Arquivo mensais:abril 2012

Maio é do Palco Giratório

Eu vim da ilha abre programação do festival. Foto: Chico Egidio

De 4 a 26 de maio, Recife recebe 30 espetáculos, de 26 companhias, dentro do Festival Palco Giratório. Esse é o sexto ano do evento aqui, com uma programação que envolve teatro, circo, dança e atividades formativas. As apresentações estão agendadas para seis teatros da cidade (Marco Camarotti, Capiba, Barreto Júnior, Hermilo Borba Filho, Apolo e Luiz Mendonça), além das sessões gratuitas na Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, e na Praça do Campo Santo, em Santo Amaro.

Antropólogo italiano, Eugenio Barba participa do palco Giratório. Foto: Divulgação

Dois destaques dessa edição são demonstrações de trabalho. O primeiro com o diretor de teatro italiano Eugenio Barba, fundador da companhia norueguesa Odin Teatret e um fragmento da atuação de Júlia Varley, esposa de Barba, chamado O Eco do Silêncio. O outro é Prisão para a Liberdade, do ator, pesquisador e cofundador do LUME (SP), Carlos Simioni.

Uma novidade do festival é o chamado Palco REC POA, um intercâmbio entre a cena teatral pernambucana e a do Rio Grande do Sul. “Os festivais daqui e de lá acontecem na mesma época. Na realidade, sempre estamos em contato, mas resolvemos aprofundar a parceria”, explicou Galiana Brasil, coordenadora do Palco em Pernambuco.

A parceria entre as regionais do Sesc do Rio Grande do Sul e de Pernambuco proporciona o deslocamento de algumas peças. Do Sul vêm as montagens Xirê das Águas e Louça Cinderella, da Cia. Gente Falante, e Play Beckett, do GRUPOJOGO de ExperimentAção Cênica. Daqui seguem Eu Vim da Ilha, da Cia de Dança do Sesc Petrolina, e Decripolou Totepou, da artista Odília Nunes.

PROGRAMAÇÃO

04/05 | Sexta-feira, 19h30
Eu vim da Ilha / Cia. de Dança do Sesc Petrolina (PE)
Teatro Barreto Júnior
Faixa etária livre | Gênero: Dança Contemporânea | Duração: 45 minutos
áudio-descrição e tradução em libras
Entrada gratuita

05/05 | sábado, 19h
Um príncipe chamado Exupéry / Cia. Mútua (SC)
Teatro Hermilo Borba Filho
Faixa etária: Adultos e crianças a partir de 8 anos | Gênero Formas Animadas  | Duração: 50 minutos

05/05 | sábado, 21h
Escapada/Cia. Mário Nascimento (MG)
Teatro Barreto Júnior
Faixa etária: Livre | Gênero | Duração: 1 hora

06/05 | domingo, 19h
Um príncipe chamado Exupéry / Cia MútUa (SC)
Teatro Hermilo Borba Filho
Faixa etária: Adultos e crianças a partir de 8 anos | Gênero Formas Animadas  | Duração: 50 minutos

06/05 | domingo, 20h
Faladores / Cia. Mário Nascimento (MG)
Teatro Barreto Júnior
Faixa etária: Livre | Gênero | Duração: 1 hora

08/05 | terça-feira, 17h
Lambe-lambe (Intervenção) / Cia. Mútua (SC)
Sesc Santo Amaro
Faixa etária: 12 anos |Gênero Intervenção

Pólvora e poesia

08/05 |terça-feira, 20h
Pólvora e poesia / Hiperativa Comunicação e Cultura (BA)
Sesc Santo Amaro
Faixa etária: 18 anos | Gênero: Drama | Duração: 75 minutos

08/05 | terça-feira, 21h
Aluga-se um coração /Cia. Qualquer um dos dois (PE)
Teatro Luiz Mendonça
Faixa etária: 16 anos | Gênero: dança | Duração: 40 minutos

09/05 |quarta-feira, 19h
O pranto de Maria Parda / Paulo de Castro Produções (PE)
Teatro Marco Camarotti
Faixa etária: 12 anos | Gênero: comédia | Duração: 1 hora

09/05 |quarta-feira, 20h
Pólvora e poesia / Hiperativa Comunicação e Cultura (BA)
Teatro Hermilo Borba Filho
Faixa etária: 18 anos | Gênero: Drama | Duração: 75 minutos

