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O Théâtre du Soleil no Brasil, em 2011

Os Náufragos da louca esperança. Foto Ivana Moura

Uma das grandes experiências que vivi em 2011 foi assistir ao espetáculo Les naufragés du Fol Espoir (Aurores) do Théâtre du Soleil, em São Paulo. Desde a aventura de conseguir um ingresso (agradeço a José Manoel, Galiana Brasil, Sidnei Martins e pessoal do Sesc) até a encenação em si.

O Théâtre du Soleil tem 48 anos de existência, mas só veio ao Brasil pela primeira vez em 2007, com Les éphémères, uma encenação deslumbrante, que estreou no Porto Alegre em Cena e depois fez uma pequena temporada em São Paulo.

Este ano o grupo francês trouxe Os náufragos da louca esperança para Sampa em outubro, Rio de Janeiro, em novembro e Porto Alegre (Canoas) em dezembro. Foram quase três meses no Brasil. Além da peça, o Soleil ofereceu palestras com a diretora Ariane Mnouchkine e oficinas com outros integrantes em algumas cidades do país.

O ator e diretor Maurice Durozier ministrou oficina no Recife em setembro, graças à iniciativa do Coletivo Angu de Teatro, com patrocínio da Prefeitura do Recife e do Sesc Pernambuco. Foi um curso prático de interpretação, O teatro é o outro, e quem participou já quer mais.

Os frutos dessa passagem do Soleil pelo Brasil serão vistos em breve.

Montagem tem quatro horas de duração

Les naufragés du Fol Espoir (Aurores) é uma montagem de quatro horas de duração, inspirada no romance póstumo Os náufragos do Jonathan, de Julio Verne, com dramaturgia de Hélène Cixous.

O elenco de mais de trinta artistas, liderado pela atriz carioca Juliana Carneiro da Cunha, encena essa história embalados por uma trilha sonora original executada ao vivo pelo compositor Jean-Jacques Lemêtre. Os atores se desdobram em vários papéis.

O que vemos em cena é uma trupe fascinada pela chegada do cinematógrafo e que no sótão do cabaré Louca esperança realiza o sonho de rodar um filme. O grupo nos leva a 1914, às vésperas da Primeira Guerra Mundial. O romance póstumo de Júlio Verne Os Náufragos do Jonathan relata a edificação no Cabo Horn, ao extremo Sul do Chile, de uma pequena sociedade, pelos sobreviventes de um naufrágio. O filme mostra um grupo de imigrantes que, no final do século XIX, partem rumo à Austrália, mas naufragam na gélida Terra do Fogo, onde tentam forjar uma comunidade socialista.

Melhor espetáculo internacional que veio ao Brasil em 2011

A utopia do Les Naufragés du Fol Espoir remete para o próprio projeto artístico do grupo, que aposta na indissociável parceria de ética e estética, na arte com poder transformador e na igualdade de direitos (e deveres) de seus participantes

A sofisticação da montagem, e talvez aí também um dificuldade de leitura, conta com o recurso da mise en abîme – uma história dentro da história, dentro da história, e assim indefinidamente – que lembra uma babuska, a tradicional bonequinha russa.

São apresentados três planos narrativos: as lembranças de um dos atores do filme, através da voz off de sua neta, falando do que se passa no set e da política da Europa pré-guerra; o que se passa no estúdio amador montado no cabaré à beira do Marne; e a fita, com os atores mexendo os lábios sem emitir som, arregalando os olhos, tremendo e agitando-se, com suas gags, dramas, cenas de bravura, de erotismo, e revolta.

Peça fex temporda em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre

As filmagens do naufrágio ocorrem em ritmo frenético. O cenário é uma taberna parisiense, cedida pelo taberneiro Felix e transformada em um set de filmagem. Jean La Palette, diretor de cinema egresso dos estúdios Pathé, e sua irmã Gabrielle decidem rodar um filme mudo, tendo no elenco, cozinheiros, garçons e frequentadores da taberna.
Uma multidão de personagens ocupam o palco, como um arquiduque, capitalistas selvagens, jovens amantes, missionários, assassinos, indígenas, colonizadores gananciosos, traidores.

É impressionante a agilidade nas mudanças de cenas e técnica para mostrar como se filmava naquela época, com todas as precariedades, como balançar de saias ligadas por cordões ou utiliza ventiladores pra forjar a ventania.

O Théâtre du Soleil promove uma reflexão sobre a utopia no teatro e na política. Muito interessante para esses tempos pós-utópicos.

Ariane Mnouchkine, diretora do Théâtre du Soleil

Palestra-debate da fundadora e diretora do Théâtre du Soleil, Ariane Mnouchkine
Funarte – Teatro Dulcina – Rio de Janeiro
11 de novembro de 2011
(http://www.funarte.gov.br/wp-content/uploads/2011/11/Palestra-debate_Th%C3%A9%C3%A2tre-du-Soleil_Ariane-Mnuchkine_Rio_2011.pdf)

Resumo das respostas

Trabalho e motivação – “O entusiasmo é fundamental. Ele é uma soma de dois elementos: o primeiro é trabalho – a próprio fazer e a própria obra; o segundo é o desejo e a forte vontade de realizar”

Lidar com o tempo – “O tempo se vinga do que se faz sem considerá-lo. Portanto, procuro não irritar o tempo.”

