Arquivo mensais:março 2011

Tercer Cuerpo, o bom teatro argentino

Ana Garibaldi, Daniela Pal e José Marìa Marcos. Fotos: Ivana Moura

A solidão coletiva, mesmo que o termo traga em si uma contradição, parece um mal dessa época acelerada. Um deles. Essa solidão ganha contornos quase doentios quando o cenário é deslocado para uma empresa, onde pessoas passam parte produtiva de suas vidas. Em Tercer Cuerpo, da companhia e escola de teatro Timbre 4, de Buenos Aires, cinco personagens têm muitas dúvidas sobre sua existência, sofrem de carência de afeto, que escondem por trás de muitas máscaras, pois não podem se expor como são publicamente.

Três deles trabalham numa mesma empresa e os outros dois, um jovem casal em crise, tentam resolver conflitos. Cada um tem seus segredos.

Atores Hernàn Grinstein e Sofía Magdalena Grondona

A inteligência e o humor dos diálogos promove a força e a graça do espetáculo argentino apresentado ontem, e hoje, no Teatro Sesc da Esquina, no Festival de Teatro do Curitiba. O texto é do ator, dramaturgo e diretor argentino Claudio Tolcachir, também autor de La omisión de la familia Coleman, que iniciou a trilogia em 2007 e El viento en un violin, de 2010.

O espaço da peça transita entre um escritório, a casa de um casal, um bar e um consultório médico. Mas o cenário do espetáculo apresenta uma repartição pública decadente, ou abandonada em suas funções pela tecnologia. Mas o espectador precisa fazer algum esforço para juntar as peças, pois a montagem alterna tempos e lugares, provocando certa confusão. O diretor quebra eixo do tempo-espaço, como unidade convencional e transforma esse espaço uno em muitos.

O trabalho dos atores está em primeiro plano nessa proposta dramática recheada de humor. E que vai da compaixão ao humor cruel. Os personagens se agarram a suas rotinas, mas querem amar e viver apesar de tudo. O desejo de Sandra (Ana Garibaldi) é ter um filho, Moni (Daniela Pal) sonha com uma casa enquanto solta os maiores disparates na convivência com seus colegas, Hèctor (José Marìa Marcos) é o mais velho da turma e acabou de perder mãe. Em meio a tarefas inúteis e diante a incerteza que a repartição vai continuar, eles vão se conhecer.

Na outra ponta do espetáculo estão Manuel (Hernàn Grinstein) e Sofía (Magdalena Grondona).

Esses dois mundos paralelos vão se encontrar em algum momento. Enquanto os dilemas pessoais são discutidos, a tensão aumenta. Existe um barril de pólvora preste a explodir por trás de uma capa de banalidade do dia a dia.

Tolcachir trabalha com mão de mestre com elipses temporais no espetáculo, com poucos recursos.

Atores argentinos dão show de interpretação

A inteligência e sensibilidade do espetáculo estão nas muitas camadas. Da iluminação simples, branca e funcional aos figurinos. Da tristeza, da melancolia, da esperança, e da dura realidade dos personagens, mas repleta da poesia absurda do cotidiano.

Há uma falta de sentido nas frases, insinuações e diálogos, entrecortados, incompletos, como nossas conversas contemporâneas. E a vida segue. E esses personagens com sua riqueza ficam guardados num cantinho da nossa memória.

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Caminhando ao passado

Filha da anistia. Fotos: Vítor Vieira

Quando decidiram montar Filha da anistia, os atores da Caros Amigos Cia. de Teatro, de São Paulo, não queriam uma peça datada ou histórica sobre a época em que o Brasil vivenciou uma ditadura militar. Por isso mesmo, nas quatro apresentações gratuitas que o grupo fará no Recife – de hoje a domingo, sempre às 20h, no Teatro Apolo – não espere música de Geraldo Vandré ou cenas de tortura.

A intenção dos atores era trazer uma história em que as pessoas, de todas as idades, se interessassem, se identificassem e pudessem, aí sim, refletir sobre o passado. “É uma inquietação enquanto artistas e cidadãos, de olhar para o nosso passado tão recente e ver parte da história que não está esclarecida, não é conhecida de verdade”, explica o ator Alexandre Piccini, que divide a cena e a autoria do texto com Carolina Rodrigues. A direção é de João Otávio.

No enredo, Clara também não conhece a sua história. Foi criada pelos avós, ouvindo que a mãe havia morrido no parto. Quando os avós morrem, ela vai em busca do pai e descobre que tudo que sabia sobre si mesma não era bem verdade. “Criamos uma ficção, mas que é um recorte de muitas histórias de pessoas que viveram nessa época”, conta o ator.