10/05 | quinta-feira, 16h
Este lado para cima / Brava Companhia (SP)
Praça da Independência
Áudio-descrição e tradução em libras
Faixa etária: 16 anos | Gênero Teatro de Rua | Duração: 1 hora e 20 min

10/05 | quinta-feira, 21h
Cabeção de nego / Laso Cia. de Dança (RJ)
Teatro Barreto Júnior
Faixa etária: livre | Gênero Dança| Duração: 1 hora

11/05 | sexta-feira, 16h
O eco do silêncio
Demonstração de trabalho com Júlia Varley | Palestra “Aprender a aprender – A evolução técnica de um actor”, por Eugenio Barba (Odin Teatret – Dinamarca) | Duração: 1 hora e 30 minutos
Teatro Apolo

11/05 | sexta-feira, 17h
Este lado para cima /Brava Companhia (SP)
Parque Dona Lindu
Áudio-descrição e tradução em libras
Faixa etária: 16 anos| Gênero Teatro de Rua | Duração: 1 hora e 20 minutos

11/05 | sexta-feira, 21h
Caminhos / Laso Cia de Dança (RJ)
Teatro Barreto Júnior
Faixa etária: livre | Gênero Dança| Duração: 55 minutos

Vila Tarsila, dança para crianças. Foto: Marco Lima

12/05 | sábado, 16h30
Vila Tarsila / Cia. Druw (SP)
Teatro Luiz Mendonça
Áudio-descrição e tradução em libras
Faixa etária: Adolescentes e crianças acima de 5 anos | Gênero Dança | Duração: 1 hora

12/05 | sábado, 20h
Cru / Cia. Plágio de Teatro (DF)
Teatro Capiba
Faixa etária: 16 anos| Gênero Drama| Duração: 50 minutos

13/05 | domingo, 16h30
Vila Tarsila / Cia. Druw (SP)
Teatro Luiz Mendonça
Áudio-descrição e tradução em libras
Faixa etária: Adolescentes e crianças acima de 5 anos | Gênero Dança | Duração: 60 minutos

13/05 | domingo, 19h
Divinas / Duas Companhias (PE)
Teatro Marco Camarotti
Áudio-descrição e tradução em libras
Faixa etária: Livre|  Gênero Comédia Poética| Duração: 53 minutos

15/05 | terça-feira, 16h30
Menininha / JML em Companhia (RJ)
Teatro Marco Camarotti
Faixa etária: Livre | Gênero Musical Infantio| Duração: 50 minutos

15/05 | terça-feira, 19h
Espaçamento urbano / Dança Amorfa Cláudio Lacerda (PE)
Teatro Capiba
Faixa etária: Livre | Gênero Dança | Duração: 40 minutos

15/05 | terça-feira, 21h
Anjo negro / Cia. Teatro Mosaico (MT)
Teatro Luiz Mendonça
Faixa etária: 14 anos | Gênero Tragédia| Duração: 1 hora e 40 minutos

Roteiro escrito com a pena...Foto: Fernando Martinez

16/05 | quarta- feira, 20h
Roteiro escrito com a pena da galhofa e a tinta do inconformismo
/Pausa Cia. (PR)
Teatro Hermilo Borba Filho
Faixa etária: Livre | Gênero Comédia | Duração: 60 minutos

17/05|quinta-feira, 19h
Pai e filho / Pequena Companhia de Teatro (MA)
Teatro Marco Camarotti
Faixa etária: 14 anos | Gênero Drama| Duração: 1 hora

17/05 | quinta-feira, 20h
Roteiro escrito com a pena da galhofa e a tinta do inconformismo/ Pausa Cia. (PR)
Teatro Hermilo Borba Filho
Faixa etária: Livre | Gênero Comédia | Duração: 1 hora

17/05 | quinta-feira, 21h
Dia desmanchado / Teatro Torto (RS)
Teatro Barreto Júnior
Faixa etária: 14 anos | Gênero Drama| Duração 60 minutos

18 |  sexta-feira, 16h
Prisão para a liberdade – Demonstração técnica do trabalho de Carlos Simioni / Lume (SP)
Teatro Capiba
Faixa etária: livre | Gênero Demonstração de trabalho | Duração: 1 hora