A “louca esperança” do teatro e da arte – “O teatro é um momento de utopia, derivado da capacidade de doação do elenco e do público. A arte provém da espectativa de transformar. Quando não existe a esperança verdadeira de transformar uma pessoa que seja, na plateia, não há teatro propriamente dito, mas, apenas uma representação vazia de sentido. É necessário que haja esta expectativa”.

O fazer teatral – “Houve quem dissesse que fazer teatro é como um naufrágio. Mas não. É como uma exploração. É tal qual explorar um mar desconhecido, na qual, sim, se corre o risco do naufrágio. Mas, sem este, não há exploração”.

O processo de criação e escolha de personagens – “Os personagens são propostos aos atores, mas a escolha acontece durante o processo da criação, no qual os personagens também se transformam, ganham novas características. Cito o exemplo de uma personagem de camareira, que propus a uma atriz. Foi um longo processo de criação. Dos muitos personagens que propus, foi criado este, uma coadjuvante. Era uma mulher comum, um tanto frágil. Mas a atriz, em meio ao ensaio, numa improvisação, mudou a personalidade da camareira. Ela foi ficando mais feroz,
agressiva. Diante disso, eu sugeri que ela se transformasse num homem que, na sequência, virou um quitandeiro, que foi crescendo na narrativa! Todos o adoraram! Ele se tornou o mecenas do grupo que, na peça, produziria um filme. Assim, ele foi criado no processo de ensaio e ganhou importância depois. Foi criada para ele uma pequena “guinguette” (taverna popular, ao ar livre, onde se bebe, come e dança) e o personagem cresceu – um quitandeiro que amava cinema, e trazia legumes e verduras para a produção e um tipo de mecenas, “cresce” e se transforma num taverneiro, que cede um espaço para os outros personagens desenvolverem a trama. Eis um exemplo concreto do que pode ocorrer durante o processo de criação.”

O “ouvir” e a criação do espetáculo e dos personagens – “A primeira tarefa e a primeira ferramenta do ator e do diretor é o ouvir. Antes do falar, antes do agir, primeiro é receber. Se eu não tivesse escutado a camareira, com sua autoridade quase masculina, as coisas não teriam tomado aquele rumo.”

Processo de criação e trabalho colaborativo – “Basicamente, nos reunimos e conversamos. Há liberdade para criar. Eu escuto antes os atores. O pacto que existe é não haver censura, nem a mim nem ao elenco. Os atores também se reúnem e trocam ideias entre si. Faço questão de não participar e não interferir, neste momento. Não se discute a qualidade das ideias, mas sim como realizá-las. Isso é um dos elementos mais importantes e mais formadores. A seguir, eles conversam um pouco, e logo se põem a trabalhar para a coisa, concretamente. Vão à oficina, para fabricar o
que for necessário. Nada de discussão filosófica, porque isto é fuga. Evitamos o blá-blá-blá. O debate filosófico acontece depois. Consideramos o tempo que temos como oportunidade para agir.”

Dramaturgia x criação em processo – “Não temos dramaturgo, nem roteiro pré-estabelecido. A criação é coletiva e ocorre no processo de elaboração e de ensaios. Entre começar com um roteiro e utilizar a criação livre, prefiro começar com o “nada”, com o “deserto”. Nele, realmente, se pode criar. Isto faz parte do processo de criação. Mas me tocam muito certos autores contemporâneos, como o canadense Robert Lepage, por exemplo.”

O papel do diretor – “O trabalho é, de fato, coletivo. Mas é visível e necessário também o papel do diretor. Mesmo com ele, trabalhamos coletivamente, mas isso não significa que não haja alguém que ajude o grupo a se organizar. Senão, seria anarquia, que é, na verdade, uma lei do mais forte disfarçada. Costumo comparar nosso trabalho com o “curling”, esporte em que equipes competem, no gelo, com o objetivo de fazer deslizar pedras lisas sobre uma pista, até um alvo, impresso nela. Quando alguém lança uma pedra, um dos companheiros fica o tempo todo aplainando a pista, facilitando o movimento da peça. O trabalho do diretor é semelhante ao deste jogador. É ele quem tira os obstáculos, reais ou imaginários do caminho dos atores. Ele facilita as coisas. A direção deveria ser executada mais assim do que impondo barreiras à criação. Portanto, o trabalho coletivo não inviabiliza a presença da direção. A confusão entre coletivo e anárquico me parece politicamente perigosa. – Afinal, caso não houvesse coordenação, não haveria nem
democracia representativa. É bem verdade que não há, ainda, democracia participativa, porque os líderes são eleitos mas, muitas vezes, não consultam o povo, a não ser em época próxima de eleições. Mas a democracia participativa é algo desejável.”

