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Janeiro faz festa para as artes cênicas

O Som na Rural, de Roger de Renor, vai animar a premiação

O Som na Rural, de Roger de Renor, vai animar a premiação

imagePrêmios projetam e dão credibilidade e o cinema tira muito proveito desse mecanismo. Um filme que ganha destaque em Um festival de peso desperta o desejo do público, e, em consequência, rentabilidade financeira. Já faz um tempo que o teatro brasileiro diminuiu essa prática de entregar troféus. E nunca chegou próximo do glamour da sétima arte. Mas pode ter seu charme. O Janeiro de Grandes Espetáculos é um dos poucos no país, e o mais importante em Pernambuco, que distribui estatuetas.

Chegou o dia. A Associação Produtores Artes Cênicas de Pernambuco entrega nesta quarta-feira o Prêmio Apacepe de Teatro e Dança aos melhores do 21º Janeiro de Grandes Espetáculos – Festival Internacional de Artes Cênicas de Pernambuco.

É o Oscar do teatro pernambucano. A cerimônia será a partir das 20h, na rua em frente à Galeria Café Castro Alves (Rua do Lima, 280, Santo Amaro. O Som na Rural, de Roger de Renor, com apresentação do ator Arilson Lopes garante a animação, com várias homenagens e distribuição de troféus. Após a premiação, a festa de confraternização, ocorre no Castro Alves, com discotecagem de Carlinhos Harmed. A entrada é franca.

As comissões que escolheram os vencedores é formada por Moisés Neto, Antônio Rodrigues e Ana Elizabeth Japiá, para o teatro para infância e juventude. Flávia Pinheiro, Marcia Rocha e Daniela Santos selecionaram os ganhadores de dança. E Luiz Felipe Botelho, Paulo Michelotto e Breno Fittipalfi são os responsáveis pelos nomes do teatro adulto.

INDICADOS – TEATRO ADULTO

Melhor Maquiagem
Não houve indicação

Melhor Figurino
Agrinez Melo (Ombela)
Aníbal Santiago e Manuel Carlos (Doroteia)
Fabiana Pirro (A Dona da História)
Marcondes Lima (A Mandrágora)
Pedro Gilberto (Tapioca)

Ombela. Foto: Thaís Lima

Ombela. Foto: Thaís Lima

Melhor Cenário
Nara Menezes e Luciana Lyra (Cara da Mãe)
Dóris Rollemberg (Doroteia)
Fernando Melo da Costa (Rei Lear)
Nara Menezes (Obscena)
Pedro Gilberto (Tapioca)
Samuel Santos (Ombela)

Cara da mãe. Foto: Giovanni Chamberlain

Cara da mãe. Foto: Giovanni Chamberlain

Melhor Sonoplastia/Trilha sonora
Alexandre Lemos e João Arruda (Gaiola de Moscas)
Beto Lemos (A Dona da História)
Ricardo Brazileiro (Obscena)
Samuel Lira (A Mandrágora)
Sônia Guimarães (Tapioca)
Tomás Brandão e Miguel Mendes (Rei Lear)

Rei Lear. Foto: Guga Melgar

Rei Lear. Foto: Guga Melgar

Melhor Iluminação
Aurélio di Simoni (Rei Lear)
Ednilson Leite (Frei Molambo)
Játhyles Miranda (A Mandrágora)
Luciana Raposo (A Dona da História)
Luciana Raposo (Doroteia)

A dona da história. Foto: Pollyanna Diniz

A dona da história. Foto: Pollyanna Diniz

Ator Revelação
Houve apenas uma indicação

Atriz Revelação
Houve apenas uma indicação

Melhor Ator Coadjuvante
Eduardo Albergaria (Gaiola de Moscas)
Mário Miranda (A Mandrágora)
Mauro Monezi (Doroteia)
Múcio Eduardo (A Mandrágora)
Normando Roberto Santos (A Mandrágora)