18/05 | sexta-feira, 19h
Pai e filho / Pequena Companhia de Teatro (MA)
Teatro Marco Camarotti
Faixa etária: 14 anos | Gênero Drama| Duração 60 minutos

18/05 | sexta-feira, 21h
Dia desmanchado / Teatro Torto (RS)
Teatro Barreto Júnior
Faixa etária: Livre | Gênero: teatro gestual | Duração: 50 minutos

19/05 | sábado, 16h30
Algodão doce / Mão Molenga (PE)
Teatro Marco Camarotti
Áudio-descrição e tradução em libras
Faixa etária: 8 anos | Gênero Infanto-juvenil | Duração: 1 hora

19/05 | sábado, 20h
Instantâneos /Cia. dos Bondrés (RJ)
Teatro Hermilo Borba Filho
Faixa etária: Livre | Gênero | Duração

Uma versão infantil das Levianas. Foto: Lana Pinho

20/05| domingo, 16h30
As levianinhas em pocket show para crianças / Cia Animé (PE)
Teatro Marco  Camarotti
Faixa etária: 2 anos | Gênero: banda de palhaças | Duração: 50 minutos

20/05 | domingo, 19h
Círculos que não se fecham / Escola Pernambucana de Circo (PE)
Sede da Escola Pernambucana de Circo
Faixa etária: 16 anos | Gênero: circo | Duração: 80 minutos

22 | terça-feira, 19h
Louça Cinderella /Cia. Gente Falante (RS) / (Palco REC POA)
Teatro Marco Camarotti
Faixa etária: Livre | Gênero Teatro de Objetos | Duração: 20 minutos

22 | terça-feira, 21h
Catrevage / Grupo Andanças Sesc Caruaru (PE)
Teatro Barreto Júnior
Faixa etária: Livre | Gênero Dança Contemporânea | Duração: 50 minutos

23/05, quarta-feira, 19h
Xirê das águas / Cia. Gente Falante (RS) / Palco REC POA
Teatro Marco Camarotti
Faixa etária: Livre ( a partir de 8 anos)

24/05| quinta-feira, 21h
Play Beckett / Grupo Jogo de Experimentação Cênica (RS) / Palco REC POA
Classificação etária: 12 anos | Gênero Dança /Teatro | Duração: 52 minutos

25/05 | sexta-feira, 17h
A barca / Grupo Grial de Dança (PE)
Praça do Campo Santo
Faixa etária: Livre

26/05 | sábado, 19h e 21h
Travessia (Trilogia Uma história, duas ou três – Parte II) / Grupo Grial de Dança (PE)
Sesc Casa Amarela
Faixa etária: Livre | Gênero Dança Contemporânea| Duração: 50 minutos

26/05 | sábado, 19h
Guarda Sonhos / Grupo Peleja (PE)
Teatro Capiba
Faixa etária: Livre | Gênero Dança  | Duração: 40 minutos

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Paixão que deixa saudades

Dentro das muralhas de Nova Jerusalém. Foto: Pollyanna Diniz

Parece que faz tanto tempo desde a Semana Santa! É..não só parece, faz mesmo! Ainda assim, não queria deixar de compartilhar aqui como fiquei feliz em ver a performance de José Barbosa como Jesus na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém. Foi o Satisfeita, Yolanda? quem primeiro disse que Zé tinha conseguido o papel! (Lembram?!)

Meses depois, lá estava ele: seguro, ciente da importância da sua atuação, mas muito tranquilo – suave e ao mesmo tempo impactante como pede o personagem. Uma surpresa para mim foi Caco Ciocler como Judas. No dia em que vi a encenação, o ator enfrentou alguns problemas no áudio – para quem estava pertinho, parecia que ele não tinha decorado o texto direito, não sabia o tempo da fala. Ainda assim, Caco conseguiu humanizar a figura de Judas de uma forma muito interessante. Como ele mesmo disse, alguém tinha que fazer o papel de traidor para que tudo aquilo acontecesse e o cristianismo fosse o que é hoje.

Caco Ciocler como Judas

Para completar este post, recebemos uma colaboração especial do ator Ricardo Mourão (obrigada, Mourão!):

“No décimo segundo ano de participação na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, repasso esses anos com gratidão e alegria. Mais um ano de encenação, novidades que engrandecem o espetáculo, expectativas e uma convivência de dezesseis dias dentro da muralhas da cidade teatro acabam nos sensibilizando, nos fazendo refletir sobre nossa arte e a grandiosidade de nosso trabalho.