Criação da linguagem de cada espetáculo. Direcionamento da linguagem dos atores. Solução de divergências na direção – “Cada espetáculo é um mundo [cria sua dinâmica própria]. Escuto a todos e dou ênfase ao que parece evidentemente maravilhoso. Ao que não tem nada a ver com o espetáculo, digo não, simplesmente. Mas confio na criatividade e nas ideias dos atores. Se uma ideia me parece dissociada, pergunto o que ela tem a ver com o espetáculo, até para tentar aproveitá-la.A geração de ideias é sempre muito grande. Nós as selecionamos por eliminação. É uma pesquisa, uma exploração. Também aprendemos com o erro, também pelo método de tentativa e erro. Afinal, o teatro não é ciência exata. Se, muitas vezes não sabemos exatamente onde vamos chegar. O princípio é: ‘sabemos o que não queremos’.”

Postura do ator em relação ao público e aos colegas – “Há atores que se colocam acima das outras pessoas, dos demais. Porém, num grupo de teatro, não há ‘castas’. Eu nunca trabalharia com alguém que se recusasse a colaborar com o grupo em tarefas consideradas menores, mas que fazem parte da produção. No Théâtre du Soleil, todos os atores ajudam na confecção de material.”

Figurino e caracterização. Cenografia – “Os próprios atores buscam o material, no acervo da companhia. Eles vão experimentando e encontrando a caracterização pouco a pouco. Depois é que chegam as costureiras, que são, na realidade, mais do que isso: são verdadeiras consultoras e conselheiras. Mas não há figurino pronto. Não entendo como pode ser utilizado este processo tradicional. Já nos cenários é diferente. Nos pequenos cenários, trabalhamos de forma inteiramente cooperativa. Já nos grandes, nosso cenógrafo faz um projeto e uma pintora, que faz parte da equipe, trabalha na execução.”

A entrada de novos atores – “Um trabalho como o nosso é muito forte e muito frágil, ao mesmo tempo, e pode ser prejudicado por um indivíduo. Mas, felizmente, pessoas danosas ao grupo foram poucas e raras. O que é importante para novos atores é o compromisso. Quando alguém entra na companhia, parto do princípio que a pessoa deverá ficar nela por muito tempo. Tenho dito que isto é como um casamento. E que não se pode casar-se com qualquer pessoa. É necessária uma boa escolha.”

O processo de ensaios e o registro em vídeos – “De fato, há grupos que gravam os ensaios, como recurso de aprimoramento do trabalho. Mas nem pensamos nisto – somente se e quando alguém do grupo tem interesse. Mas, se isso der prazer aos atores, pode ser feito. Tivemos uma experiência, certa vez, com um palco bifrontal (plateia em ambos os lados), na qual a filmagem captou o público e sua emoção. Fizemos as gravações em seis apresentações. Não foi exatamente um filme, mas um registro documental do espetáculo. Em Os Náufragos da louca esperança, pretendo fazer um vídeo com a atuação no palco. Mas não com os recursos visuais atual, mas
reproduzindo as técnicas do cinema antigo, como num antigo filme. Mas farei isto porque dá prazer aos atores. Se assim não fosse, não o faria.”

Dificuldade na preparação e no exercício profissional do ator na América Latina, por falta de patrocínio direto dos governos, ao contrário da França. Dificuldade de disciplina dos atores, relacionada à falta de patrocínio
“Sim, na França há um sistema de incentivo privilegiado. Ela é uma exceção cultural. Lá há dinheiro público para a cultura, para teatros públicos e para grupos artísticos. Não posso ir muito longe no assunto, porque não conheço muito sobre patrocínios no Brasil. Porém, a maior parte do nosso patrocínio aqui, por exemplo, é dinheiro público, como da Funarte, por exemplo, ou angariado por uma representação coletiva.
Todavia, cabe a questão: é preciso ter patrocínio para ter disciplina? Esta provém de ouvirmos e respeitarmos uns aos outros. Para isso vocês precisam de patrocínio? Costumo dizer que o ator deve sair da sedução do falar e ouvir muito. No caso de vocês, acho que devem evitar confiar no ‘charme latino-americano’ e se pôr a trabalhar firmemente em teatro, sem se esconder em ‘borboleteios’. Para isto, não precisam de patrocínio. Sejam seus próprios patrocinadores! Mas lutem, também, procurando os órgãos públicos, para viabilizar patrocínios. Considero o fato de que, no Brasil, muitos atores precisam de outro trabalho para sobreviver. Sei que aqui, sua situação é muito mais difícil e menos propícia à criação do que na Europa. Por isso, parabenizo os esforços de vocês”.

