Arquivo mensais:outubro 2012

Mais Minas! Desta vez, o Galpão

Eduardo Moreira, um dos fundadores do grupo Galpão. Foto: Adalberto Lima

Tem mais Minas em Pernambuco! Eduardo Moreira, um dos fundadores do Galpão, está no Recife para discutir teatro de grupo – mais especificamente o tema: A trajetória do Grupo Galpão e as alternativas do teatro de grupo no Brasil. Eduardo aproveita também para lançar o livro Grupo Galpão – Uma história de encontros (R$ 50). Será hoje, às 19h30, na Caixa Cultural, no bairro do Recife.

Já tem um bom tempo que o Galpão não vem ao Recife com espetáculo. Se não me engano, a última vez foi com Till, a saga de um heroi torto. Não vimos por aqui, por exemplo, as peças do projeto Viagem a Tchékhov. Teve Tio Vânia (aos que vierem depois de nós), sob direção de Yara de Novaes, que estreou ano passado (com crítica aqui no Yolanda) e Eclipse – esta última com direção, dramaturgia, cenografia, figurino e treinamento do diretor russo e professor russo Jurij Alschitz. É uma lacuna que os produtores da cidade bem que poderiam ajudar a resolver!

E em junho do ano que vem provavelmente tem espetáculo novo. O Galpão, que completou 30 anos, entra daqui a pouco em novo processo de montagem. O gigante da montanha, de Pirandello, terá direção de Gabriel Villela.

Eduardo está vindo ao Recife através de um programa de ação cultural da FIAT Automóveis em parceria com o Sempre um Papo no Recife, com apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A ideia da empresa é realizar um intercâmbio entre os dois estados brasileiros que sediam fábricas da montadora.

Serviço:

Minas – Pernambuco – Sempre um Papo com Eduardo Moreira do Grupo Galpão
Quando: hoje, às 19h30
Onde: Caixa Cultural Recife (Avenida Alfredo Lisboa, 505, Praça do Marco Zero)
Informações: (31) 3261.1501
Entrada: gratuito. O livro custa R$ 50

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , ,

Sejam bem-vindos, Bonecos do Mundo!

Babau, do Mão Molenga, participa do Sesi Bonecos

O festival Sesi Bonecos é um dos que mais gosto. Desde a primeira vez que assisti me apaixonei. Gosto da ideia de democratizar o “biscoito fino”, da ousadia da produtora Lina Rosa Vieira de não perguntar ao público se queria mesmo esse festival. Um parêntese – o que possivelmente NÃO iria acontecer. Talvez o que ganhasse a pesquisa fosse um festival de pagode ou de axé (sem nenhum preconceito com os dois gêneros, porque o mundo é grande). Mas bonecos, aqueles serezinhos mágicos que surpreendem até os seus atores-manipuladores, isso era tido como coisa de crianças. Digo era porque a iniciativa de Lina Rosa e sua equipe já mudou esse panorama.

Pois bem, Sesi Bonecos do Mundo volta ao Recife com 14 espetáculos nacionais e internacionais. Desta vez, o evento migrou do Marco Zero para o Parque 13 de Maio (e algumas apresentações no Teatro de Santa Isabel). Participam grupos do Japão, Coreia, Itália, Argentina, Inglaterra e Rússia. Além do Brasil, é claro. A programação vai de 7 de a 9 no Teatro de Santa Isabel e nos dias 10 e 11 no Parque 13 de Maio. A pré-estreia para convidados será no dia 6, no auditório da Fiepe.

Todos os espetáculos vão contar com audiodescrição e tradução simultânea em libras, que também é uma forma de democratizar o bem cultural.

Companhia japonesa Kakashi-za vem pela primeira vez ao Brasil com seu teatro de sombras

Pela primeira vez no Brasil, a companhia de Teatro de Sombras japonesa Kakashi-za é uma das grandes atrações. Sombras de mão é um espetáculo que apresenta várias silhuetas de animais e outras figuras criadas pelas mãos ágeis dos atores. Esse mundo é inventado com luz e mãos acrobatas. O grupo conta uma história de amor entre animais, com personagens projetados, em sucessão de cenas com paisagens exóticas. Hand shadow shows (Sombras de mão) é um espetáculo sem palavras.

Espetáculo A história de Dallae aborda a Guerra da Coreia (1950–1953) com fantoches

 

Esperança e a capacidade de superação são palavras de ordem do espetáculo A História de Dallae, do Grupo Art Stage San, da Coreia. Sob o olhar de uma criança – Dallae, a peça mostra os esforços de uma família durante a Guerra da Coreia. A peça mistura teatro de bonecos e dança com delicadeza.

