demandas urgentes.

O Tecendo Ideias fechou com a aula Café com o Empreendedor: inovação e empreendedorismo no Vale do São Francisco, com SEBRAE/PE, quando foram mostradas as possibilidade de atuação para o setor e os caminhos a serem trilhados.

 

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