O socialismo no contexto da época da criação da companhia. A identidade e o papel do Théâtre du Soleil na época de hoje, chamada de pós-moderna – “No começo, não éramos considerados esquerdistas, mas pequenos burgueses de esquerda. O fato de não sermos, de fato, do movimento esquerdista causou dificuldades de relacionamento com outros grupos, que eram da esquerda radical. Mas eles desapareceram, ou foram absorvidos pelo sistema dominante. Vencemos, mas não como muitos esquerdistas da época, que se tornaram donos de jornal, ou políticos. É curioso, ver, por exemplo, jornais que eram maoístas radicais hoje defender o individualismo. Ao contrário daquele tempo, hoje, nós é que somos chamados de radicais… Mantemos, por exemplo, a igualdade de salário, o que é raro. Mas, se nos mantivemos neste princípio de igualdade, isto não foi uma escolha politiqueira. Fazemos tudo no trabalho de forma coletiva; convivemos muito – mais de 14h juntos. Porém, preservamos a individualidade e a vida privada de cada integrante.”

O teatro conduz questões como liberdade e igualdade. Como é levá-lo a países onde há resistência a isso?
– “O Théâtre du Soleil não vai onde há ditaduras. Só fomos a um único lugar onde vi esta resistência à liberdade: um país do Oriente Médio. Porém, defendo o que acredito e, lá, deixei claro que defenderia meus valores. Há princípios transculturais e universais que defendo integralmente – por exemplo, a igualdade entre mulheres e homens. No Oriente, há coisas que
parecem tão bárbaras que estão além das nossas torturas ocidentais. Não é por ser costume de uma cultura que isto seria aceitável. O relativismo cultural não é desculpa para práticas autoritárias. Naquele país, exigi que houvesse mulheres nas oficinas. Eles trouxeram umas cinco ou seis, por causa disso. Foram poucas. Mas, pelo menos quatro delas estão na França, estudando teatro!”

Atuais movimentos de mobilização popular, tais como a “Primavera árabe” e suas possíveis consequências positivas para a área cultural – “É preciso dar tempo ao tempo, e verificar como estes movimentos vão-se desenvolver: se vão caminhar rumo à democracia e à laicidade, ou se parama volta do radicalismo religioso. Eis o cerne da questão. Para as mulheres, principalmente, isso é muito importante. Tenho muita esperança quanto a esse processo, mas não o vejo como algo angelical. Em pelo menos dois países, a primeira coisa que fizeram foi implantar a lei religiosa. Logo,
vamos observar bem. Parece que as pessoas começam a tentar respirar. Há outro exemplo: os indignados da Espanha. Acontecem coisas também na França, ainda pouco discerníveis. Mas, pelo menos, existe uma raiva. Ela pode ir para um lado ou para outro. Tenho esperança, mas, de qualquer forma, nosso trabalho é subvencionado pelo dinheiro dos cidadãos franceses. Alguns nem vão ao teatro, mas patrocinam a cultura.
Não devemos ficar desesperados, mas produzir, com coragem e entusiasmo, com a força da inteligência, apesar do momento que a Europa atravessa. Ela vive um tempo de muito desencanto e pessimismo – não como aqui. Diante disso, acho que meu papel não é o de criar coisas ainda mais sombrias. Ao contrário, é o de ser um pequeno farol, procurar onde brilha alguma pequena luz e trazer, junto comigo e a companhia, as centenas de pessoas, que estiverem na plateia, para
esta luta e para a resistência ao absurdo. Esta seria a ‘louca esperança’… “

A mulher o mercado de trabalho – “No início, eu não percebia a discriminação. Quando a notei, até no teatro, me surgiu uma revolta. Fui percebendo que, se metade da humanidade julga a outra metade como inferior, isto só pode ser uma das causas de subdesenvolvimento. Mesmo na França, uma das democracias européias, há uma discrepância entre homens e mulheres na ocupação de postos de trabalho e em ganhos, comprovada estatisticamente – e isso é contra a lei lá.”

Início de carreira e descoberta da vocação – “Um espetáculo que me marcou, no início, foi Arlequim, servidor de dois patrões (texto de Carlo Godoni). Minha escolha da carreira aconteceu na universidade, onde comecei no teatro. Saí de um ensaio fora de mim, como em êxtase. Foi como um amor à primeira vista. Eu pensei: ‘é isto que quero fazer por toda a minha vida’. Quando penso que muitos jovens não acham suas vocações, sinto que tive muita sorte em descobri-la”.

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Auto de Natal com alma brasileira

Baile do menino Deus, no Marco Zero. Foto: Ivana Moura

A ópera popular de rua Baile do Menino Deus – Uma brincadeira de Natal, como define seu dramaturgo e diretor Ronaldo Correia de Brito, é um espetáculo que agrega manifestações nordestinas. Nesta peça Papai Noel não entra não é porque se tenha algo contra o bom velhinho. Mas aqui a história é contada de forma diferente. Estamos também em volta do nascimento de Jesus, e como todos sabem, existia uma ameaça de Herodes de exterminar as crianças menores de dois anos nascidas em Belém ou cercanias. Talvez por isso, os dois Mateus da peça levem tanto tempo para encontrar a casa da santa família e organizar o baile.