Marina e Marina, a sereiazinha da companhia PeQuod

 

A companhia carioca PeQuod traz para o Sesi Bonecos Marina, espetáculo inspirado no clássico do escritor dinamarquês Han Christian Andersen. A montagem junta a secular técnica do Teatro Aquático de Bonecos do Vietnã com as composições de Dorival Caymmi, com direção e arranjos originais de Fabiano Krieger.

Marina é uma sereia que se apaixona por um pescador que cai na água depois que seu barco naufraga numa tempestade. Para viver esse amor, ela faz alguns sacrifícios. As cenas ocorrem, em sua maior parte, dentro de quatro enormes aquários que compõem o cenário e que juntos pesam três toneladas. Marina é a montagem adulta. Marina, a sereazinha é a versão infantil do PeQuod.

O festival Sesi Bonecos do Mundo engloba espetáculos de seis países que se apresentam em três capitais nordestinas no mês de novembro: Recife (do dia 6 ao 11), Fortaleza (de 14 a 18) e em Salvador (de 21 a 25

A banda Pato Fu (MG) e o grupo de teatro de bonecos Giramundo (MG) mostram o espetáculo Música de brinquedo nas três cidades. A apresentação no Recife está marcada para o sábado, dia 10/11, no Parque 13 de Maio. Depois, os mineiros tocam em Fortaleza (dia 17/11, no Dragão do Mar) e em Salvador (24/11, no Jardim de Alah).

 

SERVIÇO:

Sesi Bonecos do Mundo

De 7 a 9 de novembro, no Teatro de Santa Isabel, com apresentações às 19h e às 21h (os ingressos podem ser retirados na bilheteria do teatro a partir das 12h, nos dias dos espetáculos).

Dias 10 e 11 de novembro, no Parque 13 de Maio, das 16h30 às 20h30 (dia 10) e das 16h30 às 21h (dia 11).

Entrada Franca

 

SESI BONECOS – PROGRAMAÇÃO 2012 |  Recife

06/nov (terça-feira), às 20h30 (somente para convidados)

Companhia Kakashi-za | Japão

Espetáculo Sombras de mão | Classificação: livre

Local: Auditório da FIEPE

 

07/nov (quarta-feira), às 19h

Companhia Pequod | Brasil/RJ

Espetáculo Marina, a Sereiazinha

Classificação: a partir de 6 anos

Local: Teatro Santa Isabel

 

07/nov (quarta-feira), às 21h

Companhia Pequod | Brasil/RJ

Marina

Classificação: 16 anos

Local: Teatro Santa Isabel

 

08/nov (quinta-feira), às 19h e 21h

Companhia Kakashi-za | Japão

Espetáculo Sombras de mão

Classificação: Livre

Local: Teatro Santa Isabel

 

09/nov (sexta-feira), às 19h e 21h

Companhia Art Stage San | Coreia

Espetáculo: A História de Dallae

Classificação: Adulto

Local: Teatro Santa Isabel

 

10/nov (sábado)

às 16h30, Performance de Abertura com o Grupo Giramundo | Torres Andantes | MG| Livre. Entre o público;

das 16h30 às 21h, Grupo Giramundo, com Exposição Autômatas | MG | Livre no Pavilhão da Exposição;

17h, 18h e 19h, Ateliê ao Vivo dos Mestres Mamulengueiros, com Mestres Zé di Vina, Chico Simões, Tonho de Pombos e Saúba  | PE, DF e PE | Livre, na Tenda dos Mestres;

Entre 17h e 20h30, Gente Falante, com Circo Minimal | RS | Livre | Mini Circo;

17h, 18h, 19h e 20h, Girovago & Rondella, com Mão Viva | Itália | Livre, no Palco 3

17h, 18h, 19h e 20h, Fernan Cardama, com O presente | Argentina | Livre | Empanada

17h30, 18h30, 19h30 e 20h30, Story Box Theatre, com Punch and Judy | Inglaterra | Livre, no Palco 3;

17h, 17h20, 17h40, 18h, 18h30, 19h, 19h30, 20h e 20h20, Gente Falante, com Caixa de Música | RS | Livre | Tenda Teatro;

17h, Victor Antonov, com Circo em fios | Rússia | Livre, no Palco 1;

18h, Kakashi-za, com Sombras de mão | Japão | Livre, no Palco 2;

19h, Pia Fraus, com Gigantes de Ar | SP |Livre, no Palco 1;

20h30, Show do Patu Fu com o Grupo Giramundo | Música de Brinquedo | SP | Livre, no Palco 2;

 

11/nov (domingo)