Este ano, conosco estão Caco Cicler, Ellen Roche, Mouhamed Harfouch e Larissa Maciel, trazendo um novo frescor e a inevitável troca de experiências. Pessoas talentosas e empenhadas em fazer um belo trabalho, buscadores como todos nós, encantados com tudo, ávidos por poder contribuir da melhor forma para a encenação. O aprendizado tem sido constante e as cenas crescem com esses colegas e novos amigos.
Nossos queridos colegas José Barbosa, Wilma Gomes e Ricardo Neves defenderam papéis de destaque nesta edição, um presente para todos nós! Assim como todos os demais colegas, que igualmente desempenham seu trabalho com vontade e profissionalismo!

Tendo inovações no figurino, iluminação, efeitos especiais e som, a Paixão de Cristo se reinventa a cada ano, diante de uma mesma história, com os mesmos personagens, diante de um público enorme, que vibra, aplaude e participa atento em todas as cenas. Um desafio constante!

A mecânica do espetáculo consumiria muito tempo e páginas para que pudesse retratar fielmente o que vemos todos os dias.

Acredito ser bastante difícil para o público e até para colegas de profissão precisar o imenso trabalho envolvido nessa encenação. São inúmeros profissionais, trabalhando em conjunto, para que tudo saia a contento. Um verdadeiro batalhão de técnicos faz dos bastidores um espetáculo à parte. Da alimentação, infraestrutura de acomodações, alimentação, contra regragem, guarda roupa, maquiagem, publicidade, som, luz, diretores, assistentes e coordenadores de área até a figuração e pessoal de apoio interno e externo, são mais de quinhentas pessoas envolvidas diretamente com a montagem. Para que tudo funcione, cada grupo trabalha com afinco e competência.

Os diretores Carlos Reis e Lucio Lombardi, juntamente com o presidente da Sociedade Teatral de Fazenda Nova, Robinson Pacheco, são os regentes dessa imensa “máquina” de sonhos. Avaliações diárias, conversas e reuniões, orientações individuais e em grupo dão ao elenco o acompanhamento necessário e o apoio essencial.

Nesses doze anos defendendo o papel do Sumo Sacerdote Caifás, sinto como estar aqui me engrandece, mais do que como profissional, como ser humano. Diante da história, do “sonho de pedra” de Plínio e Diva Pacheco, ouvindo os relatos emocionados de queridos colegas, que aqui estão há décadas, como Jones Melo, João Ferreira, Hugo Martins e Ednaldo Lucena, para citar apenas alguns, percebo o privilégio de fazer parte dessa história.

Estar em “Nova Jerusalém” está além de mais um simples trabalho. É entrar em contato com uma história de luta, de entrega e paixão. É ter o prazer de vivenciar o encantamento! Muitas outras temporadas venham!”

(texto de Ricardo Mourão para o Satisfeita, Yolanda?)

Ricardo Mourão como Caifás

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Luz do Magiluth no Festival de Curitiba

Aquilo que meu olhar guardou para você. Foto: Ivana Moura

Assisti à montagem Aquilo que meu olhar guardou para você duas vezes. No Teatro Hermilo Borba Filho, durante o festival Janeiro de Grandes Espetáculos e durante a curta temporada no Teatro Joaquim Cardozo, ambas no Recife. Gostaria de conferir a performance dos rapazes em Curitiba, mas um engarrafamento qualquer (de vontades, de quedas de reserva, de avião, de agilidade) não permitiu. Voilà

Gosto do espetáculo. Aquela inquietação de cada um deles, aquelas micro histórias que se confundem (e nos confundem), a estrutura fragmentada, as pulsações libertárias em cada gesto pequeno quase imperceptível do cotidiano. E o humor… Um humor inteligente, às vezes sarcástico, com um olhar crítico sobre minúsculas mazelas. De coisas que tocam. Tocaram a mim. Com muitas flutuações de assuntos.

Gosto da “sujeira” pop das marcas.

Lucas Torres

Achei muito divertida a crítica (meio sarro com humana pontinha de despeito) aos prêmios. Quando Pedro Vilela morre em cena e Giordano diz  que não é justo porque ele não ganhou nem um prêmio da Apacepe (Associação dos produtores de Pernambuco).