A temporada deste ano, na praça do Marco Zero, no Bairro do Recife, começou na sexta-feira e terminou ontem, sempre o dia mais lotado. Mateus, multiplicado por dois – os atores Arilson Lopes e Sóstenes Vidal, comanda a brincadeira. Os dois convocam muitos personagens para ajudar a encontrar Jesus, José e Maria. Entre eles o Jaraguá, a Burrinha Zabilin, a Ciganinha e o Anjo Bom, a formosa Ciganinha, entre outros.

Montagem reúne quase 150 profissionais

Com 28 anos de estrada e oito anos no Marco Zero, o espetáculo escrito por Ronaldo Correia de Brito, Assis Lima, ambos cearenses (o primeiro radicado no Recife e o segundo em São Paulo), e o potiguar radicado em Pernambuco, Antônio Madureira, trouxe algumas novidades.

Uma delas é a entrada dos atores Jorge de Paula e da também cantora Renata Rosa, que acompanham os protagonistas na empreitada de encontrar o menino e seus pais. Para contrapor à performance mais exteriorizada dos Mateus eles são investidos da carga poética de Arlequim, entre o terreno e o celestial. Esses dois personagens não têm fala e exercem a função de guia para mostrar o caminho da casa e da celebração. São aparições pontuais, mas bem exploradas e bonitas. Ele anda com um guarda-chuva e ela tira som de uma rabeca (que desafinou algumas vezes, devido ao vento, suponho).

A montagem reúne quase 150 profissionais, inclusive crianças. A assistência de direção é de Quiercles Santana, a direção de arte de Marcondes Lima, com um figurino rico de criatividade. A iluminação de Játhyles Miranda também acrescentou novos efeitos, como personagens luminosos – o Beija Flor e a Borboleta, por exemplo. A trilha sonora é executada ao vivo por uma orquestra de 15 instrumentistas, um coro adulto de 13 cantores (com preparação de José Renato Accioly) e infantil com 12 crianças (com preparação de Célia Oliveira), tudo sob a regência do maestro José Renato Accioly.

Além dos coros, a encenação conta com as participações dos cantores solistas Silvério Pessoa, a linda voz de Virgínia Cavalcanti, Jadiel Gomes e, estreando este ano, Renata Rosa, que também toca rabeca.

O entrosamento, a garrra, o talento e o domínio de palco da dupla Arilson Lopes e Sóstenes Vidal é para se aplaudir de pé. Esses dois Mateus comadam um grupo de crianças que tentam abrir a porta para celebrar o nascimento de Jesus. Sandra Rino e Tatto Medinni, interpretam com serenidade José e Maria.

Tatto Medinni e Sandra Rino

A coreografias também merecem destaque. E os dez bailarinos (Fláira Ferro, Isaac Souza, Inaê Silva, Jáflis Nascimento, José Valdomiro, Marcela Felipe, Renan Ferreira, Rennê Cabral, Gel Lima e Juliana Siqueira), em conjunto reforçam a alegria e a esperança desse baile.

A produção é da Relicário Produções, da produtora Carla Valença, com Patrocínio do Ministério da Cultura, governo do estado de Pernambuco e Prefeitura do Recife.

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Natal grandioso na praça, em Gravatá

Peça natalina tem coreografias aéreas e de solo, projeções e efeitos especiais

O que mais impressiona no espetáculo Sonho da pastorinha Diana (em cartaz no Parque Chucre Mussa Zarzar, em Gravatá, que fica 80 km do Recife) são as evoluções coreográficas aéreas. Com essa técnica, o artista Valerio Festi nos faz ver a pastorinha Diana fugir em seus sonhos do Demo que tenta atrapalhar o Natal de todas as crianças. Mas além dela, bailarinos orbitam em torno da Lua, outros dançam frevo no ar e têm o telão de 15 metros de altura como um grande chão virtual. Três tablados posicionados em lugares estratégicos e 2 guindastes com cabos de aços esticados sobre o pátio de possibilitam imagens oníricas.

Anjos, pastoras, borboleta e um demônio e outros seres sobrevoam as cabeças do público. Maria e José passam entre os espectadores numa grande bolha, protegidos pelo anjo que anuncia a chega do menino-deus. Estrelas são representadas por altíssimas bailarinas com seus vestidos iluminados. E no final do auto de Natal, um Papai Noel magro faz acrobacias e mergulha em meio ao público.

Peça é do artista italiano Valerio Festi com direçãoi da dramaturga italiana Monica Maimone

Além das coreografias aéreas e de solo, projeções e efeitos especiais surpreendem a plateia com uma história que é contada e recontada e cada dá o seu molho. A do renomado artista italiano Valerio Festi dirigido pela dramaturga italiana Monica Maimone, com produção do Studio Festi, vai buscar a origem do pastoril, por volta de 1600 quando um bando de franciscanos tentou importar a tradição do presépio, misturando com as manifestações populares do Nordeste.

Valerio Festi e Monica Maimone pegaram a tradicional personagem da Diana, a intermediária entre os cordões de pastorinhas azul e encarnado, para contar essa história que envolve o mundo dos sonhos, para projetar que o mundo real pode ser melhor.

