Arquivo mensais:agosto 2012

Na vertigem do real em 900 frases

Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases. Fotos: Rogério Alves/divulgação

“Certa vez ouvi de Roberto Alvim que ele só faz o teatro que faz porque está em São Paulo. Porque lá tem público para esse tipo de teatro – cabeção, hermético, contemporâneo pra caralho”, lembra o diretor Rodrigo Dourado. Depois de montar em 2009 um fracasso de público e, segundo ele mesmo, de crítica também – o texto Chat, do venezuelano Gustavo Ott -, Rodrigo Dourado decidiu que queria agradar o público pernambucano. Mas sem desagradar a si mesmo. Primeiro, precisava de um espetáculo mais intimista – dois atores, de preferência – para que ele pudesse realmente se debruçar sob o trabalho do intérprete. Foi quando Dourado, que adora cascavilhar textos contemporâneos; tem mais de 200 no computador, descobriu Les drôles (algo como ‘os engraçados’).

O texto é da francesa Elizabeth Mazev e é autobiográfico; conta a história dela, que é atriz e dramaturga, e de Olivier Py, também ator, dramaturgo e diretor. Os dois cresceram juntos, viveram as mais diversas experiências, se apaixonaram pelo teatro na mesma época. A escrita, no entanto, não é tradicional. Ou ao menos não era na época em que o texto foi escrito – quando o Twitter e os seus 140 caracteres ainda não faziam parte da nossa vida. A história não tem personagens tradicionais. São frases narrativas, na terceira pessoa; como um diário. Tanto é que Rodrigo enfatiza que poderia ter montado com vários atores.

Quando foi fazer a tradução, o diretor se deparou com um desafio que marcou os rumos que tomaram a encenação: havia muitas referências à França dos anos 1970 e 80. Nomes de programas de tv, por exemplo. Foi aí que a memória – que já estava no espetáculo, claro, porque o texto é autobiográfico – e a mistura entre realidade e ficção se espalharam de forma irrevogável.

É assim que quem for conferir o espetáculo vai conhecer não só a história de Olivier e Lili; mas também a de Leidson Ferraz e Fátima Pontes. É o que Rodrigo chama de “vertigem do real e do ficcional”. Para problematizar – não sei se essa seria a melhor palavra, já que o espetáculo é leve – ainda mais, o diretor decidiu colocar em cena, através do vídeo, Olivier e Lili, ‘os verdadeiros’. Foi um processo de amadurecimento para os atores; de esquadrinhar as próprias histórias. Para Leidson uma mudança marcante: pintou os cabelos e perdeu a barba. Já Fátima, terá em cena, por exemplo, objetos do pai falecido – e a história de quando o perdeu.

O que era Les drôles virou Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases (no original, na realidade, são mil frases). Leidson Ferraz aposta que a montagem Olivier e Lili vai abocanhar não só o público mais velho, de teatro, que já tem referências do trabalho do trio, mas também um público jovem. É pop, divertido, engraçado – ele faz a propaganda. Sem deixar de lado, claro, a pegada contemporânea e performática que Rodrigo Dourado tanto gosta. Tem tudo pra dar certo.

Espetáculo traz memória, ficção e realidade

Ficha técnica:
Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases
Texto: Elizabeth Mazev
Direção e tradução: Rodrigo Dourado
Dramaturgismo: Wellington Júnior
Preparação de elenco: Marianne Consentino
Videomaker: Márcio Andrade
Iluminação: Játhyles Miranda
Direção musical: Marcelo Sena
Preparação vocal/corpo: Carlos Ferrera
Maquiagem: Gera Cyber
Direção de arte: Júlia Fontes

Serviço:
Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases
Quando: estreia quinta-feira (30). Temporada: de quinta-feira a domingo, às 20h, até 9 de setembro. Depois a temporada dá um intervalo e retoma no dia 26 de setembro, ficando em cartaz de quarta a sexta-feira, às 20h, até 12 de outubro.
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho (Avenida Cais do Apolo, s/n, Bairro do Recife)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada)
Informações: (81) 3222-0025

Rodrigo Dourado e os atores de Olivier e Lili

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Talentos do teatro estudantil

Reis andarilhos foi o grande vencedor do festival. Foto: Pedro Portugal

Festivais de teatro tem múltiplas funções. Entre elas, descobrir talentos (muitas vezes em estado bruto). A atriz Fabiana Karla, a Olga de Gabriela, da TV Globo, ganhou espaços em iniciativas desse tipo, coordenadas por Lourdes Rossiter. O produtor Pedro Portugal pegou esse filão há alguns anos.