Doroteia. Foto: Laryssa Moura

Doroteia. Foto: Laryssa Moura

Melhor Atriz Coadjuvante
Não houve indicação

Melhor Ator
Bóris Trindade Jr./Borica (Tapioca)
Carlos Lira (Doroteia)
Lineu Gabriel (Gaiola de Moscas)
Naldo Venâncio (Frei Molambo)
Tiago Gondim (A Mandrágora)

Melhor Atriz
Bruna Castiel (Rei Lear)
Lívia Falcão (A Dona da História)
Naná Sodré (A Receita)
Paula de Renor (Rei Lear)
Sandra Possani (Rei Lear)

Naná Sodré, em A Receita. Foto: Ivana Moura

Naná Sodré, em A Receita. Foto: Ivana Moura

Melhor Direção
Ana Cristina Colla (Gaiola de Moscas)
Antonio Cadengue (Doroteia)
Duda Maia (A Dona da História)
Marcondes Lima (A Mandrágora)
Moacir Chaves (Rei Lear)

Melhor Espetáculo Teatro Adulto
A Dona da História (Duas Companhias)
A Mandrágora (Galharufas Produções)
Doroteia (Antonio Cadengue e Companhia Teatro de Seraphim)
Gaiola de Moscas (Grupo Peleja)
Rei Lear (Remo Produções Artísticas e Centro de Diversidade Cultural Teatro Armazém)

A Mandrágora , de Galharufas Produções. Foto: Ivana Moura

A Mandrágora , de Galharufas Produções. Foto: Ivana Moura

*A comissão deseja conceder três (3) prêmios especiais.

INDICADOS – DANÇA

Melhor Figurino
Beth Gaudêncio (Três Mulheres e Um Bordado de Sol)
Carol Monteiro (Breguetu)
Maria Agrelli (Cara da Mãe)
Maria Agrelli (Rio de Contas)

Rio de Contas. Foto: Lizandra Martins.

Rio de Contas. Foto: Lizandra Martins.

Melhor Cenografia
Henrique Celibi (Breguetu)
Nara Menezes (Cara da Mãe)
Tonlin Cheng (PEBA)

Melhor Iluminação
Beto Trindade (Breguetu)
Eron Villar (Três Mulheres e Um Bordado de Sol)
Luciana Raposo (Rio de Contas)
Natalie Revorêdo (Elégùn, Um Corpo Em Trânsito)
Tonlin Cheng (PEBA)

Melhor Sonoplastia/Trilha sonora
Caio Lima (Elégùn, Um Corpo Em Trânsito)
Isaar França (Cara da Mãe)
Sônia Guimarães (Rio de Contas)
Tonlin Cheng (PEBA)
Valéria Vicente, Flaira Ferro, Spok e Lucas dos Prazeres (Frevo de Casa)

Frevo de casa. Ju Brainer.

Frevo de casa. Ju Brainer.


Melhor Bailarino
Saulo Uchôa (Anticorpo)
Alexandre Santos (Rio de Contas)
André Vítor Brandão (Rio de Contas)
Giordani de Souza/Kiran (Elégùn, Um Corpo Em Trânsito)
Jorge Kildery (Breguetu)
Jorge Kildery (Elégùn, Um Corpo Em Trânsito)
Anticorpo. Foto: Chico-Ludermir

Anticorpo. Foto: Chico-Ludermir

Melhor Bailarina
Flaira Ferro (Frevo de Casa)
Iara Sales (PEBA)
Júlia Gondim (Rio de Contas)
Marcela Felipe (Três Mulheres e Um Bordado de Sol)
Mary Ane Nascimento (Rio de Contas)
Rafaella Trindade (Breguetu)