Isso me fez lembrar como é engraçada e complexa a relação que as pessoas têm com os prêmios, como se fossem um certificado incontestável de competência. Tô falando do geral e não só da abordagem da peça. E não é por aí. Tudo é muito mais complexo e depende das forças que atuam naquele momento, dos gostos e muitos coisinhas miúdas, etc…

Voltando à peça. Os pequenos episódios cotidianos, que ganham uma proporção enorme na vida das pessoas, são explorados de forma corajosa, correndo riscos.

A cidade, o Recife, muitas vezes aparece pouco de forma macro. Mas está ali em pequenas proporções, quase como a memória que carregamos e se mistura com outras lembranças que produzem um jeito de corpo, uma expressão.

Ator Pedro Wagner

Aquilo que meu olhar guardou para você explora as contradições, de sentimentos, de atitudes, de parcerias. E cria uma interação bem particular com a plateia. Mas é algo vivo e pode seguir contornos bem específicos em cada apresentação. Como já disse o diritor Luis Fernando Marqueso, o elenco – formado por Giordano Castro, Pedro Vilela, Pedro Wagner, Erivaldo Oliveira e Lucas Torres – tem “uma displicência poética, uma liberdade de amarras”.  Isso está na forma, no conteúdo, no jeito de explorar.

Mas também diz muito desse ser contemporâneo, que pode estar em cidades periféricas e com grande vocação para o desenvolvimento como o Recife. Ou na capital do poder político, como Brasília.

O espetáculo foi concebido a partir de uma investigação da urbanização das cidades, em projeto patrocinado pelo Itaú Cultural. De início a peça chamava-se Do Concreto Ao Mangue: Aquilo Que Meu Olhar Guardou Para Você, baseado na troca de conteúdos entre os dois grupos.

Dos 46 fragmentos contabilizados por eles, os atores desconstroem a quarta parede desde o  início do espetáculo e, no final, o público se torna personagem decisivo.

Erivaldo Oliveira e Giordano Castro

A cena, o sentimento da cena, do personagem se volatiza rapidamente para encaixar em outras cenas. O elenco expõe esperanças e ambições de seus personagens para em seguida desconstruir essas ilusões. É um quebra-cabeças afetivo, marcado por escolhas que poderiam ser feitas no dia a dia, por qualquer um.

Enquanto o pulso, pulsa e a poesia brota dos pequenos gestos, os atores esbanjam humor. Um humor característico do lugar. Outras trupes já tiveram a sua gréia. A do Magiluth tem um pouco mais de leveza, para dizer que estamos todos perdidos e o fim do fim para os humanos não muda tanto assim.  Mas enquanto não chega a morte, ou coisa parecida (ai Belchior dos bons tempos!)  seus personagens estão repletos de luz, intensos, correndo atrás, mas que podem acabar a qualquer hora.  São encontros e despedidas, o tempo inteiro, em que eles depositam todo o ser.

Fotos: Ivana Moura

Boa sorte e sucesso, zebrinhas.

Serviço:

Aquilo que meu olhar guardou para você

Teatro Contemporâneo | Recife-PE |

Onde: Teatro Paiol (em Curitiba)

Quando: 5 e 6 de abril às 21h

Quanto: R$ 25 e R$ 50


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Produção teatral pernambucana em Curitiba

O Canto de Gregório. Foto : Bruno Tetto / Divulgação

Hoje pela manhã, as equipes de dois espetáculos pernambucanos dão entrevistas aos jornalistas no Festival de Teatro de Curitiba. A montagem do Coletivo Angu de Teatro Esse febre que não passa, com texto da jornalista Luce Pereira e direção de André Brasileiro e Marcondes Lima, e Aquilo que meu olhar guardou para você, do grupo Magiluth, com dramaturgia coletiva e direção de Luis Fernando Marques, estão na mostra principal do FCT. Isso é muito bom para os grupos e para a produção pernambucana. Ambas as peças tem qualidades para estarem nessa vitrine.

O Magiluth também levou para o Fringe, a mostra paralela, as peças O canto de Gregório, e 1 Torto.

O fato pode encher de orgulho os que acreditam que as artes cênicas da terrinha possam ter um valor de referência semelhante à música e ao cinema produzidos por artistas pernambucanos.