E o resultado do 10º Festival Estudantil de Teatro e Dança publicamos agora:

Vencedores do 10º Festival Estudantil de Teatro e Dança

Melhor espetáculo adultoReis Andarilhos, produção do Grupo Teatral Ariano Suassuna e Escola Santos Cosme e Damião, de Igarassu, com texto de Luiz Felipe Botelho e direção de Albanita Almeida e André Ramos
Melhor ator – Manoel Teixeira, Reis Andarilhos
Melhor atriz coadjuvante – Kattiane Torres, por Reis Andarilhos
Melhor figurino – Kattiane Torres –  Reis Andarilhos
Melhor maquiagem – André Ramos, por Reis Andarilhos
Melhor direção adulta – Antônio Rodrigues, do Curso de Iniciação Teatral Cênicas Cia. de Repertório por Nem às Paredes Confesso,
Melhor ator coadjuvante – Raul Elvis – Nem às Paredes Confesso
Melhor cenário – César Leão e Fabiano Falcão, por Nocaute, da Cia. Experimental de Teatro, de Vitória de Santo Antão
Melhor iluminação – Jeferson Alves, de Lamentos Para um Amor Inacabável, da Cia. Teatral Sobre o Palco, do Cabo de Santo Agostinho
Melhor atriz – Rafaela Silva, de Um Molière Imaginário, da Escola de Referência em Ensino Médio Austro Costa, de Limoeiro
Prêmio destaque pela preparação de elenco – Mayra Waquin na peça Ici ou Quando as Borboletas Cessarem de Bater suas Negras Asas Dentro de Nossas Cabeças, do Engenho de Criação Formação e Pesquisa Teatral

– Não houve indicação para texto inédito adulto.

Teatro para Crianças

Melhor direção – Analice Croccia e Rodrigo Cunha, do espetáculo Pássaros dos Sonhos, do Coletivo de Teatro Domínio Público e Sesc de Santo Amaro, com texto coletivo, sob supervisão de Analice Croccia
Melhor cenário – Analice Croccia e Rodrigo Cunha
Melhor maquiagem – Altino Francisco
Direção musical e trilha sonora – Alex Sobreira
Melhor espetáculo para criançasPássaro dos sonhos
Melhor ator – João Fernando, por Um Chapéu Cheio de Chá, da Academia Santa Gertrudes, de Olinda
Melhor atriz – Amara Juliana, por Cinderela Atrapalhada, do Grupo Diocesano de Artes, de Garanhuns
Melhor atriz coadjuvante – Ana Margarida, por Cor de Chuva, do Lubienska Centro Educacional;
Melhor ator coadjuvante – Guilherme Falcão, por Sangue de Dragão,
Melhor iluminação – Fátima Aguiar por Sangue de Dragão
Melhor figurino – Zel Garrett, por Sangue de Dragão

– A comissão de Teatro foi composta por Rodrigo Torres, Beto Nery, Eduardo Machado, André Freitas e Wellington Júnior.

Dança

Solos, duos ou trios
Melhor coreografiaYottabyte (work in progress), resultado do Curso de Licenciatura em Dança da Universidade Federal de Pernambuco, sob direção de Jorge Kildery
Melhor coreógrafo – Jorge Kildery – por Yottabyte (work in progress)
Melhor bailarino – Henrique Braz por Yottabyte (work in progress)
Melhor bailarina – Stefany Ribeiro, do solo Intro, aluna do Curso de Licenciatura em Dança da UFPE
Melhor figurino – Jane Dickie, por Satanella Pas de Deux, do Studio de Danças

Grupos
Melhor coreografiaDebá, do Aria Espaço de Dança e Arte, com direção de Ana Emília Freire
Melhor coreógrafa – Ana Emília Freire, por Debá,
Melhor bailarino – Danilo Rojas, por Debá,
Melhor bailarina (Alyne Firmo), por Debá,
Melhor figurino – Alexsandra Carvalho, de Transfiguração, coreografia da Aquarius Tribal Fusion Cia. de Dança e Núcleo de Cultura da Fafire
Destaque para o bailarino Daniel Soares, da Cia. de Dança e Teatro Luardat

– A comissão julgadora de Dança foi formada por Kiran Queiroz, Otacílio Júnior e Vanessa Alcântara.