Às 16h30, Performance de Abertura com o Grupo Giramundo, com as Torres Andantes |MG| Livre. Entre o público;

das 16h30min às 21h, Grupo Giramundo, com Exposição Autômatas |MG |Livre, no Pavilhão da Exposição;

17h, 18h e 19h, Ateliê ao Vivo dos Mestres Mamulengueiros, com Mestres Zé Lopes, Waldeck de Garanhuns e Tonho de Pombos | (PE, SP e PE) | Livre, na Tenda dos Mestres;

Entre 17h e 20h30, Gente Falante, com Circo Minimal | RS | Livre, no Mini Circo;

17h, 18h, 19h e 20h, Victor Antonov, com Circo em fios |Rússia |Livre, no Palco 3

17h, 18h, 19h e 20h, Fernan Cardama, com  O presente |Argentina |Livre, na Empanada

17h30, 18h30, 19h30 e 20h30, Story Box Theatre, com Punch e Judy | Inglaterra| livre, no Palco 3;

17h, 17h20, 17h40, 18h, 18h30, 19h, 19h30, 20h e 20h20, Gente Falante, com Caixa de Música | RS | Livre, na Tenda Teatro;

17h, Casa Volante, com Operação Romeu mais Julieta | MG | Livre, no Palco 1;

18h, Girovago & Rondella, com Mão Viva | Itália | Livre, no Palco 2;

19h, Caixa do Elefante, com Histórias da Carrocinha| RS |Livre, no Palco 1;

20h, Mão Molenga, com Babau | PE | Adulto, no Palco 2;

21h, Art Stage San, com A história de Dallae | Coreia | 12 anos, no Palco 1

 

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , ,

Auto do salão do automóvel

Cena da montagem pernambucana Auto do salão do automóvel. Fotos: Divulgação

A montagem de Auto do salão do automóvel integra o projeto Transgressão em 3 atos, produzido pela atriz e jornalista Stella Maris Saldanha em parceria com Alexandre Figueirôa e Cláudio Bezerra. A ideia do projeto é ótima e foca em três grupos teatrais de Pernambuco e suas encenações. São eles o Teatro Popular do Nordeste (TPN), o Teatro Hermilo Borba Filho (THBF) e o Grupo Vivencial (Vivencial Diversiones era o nome da casa de espetáculos, em Olinda, e não o nome da trupe). A primeira peça montada foi Os fuzis da senhora Carrar, de Bertolt Brecht, que foi levada em 2010, como homenagem ao THBF.

A primeira encenação do Auto foi feita pelo TPN, em 1970. A direção seria de Hermilo Borba Filho, mas ele ficou doente e o médico o proibiu de fazer grandes esforços; então a tarefa foi repassada para o jovem diretor José Pimentel. Osman assistiu ao ensaio geral da peça e não gostou do resultado. Isso está registrado em cartas trocadas entre Osman e Hermilo, documentos que a produção teve acesso.

É uma ousadia montar Osman Lins, pela dificuldade que o texto impõe. E a produção merece admiração por isso.

Peça de Osman Lins foi encenada em 1970 pelo TPN

O cenário é o que mais se destaca. Formado por peças de veículos, carcaças de carros, o cenário está distribuído nos vários cantos do palco e isso já determina a encenação. Os atores também ocupam seus lugares em cinco pontos distintos e a partir disso fazem suas movimentações ora no centro ou em outro lugar do palco.

O elenco é formado pelos atores Alexandre Guimarães, Evandro Lira, Roger Bravo, Stella Maris e Zé Ramos, que fazem vários personagens, entre guardas de trånsito, motoristas e outros. A direção é assinada por Kleber Lourenço.  A montagem fez cortes no texto e deu agilidade a alguns fragmentos, com a utilização do diálogo. Mas esse ajuste não se opera a contento no todo da peça. Então é irregular a interferência na dramaturgia osmaniana.

O sempre bom José Ramos dá seu recado, mas permanence numa zona de conforto de tudo que já conquistou como ator. Lógico que é bom vê-lo no palco, pela força e vitalidade de intérprete. Mas poderia ir além. Roger Bravo cresce nos vários papeis que interpreta, levando em consideração o seu trabalho em Os fuzis da Senhora Carrar. A sempre linda em cena Stella Maris continua bela com sua postura cênica. Mas não há muitas variações entre os personagens que interpreta. Um pouco menos daquela postura professoral, assumida principalmente na voz, daria flexibilidade nas várias figuras que ela defende no palco. O quadro Cruzamentos me pareceu com indicações errôneas para que a atriz empreendesse o grande voo da encenação.