Melhor Coreografia
Giordani de Souza/Kiran (Elégùn, Um Corpo Em Trânsito)
Iara Sales e Sérgio Andrade (PEBA)
Jailson Lima (Rio de Contas)
Mônica Lira (Breguetu)
Valéria Vicente e Flaira Ferro (Frevo de Casa)

bregaetu. Foto: Sobrado423/Rogerio Alves

bregaetu. Foto: Sobrado423/Rogerio Alves

Melhor Espetáculo de Dança
Breguetu (Grupo Experimental)
Elégùn, Um Corpo Em Trânsito (Giordani de Souza/Kiran e Jorge Kildery)
Frevo de Casa (Valéria Vicente, Flaira Ferro, Spok e Lucas dos Prazeres)
PEBA (Iara Sales, Tonlin Cheng e Sérgio Andrade)

Elégùn, Um Corpo Em Trânsito.  Foto: Ivana Moura

Elégùn, Um Corpo Em Trânsito. Foto: Ivana Moura

**A comissão deseja conceder dois (2) prêmios especiais.

NDICADOS – TEATRO PARA A INFÂNCIA

Melhor Maquiagem
Centro de Criação Galpão das Artes (Mané Gostoso)
Lano de Lins (A Energia de Um Polegar)
Marcondes Lima (Haru – A Primavera do Aprendiz)

Mané Gostoso. Foto: Helder Santana

Mané Gostoso. Foto: Helder Santana

Melhor Figurino
Claudio Lira (Como a Lua)
Enne Marx, Tâmara Floriano e Fernando Escrich (Trueque)
Joana Gatis (As Travessuras de Mané Gostoso)
Marcondes Lima (Haru – A Primavera do Aprendiz)

Melhor Cenário
Marcondes Lima (Haru – A Primavera do Aprendiz)
Rai Bento (As Travessuras de Mané Gostoso)

Haru - A Primavera do Aprendiz. foto: Silvio Barreto

Haru – A Primavera do Aprendiz. foto: Silvio Barreto

Melhor Sonoplastia/Trilha Sonora
Fernando Escrich (As Travessuras de Mané Gostoso)
Fernando Escrich (Trueque)
Marcelo Sena (Haru – A Primavera do Aprendiz)
Samuel Lira (Como a Lua)

Trueque. Foto: reprodução Facebook

Trueque. Foto: reprodução Facebook

Melhor Iluminação
Eron Villar (Haru – A Primavera do Aprendiz)
Luciana Raposo (As Travessuras de Mané Gostoso)
Luciana Raposo (Trueque)

Ator revelação
Houve apenas uma indicação

Atriz revelação
Não houve indicação

Melhor Ator Coadjuvante
Jadenilson Gomes (Mané Gostoso)
Pascoal Filizola (Como a Lua)
Tarcísio Queiroz (Mané Gostoso)
Tiago Gondim (Como a Lua)

Melhor Atriz Coadjuvante
Geysa Barlavento (Como a Lua)
Sandra Rino (Como a Lua)

Melhor Ator
Arilson Lopes (As Travessuras de Mané Gostoso)
Charlon Cabral (Mané Gostoso)
Luciano Pontes (As Travessuras de Mané Gostoso)

As travessuras de Mané Gostoso. Foto: Rogério Alves

As travessuras de Mané Gostoso. Foto: Rogério Alves

Melhor Atriz
Enne Marx (Trueque)
Tâmara Floriano (Trueque)

Melhor Direção
Fernando Escrich (As Travessuras de Mané Gostoso)
Fernando Escrich (Trueque)
José Manoel Sobrinho (Como a Lua)
Marcondes Lima (Haru – A Primavera do Aprendiz)

Melhor Espetáculo de Teatro Para a Infância
Haru – A Primavera do Aprendiz (Rapha Santacruz Produções Artísticas)
Trueque (Cia. Animée/As Levianas)
As Travessuras de Mané Gostoso (Cia. Meias Palavras)
Como a Lua (Mambembe Produções Artísticas)