Ele e Carolina passaram três anos pesquisando em arquivos públicos, livros, documentos e ouvindo depoimentos para montar a dramaturgia da peça, que recebeu incentivo do Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura de São Paulo em 2009, estreou em 2010, e agora estabeleceu uma parceria com o projeto Marcas da memória, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Através dessa parceria, a peça vai passar por lugares como Porto Alegre, Rio de Janeiro, Teresina e Brasília, além de Pernambuco.

Clara não sabe a sua própria história

Depois de cada apresentação, é realizado um debate com os atores, convidados e o público. “Já tivemos conversas maravilhosas, porque na plateia acontece o encontro de gerações que nos interessa muito. E assim conhecemos o nosso presente. Porque a nossa educação, cultura, segurança pública, a maneira de se comportar dentro de uma democracia, foram moldados a partir do período da ditadura”, finaliza o ator.

CURTINHAS:

Muita coisa rolando hoje na cidade. Aí vão outras dicas:

1 Torto, do Magiluth, será apresentado no Teatro Arraial, na Rua da Aurora, às 20h. O texto e a encenação são de Giordano Castro e a direção é de Pedro Wagner. O grupo propõe um jogo cênico com o cotidiano de um personagem que vive procurando palavras para dizer quem é e não consegue domar o coração. Pode ser brega e até prolixo; mas é, sobretudo, um cara comum. Aproveitem porque, por agora, esa será uma das últimas oportunidades de ver a peça, já que, por estes dias, a companhia estreia O canto de Gregório. Ingressos: R$ 10.

Giordano Castro protagoniza 1 Torto. Foto: Val Lima

– O espetáculo Separação amigável faz, nesta quinta (31) e sexta-feira (01), às 20h, as duas últimas apresentações da temporada no Teatro Valdemar de Oliveira, na Boa Vista. A montagem traz Renata Phaelante, Pascoal Filizola, Sandra Rino e Valdir Oliveira no elenco e tem direção de Kleber Lourenço. O texto é de Renata Phaelante (estreando na dramaturgia), que começou a carreira de atriz aos nove anos, em 1982, com a peça A capital federal, uma montagem do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP). A montagem traz um casal em crise, depois que o marido foi “flagrado” com a vizinha piriguete no elevador. Só que ela tem um marido ciumento e muito estranho, que veio cobrar satisfação! Ingressos: R$ 10 e R$ 5.

Pascoal Filizola e Renata Phaelante interpretam casal em crise. Foto: Val Lima

-O Grupo Grial de Dança apresenta, hoje e amanhã, o espetáculo Travessia, às 20h, no recém-inaugurado Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu. Se você ainda não conheceu a nova casa, está aí uma ótima oportunidade! Segunda etapa da trilogia Uma história, duas ou três – iniciada em maio, com A barca, na Praça do Arsenal – o espetáculo celebra os contadores de histórias da atualidade, a partir do legado de Dona Militana, romanceira potiguar falecida em junho, aos 85 anos. A coreografia contempla desde as pinturas rupestres e itaquatiaras (pedra pintada, em tupi) que registram o início da história da humanidade, até as histórias transmitidas oralmente, nos dias atuais. A cantadeira Nice Teles, do Cavalo Marinho Estrela Brilhante, de Condado, canta ao vivo durante Travessia, que teve cenários criados por Dantas Suassuna. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados com duas horas de antecedência.

Grial homenageia Dona Militana, romanceira potiguar

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Interesse coletivo

No último final de semana, foi realizado o Congresso Brasileiro de Teatro, em Osasco. A ministra da Cultura Ana de Hollanda, envolvida em várias polêmicas desde que assumiu o cargo, participou. Quem esteve por lá também foi o querido Tadeu Gondim (um dos nossos fotógrafos preferidos!) do Coletivo Angu de Teatro. Nós pedimos e ele aceitou contar aqui como foi o encontro (Obrigada, Tadeu!):

“Não é segredo que a luta das pessoas que trabalham com teatro é árdua… Em comparação com outras profissões, nós, artistas, desde sempre tivemos que, literalmente, brigar para conseguir espaço, respeito e, claro, subsídios financeiros para possibilitar a execução do nosso trabalho e conseqüentemente para o nosso sustento (sem desmerecer as lutas de outras categorias). A realização do Congresso Brasileiro de Teatro, nos dias 26 e 27 de março últimos, em Osasco, São Paulo, foi por esses e outros motivos um marco positivo na história do teatro de nosso país.