Roger Bravo e José Ramos estão no elenco

O texto de Lins é difícil de se instalar no palco. E mais de 40 anos após sua escritura pegar o caminho do trânsito caótico e da mobilidade urbana parece um reducionismo. Também não consigo perceber a força da mão da direção. O elenco como um todo não arrisca, pega o beco mais fácil, inclusive com alguns vícios. Não vejo transgressão na encenação. E chego à conclusão que esse Auto do Salão do automóvel não alcançou a grandeza de Osman Lins.

Stella Maris Saldanha

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , , ,

Quadro de Cena na Cultura

Israelense Yael Karavan trabalhou com o grupo Quadro de Cena

O grupo Quadro de Cena apresenta, neste sábado (27), na Livraria Cultura, cenas-experimentos criadas a partir de técnicas aprendidas numa oficina com a atriz e bailarina israelense Yael Karavan, da companhia de Karavan Ensemble. Essa é a segunda parte do projeto A escrita do corpo: Dramaturgia do ator no processo de criação, que foi aprovado pelo Funcultura.

Desde janeiro, o grupo – que surgiu de um trabalho com o diretor Samuel Santos – está realizando estudos teóricos e práticos sobre o ator na escritura da cena teatral. No mês de maio, Carlos Simioni, do Lume Teatro, fez uma oficina e uma demonstração de trabalho no Teatro Capiba. Impressionante o domínio da técnica de Simioni. No Brasil, inclusive, Yael mantém uma relação muito próxima com o Lume.

Bom, a ideia do Quadro de Cena é realizar três experimentos – além de Yael, ainda vão trabalhar com o grupo Alexandro Souto Maior e André Filho. O Livro das perguntas, de Neruda, servirá como inspiração para as cenas.

A Livraria Cultura fica no Paço Alfândega, no Bairro do Recife. Entrada gratuita.

Postado com as tags: , , , , , , , , , ,

Teatro do Absurdo no Capiba

Avesso encerra curta temporada no Capiba. Foto: Ludimilla Carvalho/divulgação

“(…) eu não sou cachorro e conquisto o que quer que seja com meus próprios méritos. Ainda que seja um lugar no maldito paraíso dos homens. Aliás, com licença: eu mereço. Aliás, como qualquer tolo, ou homicida, ou escritor, ou ator, ou madame de recados que pega putos no meio das pernas frias. Se eu fosse um cachorro, eu abanaria meu rabo para algum sacana me jogar um pedaço de carne engordurada no chão. Eu poderia saltar para pegá-la da ponta de seus dedos, se fosse o caso… Nós apreciamos manifestações de generosidade semelhantes. Claro que eu teria medo de ter a mão auto-abocanhada por mim mesmo. A fome cega qualquer um e faz do cachorro esse animal servil que é.” (Eu não sou cachorro, Fernando Bonassi)

O texto de Bonassi, o texto Três Esgares Cômicos (e um discurso mal-humorado), de Luís Alberto de Abreu, e um mergulho no teatro do Absurdo. São esses alguns dos elementos do espetáculo Avesso, que fez duas sessões fim de semana passado no Teatro Capiba (Sesc Casa Amarela) e encerra a curta temporada sexta (26) e sábado (27), com apresentações às 20h. No palco, mais um encontro entre os atores Ana Flávia e Igor Lopes, que fizeram Artes Cênicas na UFPE juntos, entre 2002 e 2006. Os dois têm trabalhos com educação, produções culturais e passaram por alguns grupos. A realização do espetáculo é do grupo de artistas independentes Educandário Cicuta Sem Estricnina.

A direção é de Igor, que passou três anos em São Paulo; foi lá que dirigiu, em 2009, a peça Estilhaço, da Cia do Estilhaço; e assinou também a assistência de direção de Memórias do subsolo, de Mika Lins.

Em Avesso, a trilha sonora é feita por Ricardo Brazileiro, um artista multidímida que tem um trabalho muito instigante; e que é casado com Ana. No espetáculo, ele recombina sons a partir de aúdios capturados de microfones espalhados no palco e na plateia.

Ficha técnica Avesso

Texto: Fernando Bonassi e Luis Alberto de Abreu
Direção: Igor Lopes
Elenco: Ana Flávia e Igor Lopes
Trilha Sonora: Ricardo Brazileiro
Iluminação: André Moretti
Operação: Adriana Madasil
Realização: Coletivo Cicuta sem Estricnina

Serviço:
Avesso
Quando: sexta (26) e sábado (27), às 20h
Onde: Teatro Capiba (Sesc Casa Amarela)
Quanto: R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada)
Duração: 60 min
Classificação Etária: 16 anos

Postado com as tags: , , , , , , , , , , , ,