Além de músicas típicas do período natalino, o repertório traz canções de artistas pernambucanos, a exemplo de Lenine, misturando com a genialidade de Tom Zé, o clássico A estrela Dalva, frevos, e até Então é Natal, na voz de Simone.

A bailariana flutua

Sonho da pastorinha Diana conta a história da menina, a Diana do título, que está ansiosa para abrir os presentes de Natal. Ela nunca viu um presépio e perdeu o significado do Natal. Quer dizer, sem perceber, está mais preocupada com o consumo que marca o período. Ela termina adormecendo e sonha com a história narrada pelo avô sobre o nascimento do menino Jesus.

A atriz de Gravatá, Tallytha Cummys, 20 anos, interpreta a personagem principal.

É um espetáculo grandioso, que agrega cerca de 100 pessoas entre artistas brasileiros e italianos, e técnicos. A empresa reponsável pelo evento, a Studio Festi, há 35 anos cria e produz eventos monumentais em mais de 200 cidades do mundo. Entre outros feitos, Valerio Festi assinou a abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno em Turim; o Campeonato Mundial de Natação, em Roma; a cerimônia de chegada da tocha Olímpica em Macau, na China; e a entrada do solstício de verão em São Petersburgo, na Rússia.

É uma montagem para agradar multidões. E para isso conta com o impacto das imagens, o trabalho coreográfico, no chão e no ar, os personagens e a iluminação de Jathyles Miranda, a empolgação do elenco. Adramaturgia fica menor, em segundo plano.Mas nesse caso, a dança, as interpretações e as imagens arrebatam, mesmo com fio de uma história fraco.

Segundo o blog do João Alberto o espetáculo teve um investimento de 2,5 milhões. Segundo a produção, o contrato assinado pelo governo do estado, em parceria com a prefeitura de Gravatá, e a Studio Festi garante a encenação de fim de ano até 2014. A cada ano, será uma produção diferente. Todas assinadas por Valerio Festi. E ainda de acordo com a produção, Sonhos da pastorinha Diana conta com o patrocínio da Secretaria de Turismo do Estado de Pernambuco e do Banco Bradesco.

A família sagrada numa bolha, protegida por anjos


FICHA TÉCNICA:
Direção Artística: Valerio Festi e Monica Maimone
Dramaturgia: Francesco Fiaschini
Diretor Criativo: Roberto Rebaudengo
Coreografias: Elisa Barrucchieri
Coreografias aéreas: Brigitte Morel e Yves Morotti
Vídeo Projeções: Matthias Schnabel
Diretor Musical: Gianni Morelenbaum Gualberto
Diretor de produção: Alessandra Rossetti
Produção: Ione Alves
Coordenação artística: Davide Veneri e Serena Martucci
Diretora de marketing: Isabela Sanchez
Direção Técnica: Daniele Cappelletti con Gabriele Dall’Osto
Iluminador: Jathyles Miranda
Coreógrafos assistentes: Wanderson José e Rosivânia Pereira
Cenógrafos: Giorgio Regina e Sarita Sassi
Figurinista: Nilson Lourenço
Roteirista: Maria Cristina De França Rocha
Atores: Tallyta Cumys (Diana) e José Martins (Velho)
Artistas: Brigitte Morel, Yves Morotti, Annabelle Kern, Serge Helias, Bruno Uytterhaeghe, Yannick Bastian, , Beatriz Soares dos Santos; Bruna Raphaela Nascimento Silva; Carla Danielle Lima Medeiros; Cintia Michele; Cirlanny do Nascimento Silva; Daffany Luana dos Santos; David Willyam; Flavia Campos da Silva; Francisco Pedro da Silva; Hewerson Batista de Oliveira; Iracele Gomes da Silva; Isabel Lùlia; Jéssica Nayara Lima; Jonathan Anderson; Luis Martins de Oliveira; Maria Ione; Meury Kelme; Leonardo Pereira da Silva; Maisa Batista Cavalcanti de Almeida; Rafaela Maria de Medeiros; Rosalba Pereira da Silva; Sheila Tavares Leite Soares; Wanderson José.
Técnicos: Lorenzo Cappelletti, Ludovico Pignatti, Karim Galo, Francesco Panelli, Giacomo Malvezzi, Daniele Rosone, Andrea Bertoli.

SERVIÇO:
Sonhos da Pastorinha Diana
Quandoi: Última apresentação, às 19h (domingo, 25/12)
Duração: 90 min.
Classificação livre
Entrada franca
Onde: Parque Chucre Mussa Zarzar
Avenida Joaquim Didier, S/N. – Gravatá – PE

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Teatro nacional em destaque

As três velhas abre a programação do Janeiro de Grandes Espetáculos

O festival Janeiro de Grandes Espetáculos atinge a maioridade no próximo ano com uma programação nacional muito mais extensa. Em janeiro deste ano, apenas quatro grupos vindos de outras partes do país participaram da programação. Na próxima edição, serão nove. “Isso é fruto de uma parceria com outros festivais, que levaram as nossas peças e agora queremos conhecer melhor a produção desses lugares”, conta uma das produtoras do Janeiro, Paula de Renor, que divide a tarefa com Carla Valença e Paulo de Castro.