Com a presença de profissionais de quase todos os estados do Brasil (20 estados e mais o Distrito Federal), foram discutidas na plenária do congresso questões fundamentais para o futuro das artes cênicas. O Prêmio Teatro Brasileiro, o Projeto de Lei Procultura (Programa Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura – PL nº6.722/2010) a ser instituído em substituição à atual Lei Rouanet, a necessidade de execução, por parte da Funarte, dos editais relacionados ao Fundo Setorial de Artes Cênicas e o teatro de rua no país que, em alguns estados, vem sendo reprimido seja por violência física e/ou pela burocracia que “privatiza” espaços públicos ferindo direitos garantidos pela constituição; foram temas centrais do congresso, que contou em seu encerramento com a presença da Ministra da Cultura Ana de Hollanda, do Presidente da Funarte Antônio Grassi, do Secretário de Políticas Culturais do Minc Sérgio Mambertti, do Senador Eduardo Suplicy, entre outros.

Como resultado final, uma carta foi entregue à Ministra, com todas as questões importantes discutidas pela plenária durante o encontro. “Vamos apoiar o Prêmio Teatro Brasileiro, que consta no projeto do ProCultura”, disse Ana de Hollanda, que recebeu o documento.

Ana de Hollanda participa de Congresso de Teatro. Foto: Marcos Fioravanti

Fica deste congresso, além dos pontos positivos citados acima, a necessidade de uma maior articulação por parte dos profissionais de teatro do Nordeste em participar conjuntamente de eventos como esse. As condições propostas por profissionais de teatro das regiões Sul e Sudeste muitas vezes não condizem com a realidade de outras regiões. A proposta do Prêmio Teatro Brasileiro, por exemplo, ainda a ser definido em regulamento, possui disparidades entre os valores propostos para as regiões Sul/Sudeste e para a Norte/Nordeste.

A união de forças será fundamental para a garantia de direitos realmente iguais para todos. O valor da nossa
criação artística não pode ser mensurado por colegas de outro estado (mesmo que queridos), que desconhecem a nossa realidade. A união será importante para garantir os interesses realmente coletivos”.

Confira aqui a carta elaborada durante o Congresso:
O Congresso Brasileiro de Teatro, realizado em Osasco, São Paulo, nos dias 26 e 27 de março de 2011, que reuniu profissionais do teatro nacional de vinte estados e do Distrito Federal, com os objetivos de:
discutir e refletir sobre as atuais políticas públicas culturais executadas pelas instâncias públicas e privadas;
e assegurar o debate e a implantação das propostas do setor teatral elaboradas e apresentadas à sociedade e ao Estado, ao longo dos últimos oito anos, decidiu:
considerando os relatos dos congressistas que comprovam que os espaços públicos no Brasil tem sido privatizados, por meio de cobrança de taxas, proibição aos artistas de exercer seu ofício, com o uso de violência física e moral, apesar do artigo 5º da Constituição Federal Brasileira garantir o direito de ir e vir e a liberdade de expressão, entendemos que a mesma está sendo desrespeitada nas instâncias municipal, estadual e federal;

– elaborar instrumentos jurídicos que regulem a ocupação dos prédios públicos ociosos, bem como imóveis que tenham possibilidade de agregar os artistas;

– criar uma comissão para impetrar uma carta-denúncia que deverá ser entregue em audiência com a Ministra da Secretaria Nacional de Direitos Humanos;

– apoiar o projeto de lei federal apresentado pelo Dep. Fed. Vicente Cândido, lido em plenária, que regulamenta a garantia deste direito.

E, também,

considerando os esforços realizados no Congresso Brasileiro de Teatro (1979, em Arcozelo) Movimento Brasileiro de Teatro de Grupo (anos 80), o Movimento Arte Contra à Barbárie (1998), Redemoinho (2004-2009), Rede Brasileira de Teatro de Rua (2007), que culminaram na elaboração da Lei Prêmio do Teatro Brasileiro,

– exigir, em caráter de urgência, a sua votação pelo Congresso Nacional e, posteriormente, a sua implementação pelo Ministério da Cultura;

– fazer mobilização nacional pela votação imediata do Prêmio Teatro Brasileiro;

A plenária do Congresso Brasileiro de Teatro exige, ainda:

– aprovação imediata do Projeto de Lei PROCULTURA, no qual está inserido o Premio Teatro Brasileiro, com dotação orçamentária própria em Lei especifica;

– a execução, pela FUNARTE, dos editais relacionados ao Fundo Setorial de Artes Cênicas;

– a definição do dia 27 de março como o Dia Nacional de Mobilização do Teatro;

Ficou decidido que a data do 2º. Congresso Brasileiro de Teatro será dias 06,07 e 08 de abril de 2012 em Brasília, Distrito Federal.

Osasco, 27 de março de 2011, Dia Mundial do Teatro.