Mas não custa lembrar que essa participação dos grupos vem em parte de uma política adotada pelo Janeiro de Grandes Espetáculos (coordenado por Paula de Renor, Carla Valença e Paulo de Castro) de trazer curadores e diretores de festivais para acompanhar uma parte da produção teatral feita em Pernambuco. O que já rendeu a ida de várias montagens para alguns festivais brasileiros.

Mas nesse momento em que se discute a saída do secretário de cultura, já num clima de campanha política para o próximo prefeito, seria bom que os artistas de teatro ficassem atentos. É preciso criar compromissos com os candidatos não apenas para a escolha de seus assessores como também para uma política que deve ser executada nos próximos anos.

Os investimentos na área de artes cênicas devem ser feitos para estruturar o segmento e dar a grandeza que os pernambucanos gostam tanto. É possível melhorar capacidades. E isso também passa pela seriedade de seus governantes.

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Paixão de Cristo do Recife

Pelo 35º ano, o ator José Pimentel carrega a cruz de Jesus numa encenação da Paixão de Cristo. E desde que saiu de Nova Jerusalém, ele comanda a Paixão do Recife pelo 16º ano seguido. É uma façanha, a despeito de qualquer crítica de que o ator está velho para o papel. Aprende-se que no teatro o tempo é mais generoso com os intérpretes do que no cinema ou na televisão.  Essa magia é um acordo estabelecido entre palco e plateia. E, se depender do público da Paixão do Recife, Pimentel pode continuar a ser o Cristo por muitos anos: enquanto ele conseguir convencer os seus fãs, ter força e disposição para encarar uma maratona de duas horas de duração, que exige muito do seu elenco.

Jesus encontra Maria

A temporada deste ano da Paixão de Cristo do Recife foi iniciada nessa quarta-feira, no Marco Zero, com cerca de meia hora de atraso. A chuva que caiu durante os primeiros minutos da apresentação fez o batismo deste ano.

Com a saída de alguns atores, pequenas cenas foram cortadas, o que deu um pouco mais de agilidade à encenação. Foram oito substituições no time principal, mas os que assumiram já participavam da peça em papéis menores. Angélica Zenith ficou com o personagem de Maria, Gabriela Quental, o de Madalena, Mário Miranda, Judas Iscariotes e Demônio do Sermão, Michelline Torres (Mulher do Sermão) e Rogério Rangel (Sacerdote Anás). Principalmente as atrizes dão um sopro de renovação ao espetáculo.

Dos veteranos da montagem estão Renato Phaelante (Caifás), Reinaldo de Oliveira (Herodes) e Roberto Emmanuel (João). De última hora, o ator Pedro Francisco de Souza entrou no lugar de Octávio Catanho, como Pilatos.

A participação de Geninha da Rosa Borges é uma alegria. Com quase 90 anos, que completará em 21 de junho, a presença da atriz é quase um metateatro a repassar décadas de atuação e da história do teatro pernambucano em breve cena.

As cenas coletivas, com a participação de figurantes ganham uma força tremenda. Com suas coreografias. Seus desenhos. E como é destacada a crítica que o espetáculo faz da manipulação das massas pelos detentores do poder.

Cena de Pilatos

As três estruturas armadas no Marco Zero se transformam em nove palcos com diferentes cenários, idealizados por Octávio Catanho.

José Pimentel é o líder que reclama, que briga para manter seu espetáculo, que agrega em torno de si um elenco de 100 atores e 300 figurantes. É dele também a direção e a adaptação do texto.  E ele interpreta um Cristo que se zanga, que desafia os poderosos, que perdoa sem deixar de enxergar os erros humanos.

O texto adaptado guarda elegância sonora e poeticidade. E o grande trunfo da montagem é que ano após ano desperta a emoção do seu público.

Acessibilidade

A produção informa que a apresentação da Paixão de Cristo do Recife desta quinta-feira (05/04) contará pela primeira vez com intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras). A ação é uma parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Recife com a Faculdade Franssinetti do Recife (FAFIRE).

SERVIÇO

Paixão de Cristo do Recife

Quando: De 4 a   8 de abril, às 20h

Onde: Praça do Marco Zero, Recife Antigo

Quanto: Entrada Franca

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