No total, só de artes cênicas serão mais de 90 atrações nesta 18ª edição da mostra, que vai do dia 11 a 29 de janeiro. Ontem, saiu a lista dos espetáculos nacionais – e aí a confirmação da montagem que abre o festival, no Teatro de Santa Isabel: As três velhas, que traz de volta ao palco a atriz Maria Alice Vergueiro, também diretora. Ela divide a cena com Luciano Chirolli e Danilo Grangheia (ele substituiu Pascoal da Conceição). A peça do chileno Alejandro Jodorowsky recebeu três indicações ao Prêmio Shell e levou o de melhor ator com Luciano Chirolli.

O festival terá também montagens como R&J de Shakespeare – Juventude interrompida, com direção de João Fonseca, Metamorfose Leminski – Reflexões de um herói que não quer virar pedra, do grupo Delírio Cia. de Teatro (que apresentou este ano aqui no estado, dentro da programação do Palco Giratório, a peça O evangelho segundo São Mateus) e Heróis – O caminho do vento, do grupo Cena, de Brasília, com direção de Guilherme Reis. Essa última, mostra três ex-combatentes de guerra hoje vivendo no asilo; e tem elenco afiado: Chico Sant’Anna, João Antônio e William Ferreira.

R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida. Foto: Sérgio Baia

Até o fim dessa semana devem ser divulgados os espetáculos internacionais que vão compor a programação. O Janeiro foi, aliás, contemplado pelo Programa Iberescena, que fomenta intercâmbio entre países iberoamericanos. “Somente o Janeiro e o Cena Contemporânea, de Brasília, ganharam”, confirma Paula. No início do ano, o evento entrou para o Núcleo de festivais internacionais do Brasil, formado por São José do Rio Preto, Londrina, Bahia, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília.

A mostra ainda terá shows, projetos sociais, seminários, palestras e vai acontecer também em Olinda e Caruaru. O maior objetivo do Janeiro de Grandes Espetáculos é dar visibilidade à produção cênica local. Tanto que a programação dos espetáculos locais foi divulgada no último dia 6. Entre os adultos, Essa febre que não passa, do Coletivo Angu de Teatro; e O canto de Gregório, do grupo Magiluth.

Programação de teatro e dança nacional

Teatro de Santa Isabel
(Praça da República, s/n, Santo Antônio. Tel. 3355-3322)

ABERTURA
Dias 11 e 12 de janeiro (quarta e quinta), às 20h, R$ 10
As Três Velhas (Teatro Pândega – São Paulo/SP)

Dias 17 e 18 de janeiro (terça e quarta), às 20h30, R$ 10
R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida (Turbilhão de Ideias, Cultura e Entretenimento – Rio de Janeiro/RJ)

Dia 24 de janeiro (terça), às 20h, R$ 10
Dolores (Ronaldo Negromonte Produções – Natal/RN)
Direção: Diana Fontes. Com trilha sonora ao vivo.

Dias 28 e 29 de janeiro (sábado e domingo), respectivamente às 21h e 19h
A Mulher Sem Pecado (Cia. Arlecchino de Teatro – Belo Horizonte/MG)

Teatro Hermilo Borba Filho
(Av Martin Luther King, Bairro do Recife. Fones: 3355-3319)

Dias 16 e 17 de janeiro (segunda e terça), às 19h, R$ 10
Metamorfose Leminski – Reflexões de Um Herói Que Não Quer Virar Pedra (Grupo Delírio Cia. de Teatro – Curitiba/PR)

Dias 23 e 24 de janeiro (segunda e terça), às 19h, R$ 10
Heróis – O Caminho do Vento (Grupo Cena – Brasília/DF)

Teatro Marco Camarotti
Sesc de Santo Amaro
(Rua Treze de Maio, 455, Santo Amaro. Tel. 3216-1728)

Dias 12 e 13 de janeiro (quinta e sexta), às 19h, R$ 10
9 Mentiras Sobre a Verdade (Cia. Teatro Líquido – Porto Alegre/RS)

Teatro Barreto Júnior
(Rua Estudante Jeremias Bastos, s/n, Pina. Tel. 3355-6398)
Dia 26 de janeiro (quinta), às 20h30, R$ 10
Continue Reto, Sempre em Linha Reta! E Vai com Deus… (Grupo Camaleão – Belo Horizonte/MG)

Dias 28 e 29 de janeiro (sábado e domingo), às 20h30, R$ 10
Diálogos Sobre Nijinsky (Virtual Companhia de Dança – São José do Rio/SP)

Diálogos Sobre Nijinsky. Foto: Marcelo Zamora)

Teatro Luiz Mendonça
(Parque Dona Lindu – Av. Boa Viagem, s/n, Boa Viagem. Tel. 3355 9821)