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Outros desafios para Du Moscovis

Eduardo Moscovis e Christiane Jatahy. Foto Daniel Isolani - clix.fot.br

Eduardo Moscovis nunca quis ser um galã. Pelo menos não só isso. E nos últimos anos vem investindo em personagens e situações que exijam muito mais talento de ator. Ano passado ele esteve no Festival Recife do Teatro Nacional com Corte Seco, com direção Christiane Jatahy. A parceria é reeditada na peça O Livro, em cartaz hoje e amanhã, no Festival de Teatro de Curitiba.

Na peça, escrita por Newton Moreno, o ator Eduardo Moscovis interpreta um homem prestes a perder a visão. Isso equivale a uma catástrofe. A montagem é mais uma ousadia do ator e da diretora, que seguem buscando uma linguagem própria.

É o primeiro monólogo da carreira de Moscovis, que contou em entrevista coletiva que quer se aprimorar com intérprete, tanto no teatro como no cinema.

No teatro ele continua com apresentações de Corte seco. No cinema ele participou de Cabeça a Prêmio, de Marco Ricca, filme em que vive um matador em crise. Moscovis também está no elenco de Corações Sujos, de Vicente Amorim, adaptação do livro homônimo de Fernando Morais; 180º, de Eduardo Vaisman e Amor?, de João Jardim.

Para a telinha deve voltar no segundo semestre com um seriado de João Falcão, com título provisório Louco por elas.

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Os Satyros e as tragédias contemporâneas

Diretor Fábio Mazzoni e os atores Ivam Cabral, Laerte Késsimos e Silvia Wolff do espetáculo, O Último Stand-up

Os Satyros, grupo paulista sediado na Praça Roosevelt, estreiam hoje no Festival de Curitiba O Último Stand-Up. O espetáculo experimental realiza uma complexa articulação da mitologia grega aos dramas contemporâneos numa cidade como São Paulo.

Explico melhor. A peça foi escrita sob inspiração do poema Pátroclo ou o Destino, que integra o livro Fogo, de Marguerite Yourcenar. O espetáculo é transformado em movimentos abstratos, de poucas falas, que sinaliza a história de um grupo de sem-teto prestes a ser despejado de um prédio invadido, após uma enchente de proporções catastróficas em São Paulo.

No poema original, escrito na década de 30 do século passado, a autora belga atualiza alguns personagens mitológicos. Marguerite Yourcenar ambienta o mito de Pátroclo na Primeira Guerra Mundial. O dramaturgo e ator Ivam Cabral e o diretor Fábio Mazzoni transportaram para os dias de hoje o mito da Ilíada, de Homero, que se passa durante a Guerra de Tróia. Os personagens Pátroclo (Laerte Késsimos), Aquiles (Ivam Cabral) e Pentesileia (Silvia Wolff) ganham roupagem urbana.

“Queremos mostrar que o mito pode fazer parte do dia a dia”, destacou Ivam, durante entrevista ontem no Memorial de Curitiba, ao lado dos demais integrantes do espetáculo. E deu exemplo das invasões dos sem-teto em prédios abandonados. “Eles entram e saem, em alguns casos têm uma vida como a nossa, como a do meu condomínio”.

Esse teatro-dança, de linguagem nada realista, é dividido em dois momentos distintos. A primeira parte é cômica e mostra a batalha desse grupo travestido de circense para ganhar um trocado em apresentação de stand-ups no Viaduto do Chá.

O texto de Ivam virou um roteiro em que as palavras foram ruindo para virarem dança, com direção de movimentos de Sandro Borelli.

Bailarina Silvia Wolff. Foto: Ernesto Vasconcelos / clix.fot.br

O espetáculo marca o retorno da bailarina Silvia Wolff aos palcos, após ter sofrido um acidente vascular cerebral há quatro anos. Um exemplo de superação. “Eu vinha de uma história de dança muito verborrágica, porque o balé clássico trabalha com muito movimento, e tive que abstrair tudo aquilo e descobrir qual era o movimento mais simples para dizer com o corpo o que precisava ser dito”, explica Silvia.

A tragédia projeta uma espécie de fim de mundo, com um milhão de mortos, provocado por uma enchente em São Paulo. A guerra contra a natureza, como assinalaram os integrantes dos Satyros. Do homem contra a natureza de resultado catastróficos, como lembraram os exemplos do Japão e das cidades serranas do Rio.
Tudo isso se passa em 50 minutos. Mas Ivam alerta: “Não é um espetáculo fácil”.

Serviço:
O Último Stand-Up.
Quando: Hoje e amanhã, às 21h.
Onde: Teatro Paiol (Lgo Guido Viaro, s/nº), (41) 3213-1340. Drama. Direção: Fabio Mazzoni. Com Os Satyros.
Quanto: R$ 50 e R$ 25 (meia).

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