Como a Lua. Foto: Divulgação

Como a Lua. Foto: Divulgação

***A comissão deseja conceder um (01) prêmio especial.

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Encontro com Hilda Hilst

Fabiana Pirro estreou primeiro monólogo. Foto: Renata Pires

Fabiana Pirro estreou primeiro monólogo. Foto: Renata Pires

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A peça teatral contraria o seu próprio título e é pouco pornofônica, lasciva, desbocada, devassa, libidinosa, indecente, despudorada, escandalosa. Outro jeito de ser Hilda Hilst. A obra da criadora paulista é rica e ampla, escapa de rótulos. Seus textos estão além, porque ela é múltipla. É certo que a fase mais popular de escritura de Hilda é de conteúdo deliberadamente erótico e pornográfico. Mas a encenação cria deslocamentos e lembra que a palavra “Obscena” também remete para aquilo que está fora da cena.

O espetáculo agrega trechos dos escritos e de entrevistas de Hilst, rasgos de memória e dos estudos da atriz Fabiana Pirro e de Luciana Lyra (atriz, diretora e dramaturga pernambucana radicada em São Paulo, que assina a dramaturgia e encenação) para criar sua poética cênica.

Os questionamentos íntimos da intérprete vão buscar ressonância na elaboração criativa da escritora, que articula um eixo propagador de invenção no teatro – e através do teatro. É assim que a relação com os homens de sua vida, principalmente o pai, passa por ajustamento ficcional e friccional da composição de personagens de teatro, que estabelecem diálogos e buscam respostas.

Na cena, as complexas relações com Deus, com o pai, com a natureza, com os animais são apresentadas em camadas. A personagem Líria, uma mulher de mais de 40 anos, investiga desejos e lacunas; revezando com a figura da própria Fabiana, que dá espaço para a voz narrativa da atriz em solilóquio ou em diálogos com interlocutores fictícios.

A representação de uma árvore assume as forças divinas e da natureza, de extrema importância para o desenvolvimento da encenação, seja como cenografia ou elemento articulador do discurso.

No espetáculo, Fabiana Pirro vive Líria

No espetáculo, Fabiana Pirro vive Líria

Obscena é o primeiro solo de Fabiana Pirro e costura sentimentos. É um espetáculo de desenho bonito no palco, palavras fortes. A montagem apresenta uma intérprete que se jogou de cabeça nesse projeto. Que faz reluzir desejos, vindos da experiência. Que cresceu como atriz. A montagem deve amadurecer. Mas já nasceu bonita.

A expressividade da atriz ainda pede uma modulação mais definida do seu repertório vocal que, em muitos momentos, está impregnada das vozes de espetáculos anteriores. Não vejo acréscimo nos breves momentos de nudez e isso me fez lembrar um show de Gal Costa dirigido por Gerald Thomas, em que a cantora aparecia de peitos à mostra.

As sutilezas também podem ser intensificadas com uma possível temporada e o azeitamento do espetáculo. A poesia inundou a equipe de criação, mas a emoção, a intensidade, o que arde de misto de loucura e invenção, amor e desejo são comportas que não foram liberadas totalmente para atingir o público nas duas sessões.

Obscena foi apresentada no Teatro Marco Camarotti, como parte da programação do Janeiro de Grandes Espetáculos.

Montagem tem direção e dramaturgia de Luciana Lyra

Montagem tem direção e dramaturgia de Luciana Lyra

Ficha técnica:

Idealização do projeto e atriz-criadora – Fabiana Pirro
Dramaturgia, encenação e direção – Luciana Lyra
Trilha sonora – Ricardo Brazileiro
Preparação corporal – Silvia Góes
Direção de arte – Nara Menezes
Design de luz – Agrinez Melo
Operação de luz – Leo Ferrario
Figurino – Virgínia Falcão
Colaboração artística – Conrado Falbo
Produção – Fabiana Pirro e Lorena Nanes
Filmografia – Ernesto Filho e Renata Pires
Design gráfico – Tito França
Fotos – Renata Pires
Realização – Duas Companhias, Unaluna e Coletivo Lugar Comum

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