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Crônicas em carne viva

Nínive Caldas

Neste sábado, Lili Rocha e Nínive Caldas encenam Crônicas do amor escurecido, um exercício criado como resultado da oficina Ator – poesia em carne viva, que foi ministrada por Ceronha Pontes e Lili. A oficina começou no dia 20 e foi no Espaço Coletivo (Rua Tomazina, 199, Bairro do Recife), mesmo local onde será realizada a demonstração de trabalho (um lugar especial para o Satisfeita, Yolanda?! Nossa comemoração de um ano foi lá com uma festa incrível!).

Mas voltando…a apresentação está marcada para 19h e a produção pede para que o público seja pontual, porque as portas serão fechadas depois que o espetáculo começar por causa da configuração da cena. Depois de Crônicas do amor escurecido, que tem concepção, dramaturgia e direção de Ceronha Pontes (só é uma pena não vê-la em cena! Pensem numa atriz talentosa..!), a noite continua com vinho. Vinho e teatro. Os ingressos custam R$ 10 (preço único).

Desde janeiro, quando o Espaço Coletivo foi aberto, cinco oficinas já foram realizadas. Tadeu Gondim, produtor do Coletivo Angu de Teatro, conta que o projeto é realizar uma oficina por mês – e a meta é que ano que vem já seja assim. Que o AFE! – Angu de Formação e Eventos – esteja a todo vapor. Ainda nesse semestre, vai acontecer uma oficina de interpretação ministrada por Ivo Barreto e Quiercles Santana.

Lili Rocha

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Nelson Rodrigues no Arraial

Viúva, porém honesta será encenada na Rua da Aurora. Foto: Pollyanna Diniz

Nelson Rodrigues ainda está rendendo nos palcos pernambucanos, ainda bem! Desta vez, no Teatro Arraial, na Rua da Aurora, 457, Boa Vista. Hoje, às 19h, o grupo Magiluth e os diretores Cláudio Lira e Carlos Bartolomeu participam de uma mesa redonda. Vão discutir o tema “Nelson Rodrigues nos palcos recifenses”. Já amanhã e sexta-feira, também às 19h, o Magiluth volta a apresentar a sua versão de Viúva, porém honesta. E no sábado, no mesmo horário, a Cia. Macambira de Teatro faz uma leitura dramatizada seguida de roda de diálogo do texto Perdoa-me por me traíres. Toda essa programação é gratuita, mas está sujeita à lotação da sala (94 lugares).

Escrevemos sobre Viúva, porém honesta.

E queria publicar um teaser do espetáculo O beijo no asfalto, direção de Cláudio Lira, que estreou no centenário de Nelson Rodrigues no Teatro Dulcina, no Rio de Janeiro, e será apresentado em outubro, no Teatro de Santa Isabel.

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Teatro de objetos mais uma vez!

Lina Rosa Vieira traz Festival de Objetos ao Marco Zero

No mês de novembro do ano passado, a capital pernambucana recebeu o Festival Internacional de Teatro de Objetos (Fito). Ninguém nem sabia do que se tratava. Mas Lina Rosa (que também idealizou o Sesi Bonecos), que fez esse festival pela primeira vez em 2009, em Belo Horizonte, sabia que seria um sucesso aqui no Recife. O festival encantou o público – pelas peças, pelas ações, pelos shows e pela sua estrutura. Várias salas de teatro foram montadas no meio do Marco Zero. Lembro que o show de Tom Zé foi ótimo. E as montagens têm uma delicadeza intrínseca; mas podem ser cômicas ou extremamente sarcásticas; simples ou super cabeçudas.

Este ano, o Fito será realizado de 14 a 16 de setembro, sempre a partir das 16h. Lina Rosa Vieira vai conversar no início desta tarde com os jornalistas para contar os detalhes da programação. Ivana Moura estará lá e depois conta tudo por aqui. Mas o XPTO, por exemplo, vem de novo (inclusive o pernambucano Tay Lopez, que é do grupo e estreou por aqui Na solidão dos campos de algodão, me disse que estará com o grupo no Fito); Naná Vasconcelos vai participar; e teremos espetáculos da Bélgica, França, Israel, Portugal, Alemanha. Essa Lina é mesmo uma arretada!

A programação do Fito já pode ser encontrada no site do festival.

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