Dias 13, 14 e 15 de janeiro (sexta a domingo), respectivamente às 21h, 21h e 20h, R$ 10 (preço único promocional)
Tango, Bolero e Cha Cha Cha (Brainstorming Entretenimento – Rio de Janeiro/RJ)

Programação de Rua em OlindaGratuito

Dia 21 de janeiro (sábado), em horário e local a confirmar

Flor de Macambira (Grupo Ser Tão Teatro – João Pessoa/PB)

Dias 28 e 29 de janeiro (sábado e domingo), às 16h, em local a confirmar
Horas Possíveis… Enquanto Seu Lobo Não Vem (Camaleão Grupo de Dança – Belo Horizonte/MG)

Heróis - O caminho do vento

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Sérgio Britto, um artista brasileiro

Em Jung e Eu, Britto interpretava o ator Leonardo Svoba, que desejava encenar um espetáculo sobre Jung. Monólogo com dramaturgia e direção de Domingos Oliveira ficou em cartaz no Sesc Belenzinho, em São Paulo, em 2006.

O sábado foi dia de perdas de pessoas caras para a cultura. O Brasil perdeu o ator e diretor Sérgio Britto e Joãozinho Trinta, a música ficou de luto por Cesária Évora. O ator pernambucano Ronaldo Brian, da Tropa do Balaco Baco foi assassinado em Arcoverde. Fiquei triste, de luto. O corpo de Sérgio Britto foi enterrado nesta manhã, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, zona portuária do Rio de Janeiro.

Fico aqui pensado nele. Como vai fazer falta. Não tive a mesma sorte que a querida Deolinda Vilhena que gozou da companhia e assistiu a praticamente todas as peças de Britto (depois que ela se entendeu por gente). Assisti a alguns espetáculos, poucos de sua profícua carreira, o suficiente para virar fã de carteirinha. Admirava aquele ator que se dedicou ao teatro como poucos, aquele homem apaixonado por essa arte e dono de uma vasta cultura, mas sem o pedantismo de alguns. Fiquei especialmente tocada ao ver pela televisão e nas fotos a minha musa Nathália Thimberg quase desabando e confessando que morria um pouco com ele.

No velório hoje pela manhã na Assembleia Legislativa do Rio, Nathália com aquela sua generosidade comentou: “Que de seu legado brote algo bom para as novas gerações. Tive muito prazer de estar com ele. Ele tinha sede de conhecimento. Acompanhou sua geração e se adiantou a ela”.

Ontem a atriz Fernanda Montenegro disse que havia perdido um irmão. “Ele é uma peça que não tem reposição. Do seu legado fica um acervo maravilhoso. Vai fazer uma eterna falta”.

Sabíamos que Britto estava doente, internado desde novembro no Hospital Copa D’or, no Rio. Mas sempre existe a esperança de que o quadro se reverta. E ele tinha tantos planos, tanta garra e tanto amor pelo teatro. Afinal, era um vulcão criativo. Nos últimos anos, trabalhou com linguagens e dramaturgias diferentes. De 2002 até 2009, fez Longa jornada dia e noite adentro (do norte-americano Eugene O’Neill), As pequenas raposas (da norte-americana Lilian Helman), Sérgio 80 (monólogo do carioca Domingos de Oliveira), Outono e inverno (do sueco Lars Norén) e Jung e eu (também de Domingos Oliveira). Este ano, dividiu os palcos com Suely Franco em Recordar é viver, dirigida por Eduardo Tolentino, texto de Hélio Sussekind. Planejava um Tchekhov. Mas saiu de cena, sábado, aos 88 anos.

O sobrinho do artista, Paulo Brito disse que “agora é cuidar de sua memória e de seu acervo”. O Teatro dos Quatro, localizado no Shopping da Gávea, no Rio de Janeiro, um dos teatros que o ator e diretor criou em vida passará a se chamar Teatro Sérgio Britto, segundo informou a gestora do espaço, Lúcia Freitas. “O Teatro dos Quatro sempre será a casa de Sérgio Britto”, afirmou ela.

Longa jornada do dia noite adentro, do norte-americano Eugene O'Neill, com Cleyde Yáconis no centro e Britto à direita

ATO EM PALAVRAS – SÉRGIO BRITTO from Célia Freitas on Vimeo.

Imagens da preparação e do espetáculo Ato sem Palavras I e A Última Gravação de Krapp, de Samuel Beckett, dirigido por Isabel Cavalcanti.
Edição e imagens de Isabel Cavalcanti, Célia Freitas e João Araújo.

Sérgio Brito convidou o diretor Gerald Thomas para dirigir Quatro Vezes Beckett, em 1985, no Teatro dos Quatro. Foi a primeira montagem de Thomas no Rio de Janeiro, que acrescentou o texto Nada à Trilogia Beckett,.No elenco estavam Rubens Corrêa, o próprio Britto e Ítalo Rossi.

Entrevista de Gerald Thomas com Sérgio Britto. Aula de teatro. Aula de cultura. Aula de história. Feita para o UOL

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